UESB-DCE-FÍSICA INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA PROF. SILVANIO B. DE OLIVEIRA Parte 1 UNIDADE 1 1- ASTRONOMIA 1.1- De Galileu à Copérnico; 1.2- Esfera celeste e medidas estelares; 1.3- Sistema de coordenadas celeste; 1.4- Precessão; 1.5- Tempo; 1.6- Leis do movimento planetário; 1.7- Unidades de medidas astronômicas; 1.8- Gravitação hoje. 2- SISTEMA SOLAR: O SOL 2.1- A formação do Sistema Solar; 2.2- O Sol; 2.3- Fusão nuclear; 2.4- Neutrino, atmosfera, ventos, campo magnético, manchas e eclipse sola 3- SISTEMA SOLAR: OS PLANETAS 3.1- Definição e órbitas planetárias; 3.2- Propriedades planetárias; 3.3- Atmosfera planetária; 3.4- Os planetas do Sistema Solar; 3.5- Cometas. UNIDADE 2 1- PLANETAS EXTRA-SOLAR 1.1 - Método de detecção de planetas; 1.2- Passagens planetárias; 1.3- Microlentes gravitacionais; 1.4- Astrometria; 1.5- Descoberta espacial; 2- OBSERVANDO O UNIVERSO 2.1- Instrumentos ópticos 3- PROPRIEDADES DAS ESTRELAS 3.1- Luminosidade, distância, movimento; 3.2- Escala de medidas absoluta; 3.3- Cor e temperatura da superfície; 3.4- Fotometria estelar; 3.5- Espectro estelar; 3.6- Massa e densidade estelar; 3.7- Tempo de vida de uma estrela. 4- EVOLUÇÃO ESTELAR 4.1- Massa estelar; 4.2- Estrelas variáveis; 4.3- Nebulosa planetária; 4.4- Anãs brancas; 4.5- Evolução de uma estrela tipo-Sol e em sistemas binários fechado 4.6- Estrelas massivas; 4.7- Supernova tipo II; 4.8- Estrelas de nêutron, buracos negro e pulsares. UNIDADE 3 1- GALÁXIAS E ESTRUTURAS DE LARGA ESCAL DO UNIVERSO 1.1- A Via Láctea; 1.2- Outras galáxias; 1.3- O Universo; 2- COSMOLOGIA 2.1- O modelo do Big Bang; 2.2- Espectro das galáxias; 2.3- A expansão do Universo: Um problema com a idade; 2.4- Microondas cósmicas; 2.5- Matéria e energia escura; 2.6- Vida inteligente no Universo. INTRODUÇÃO - A Astronomia é provavelmente uma das mais antigas de todas as ciências. - Nas civilizações antigas, o homem ainda continuava associar divindades aos fenômenos naturais (astronômicos ou não). - Os homens pré-histórico e antigo buscavam encontrar explicações mitológicas para vários fenômenos celestes observados, entre os quais: os dias, as noites, os eclipses da Lua e do Sol, as fases da Lua, o deslocamento dos planetas entre as estrelas, os cometas e as estrelas cadentes. -Os babilônios1 foram um dos primeiros povos a registrar a presença dos cinco planetas visíveis a olho nu (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), certamente sob a influência cultural dos sumerianos. 1Povos da Mesopotâmia, (região atual do Irã e Iraque), por volta do ano 3500 a.C., e os sumerianos; ao longo do rio Nilo (atual Egito) em torno de 3100 a.C. - Os deuses, os heróis e os animais desse povo eram associados aos astros observados. - Os babilônios buscavam entender as vontades dos deuses observando os astros no céu, as quais se refletiam de algum modo nos fatos terrestres. - Conceberam as primeiras representações de figuras "desenhadas" pelas estrelas. constelações, que eram apenas de deuses, animais e objetos - As constelações do Zodíaco são um exemplo. - Assim, a Astrologia e a Astronomia nascem juntas, como uma única forma de conhecimento. PROVA DE GALILEU DA TEORIA COPERNIANA DO SISTEMA SOLAR - Um dos primeiros triunfos da astronomia observacional foi obtido por Galileu (Fig. 1.1) em suas observações de Vênus, que mostrou que o Sol, não a Terra, era o centro do sistema solar. -Dessa forma, ele mostrou que o modelo de Copérnico estava correto. -No modelo ptolomaico, os planetas movemse em ‘epicíclos’ circular, cujos centros movem-se em torno da Terra em círculos maiores chamados deferentes, como mostra a Fig. 1.2. -Neste modelo, Vênus localiza-se entre a Terra e o Sol e portanto, sempre iluminado lateralmente, mostrando fases crescentes e mantendo o seu tamanho angular sem alteração. Fig. 1.1 - Imagem: Wikipeda Commons Fig. 1.2 - Pontos centrais dos epicíclos para Mercúrio e Vênus que se movem em torno da Terra com a mesma velocidade angular do Sol. Fonte: Morison (2008) - Em contraste, no modelo de Copérnico, Vênus orbita o Sol. Quando próximo lateralmente, mostraria fases crescentes, enquanto que mais afastado, mas ainda visível, mostraria fases quase cheia. Fig. 1.3 – Desenho de Galileu de Vênus (topo) comparado com a fotografia tirada a partir da Terra. Fonte: Morison (2008) ESFERA CELESTE E MAGNITUDES ESTELARES - Olhando para o alto nos céus numa noite limpa, pode-se imaginar que as estrelas estão localizadas por dentro de uma esfera, chamada esfera celeste, cujo centro é o centro da Terra. AS CONSTELAÇÕES - É um grupo de estrelas no céu perto o suficiente para ter a aparência de uma figura imaginária no céu. - Uma constelação é um asterismo particular. No céu as estrelas de uma constelação estão muito distantes umas das outras, mas aparecem agrupadas em números. - Constelações ocidentais são agrupados em duas partes, dividindo o céu em mais ou menos os dois hemisférios terrestres, o céu do sul para o sul e norte do céu ao norte. CONSTELAÇÕES: ÁRIES, TOURO, GÊMEOS, CÂNCER, LEÃO, VIRGEM, LA BALANÇA, ESCORPIÃO, SAGITÁRIO, CAPRICÓRNIO, AQUÁRIOS E PEIXES. MAGNITUDES ESTELARES. - Os primeiros astrônomos registraram as posições das estrelas na esfera celeste pelo seu brilho. - O primeiro catálogo conhecido de estrelas foi feito pelo astrônomo grego Hipparchos em aproximadamente 130-160 A.C. - Em 150 D.C., Ptolomeu acrescentou outras estrelas neste catálogo publicando um trabalho chamado de O Almagest, cujo catálogo enumerou 1028 estrelas. - Hipparchos tinha agrupado as estrelas visíveis a olho nu em seis grupos de magnitude. A mais brilhante denominado de 1a magnitude e a magnitude mais fraca, de 6a.magnitude. Quando medições exatas do brilho estelar foram feitas antes do século XIX, em média, as estrelas de uma dada magnitude foi aproximadamente 2.5 vezes mais brilhante do que aquelas de magnitude mais fraca seguinte e que as estrelas de 1a magnitude foram aproximadamente 100 vezes mais brilhantes do que as estrelas de 6a magnitude. - Tal diferença na magnitude, deve-se ao olho humano possuir um logarítmico um tanto difícil na escala de brilho médio. - Em 1854, Norman Pogson determina a escala de magnitude em um quantitativo base de cinco diferentes magnitudes com brilho médio de precisão 100. - Se definir o brilho médio de uma diferença de magnitude por R, logo uma estrela de 5a magnitude será R vezes mais brilhante do que uma estrela de 6a magnitude. - De modo que uma estrela de 4a magnitude será RxR vezes mais brilhantes do que uma estrela de 6a magnitude e uma estrela de 1a magnitude será RxRxRxRxR mais brilhante do que uma estrela de 6a magnitude. - Portanto, pela definição de Pogson, isto deve igualar a 100, de modo que, R deve ser a 5a raiz de 100 que é aproximadamente 2,512. - Logo, o brilho médio entre duas estrelas cuja magnitude aparente difere por uma magnitude, é 2,512. - Tendo definido a escala, foi necessário dar-lhe um ponto de referência. A estrela variável Vega torna-se o ponto de referência com a sua magnitude definida para ser o zero. (Hoje, um método mais complexo é usado para definir o ponto de referência.) MAGNITUDES APARENTES - Deve-se notar que a magnitude observada de uma estrela não nos diz nada do seu brilho intrínseco. - Uma estrela que parece brilhante no céu pode ser uma estrela fraca que resulta estar muito próximo do Sol ou uma estrela muito mais brilhante a uma distância maior. - Por conseguinte, essas magnitudes são denominadas magnitudes aparentes. - Algumas estrelas e outros corpos celestes, como o Sol, Lua e planetas são muito mais brilhante do que a estrela Vega, e assim, pode ter magnitudes evidentes negativas. - As magnitudes também podem ter partes fracionárias como, por exemplo, Sirius que tem uma magnitude de -1,5. - A Fig. 1.4 dá as magnitudes aparentes de uma variedade de corpos celestes do mais brilhante, o Sol, ao planeta anão fraco, Plutão. Fig. 1.4 – Alguns exemplos de magnitudes aparentes. Fonte: Morison (2008) CÁLCULO DA MAGNITUDE - Da definição logarítmica da escala de magnitude, duas fórmulas surgem. - A primeira dá o brilho médio, R, de dois objetos cuja magnitude aparente se diferencia por um valor conhecido m: R = 2,512Δm - A segunda dá a diferença de magnitude entre dois objetos cujo brilho médio é conhecido. - Toma-se os logaritmos à base 10 de ambos os lados da Eq. (1), isto é, log10 R = log10(2,512)xΔm log10 R = 0,4xΔm Δm = log10 R/0,4 Δm = 2,5xlog10 R (1) - Como exemplo, usando valores da Fig 2.4, calcula-se quanto mais brilhante o Sol é do que a Lua. - A diferença em magnitudes é 26,7 – 12,6 = 14,1, portanto, R = 2,51214,1 R = 436 800 - O Sol é ~ 440 000 vezes mais brilhantes do que a Lua cheia. - Considere um segundo exemplo: uma estrela tem um brilho que é 10000 vezes menos do que a Vega (magnitude 0). Qual é a magnitude da estrela? - Pela fórmula: Δm = 2,5 x log10(10 000) = 2,5 x 4 = 10 SISTEMA DE COORDENADAS CELESTE - O sistema de coordenadas celeste é análogo ao sistema de posicionamento geodésico utilizado na superfície da Terra. - O eixo de rotação da Terra é prolongado até os pontos onde intercepta a esfera celeste imaginária. - O ponto onde o eixo encontra a esfera diretamente acima do pólo Norte é chamado o pólo Norte Celeste (zênite), e abaixo do pólo do Sul, é o pólo Sul Celestial (nadir). - Se o equador da Terra for estendido para fora ele cortará a esfera celeste em dois – nos hemisférios do Norte e do Sul – formando o Equador Celeste (ver Figura abaixo). - A eclíptica é definida como uma circunferência imaginária correspondente à trajetória aparente do Sol na esfera celeste, com iclinação de 23.5° em relação ao Equador Celeste. - A eclíptica cruza o Equador Celeste duas vezes ao ano: uma vez no equinócio vernal, no dia 20 ou 21 de Março, e após de 6 meses, no equinócio outonal, no dia 22 ou 23 de Setembro. -Para definir as coordenadas de um astro no sistema equatorial, primeiramente trace um grande semi-círculo na esfera celeste que passa pelos pólos celestes e pelo astro, o que resultará no meridiano do astro. -O ângulo medido ao longo desse meridiano, partindo do Equador celeste e terminando no astro, é a primeira coordenada celeste denominada de declinação (Dec). - A declinação (altitude) é equivalente as latitudes terrestre, variando de 0o a 90o, no hemisfério norte celeste, e 0o a -90o no hemisfério sul celeste. - Uma coordenada do sistema horizontal é o azimute ou ângulo azimutal, o qual é medido ao longo do horizonte partindo do ponto cardeal Norte (0°), no sentido horário (ou seja, de Norte para Leste), até o círculo vertical que passa pelo astro. - A segunda coordenada no sistema equatorial é um ângulo medido ao longo do Equador celeste partindo de um dado ponto de referência até o meridiano do astro. Note a semelhança com a definição de longitude geográfica. - Esse ângulo é chamado de ascensão reta, representado pela letra grega alfa(α) ou, mais comumente, pela sigla em inglês, RA. - Deve-se chamar a atenção para o fato de que a ascensão reta é medida em unidades de tempo em vez de graus. -Se dividirmos os 360° do círculo por 24, obtemos o valor 15. Assim, um ângulo de 1 hora equivale a 15 graus. - Suponha que a ascensão reta de uma estrela seja 3h 45min 18s. -Para calcular esse ângulo em graus, deve-se primeiro calcular o total da hora com suas frações, ou seja: 3 +45/60 + 18/3600 = 3.755h. -Agora, para calcular esse valor em graus, multiplica-se por 15 e obtém-se 56.325°. PRECESSÃO - Se você localizar o ponto onde o Sol cruza o eclíptico no equinócio de vernal em um mapa celeste (com posição: RA 0:00 h, Dec 0.0 °), você perceberia que ele não está em Áries, mas em Peixes, constelação adjacente. - Este é o resultado da precessão do eixo de rotação da Terra. - A taxa de precessão é lenta; uma rotação a cada ~26 000 anos, mas, o seu efeito junto aos séculos deve modificar as posições de estrelas medidas com o sistema de coordenada descrita anteriormente, que é fixa a Terra. - Consequentemente, um mapa celeste, só é válido em uma data específica. - Um resultado da precessão é que a Estrela Polar fica próximo ao pólo Norte Celeste num determinado momento no ciclo de precessão (Figura seguinte). - Em ~12000 anos, a estrela brilhante Vega estará próximo do pólo Celeste Norte. - Isto significa que as constelações atualmente não observáveis do Reino Unido ficarão visíveis acima do horizonte Sul. - Devido à precessão, as estrelas que seriam ocultas da visão nesta região variará com o tempo, e isto permite-nos dar uma data, aproximadamente 26002900 antes de Cristo, quando as constelações foram delineadas. TEMPO - A medida do tempo se baseia no movimento de rotação da Terra, que provoca a rotação aparente da esfera celeste; TEMPO SIDERAL - É baseado no movimento aparente do Ponto Vernal (ou Ponto Áries); - Intervalo de tempo decorrido entre duas passagens sucessivas do Ponto Vernal pelo meridiano do lugar; - Ponto Vernal – É um ponto do Equador, ocupado pelo Sol no equinócio de primavera do Hemisfério Norte; - Hora Sideral – É o ângulo horário do Ponto Vernal; pode ser medido a partir de qualquer estrela; - Ângulo Horário – É um ângulo medido sobre o Equador, com origem no meridiano local e extremidade no meridiano do astro. Varia entre -12h e +12h; Dia Sideral – É o intervalo de tempo decorrido entre duas passagens sucessivas do ponto Vernal pelo meridiano do lugar; TEMPO SOLAR -É baseado no movimento aparente do Sol. - Hora Solar - é o ângulo horário do Sol. Uma hora corresponde ao deslocamento angular de 15o. - Dia Solar – é o intervalo de tempo decorrido entre duas passagens sucessivas do Sol pelo meridiano do lugar. -O dia solar é 3’56’’ mais longo que o dia sideral, devido ao movimento de translação da Terra, aproximadamente 1o por dia. - Como o Sol não é um ponto, e sim um disco, o ângulo horário do Sol se refere ao centro do Sol, o qual é chamado de tempo solar verdadeiro. -Como o Sol não tem um movimento uniforme ao longo do ano, tornase difícil medir o tempo usando o Sol como padrão. Daí surge a definição de um Sol “médio” que define: -Tempo Solar Médio – é o ângulo horário do centro do Sol médio. -O Sol médio ou fictício, move-se ao longo do Equador celeste com constante, enquanto o Sol verdadeiro move-se ao longo da eclíptica com não-constante. - Tempo Civil – usa como origem do dia o instante em que o sol médio passa pelo meridiano inferior do lugar. - A razão do tempo civil é não mudar a data durante as horas de maior atividade da humanidade, ex: nos ramos financeiros, comerciais e industriais, o que acarretaria problemas de ordem prática. - Tempo Universal – é o tempo civil de Greenwich Mean Time (GMT) com duração média do dia em 24 h. FUSOS HORÁRIOS - Cada fuso compreende 15o (=1 h). Fuso zero é aquele cujo meridiano central passa por Greenwich. - Os fusos variam de 0h a +12h para leste de Greenwich e de 0h a -12h para oeste de Greenwich. - Hora Legal – é a hora civil do meridiano central do fuso. - Fusos no Brasil – o Brasil abrange quatro fusos: - (-2h): arquipélago de Fernando de Noronha; - (-3h): estados do litoral, Minas, Goiás, Tocantins e parte oriental do Pará; - (-4h): parte ocidental do Pará, parte oriental do Amazonas, Mato Grosso do Norte e Mato Grosso do Sul; - (-5h): parte ocidental do -Amazonas e Acre. - Através do uso do GMT, ocorrem diferenças nas medidas de tempo durante o ano em relação ao Sol. - Tais diferenças entre o GMT e o Tempo Solar Local no Greenwich é chamada de ‘Equação do Tempo’ pelo Observatório Greenwich. - A E.T. é definida como o ângulo horário do Sol, menos o ângulo horário do sol médio, expressa por, E = (ls-s) - (ls-lsm), onde ls é a longitude eclíptica do Sol e lsm é a longitude do sol médio. Figura 1.5 – ‘A equação do tempo’: a diferença entre o GMT e o Tempo Solar Local para o observatório Greenwich Tempo Universal - O Tempo Médio Greenwich (GMT) foi formalmente substituído ao Tempo Universal (UT) em 1928 (embora o título ainda não tenha entrado no uso comum) mas foi essencialmente o mesmo como de GREENWICH até 1967 quando a definição do segundo foi modificada. - Antes disto, 1 s foi definido como 1/86 400 de um dia médio determinado pela rotação da Terra. - A taxa de rotação da Terra foi considerada de tempo fundamental padrão. - O problema com esta definição é que, devido às forças de maré da Lua, a taxa de rotação da Terra está reduzindo gradualmente e, por conseguinte, o comprimento do tempo definido pelo segundo aumentava. Em 1967, uma nova definição do segundo foi feita: O segundo é a duração de 9 192 631 770 períodos da radiação correspondente à transição entre os dois níveis do estado fundamental do átomo de césio 133. Um Padrão de Tempo Absoluto – Tempo Cósmico - Em 1905, Albert Einstein, que então trabalhava no Escritório de Patentes de Berna, publicou seu artigo da Teoria Especial da Relatividade. -Um dos aspectos mais conhecidos desta teoria é que os relógios móveis parecem correr lentamente comparando com um relógio fixo a um observador – um fenômeno chamado dilação de tempo. - Esta previsão foi provada pelos relógios atômicos precisos orbitando a Terra, entre eles o sistema GPS usado para a navegação. -Como o tempo relativo pode ser definido como padrão de tempo ao observar a evolução do universo? - A partir da definição do que poderia ser chamado o tempo cósmico como o tempo medido por um relógio que é estacionário em relação ao universo. - Como estes relógios se relacionaria com os da Terra? - Sabemos que a Terra está movendo-se em volta do Sol, e que o Sol está movendo em volta do centro da Galáxia Via Láctea ~ 220 milhão de anos por volta. - Pode-se medir a que velocidade o Sistema Solar move-se em relação ao universo? - Por simplicidade, suponha que o universo é composto de só um comprimento de onda e que o Sistema Solar está movendo-se em certa direção com respeito a esta radiação. - O efeito Doppler alterará o comprimento de onda que observamos, de modo que, olhando ao longo da direção na qual o Sistema Solar se está movendo, o desvio será para o azul, parecendo ter um comprimento de onda mais curto. - De modo inverso, no sentido contrário, a radiação parecerá ser desviada para o vermelho parecendo ter um comprimento de onda mais longo. - Das medições realizadas pelo CMB (“Cosmic Microwave Background”), sabe-se que nosso sistema move-se em direção à constelação Leo a uma velocidade de ~ 650 km/s (2 340 000 km/h ou 0.22% da velocidade da luz). - Pode-se calcular como o tempo em um relógio atrasa em relação ao universo – medir o tempo cósmico – vai se diferenciar dos nossos relógios. - Para fazer isto, basta obter a fórmula que determina a dilação do tempo como uma função da velocidade relativa. - O relógio é feito refletindo um fóton para a frente e para trás entre um par de espelhos perfeitos separados por uma distância, d, como visto na Figura 1.6a. - A 'marca' acontece a cada vez que o fóton reflete do espelho mais baixo e portanto o fóton viajará uma distância 2a entre cada marca. - O período de tempo fundamental, t1, será assim dado por : T1 = 2d/c Figura 1.6- (a) Um relógio de fóton fixo ao observador e (b) um relógio de fóton que se move em uma velocidade v em relação ao observador. - Suponha que observamos tal relógio movendo-se com velocidade v. (Fig. 1.6b. - Para o observador, o fóton terá de viajar uma distância mais longa, l, entre cada marca. Esta distância é dada por : l = [(2d)2 + (vt2)2]1/2 - O intervalo de tempo entre cada marca, t2, será dado por : t2 = l/c = [(4d2 + v2t2 2)/c2]1/2 - Elevando ambos os membros ao quadrado e multiplicando, obtém-se : t22 c2 = 4d2 + v2 t22 - Relacionando t2 e t1 a v, e substituindo d2 = t12c2/4, obtém-se : t22c2 = t12c2 + v2 t22 e t22(c2 - v2) = t12c2 - Logo, ou t2/t1 = 1/[1 - (v2/c2)]1/2 t2/t1 = [c2/(c2 v2)]1/2 - Esta é a fórmula de dilatação de tempo, dado os intervalos de tempo médio em função da velocidade relativa v. - Portanto, como a nossa velocidade em relação ao universo é 650 km/s, nesta equação obtém-se a proporção de 1.0000023. - Este valor pequeno é uma aproximação muito boa, de modo que, os nossos relógios podem ser usados para medir a escala de tempo do universo.