O continente africano O neocolonialismo e a descolonização Final do século XIX e início do XX Marcados pela disputa imperialista ENTRE Países industrializados, por novas fontes de matérias-primas e pela ampliação do mercado mundial. Novas necessidades criadas nessa etapa de desenvolvimento capitalista Levaram à partilha do território africano e de parte do asiático entre as grandes potências europeias, num processo conhecido por neocolonialismo. África Processo de expansão do capitalismo. Partilha do continente. ACARRETOU Em boa parte, a desestruturação dos modos de vida e da organização política e administrativa dos povos autóctones. Colonização tardia No final da Segunda Guerra Mundial somente quatro países africanos eram independentes: Egito, África do Sul, Etiópia e Libéria. Independência, porém, apenas na esfera política, pois esses países se mantinham sob domínio econômico e militar da Inglaterra e dos Estados Unidos. A partir de 1950, teve início o grande movimento de descolonização da África. A Segunda Guerra Mundial envolveu as potências européias em um conflito que consumiu vidas, armas e dinheiro. Pouco restava para manter a dominação na África, e em alguns anos os exércitos coloniais europeus abandonaram o continente, o que levou à independência de inúmeros países africanos. As dificuldades pós-independência Manter sua autonomia política e promover a independência econômica e social em relação às suas ex-metrópoles ou às grandes potências mundiais. Na partilha colonial da África Não foi considerada nem respeitada a individualidade dos diversos povos africanos. Passou a ocorrer uma série de conflitos entre os diferentes grupos étnicos. Conflitos Envolvem grupos étnicos rivais. QUE Competem pelo poder central num país ou povos. Separados por limites determinados pelas potências européias. • A busca pelo controle de trechos de território onde há abundância de recursos minerais; • terras agricultáveis; • condições favoráveis para a criação de animais; Também são elementos que contribuem para a intensificação e a continuidade dos conflitos. Diante desse quadro: Governantes dos países africanos formaram, em julho de 2002, a União Africana (UA), em substituição à Organização da Unidade Africana (OUA). Com a proposta de: • criar um Parlamento continental, • um tribunal pan-africano, • um Banco Central e • um Conselho de Paz e Segurança. Desafios à concretização das propostas da UA: • instabilidade política presente em muitos países; • enorme quantidade de casos de Aids; • situação de pobreza; • baixo nível educacional e de desenvolvimento tecnológico; • precária infraestrutura de transportes e telecomunicações da maior parte dos países africanos. A África no contexto da economia globalizada Governos pós-independência De modo geral, marcados pelo autoritarismo e pela corrupção. Fatores que dificultaram as reformas nas estruturas políticas e socioeconômicas na maioria dos países africanos: • disputas pelo poder entre grupos étnicos rivais; • carência de recursos financeiros; • economia fortemente voltada para a exportação; • interesses econômicos e político-militares das grandes potências. Esse quadro Associado aos longos períodos de seca e à pressão demográfica sobre os recursos naturais Tem ocasionado em vários países situações de fome crônica e a disseminação de doenças. No contexto da economia mundial A maioria dos países africanos tem pouco a oferecer. Possuem basicamente matérias-primas minerais e agrícolas, cujos preços vêm caindo nos últimos 35/40 anos, com algumas exceções, como o petróleo. Tom Stoddart/Getty Images Fome e miséria na África Negra. Regiões: África do Norte População majoritariamente branca, merece destaque a influência árabe e islâmica. África do Norte Formada basicamente por: • Egito; • Líbia; • Tunísia; • Argélia; • Marrocos; •Saara Ocidental. População majoritariamente branca, merece destaque a influência árabe e islâmica. Egito, Tunísia e Marrocos Sobressai a atividade turística. Apesar de subdesenvolvidos e com indicadores sociais bem inferiores aos dos países desenvolvidos. Esses países da África do Norte Estão no grupo dos que apresentam melhores indicadores sociais e econômicos do continente africano. África ao sul do Saara ou Subsaariana • abriga uma população predominantemente negra; • grupos étnicos bastante diferenciados; • condições de vida, de modo geral, bastante precárias; • economia concentrada: • na atividade agrícola de subsistência; • no setor terciário; • na produção de matérias-primas agrícolas e minerais. Desenvolvimento da atividade industrial Limitado e restrito basicamente às indústrias de bens de consumo. África do Sul Único país de destaque ao sul do deserto do Saara. • Apresenta atividade industrial e economia diversificadas. • Está inserida no contexto da Divisão Internacional do Trabalho como país subdesenvolvido industrializado. Anualmente, cerca de 70 mil africanos subsaarianos saem dos países do continente Vão estudar em países da Europa ou nos EUA. Muitos não retornam mais e parte deles forma o contingente de 40 mil africanos que detêm título de doutor e fixaram residência no exterior. África – Sahel Seca, crescimento demográfico e conflitos tribais É a região da África situada entre o deserto do Saara e as terras mais férteis do sul. Condições precárias da população Indicadores sociais revelam as precárias condições em que vive grande parte da população: • taxas de mortalidade infantil elevadas, atingindo 91,2%, em média. • esperança de vida nos países da África Subsaariana é, em média, de 46 anos. IDH dos países africanos Desenvolvimento humano baixo 159 160 161 162 163 164 165 166 167 República CentroAfricana Mali Burkina Fasso Libéria Chade Guiné-Bissau Moçambique Burundi Níger 0.315 0.309 0.305 0.300 0.295 0.289 0.284 0.282 0.261 168 169 República Democrática do Congo Zimbábue 0.239 0.140 Fonte: Pnud. Relatório do Desenvolvimento Humano 2010. Índice de Desenvolviment o Humano (IDH) Posição no IDH Esperança de vida à nascença 160 Mali 0,309 49,2 1,4 8,0 1,171 161 Burkina Faso 0,305 53,7 1,3 b,q 5,8 1,215 162 Libéria 0,300 59,1 3,9 11,0 320 163 Chade 0,295 49,2 1,5 b,o 6,0 1,067 164 Guiné-Bissau 0,289 48,6 2,3 b,q 9,1 538 165 Moçambique 0,284 48,4 1,2 8,2 854 166 Burundi 0,282 51,4 2,7 9,6 402 167 Níger 0,261 52,5 1,4 4,3 675 168 Congo, República Democrática do Zimbabué 0,239 48,0 3,8 7,8 291 0,140 47,0 7,2 9,2 176 169 Média de anos de escolarida de Anos de Rendiment escolarida o nacional de bruto esperados (RNB) per capita Fatores como: • atraso tecnológico; • economia de baixa produtividade; • guerras civis; • corrupção dos governos; • falta de democracia; • ritmo de crescimento populacional superior ao ritmo de crescimento da economia; • secas periódicas; • intensa retirada de recursos naturais sem a aplicação de práticas sustentáveis aprofundam ainda mais o quadro de deterioração das condições de vida de parcela considerável das sociedades africanas. Finbarr O’Reilly/Reuters/ LatinStock Criança subnutrida na região de Sahel, na África (2006). Adultos e crianças vivendo com HIV (2007) Fonte: Folha de S.Paulo, 21 nov. 2007. p. A-15. A composição étnica e as religiões Constituída predominantemente por negros Mas 1/3 do total é de brancos, que se concentram, principalmente, na porção setentrional. A população branca é formada em sua grande maioria por povos islâmicos, predominantemente, de língua árabe. Os brancos do norte da África subdividem-se em árabes e berberes. Negros Concentrados principalmente ao sul do Saara. Apresentam uma grande diversidade de povos, línguas e religiões. Ao lado das diferentes línguas e dialetos, são falados também o francês, o inglês e o português. Os povos negros praticam o islamismo, o cristianismo e o animismo. Os negros no continente africano subdividem-se nos seguintes grupos: • bantos — os mais numerosos e que ocupam a maior parte da região equatorial, a região dos grandes lagos e parte da Namíbia, Botsuana e África do Sul; • sudaneses — situados principalmente na porção ocidental; • hotentotes — em maior número na África do Sul, Namíbia e Botsuana; • nilóticos — habitantes da região do alto curso do rio Nilo; • bosquímanos — ocupantes das estepes situadas às margens do deserto do Kalahari; • pigmeus — habitantes da floresta equatorial; • malgaxes — habitantes da ilha de Madagáscar. Mário Yoshida África – grupos étnicos Fonte: Atlas du continent africain. Paris: Jaguar; 1993. p. 47 (adaptado). Uma economia dependente Para entender os vários aspectos da economia desse continente deve-se levar em consideração: O longo tempo de colonialismo pelo qual passou. Em decorrência disso, o espaço geográfico do continente africano vem sendo organizado de acordo com os interesses de suas ex-metrópoles ou das grandes potências mundiais. Subdesenvolvimento e contrastes Subdesenvolvimento e pobreza Caracterizam boa parte dos países africanos. Convivem com a diversidade cultural, étnica e econômica que marca o continente. Alguns países do continente têm alcançado crescimento econômico Apoiado fundamentalmente na exploração dos recursos naturais. Esse crescimento econômico acaba beneficiando uma camada restrita da população e acentuando as desigualdades sociais. China Nos últimos anos intensificou bastante as relações diplomáticas com países africanos. Jerome Sessini/Corbis/LatinStock Extração de petróleo em Angola (2006). 15% do petróleo que os EUA importam do restante do mundo é fornecido pelos países africanos. Integração econômica entre o Brasil e os países africanos tem crescido. Empresas brasileiras de grande porte, como: Atuam em cerca de 13 países africanos. • Petrobras; • Vale; • Odebrecht; • Camargo Corrêa; • Andrade Gutierrez. O comércio Brasil–países africanos apresentou crescimento expressivo nos últimos dez anos. A agropecuária Antes do período colonial atendia às necessidades alimentares de seus habitantes Depois foi substituída, em boa parte: Pela agricultura comercial de exportação. Assim, a agricultura na maioria dos países africanos passou a ser praticada de duas formas: Subsistência Comercial ou plantation Images og Africa Photobank/Alamy/Other Images Plantação comercial de trigo na África do Sul. Agricultura de plantation Localizada principalmente nas zonas litorâneas. Surgiu com a chegada do colonizador. Sua finalidade é a produção de culturas destinadas a abastecer o mercado externo. Nela predomina a monocultura, que ocupam as melhores terras do continente. Atividade criatória Praticada principalmente: • na região mediterrânea; • nas estepes e savanas; • na África do Sul; • nas regiões às margens dos grandes lagos da parte oriental. Na África do Sul é encontrado um dos maiores rebanhos de ovinos do mundo, destinado principalmente ao fornecimento de lã para as indústrias locais e para exportação. As riquezas minerais e a atividade industrial Riquezas minerais africanas Desde as primeiras descobertas, foram exploradas por companhias estrangeiras. No fim da década de 1960, alguns países resolveram nacionalizar suas minas Apoiando-se para isso em organismos internacionais que reúnem vários países produtores de minérios. O petróleo é um dos minerais africanos mais significativos Pois é uma grande fonte de divisas para vários países. Os efeitos de alguns séculos de colonialismo impedem até hoje que os países africanos possam se desenvolver com base na atividade industrial. Muitos países do continente continuam com suas economias fortemente vinculadas às suas antigas metrópoles. A colonização dificultou a industrialização porque: • o controle do comércio pelos europeus impediu a formação de uma burguesia de comerciantes nativos; • não houve acúmulo de capitais tendo por base a propriedade da terra; • não se desenvolveu um mercado interno. A produção industrial africana, em média, corresponde a 1% do total do PIB do continente. Turismo Não tem uma importância significativa na economia africana. Fatores que desestimulam o ingresso de turistas: • falta de infraestrutura hoteleira; • falta de transportes; • constantes conflitos étnicos, entre outros. O patrimônio histórico egípcio, com as suas pirâmides e templos, é uma das principais atrações do continente, o que eleva o país à posição de mais visitado da África.