Existencialismo

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Existencialismo -I
O drama da existência
31/05/2017
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Definição
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O termo existencialismo designa o conjunto de tendências
filosóficas que, embora divergentes em vários aspectos, têm na
existência o ponto de partida e o objeto fundamental de reflexões.
Por isso, podemos designá-las mais propriamente de filosofias de
existência, no plural.
O que é existir?
Implica nas relações do homem consigo, com os outros seres
humanos, com os objetos culturais e com a natureza.
Podem ser determinadas (Ex: leis da física)
Ou indeterminadas (resultam da nossa liberdade ou do acaso,
sendo possíveis acontecer ou não)
Visão dramática da condição humana
Albert Camus: ‘a única questão filosófica séria é o suicídio’
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Conceitos característicos do
existencialismo
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Ser Humano: é entendido como uma realidade imperfeita, aberta e
inacabada, que foi ‘lançada’ ao mundo e vive sob riscos e ameaças.
Liberdade Humana: não é plena, mas condicionada às
circunstâncias históricas da existência. Neste sentido, querer não se
identifica com poder. Homens e mulheres agem no mundo
superando ou não os obstáculos que lhes apresentam.
Vida Humana: não é um caminho seguro em direção ao progresso,
ao êxito e ao crescimento. Ao contrário, é marcada por situações de
sofrimento, como doença, dor, injustiças, luta pela sobrevivência,
fracassos, velhice e morte. Assim, não podemos ignorar o
sofrimento humano, a angústia interior, a exploração social. É
preciso considerar estes aspectos adversos da vida e encará-los.
Surgidas propriamente no século XX, as filosofias da existência
sofreram influência do pensamento de alguns filósofos do período
anterior, considerados, por isso pré-existencialistas. Entre eles,
destacam-se Schopenhauer, Kierkegaard, Nietzsche e Husserl.
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Arthur Schopenhauer (1788 –
1860)
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O maior opositor do pensamento hegeliano,
acusando-o de charlatanismo por construir sua
filosofia segundo os interesses do Estado
prussiano. De fato a dialética hegeliana
legitimava todas as formas de governo e
instituições, mesmo as mais nefastas. Por isso,
Schopenhauer denominava Hegel como
‘acadêmico mercenário’.
Como filósofo, apesar de sua vasta cultura,
seria reconhecido muito tardiamente, nos
últimos anos de sua vida.
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Na obra O mundo como vontade e
representação, sustenta que, como o
conhecimento é uma relação na qual o objeto é
percebido pelo sujeito, o homem não conhece
as coisas como elas são, mas como elas podem
ser percebidas e interpretadas, uma retomada
de ______? Opondo-se à possibilidade de saber
absoluto que Hegel preconizava.
Para o filósofo, ‘tudo o que o mundo inclui ou
pode incluir é inevitavelmente dependente do
sujeito, não existindo, senão, para o sujeito. O
mundo é representação’. Não há uma realidade
absoluta, para existir o conhecimento do mundo,
é preciso existir o sujeito.
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A ‘representação do mundo’ seria para ele como
uma ‘ilusão’, pois o objeto conhecido é
condicionado pelo sujeito. Mas, diferente de
Kant, admite ser possível alcançar a essência
das coisas, através do insight intuitivo, um tipo
de iluminação. Processo no qual a arte possuiria
grande relevância, pois a atividade estética
permitiria ao homem a compreensão da
verdade. Pela arte, o sujeito se desprenderia de
sua individualidade para fundir-se no objeto,
numa entrega pura e plena. Nesse ponto
Schopenhauer era um romântico.
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O Pessimista
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Sua filosofia, por outro ângulo, se caracteriza por uma visão
pessimista do homem e da vida. Para ele, o ser humano seria
essencialmente vontade, o que o levaria a desejar sempre mais,
produzindo uma insatisfação constante. Essa vontade, que se
expressa nas ações humanas, seria parte de uma vontade que
anima todas as coisas da natureza. E, se a essência do homem e
do mundo é essa vontade insaciável, Schopenhauer identifica aí a
origem das lutas entre os homens, da dor e do sofrimento
A história é, para ele, a história de lutas, na qual ‘a infelicidade é a
norma’, a regra geral. Temos, portanto, a recusa da concepção
racionalista da história, elaborada por Hegel, segundo a qual a
história possui um sentido e progride em direção a uma maior
liberdade.
Para Schopenhauer, apenas pela arte se ascende, ou seja, o
abandono de si, pode o homem se libertar da dor.
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Sören Kierkegaard (1813 – 1855)
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Também contestou a supremacia da razão como único instrumento
capaz de estabelecer a verdade, tal como Hegel propunha.
Como pensador cristão, defendeu o conhecimento que se origina da
fé. Kierkegaard afirmava que a existência humana possui três
dimensões:
A dimensão estética: na qual se procura o prazer;
A dimensão ética: na qual se vivencia o problema da liberdade e da
contradição entre o prazer e o dever
A dimensão religiosa: marcada pela fé.
De acordo com o filósofo, cabe ao homem escolher em que
dimensão ele quer viver, já que se trata de dimensões que se
excluem entre si. Essas dimensões podem ser entendidas, também
como etapas pelas quais o homem passa durante a sua existência:
primeiro viria a estética, depois a ética e, por último, a religiosa, que
seria a mais elevada.
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Sua principal crítica em relação a Hegel é que
sua filosofia não leva em consideração a
subjetividade humana.
Influenciou profundamente os irracionalistas e
os existencialistas, postulando que nenhum
sistema de pensamento consegue dar conta da
experiência ampla e única da vida individual.
Opondo-se a abstração hegeliana, Kierkegaard
procurou destacar as condições específicas da
existência humana e incorporá-las às reflexões
filosóficas , por isso é chamado de ‘o pai do
existencialismo’.
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Em sua obra, procurou analisar os problemas
da relação existencial do homem com o mundo,
consigo mesmo e com Deus:
A relação do homem com o mundo – outros
seres humanos e a natureza – é dominada pela
angústia, que é entendida como o sentimento
profundo que temos ao perceber a instabilidade
de viver num mundo de acontecimentos
possíveis, sem garantia de que nossas
expectativas sejam realizadas.
‘Não possível, tudo é possível’
Assim, vivemos num mundo onde tanto é
possível a dor como o prazer, o bem como o
mal, o amor como o ódio, o favorável como o
desfavorável.
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A relação do homem consigo é marcada pela
inquietação e pelo desespero. Isso ocorre por
duas razões fundamentais: ou porque o homem
nunca está plenamente satisfeito com as
possibilidades que realizou, ou porque não
conseguiu realizar o que pretendia, esgotando
os limites do possível e fracassando diante de
suas expectativas.
A relação do homem com Deus seria talvez a
única via para a superação da angústia e do
desespero. Contudo, é marcada pelo paradoxo
de ter de compreender pela fé o que é
incompreensível pela razão.
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Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844
– 1900)
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Nasceu na cidade de Röcken (na Prússia) atual
Alemanha. Filho de um culto pastor protestante
ascendia à uma linhagem de pastores.
Possuía um gênio brilhante, tendo estudado grego, latim
e hebraico (tendo lido os evangelhos nessas línguas) foi
professor de teologia e filosofia. Em 1869, tornou-se
professor titular de Filosofia na universidade da Basiléia.
A partir da leitura de O mundo como vontade e
representação, sentiu-se profundamente atraído pelas
reflexões filosóficas.
Nietzsche foi, sem dúvida alguma, um dos maiores
gênios da humanidade, embora muito incompreendido,
ele foi um homem a frente do seu tempo, do nosso
tempo e de muitos que ainda virão.
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Alguns conceitos principais de
Nietzsche
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Apolíneo e Dionisíaco: na obra ‘O nascimento
da tragédia’, o filósofo estabelece a distinção
entre os dois princípios mencionados. O
Apolíneo advém do deus grego Apolo (deus da
razão, da clareza, da ordem), por conseguinte,
O Dionisíaco provém de Dionísio (deus da
aventura, da música, da fantasia, da desordem).
Para Nietzsche, esse dois princípios ou
dimensões complementares da realidade, foram
separados na Grécia socrática, que, optando
pelo culto à razão, secou a seiva criadora da
filosofia, contida na dimensão dionisíaca.
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A genealogia da moral
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Nietzsche tece uma critica veemente aos valores morais, propondo
uma nova abordagem: a da averiguação genealógica da moral, isto
é, o estudo da formação histórica dos valores morais.
Sua conclusão foi de que não existem as noções absolutas de BEM
e MAL. Para ele, as concepções morais são elaboradas pelos
homens, a partir dos interesses humanos. Ou seja, são produtos
histórico-culturais. No entanto, as religiões, principalmente o
judaísmo e o cristianismo, impõem esses valores humano como se
fossem produtos da ‘vontade de Deus’.
Segundo sua filosofia, grande parte das pessoas acomoda-se a
uma ‘moral de rebanho’, baseada na submissão irrefletida aos
valores dominantes da civilização cristã e burguesa.
A fim de resolver tal problema propôs a ‘tresvaloração dos valores’,
conceito que se encontra ao longo de toda sua obra.
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Nietzsche se valia da escrita aforismática.
Aforismo é uma máxima, isto é, uma sentença
curta que exprime um conceito, um conselho ou
um ensinamento.
Basicamente, em seus aforismos, trata de
diversos temas, como religião, moral, artes,
ciências, etc. seu conjunto revela, no entanto,
uma crítica profunda e impiedosa à civilização
ocidental. Crítica à massificação, à visão de
mundo burguesa, ao conservadorismo cristão,
entre outros assuntos. Debateu também o valor
da existência humana.
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Niilismo
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Segundo a analise de Nietzsche, no momento em que o
cristianismo deixou de ser a ‘única verdade’ para se
tornar uma das interpretações possíveis do mundo, toda
a civilização ocidental e seus valores absolutos foram
postos em xeque. Nesse contexto, ocorre uma escalada
do Niilismo que deve ser entendido como um sentimento
opressivo e difuso, próprio às fases agudas de ocaso de
uma cultura. O niilismo seria a expressão afetiva e
intelectual da decadência.
O niilismo moderno apontado por Nietzsche assenta-se,
entre outras coisas, na afirmação da morte de Deus, que
é interpretada como a rejeição à crença num ser
absoluto e transcendental, capaz de traçar para todos os
humanos ‘o caminho, a verdade e a vida’.
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Assim, por meio do niilismo, o homem moderno
vivencia a perda de sentido dos valores
superiores de nossa cultura. Por essa ótica, o
niilismo seria o sentimento coletivo de que
nossos sistemas tradicionais de valoração, tanto
no plano do conhecimento quanto no éticoreligioso, ou sóciopolítico, ficaram sem
consistência e já não podem mais atuar como
instâncias doadoras de sentido e fundamento
para o conhecimento e a ação.
‘Ouse conquistar a si’ talvez seja a grande
indicação nietzscheana àqueles que buscam
viver a ‘liberdade da razão’, sem conformismo,
resignação ou submissão.
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Edmund Husserl (1859-1938)
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Formulou o método de investigação filosófica conhecido como
fenomenologia. Surgiu primeiramente na atmosfera da matemática,
posteriormente desenvolveu-se na psicologia e na filosofia.
O método fenomenológico consiste, basicamente, na observação e
descrição rigorosa do fenômeno, isto, é daquilo que se manifesta,
aparece ou se oferece aos sentidos ou à consciência. Dessa
maneira, busca-se analisar como se forma, para nos, o como de
nossa experiência, sem que o sujeito ofereça resistência ao
fenômeno estudado nem se desvie dele. O sujeito deve, portanto,
orientar-se para o fenômeno. Sua consciência será sempre
consciência de alguma coisa. A fenomenologia se apresenta como
a investigação das experiências conscientes (fenômenos), ou seja,
‘o mundo da vida’, que Husserl denomina com o termo Lebenswelt.
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Martin Heidegger (1889 – 1976)
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Rompendo com a tendência dominante da filosofia moderna que,
desde Descartes, estava voltada para a teoria do conhecimento,
este alemão retomou a questão da ontologia, a investigação do ser.
Para ele, o problema central da filosofia é o ser, a existência de
tudo.
‘a questão que me preocupa não é a existência do homem e sim a
questão do ser em seu conjunto e enquanto tal’
Para Heidegger, o ente é a existência, a manifestação dos modos
de ser.
O ser é essência, aquilo que fundamenta e ilumina a existência ou
os modos do ser.
A partir dessa diferenciação é possível estabelecer duas fases da
filosofia heideggeriana. Na primeira, ela busca o conhecimento do
ser através da análise do ente humano, da existência humana. Na
segunda, o ente sai do primeiro plano e o próprio ser torna-se a
chave para a compreensão da existência.
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