Melanoma amelanótico e co-infecção com pitiose: relato de caso Carlos Eduardo P. dos Santos¹, Jânio M. Santúrio² & Luiz Carlos Marques³ unesp ¹Doutorando em Medicina Veterinária / Área de Clínica Médica / FCAV-UNESP ²Universidade Federal de Santa Maria / Laboratório de Pesquisas Micológicas ³Universidade Estadual Paulista, Campus de Jaboticabal / Departamento de Clínica e Cirurgia Figura 1: Equino acometido por Melanoma amelanótico. Lesões decorrentes desta etiologia distribuem-se comumente na pele da face e região ventral da cauda de equinos senis. Apresentam-se como nódulos de coloração escura e diâmetros variando entre 0,2 a 5 cm. Figura 2: membro torácico esquerdo do mesmo animal da figura 1. Nota-se grande quantidade de tecido fibroso, esbranquiçado e brilhante, entremeado por galerias preenchidas por massas necróticas amareladas denominadas de “kunkers”. Figura 3: Fragmento de pele da secção de membro torácico esquerdo do animal disposto na figura 2. Detalhamento do tecido conjuntivo fibroso e de ‘kunkers” em permeio ao tecido de granulação. Melanomas ocorrem nas espécies domésticas de grande porte, sendo mais frequentes em cavalos. A pitiose, causada pelo Pythium insidiosum acomete diversas espécies animais, porém, com lesões na pele e tecidos subcutâneos, também, são mais frequentemente diagnosticadas em equinos. Um equino, macho, tordilho, com aproximadamente 14 anos de idade, apresentou de modo progressivo, nódulos de consistência firme, circunscritos, pigmentados e distribuídos aleatoriamente na face e porção ventral da cauda (Figura 1). No membro torácico esquerdo, havia extenso tecido fibroso de coloração avermelhada circundando a região metacárpica e cárpica, com diversos sinus e kunkers em permeio ao tecido de granulação (Figura 2). Tratamento cirúrgico para remoção de lesões causadas por P. insidiosum havia sido realizado anteriormente no mesmo membro. O animal foi a óbito naturalmente e encaminhado ao Setor de Patologia da UFMT. A necropsia observou-se na pele da face e porção ventral da cauda, nódulos de coloração escura variando de 0,2 a 5 cm de diâmetro. Na pele do membro torácico esquerdo havia grande quantidade de tecido fibroso, esbranquiçado e brilhante, entremeado por galerias preenchidas por kunkers (Figura 3). No fígado havia placas esbranquiçadas na superfície glandular sugestivo de migração de Strongylus sp. Havia úlceras no estômago na parte glandular. Na artéria mesentérica estavam presentes nódulos de consistência firme e rugosa apresentando ao corte áreas de calcificação, sugestivo de migração parasitária. Microscopicamente observou-se na pele da face e cauda proliferação de melanócitos anaplásicos e pleomórficos apresentando padrão fusiforme contendo leve quantidade de melanina intracitoplasmática. No fígado havia hepatite multifocal moderada. Na pele do membro torácico esquerdo observou-se dermatite piogranulomatosa difusa com áreas necróticas, eosinofílicas que correspondem aos kunkers, sendo que no interior foram visibilizadas imagens tubuliformes negativas sugestivas de Pythium insidiosum, circundado por intensa proliferação de tecido conjuntivo fibroso. Os achados clínicos e patológicos permitiram concluir que no equino estudado pitiose e melanoma amelanótico eram as causas das dermatopatias presentes. Melanomas são comumente reconhecidos em cavalos de pelagem tordilha e a incidência aumenta com idade. Já a pitiose, não apresenta nenhum tipo de predileção. As lesões cutâneas frequentemente acometem as extremidades distais dos membros e abdômen dos equinos, devido ao contato destas regiões anatômicas com áreas alagadas e vegetação abundante, habitat da forma infectante de Pythium insidiosum. Esta enfermidade, se não tratada, culmina com óbito, principalmente em envolvimentos de caráter crônicos ou reincidentes. Agradecimentos a CAPES pela concessão de bolsa programa Prodoutoral e FAPEMAT pelo financiamento do projeto. Processo 002.282/2007