Refletir: Por que estudar SÓCIO- ANTROPOLOGIA?

Propaganda
* Refletir: Por que estudar
SÓCIO- ANTROPOLOGIA?
*
TÂNIA MARIA SANTANA BOTÊLHO
Socioantropologia
Aplicada ao Direito
 OBJETIVOS:
 Refletir sobre o Direito a partir de
uma
perspectiva
sociológica.
Estabelecer
a
relação
entre
a
realidade social e as normas jurídicas
em suas múltiplas manifestações.
 Visualizar a realidade social do Direito
e suas significações funcionais.
 Através das atividades programadas para
esta disciplina, pretende-se que os alunos
revisem
conceitos
e
vivenciem
a
elaboração de pesquisa com métodos
sócio-antropológicos:
 Identificar a Sociologia, sua história e suas
principais abordagens e a Sociologia do
Direito, sua história e suas principais
temáticas.
 promover o estudo dos fundamentos da
Sociologia jurídica e da antropologia.
 Proporcionar uma visão do pensamento dos
clássicos da Sociologia e da Antropologia.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
 UNIDADE 1- Panorama histórico da
sociologia
 A reflexão sociológica no século XIX. As bases
da sociologia. Os paradigmas clássicos.
 Durkheim:método sociológico. Divisão do
trabalho. O suicídio.
 Weber:conceitos sociológicos básicos. Ação
social. Sociologia das religiões.
 Marx:conceitos fundamentais. Classe, ideologia,
modos de produção.
1.1 Durkheim: método sociológico.
Divisão do trabalho. O suicídio.
 Considerado Pai da Sociologia.
Fundador
da
Escola
Sociológica
Francesa.
 Nasceu em Épinal, a 15 de abril de
1858. De Família Judaica, foi educado
na França e na Alemanha, onde
cursou Direito, Filosofia e Ciências
Sociais.
Na
Alemanha
estudou
também Psicologia das Sociedades
Arcaicas e Antropologia.
Nascimento 15 de abril de 1858
Épinal, França
Falecimento 15 de novembro de
1917 Paris,França
Nacionalidade Francês
Ocupação Acadêmico, sociólogo,
antropólogo, filósofo
Escola/tradição Positivismo,
Funcionalismo, Evolucionismo
Principais interesses Sociologia,
Antropologia, Ciência,
Epistemologia, Religião, Suicídio,
Educação, Direito, Ética
Idéias notáveis Fato Social,
Consciência coletiva,Anomia
Influências Comte, Spencer,
Montesquieu, Rousseau, Maquiavel,
Hobbes, Darwin, Saint-Simon,
Bonald
InfluenciadosMauss, Manilowski,
Radcliffe-Brown, Lévi-Strauss
1.1.1 As obras
 Influenciaram
bastante
a
metodologia de todos os ramos
das Ciências Sociais. Seu primeiro
livro de importância foi a própria tese
de doutoramento, “A Divisão do
Trabalho Social”, onde demonstra a
relação entre o indivíduo e a
coletividade, ou seja, a forma pela
qual um gruo de indivíduos se
comporta e forma uma sociedade.
Ao realizar estudos sobre o
relacionamento humano...
 Aplicou
métodos
semelhantes
ao
usados nas Ciências Exatas, insistindo
no fato que as correlações puramente
estatísticas só são adequadas quando se
estabelecem correlações lógicas.
 Enfatizou a importância de estudar os
“fatos sociais” ( como por exemplo, as
regras sociais e as crenças) que são
objetivos para o observador empírico e
possuem aspectos morais porque afetam o
bem-estar do indivíduo.
Durkheim é também admirado pelo estudo dos
problemas da personalidade, realizado em sua
obra “O Suicídio”(1897),
 Em que a divisão do trabalho é
tratada
como
um
desenvolvimento
normal
da
sociedade humana, que propicia o
aumento da iniciativa pessoal em
detrimento da autoridade exercida
pela tradição. Entretanto, o número
crescente de suicidas nas sociedades
desenvolvidas foi por ele considerado
um
traço
patológico
na
organização social.
Durkheim descreve três tipos de
suicídios:




Altruísta: quando o indivíduo fortemente ligado a um
grupo não distingue entre seus próprios interesses e os do
grupo, sendo capaz de sacrificar-se por ele. É o caso de
soldados que sacrificam para salvar companheiros.
Egoísta: é o suicídio que ocorre quando o indivíduo não
está envolvido com nenhuma causa, faltando-lhe laços
emocionais que lhe tornem a vida digna de viver.
Anômico: é o suicídio que se manifesta quando o indivíduo
participa de uma sociedade caracterizada pela anomia
(ausências de regras, sem normas), sendo comum em
época de depressão econômica.
A importância de “O Suicídio” está intimamente relacionada
aos esclarecimentos que presta quanto ao relacionamento
humano, tanto no que se refere aos grupos, quanto ao que
diz respeito às normas dos grupos.
 Procurou opor–se ao pensamento
de Auguste Comte que faria da
Sociologia um raciocínio a partir de leis
universais, o que para Durkheim era
metafísico.
Para
Durkheim,
a
Sociologia, como ciência, deveria
dedicar-se
ao
conhecimento
racional, objetivo, observacional e
necessário da sociedade. “...é
preciso tratar o fato social como uma
coisa” exatamente como o cientista da
natureza trata os fenômenos naturais.
O princípio da Integração Social:
coesão e equilíbrio.
 Para
Durkheim, a questão da
objetividade
científica
na
Sociologia não se coloca, a rigor, nos
termos em que levantamos aqui. Não
reconhecendo,
por
princípio
qualquer distinção fundamental
entre
Sociologia
e
Ciências
Naturais, a primeira regra do
método de Durkheim é que os fatos
sociais devem sem tratados como
coisas exteriores ao investigador.
 Durkheim não pretende que uma forma
de organização social seja encarada
como objeto da mesma natureza que
uma pedra ou planta. Insiste várias vezes
em
que,
a
sociedade
consiste
essencialmente de “representações”, ou
seja, de crenças e sentimentos.
 As crenças e sentimentos são um tipo de
realidade que estamos acostumados a
localizar no interior da consciência dos
indivíduos. Como estudá-los, então,
como se estivessem fora da consciência
do investigador?
Como estudá-los, então, como se estivessem fora
da consciência do investigador?
 A resposta põe em jogo uma distinção básica
entre consciência Individual e consciência
coletiva. O que Durkheim entende por consciência
individual é aproximadamente o mesmo o que hoje
se entende por “personalidade” na Psicologia – o
conjunto de traços mentais e emocionais que
identificam um indivíduo e o distinguem de
todos os outros. Por outro lado, em certa passagem
ele define a consciência coletiva como “o conjunto
de crenças e sentimentos comuns ou comum dos
membros de determinada sociedade”, acrescentando
que tal conjunto “forma um sistema determinado com
vida própria”.
Explica a origem da consciência coletiva e o sentido
da sua autonomia em relação às consciências
individuais.
 Para todos os efeitos ele argumenta como se as duas
consciências existissem separadas em cada indivíduo.
Em última análise, é a possibilidade de separá-las
claramente que fundamenta a afirmação de que, para
fins de pesquisa científica, os fatos sociais
devem ser tratados como coisas exteriores.
 Durkheim acredita, que isso seja possível. Daí
que para ele as representações (incluindo o que
temos chamado de interesses e valores) só possam
entrar de duas maneiras na Sociologia. Enquanto
expressão da consciência coletiva, as representações
caem no domínio do objeto da investigação
sociológica. São, assim, fatos como quaisquer
outros fatos estudados pela Ciência, a partir de
manifestações observáveis.
Durkheim comenta, dizer que os fatos sociais são
coisas equivale a opô-los às idéias como:
 “(...) tudo o que o espírito não pode
chegar a compreender senão sob a
condição de sair de si mesmo, por
meio
da
observação
e
da
experimentação,
passando
progressivamente
dos
caracteres
mais
exteriores
e
mais
imediatamente acessíveis para os
menos visíveis e mais profundos.”
 Como
expressão
da
consciência
individual do sujeito-pesquisador, tudo o
que as representações podem significar para
a investigação sociológica é uma fonte
de erros e deformações. Tratar os fatos
sociais implica então, segundo Durkheim,
reconhecer que eles são coisas ignoradas.
Isso, porque “as representações que podem
ser formuladas no decorrer da vida, tendo
sido efetuadas sem método e sem crítica,
estão,
estão
destituídas
de
valor
científico e devem ser afastadas.”
 Ele refere geralmente a estas representações
com pré-noções. Um conhecimento
perfeitamente depurado de pré-noções (
portanto da influência dos interesses e
valores do pesquisador), isto é, o ideal de
objetividade
científica
defendido
por
Durkheim para Sociologia. Tudo que a
primeira regra do método sociológico exige
nesse sentido, afirma ele, é que o
pesquisador “se coloque num estado de
espírito semelhante ao dos físicos,
químicos,
fisiologistas,
quando
se
aventuram numa região ainda explorada
de seu domínio científico.”
1.1. 2. Sociologia, a ciência das
instituições.
 A afirmativa de que os fatos sociais devem ser
tratados como coisas serve Durkheim para assinalar
aquilo que os fatos sociais têm em comum com todos
os objetos da Ciência. A construção do objeto da
Sociologia supõe que se defina o que os fatos
sociais têm de específico, isto é , aquilo que distingue
de outras categorias de fatos.
 Os primeiros esforços de Durkheim nesse sentido se
encaminham para o conceito de consciência coletiva.
O autor mostra a preocupação de traçar uma
fronteira clara entre o individual e o social no
domínio de fatos humanos.
A consciência coletiva
 A consciência coletiva se caracteriza tanto por
constituir um sistema de crenças e sentimentos
difundidos na sociedade como, também, independente
dos indivíduos, embora só através destes se realize.
Esclarece Durkheim que a origem da independência
está em que a consciência individual exprima apenas
a natureza orgânica e psíquica de cada membro da
sociedade tomado separadamente, enquanto que a
consciência coletiva exprime a combinação de
uma pluralidade de indivíduos no processo de vida
social.
 O conceito de consciência coletiva é amplamente
empregado em “A Divisão do Trabalho Social”, onde
analisa seu papel como um dos princípios da
integração dos indivíduos e grupos na sociedade.
1.1.3. FATOS SOCIAIS –
REPRESENTAÇÕES COLETIVAS
 Em “As Regras do Método Sociológico”, Durkheim
trata
o conceito de representações coletivas em
estreita conexão com o conceito, mais abrangente, de
fatos sociais.
 “ é um fato social”, esclarece Durkheim, “toda
maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer
sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que
é geral no conjunto de cada sociedade tendo, ao
mesmo tempo, existência própria, independente de
suas manifestações individuais”.
 “maneira de fazer”, entenda-se: maneira de
agir, de pensar e de sentir, o que inclui as
representações coletivas. Estas, como todo fato
social, apresentam as seguintes características:
CARACTERÍSTICAS:
 1. São exteriores à consciência individual.
 2. possuem uma capacidade de coação sobre os
indivíduos;
 3. são a mesmo tempo gerais numa dada sociedade e
independentes de suas expressões individuais.
 Se é verdade que são os próprios homens que
elaboram as “maneiras de fazer” vigentes nas
sociedade, também é verdade que quase sempre elas
nos são legadas das gerações anteriores, de modo
que as encontramos já prontas. Além disso,
mesmo quando participamos da sua elaboração, o que
fazemos em conjunto com uma multidão de outros
indivíduos que sequer conhecemos, de modo que o
resultado
final
da
atividade
comum
escapa
inteiramente a nosso controle.
A relação de “síntese”
 A relação dos indivíduos para com os produtos da
atividade coletiva é uma relação de “síntese”
semelhantes a outras que se verificam na natureza –
uma relação onde as propriedades de todos
transcendem as das partes que entram em sua
composição.
 Sublinha Durkheim: “para que exista fato social é
preciso que pelo menos vários indivíduos tenham
misturado suas ações, e que dessa combinação se
tenha desprendido um produto novo. E como essa
síntese ocorre fora de cada um de nós ( uma vez que
para ela concorre uma pluralidade de consciências),
seu efeito é necessariamente fixar, instituir
certas maneiras de agir e certos julgamentos
que existem fora de nós e que não dependem da
vontade particular à parte.”
 A primeira característica implica do
ponto de vista da relação entre sujeito e
o objeto da Sociologia. Durkheim dá a
impressão de considerar a segunda
característica dos fatos sociais – a
capacidade
de
coação
sobre
os
indivíduos – com mera extensão da
característica de exterioridade. Como os
fatos sociais existem fora de nós e não
somos capazes de suprimi-los ou modificálos à vontade, não temos outro remédio
senão nos conformar com sua existência.
Steven Lukes, um dos mais respeitados
estudiosos da obra de Durkheim,
 Assinala que sob a noção de coercitividade a
teoria
durkheimiana
engloba,
na
verdade,
diferentes aspectos da relação indivíduo-sociedade.
Ela se refere à existência de normas sociais
apoiadas em sanções que obrigam os indivíduos a
obedecê-las. Em outros, à existência de condições
sociais que o indivíduo deve obrigatoriamente
levar em conta como meios necessários para
alcançar os fins que se propõe. Em outros
contextos ainda, a noção se refere à influência
das
multidões
sobre
o
comportamento
individual.
Finalmente,
há
referências
ao
aprendizado
das
normas
sociais
pelos
indivíduos,
fazendo
que
eles
as
obedeça
espontaneamente ao mesmo tempo em que são
comandadas por elas.
Durkheim se refere `a coação social como
algo que se apóia
no “prestígio” das
representações coletivas.
 A última característica dos fatos
sociais
–
generalidade
e
independência – Durkheim busca
distinguir os fatos sociais, por um
lado, de supostos atributos universais
da natureza humana, e, por outro, da
sua realização no comportamento
individual. De outra parte, enquanto
normas,
os
fatos
sociais
são
pensados como aquilo que governa a
conduta do indivíduo mas não se
confunde com ela.
“...a ciência das instituições, de sua
gênese e de seu funcionamento”.
 Maneiras de agir, de pensar e de sentir socialmente
estabelecidas como síntese exterior de uma
pluralidade de ações individuais, e que uma vez
estabelecidas adquirem a capacidade de comandar
essas ações sem, no entanto, se confundir com elas.
“Como se sabe, conclui Durkheim, “existem um termo
que exprime razoavelmente essa maneira de ser
muito especial, uma vez ampliado um pouco seu
significado habitual: é o termo instituição. Com efeito,
pode-se chamar instituição toda a crença, todo o
comportamento pela coletividade, sem desnaturar o
sentimento da expressão; a Sociologia seria então
definida como a ciência das instituições, de sua
gênese e de seu funcionamento”.
INDIVÍDUO E SOCIEDADE
 Quando o objeto da sociologia passa a ser
tratado por Durkheim em termos de
representações coletivas e instituições: ele
trata de separar o social do individual como
duas esferas independentes da realidade
humana. Insiste que “a sociedade não é
mera soma de indivíduos; ao contrário, o
sistema formado por sua associação
representa uma realidade específica que
tem suas próprias características”, e é “na
natureza dessa individualidade (...) que se
deveriam buscar as causas imediatas e
determinantes dos fatos que lá aparecem.”
O SUBSTRATO DA VIDA SOCIAL
 Durkheim invoca inúmeras vezes a diferença de
substrato entre os fatos sociais e as manifestações da
consciência individual. “Os fatos sociais não diferem
dos fatos psíquicos apenas em qualidade; apresentam
um substrato diferente, não evoluem no mesmo meio,
não dependem das mesmas condições.” Isto significa
a propósito a oposição entre consciência coletiva e
consciência individual. Enquanto essa oposição
exprimiria a natureza orgânica e psíquica de cada
indivíduo isoladamente, o substrato exprimiria a
combinação de uma pluralidade de indivíduos
num processo de síntese social.
Durkheim explica sua concepção de
substrato social:
sociedade tem substrato o conjunto de indivíduos
associados. O sistema que eles formam ao se unir – e
que varia segundo sua disposição na superfície do
território, a natureza e o número das vias de
comunicação – constitui a base sobre a qual se
estabelece a vida social. As representações, que são a
trama dessa vida social, decorrem das relações que
se
estabelecem
entre
os
indivíduos
assim
combinados, ou entre os grupos secundários que se
interpões entre o indivíduo e a sociedade total.”
 A distinção entre a “base”da vida social e a
“trama”constituída pelas representações

“A
“morfologia social”

A distinção entre a “base”da vida social e a
“trama”constituída pelas representações é rica de
implicações para o modelo de explicação sociológica que
Durkheim desenvolveu. A teoria durkheimiana considera os
fatos que constituem a base da vida social como
pertencentes ao que denomina “morfologia social”. Eles
consistem no número e na natureza das artes elementares
de que se compõem a sociedade , a maneira como são
arranjadas, o grau de aderência que atingiram, a
distribuição da população sobre a superfície do território, o
número e a natureza dos canais de comunicação, a forma
de habitação, etc. Observa Durkheim que, embora
representem “maneiras de ser”antes que “maneiras de
fazer”, os fenômenos da morfologia social também
constituem fatos sociais. Eles não só se impõem aos
indivíduos com a força de uma coação exterior como
são o produto cristalizado de ação humana submetida
a normas sociais.
A relação entre “maneira de ser”e
“maneira de fazer” é explicada assim:
 “A estrutura política de uma sociedade é apenas a
maneira como diferentes segmentos que o compõem
adquiriram o hábito de viver uns com os outros. Se
suas relações são tradicionalmente estreitas, os
segmentos tendem a confundir-se; caso contrário
tendem a distinguir-se”.
 Não confunde sua morfologia social com a Geografia
Humana, ou Geografia Econômica. Interessa-se
apenas pela distribuição espacial da população e
alguns de seus atributos sociais e econômicos.
Interessa antes pela integração dos diferentes grupos
ou “partes elementares” – famílias, clãs, aldeias,
tribos, cidades, Estados – na sociedade.
FISIOLOGIA SOCIAL
 Sobre essa base se estabelece a trama da
vida social constituída pelas representações
coletivas e, em termos mais gerais, pelos
fatos atinentes ao que Durkheim denomina
“fisiologia
social”
–
as
normas
institucionalizadas em vários graus de
formalização ( “regras legais e morais,
dogmas
religiosos,
sistemas
financeiros, etc.”); as crenças e práticas
estabelecidas na sociedade como um todo
ou menos estáveis, mais ou menos
passageiras, que expressam os aspectos
ainda não definitivamente amoldados da
vida social.
Durkheim sugere que a morfologia tem
precedência sobre a fisiologia em seu
modelo de explicação sociológica.
 Escreve que: “com efeito, se a condição determinante
dos fenômenos sociais consiste, como mostramos, no
próprio fato da associação, isto é, consoante as
maneiras
como
estão
agrupadas
as
partes
constituintes da sociedade. Por outro lado, dado que o
conjunto determinado que deriva da reunião dos
diferentes elementos integrantes da composição de
uma sociedade constitui o meio interno dessa
sociedade, tal como conjunto dos elementos
anatômicos, dispostos no espaço de certa maneira,
constitui o meio interno dos organismos, poder-se-á
afirmar: a origem primária de qualquer processo
social de certa importância deve ser procurada na
constituição do meio social.”
...
 Por essa regra metodológica a
Sociologia durkheimiana norteará o
estudo tanto da gênese como
do
funcionamento
das
instituições
sociais, as quais, são para Durkheim
o objeto principal da Sociologia.
AS FORMAS DE SOLIDARIEDADE
SOCIAL
 Durkheim pretendia que a Sociologia,
através da morfologia social, chegasse a
elaborar uma classificação geral das
sociedades segundo o seu grau de
complexidade de seu “meio social interno”.
Em sua concepção, a classificação em
espécies ou tipos homogêneos seria um
instrumento
fundamental
para
o
estabelecimento de comparações válidas
entre sociedade diferentes – único método
pelo qual a Sociologia poderia descobrir
relações necessárias de causa e efeito entre
os fatos sociais.
O próprio Durkheim não chegou
desenvolver tal esquema classificatório.



a
Limitou a esboçar o que seriam as bases teóricas para sua
elaboração, inspirando-se em idéias interiores de
Spencer.
Como
Spencer,
Durkheim
acreditava
que
as
“espécies”sociais, à semelhança das espécies vivas,
podem ser classificadas numa escala evolutiva das mais
simples às complexas. Em “As Regras do método
Sociológico”, caracteriza a “horda” como espécie mais
simples da sociedade, apresentando-a como “um
agregado social que não abrange e que nunca
abrangeu qualquer outro agregado mais elementar e
que se decompõe imediatamente em indivíduos”.
Definida essa unidade social irredutível, a Sociologia estaria
apta a “construir a escala completa dos tipos sociais”,
distinguindo “tantos tipos fundamentais quantas são as
maneiras como estas se combinam entre si.”
Mais significativa e original, no entanto, é a
contribuição durkheimiana na caracterização dos dois
tipos extremos de sociedade que corresponderiam ao
inferior e superior da escala evolutiva que deixou
apenas sugerida.
Tais tipos consistem em duas
formas de “solidariedade social”
 Ou em dois princípios de integração entre
indivíduos e grupos no interior da
sociedade: a solidariedade mecânica e
solidariedade orgânica.
SOLIDARIEDADE
MECÂNICA:
O
PRINCÍPIO DAS SEMELHANÇAS
 Do ponto de vista da oposição entre
consciência
coletiva
e
consciência
individual, isso implica que nas sociedades
baseadas na solidariedade orgânica a
integração social será tanto maior quanto a
consciência individual se identificar com a
consciência coletiva.
 Com efeito, se a integração dos
indivíduos e grupos na sociedade se
baseia inteiramente nas semelhanças
entre eles, qualquer conduta que se
afaste, por pouco que seja, do tipo
coletivo acarreta necessariamente um
enfraquecimento
da
solidariedade
social. Por isso, observa Durkheim, nas
sociedades
onde
a
solidariedade
mecânica está muito desenvolvida, “o
indivíduo não se pertence (...), ele é
literalmente uma coisa, da qual a
sociedade dispõe.”
A Solidariedade Mecânica
 Para Durkheim, a solidariedade mecânica é o
princípio que preside a organização das
sociedades ditas primitivas – como as tribais –
onde se observa realmente uma extraordinária
homogeneidade econômica e cultural entre clãs,
famílias e os próprios indivíduos. Em “A Divisão
Social
do
Trabalho”ele
defende
a
tese
–
posteriormente revista – de que o papel deste tipo de
solidariedade tende a declinar nas sociedades
modernas. Mas mesmo admitindo essa hipótese
Durkheim não pretendia que a solidariedade mecânica
fosse o princípio exclusivo das sociedades menos
evoluídas. Ele via esse tipo de solidariedade antes
como um princípio de integração operante em todas
as sociedades,das mais simples às mais complexas,
embora com graus diferentes.
SOLIDARIEDADE
ORGÂNICA:
PRINCÍPIO DA DIFERENCIAÇÃO
 Como
conceitos
extremos
(polares),
solidariedade mecânica e solidariedade
orgânica representam, nas palavras de
Durkheim, “as duas faces de uma única
realidade, mas nem por isso têm a menor
necessidade de ser distinguidas.”
 Pode-se dizer que enquanto a solidariedade
mecânica é a integração social baseada nas
semelhanças, a solidariedade orgânica é a
integração
realizada
a
partir
da
diferenciação entre indivíduos e grupos no
interior da sociedade.
 Onde predomina esse princípio de integração, sublinha
Durkheim, a sociedade aparece com um “sistema
de funções diferentes e especiais, que unem
relações definidas”. Trata-se da solidariedade
produzida pela divisão de trabalho, que supõe
precisamente a diferenciação e a complementaridade
de funções como forma de cooperação e entre
membros da sociedade.
 Quando
a
divisão
do
trabalho
é
pouco
desenvolvida, todos fazem de tudo um pouco e cada
grupo, às vezes cada indivíduo, precisa muito pouco do
concurso dos outros para aquilo que necessita para a
sobrevivência. Cabe então à força das crenças e
costumes comuns ( à consciência coletiva) manter os
indivíduos e grupos integrados num todo maior que eles
próprios – a sociedade – vencendo a tendência ao
isolamento. Com o desenvolvimento da divisão do
trabalho rompe-se a tendência ao isolamento.
Com o desenvolvimento a divisão do trabalho supõe,
no entanto, especialização.
enquanto a solidariedade
mecânica é tanto mais forte quanto mais a
consciência
individual
for
recoberta
pela
consciência coletiva, a solidariedade orgânica só se
fortalece quando “cada um tem uma esfera de ação que
lhe
é
própria”e
pode,
assim,
afirmar
sua
individualidade. Durkheim esclarece que se por um lado
cada um depende mais estreitamente da sociedade
quando mais dividido esteja o trabalho, por outro a
atividade de cada um é um tanto mais pessoal quanto
mais especializada.
 É claro que solidariedade orgânica atinge seu
máximo nas sociedades modernas. Nela a indústria
e o comércio levam às últimas conseqüências a divisão
do trabalho, ampliando em todos os níveis o campo
para a especialização dos indivíduos e grupos ao
mesmo tempo que os integra numa vasta teia de
dependência mútua.

E
consequentemente,
 DIREITO
E
FORMAS
DE
SOLIDARIEDADE
 Durkheim
busca
definir
um
índice
observável que lhe permita detectar a
influência relativa a solidariedade mecânica e
da solidariedade orgânica em diferentes
sociedades em distintas fases de sua
evolução. Ele
encontra tal índice
no
direito. Para preservar a harmonia, a
sociedade deve assegurar acima de tudo
a subordinação da consciência individual
à consciência coletiva, que é a pedra de
toque da integração social. Por isso,
onde
prevalece
a
solidariedade
mecânica as leis proíbem e punem:
 1º Os desvios muito grandes da conduta individual
em relação à conduta prevista pela consciência coletiva.
 2º As ofensas ao “órgão da consciência comum”chefe tribal, hierarquia religiosa, suserano feudal,
Estado centralizado – visto por Durkheim como símbolo
que exprime, resume e garante o primado da
consciência coletiva.
 A função primordial da punição e manter intacta a
coesão social, mantendo toda a vitalidade da
consciência comum. À solidariedade mecânica
corresponde um tipo especial de direito: O
DIREITO REPRESSIVO.
 Em contraste, onde predomina a solidariedade
orgânica, a integração de todo social não depende tanto
da vigência de uma sistema de crenças e sentimentos
comuns a todos, mas de uma moral profissional para
cada atividade especializada e de normas legais que
viabilizem sua dependência mútua.
 Segundo Durkheim, a sociedade que
repousa o mais completamente possível
sobre a divisão do trabalho seus
membros permanecem unidos por laços
que se estendem bem além dos breves
momentos de troca entre eles. Cada
função que eles exercem é constantemente
dependente das demais, e forma com elas
um sistema solidário. Assim, da natureza da
tarefa
escolhida
derivam
deveres
permanentes. Em tais condições, a função
do direito não é tanto punir as condutas
desviantes, mas impor a reparação dos
prejuízos
causados
pelo
descumprimento
das
obrigações
profissionais ou funcionais. Assim, a
solidariedade orgânica corresponde um
outro
tipo
de
direito:
o
direito
 CAUSAS DO PROGRESSO DA DIVISÃO DO TRABALHO
 O que Durkheim
classifica como direito repressivo
compreende tudo aquilo que em linguagem jurídica se
denomina direito penal; e o que ele classifica como
direito restitutivo inclui o direito civil, o direito
comercial, o direito processual, o direito administrativo
e constitucional, com exclusão das regras penais que
podem se encontradas nesses ramos do Direito.
 Comparando a extensão desses dois tipos de direito em
diferentes situações históricas, Durkheim conclui pelo
aumento progressivo da importância do direito
restituitivo nas sociedades modernas.
 O progresso da divisão do trabalho lhe aparece como
fio condutor do processo evolutivo que liga as formas
de sociedade mais simples às mais complexas.
 Quais causas explicam, entretanto,
o progresso da divisão do trabalho
ao longo da evolução social?
 Responde Durkheim que a divisão do trabalho progride
devido ao fato de que os segmentos sociais perdem sua
individualidade, e as barreiras que os separam se tornam
permeáveis. Em outros termos, efetua-se entre os
segmentos sociais uma aderência que deixa a matéria
social livre para entrar em novas combinações. Fiel à
orientação do seu método, Durkheim busca assim explicar
um processo relevante observado ao nível da fisiologia
social ( a extensão das “maneiras de fazer” características
da divisão de trabalho) por mudanças concomitantes da
morfologia social – a saber, progressiva coalescência dos
segmentos ou grupos secundários que compõem a
sociedade.
 Ele afirma que o sentido geral da evolução
das sociedades conduz de uma “estrutura
segmentar” a uma “estrutura organizada”.
Na primeira, a debilidade dos laços entre
segmentos sociais se traduz na existência de
“vazios morais” que os separam. A vida
social se degeneraliza quando tais vazios se
somam, desaparecendo. Desse modo a
sociedade
se torna
madura
para
o
aparecimento de formas mais complexas de
cooperação entre indivíduos e grupos.
Portanto, a divisão de trabalho progride
tanto mais quanto mais existam indivíduos
que estejam suficientemente em contato
para poder agir e reagir uns sobre os outros.
 Ele afirma que o sentido geral da evolução
das sociedades conduz de uma “estrutura
segmentar” ( que se traduz em “vazios
morais” que os separam) a uma “estrutura
organizada”. A sociedade se torna madura
para o aparecimento de normas
mais
complexas de cooperação entre indivíduos e
grupos.Destaca
Durkheim
que
“se
convencionarmos chamar de densidade
dinâmica ou moral a esse relacionamento e
ao comércio ativo que dele resulta,
poderemos dizer que os progressos da
divisão do trabalho estão em relação direta
com a densidade moral dinâmica da
sociedade.”
 O aumento da densidade moral ou dinâmica é
acompanhado e exteriormente identificável,
pelo aumento da densidade material da
sociedade, ou seja, pelo estreitamento da
distância física entre os indivíduos. A
progressiva “condensação” da sociedade
pode ser apreendida em três processos:
1º A concentração da população no território,
traduzindo-se em aumento da densidade
populacional e acompanhando a união de
grupos anteriormente dispersos.
2º A formação e o desenvolvimento de cidades,
cuja multiplicação e crescimento têm por
pressuposto precisamente o aumento da
densidade moral da sociedade.
3º O aumento do número e da rapidez das vias
de comunicação e transmissão.
FATO PATOLÓGICO E ANOMIA



Do ponto de vista de Durkheim, a Sociologia se dedica
basicamente ao estudo da gênese e do funcionamento das
instituições sociais. A explicação sociológica consiste, por
um lado, na determinação das causas do aparecimento das
instituições( causas estas que devem ser buscadas de
preferência na constituição do meio social interno), e, por
outro lado, na determinação dos efeitos socialmente úteis.
Nesse sentido implica afirmar que as instituições
“funcionam”, ou seja, possuem funções sociais – as
atividades
por
elas
governadas
correspondem
a
determinadas necessidades da sociedade.
Durkheim preocupou em determinar a gênese das
instituições ligadas à divisão do trabalho na sociedade
moderna, descobrindo-lhes a causa primária da expansão
no aumento progressivo do volume e da densidade
dinâmica da sociedade. Ao mesmo tempo, ele indaga da
função da divisão do trabalho, caracterizando-a do ponto de
vista dos seus efeitos como princípio de integração social.
 Na teoria durkheimiana o suposto de
que toda instituição cumpre ou
pode ter cumprido uma função
social determinada liga-se de perto
a outra concepção: a de que cabe
ainda à Sociologia determinar o
caráter normal ou patológico dos
fatos sociais. Durkheim lança mão
dessas noções para caracterizar, ao
lado
dos
efeitos
úteis,
as
conseqüências por ele consideradas
indesejáveis do progresso da divisão
do trabalho na sociedade moderna.
NORMAL VERSUS PATOLÓGICO
 Durkheim assevera que “a função social deve ser
procurada na relação existente entre ele e
determinado fim social”. Como os fins ou necessidades
da sociedade mudam ao longo da evolução, muitas vezes
as instituições sobrevivem à sua função – já não produzem
efeitos socialmente úteis, mas por inércia continuam a
existir.
 Isso significa que a funcionalidade de uma instituição é
um dado relativo ao tipo de sociedade a que ela pertence
e à fase de desenvolvimento em que se esta se encontra.
 O mesmo se aplica à distinção entre normal e o
patológico. Partindo de uma analogia entre sociedade e
ser vivo, Durkheim define a normalidade dos fatos
sociais pela sua generalidade na “espécie”social a que
pertence.
 Dado um fenômeno sociológico qualquer,
assim como um fenômeno biológico, para
Durkheim são normais aquelas de suas
formas que se repetem em todos os casos
observados, ou pelo menos na maioria,
invariavelmente ou variando dentro de
limites estreitos. Em Biologia tais limites são
definidos pelo “tipo médio” que reúne os
traços anatômicos
e fisiológicos gerais
numa espécie animal ou vegetal e aquele
que se afasta significativamente dele.
Analogamente,
em
sociologia,
uma
instituição, uma pratica costumeira, uma
regra moral, serão consideradas normais ou
patológicas conforme se aproximem ou
afastem, respectivamente, do tipo “médio”
da sociedade.
 As “espécies”sociais mudam muito mais depressa
que as espécies biológicas. Isso cria um problema
complicado para o sociólogo. É muitas vezes, em períodos
de transição acelerada, “o único tipo normal no momento
realizado e encontrado nos fatos, é o tipo vindo do
passado, que portanto não está mais em relação com as
novas condições de existência. Um fato pode, assim,
persistir em toda a extensão da espécie, embora não
correspondendo mais às exigências da situação.”
 Ao lado da normalidade “de fato” representa pela
generalidade
do
fenômeno
na
espécie
social
correspondente, cabe ao sociólogo determinar-lhe a
normalidade “de direito”. Será considerado normal,
desse ponto de vista, o fenômeno que “se liga às
condições de existência da espécie considerada, seja como
efeito mecanicamente necessário de tais condições, seja
como meio que permite aos organismos se adaptarem as
essas condições.”
DIVISÃO DE TRABALHO E ANOMIA
 Como bem observa Steven Lukes, o critério “de
direito”de normalidade - correspondência do fenômeno
às condições gerais de vida social – por vago que seja,
é necessário a Durkheim para definir o caráter anormal
ou patológico de certos efeitos da divisão do trabalho,
não em relação à sociedade atual de sua época, mas a
uma hipotética sociedade ajustada do futuro.
 Para Durkheim a divisão de trabalho é o fator
preponderante de integração social na sociedade
moderna. Mas, para que a diferenciação dos indivíduos
e grupos trazida pela divisão do trabalho resulte em
solidariedade orgânica efetiva, não basta que eles se
sintam solidários por que são mutuamente dependentes
– “é preciso ainda que por que eles devem cooperar, se
não em toda espécie de encontros pelo menos nas
circunstâncias mais freqüentes, seja predeterminada”.
 A solidariedade orgânica requer uma regulamentação
suficientemente complexa das condições de cooperação
entre indivíduos e grupos diferenciados.
 Na falta de regras específicas, as condições de
cooperação deveriam ser rediscutidas em cada caso
pelas partes interessadas. Com isso os conflitos se
tornariam inevitáveis e recorrentes, e a solidariedade
seria mais virtual que real.
 Mas é precisamente essa ausência de regras, ou
seja, essa situação de anomia, o que se observa em
importantes aspectos da vida econômica na sociedade
moderna – assevera Durkheim.
 Para ele, a fusão dos mercados locais em
mercados nacionais e num único mercado mundial
rompeu o contato direto entre produtores e
consumidores. Em conseqüência “a produção sente
falta de freios e regras; ela só pode tatear às cegas e,
assim é inevitável que a medida exata não seja
atingida, ocorrendo faltas e excessos. Vêm daí as crises
que periodicamente perturbam as funções econômicas.
O crescimento das crises locais e restritas, que são as
falências, é, muito provavelmente, uma efeito dessa
mesma causa.”
 Idêntica falta de regras é observada nas
relações entre capital e trabalho . Com o
desenvolvimento da grande indústria, a
intensificação do ritmo de trabalho e a
influência
das
grandes
aglomerações
contribuem para aumentar as necessidades
dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, nas
novas condições de trabalho, o operário se
vê afastado da família e do contato direto
com o empregador. “As novas condições
da
vida
industrial
reclamam,
naturalmente, uma nova organização”,
observa
Durkheim;
“porém,
tais
transformações
aconteceram
com
extrema rapidez e os interesses em
conflito ainda não tiveram temo de se
...
 Durkheim assinala que em todos os
casos é o estado de anomia em que se
encontram as relações sociais a razão
pela qual a divisão do trabalho
engendra
conflito
em
vez
de
solidariedade. Em síntese, não há
correspondência entre regras jurídicas
e morais estabelecidas e as condições
sociais geradas pelo progresso da
divisão do trabalho, o que caracteriza
uma situação anormal ou patológica.
Weber:conceitos sociológicos básicos. Ação
social. Sociologia das religiões.
...
 Max Weber em 1894
 Nascimento: 21 de abril de 1864
Erfurt, Alemanha
 Falecimento:14 de junho de 1920
Munique, Alemanha.
 Nacionalidade: alemã
 Ocupação: Jurista, economista e
sociólogo
...
 Principais trabalhos: * A ética
protestante e o espírito do capitalismo
* Sistema econômico e sociedade
 Cônjuge: Marianne Schnitger
 Maximillian Carl Emil Weber (Erfurt, 21
de Abril de 1864 — Munique, 14 de Junho
de 1920) foi um intelectual alemão, jurista,
economista
e
considerado
um
dos
fundadores da Sociologia. Seu irmão foi o
também famoso sociólogo e economista
Alfred Weber. Sua esposa era a socióloga e
historiadora de direito Marianne Schnitger.
...
 Foi o mais velho dos sete filhos de Max Weber e sua
mulher Helene Fallenstein. Seu pai, protestante, era
uma figura autocrata. Sua mãe uma calvinista
moderada. A mãe de Helene tinha sido uma
huguenote
francesa,
cuja
família
fugira
da
perseguição na França. Ele foi, juntamente com Karl
Marx, Vilfredo Pareto e Emile Durkheim, um dos
modernos fundadores da Sociologia. É conhecido
sobretudo pelo seu trabalho sobre a Sociologia da
religião.
 De importância extrema, Max Weber escreveu a Ética
protestante e o espírito do Capitalismo. Este é um
ensaio fundamental sobre as religiões e a afluência
dos seus seguidores. Subjacente a Weber está a
realidade econômica da Alemanha do princípio do
século XX.
As obras ...
 A idéia de Karl Marx sobre o determinismo econômico
constituía o grande desafio enfrentado por Weber. Por
isso, em sua obra “A Ética Protestante e o Espírito
do Capitalismo”, procurou demonstrar que as idéias
religiosas e éticas são de importância fundamental.
Buscou também esclarecer os caracteres
específicos do capitalismo – regime econômico de
grande desenvolvimentos, principalmente nos países
protestantes
(especialmente
naqueles
em
predominava o calvinismo). Este estudo o levou a
pesquisar também a história religiosa e social da
Índia, da China e do povo judeu. O resultado
desse trabalho foi publicado em três volumes sob o
título “Estudos Reunidos sobre a Sociologia das
Religiões.”
Weber escreveu outros livros de
grande importância...
 Como “Ciência como Vocação, Economia e
Sociedade”, “História Econômica Geral e
“Sobre Sociologia e Política Social”. Nessas
obras
desenvolver
os
princípios
metodológicos da História e da Sociologia
como ciências, e estudou as tendências
futuras , propondo soluções éticas para
esses problemas.
 Weber acreditava firmemente nos ideais
democráticos e, embora não negasse a
racionalização (achava que o mundo se
dirigia para a racionalização total).
 Durkheim nega por princípio toda
distinção entre Sociologia e Ciências
Naturais no que se refere aos
requisitos da objetividade científica.
Max Weber parte do princípio de que
existe uma distinção para, numa linha
de
argumentação
de
grande
originalidade, mostrar que nem por
isso a Sociologia está obrigada a se
conformar com um padrão inferior
ou menos rigoroso de objetividade.
 Weber, como Durkheim, considera a
observação rigorosa dos fatos a base
insuperável do conhecimento científico
em qualquer tempo. Mas Durkheim
inclui entre os “fatos”sociais o suposto
básico do qual pretende deduzir as
próprias
regras
do
seu
método
sociológico, ou seja, que a sociedade
constitui
um
todo
orgânico
integrado, exterior aos indivíduos.
Para Weber, o que a observação da
vida social revela de imediato é uma
multidão de ações humanas cujo
próprio
caráter
social
reside
exclusivamente no significado interior,
ou seja, no sentido objetivo que
possuem para os indivíduos que as
praticam.
 Para se dedicar ao estudo da classe
especial de fenômenos que são as
ações humanas, o sociólogo, segundo
Weber, pode conhecer seu objeto de
uma maneira inacessível ao cientista
natural. Este limita-se a estabelecer
relação de causalidade mecânica
exterior entre os fenômenos. O
sociólogo, por ser ele próprio
homem, é capaz, além disso, de
compreender as ações humanas
em suas conexões significativas
interiores.
 E O QUE ISSO QUER DIZER?
 Exemplo: O fisiologista, quando se pergunta
“por que pulsa o coração?”, busca uma
explicação que se destacará as causas e os
efeitos do pulsar do coração na atividade
do organismo. O sociólogo, quando se
pergunta
“por que o empresário capitalista
reinveste maior parte do lucro em vez de
esbanjá-lo?”, não quer conhecer apenas as
causas e os efeitos do investimento no conjunto
da atividade econômica; quer antes saber dos
interesses, das idéias, dos motivos que
levam o empresário, como ser consciente e
inteligente, a
organizar sua atividade
dessa maneira e não de outra.
...
 Mas só o indivíduo é capaz de atividade
significativa, pois só ele – e não a
sociedade e grupos e seus grupos
intermediários
–
tem
consciência
e
inteligência para dar sentido subjetivo a
suas ações. Por isso as formas de
organização social, das mais simples às
mais complexas, são na Sociologia
weberiana
reduzidas
ao
mínimo denominador comum
da ação humana individual.
 Se
os
indivíduos
admitem
corretamente
a
existência
de
“formações sociais” como o Estado,
a família, a Igreja, cabe ao sociólogo
tentar
compreender
essas
representações
e
determinar
exatamente com elas influenciam a
ação efetiva dos que elas se
orientam. E no plano prático, “não
são mais que desenvolvimentos e
entrelaçamentos de ações específicas
de pessoas individuais, já que tãosomente essas podem sujeitos de uma
ação orientada por seu sentido.”
 Podendo aceitar a idéia durkheimiana de que
a vida social consiste principalmente de
representações,
Weber
rejeitaria
terminantemente toda tentativa de
descrevê-la
em
termos
de
“representações coletivas” exteriores
aos indivíduos e independentes de sua
vontade.
 Para Weber a vida social constitui a
trama inesgotável de ações individuais
cujas regularidades de fato ( aquelas de
que
se
ocupa
especificamente
a
Sociologia)
representam
arranjos
transitórios
no
fluxo
contínuo
e
essencialmente caótico da História.
 Mas, como produzir uma ciência do
que em si mesmo é desordenado –
sociedade em perpétua mudança –
quando se sabe que o conhecimento
científico supõe a ordenação do
objeto estudado?
 Weber encontra a solução desse
dilema nos valores culturais do
pesquisador, que são os valores
culturais do pesquisador, que são
valores da sua época e do grupo
social que pertence.
 Contrariando
Durkheim,
Weber
considera que os valores não podem ser
pura e simplesmente jogados fora como prénoções, mas devem ser usados pelo qual o
pesquisador introduz um princípio de ordem
na realidade, dela seleciona aspectos
culturalmente
significativos
para
estudo.
“Todo conhecimento da realidade infinita
mediante o espírito humano finito baseia-se
na premissa tácita de que só um
fragmento
de
tal
realidade
pode
constituir o objeto da compreensão
científica, e que só ele é “essencial” no
sentido de ser “digno de ser conhecido.”
 “ Esse caos só pode ser ordenado sob
a
condição
de
em cada
caso
unicamente uma parte da realidade
individual tem importância para nós, já
que só essa parte está relacionada
com as idéias de valor cultural com
as quais abordamos a realidade. Só
alguns
aspectos
dos
fenômenos
particulares infinitamente diversos,
precisamente
aqueles
aos
quais
conferimos significado geral, merecem
ser conhecidos, pois só eles são
objetos de explicação causal.”
 Weber, como cientista, estima que
só a observação dos fatos pode dar
resposta às questões levantadas a
respeito da realidade. Mas, a própria
observação não lhe parece capaz de
determinar
que
questões
são
relevantes, isto é, quais aspectos da
realidade
social
devem
ser
selecionados para estudo. Tal seleção
reflete necessariamente os valores
do pesquisador.
 Do ponto de vista weberiano significa
que
a OBJETIVIDADE CIENTÍFICA
será sempre relativa a VALORES.
 SOCIOLOGIA , A CIÊNCIA DA AÇÃO SOCIAL
 Para Weber a Sociologia é uma ciência que pretende
compreender a ação social, interpretando-a, para dessa
maneira
explicá-la
causalmente
em
seus
desenvolvimentos e efeitos. Em sua metodologia a
compreensão consiste na captação do sentido
subjetivo de ação - algo distinto dos nexos exteriores
de causa e efeito que a envolvem. E ele distingue a
Sociologia e a História (ciência empírica da ação) das
ciências “dogmática”como “Jurisprudência, Ética, a
Lógica, que se preocupam em definir o sentido “exato”,
“verdadeiro”ou “justo” de seus objetos. A Sociologia e
a História só se interessam pelo sentido visado
subjetivamente pelos indivíduos no curso de sua
atividade real, o sentido pelo qual eles orientam suas
ações práticas. Portanto, é necessário compreender
esse sentido para tornar inteligível a atividade humana.
 A COMPREENSÃO - Compreender a
ação humana, para Weber, é captar
seu sentido subjetivo. De compreender
as ações de outras pessoas, embora
nem sempre se dê conta disso.
 A COMPREENÃO ATUAL – esse tipo
de captação de sentido que decorre
diretamente do curso observável da
ação.
É quase sempre possível
descobrir numa ação, por mais
transparente que pareça, sentidos que
não podiam ser apreendidos à primeira
vista.
 COMPREENSÃO EXPLICATIVA – esta que
não se detém no sentido aparente da ação,
mas apela para seu motivos subjacentes.
 Em qualquer hipótese, seja a compreensão
atual ou explicativa, damos uma ação por
compreendida quando seu sentido nos
parece evidente. Compreender é captar a
evidência do sentido de uma ação,
independentemente
de
qualquer
investigação científica.
 Para Weber, o grau máximo de evidência é o
obtido na compreensão intelectual de uma
atividade racional. E é também o que torna
compreensível as ações nas quais se verifica
uma congruência racional entre fins visados
pelo indivíduo e os meios que ele emprega.
TIPO IDEAL E CAUSALIDADE
 Na Sociologia weberiana a compreensão é um
instrumento básico, mas não é tudo.
 A acão de tipo ideal decorre da concepção acerca de a
infinita complexidade do real diante do alcance
limitado dos conceitos elaborados pela mente
humana. Todo conceito seleciona alguns aspectos da
realidade infinita, enquanto exclui outros. Seleção que
sempre é, consciente ou inconsciente, orientada por
valores.
 Na construção de um tipo ideal, o sociólogo
seleciona aspectos da ação humana que
considera culturalmente relevantes para o
estudo. Ele faz segundo seus valores.
 Do ponto de vista weberiano essa simples escolha de
um tema de investigação já implica uma seleção
baseada em critérios de valor.
 Weber indica que a seleção não termina
na escolha do problema. É óbvio que verá
grande variedade de respostas e situações, e
cada uma delas bastante complexa por si só.
 A QUESTÃO, ENTÃO É COMO POR ORDEM
NESSA CONFUSÃO DE DADOS?
 EXEMPLO: O TRABALHO DAS MULHERES FOR
DE CASA
 A metodologia weberiana indica como correto
o seguinte procedimento: o pesquisador deve
partir
de
pontos
de
vista
escolhidos
unilateralmente para estabelecer, com a
máxima clareza possível, um ou vários tipos
de motivos que levam as mulheres casadas a
trabalhar ou não trabalhar fora. Um motivo
típico é o econômico;outro poderia ser
a
necessidade de realização pessoal.
...
 Poderiam
ser criados numerosos tipos
semelhantes enfocando diferentes aspectos
da mesma situação.
 Para Weber, uma dimensão qualquer da
ação humana admite sempre construção
de vários tipos, sem que nunca se esgote a
complexidade infinita da realidade.
 OS TIPOS IDEAIS NÃO CONSTITUEM MAIS
DO QUE HIPÓTESE DE INTEPRETAÇÃO QUE
DEVEM
SER
CONFIRMADAS
OU
DESMENTIDAS PELA IMPUTAÇÃO CAUSAL
OU PELA OBSERVAÇÃO ESTATÍSTICA.
Tipo de ação social
 A interpretação da ação humana através de
tipos ideais vota-se para apreensão do
sentido subjetivo da ação. É pelo seu
sentido subjetivo que uma ação se define
ou não como social, do ponto de vista
weberiano. (Galliano,1981, p.78)
 O que importar fixar como essencial é que,
é social a ação cujo sentido visado
subjetivamente se refere a ações de outros,
de tal maneira que o seu sentido não seria
o mesmo se – segundo a percepção do
sujeito – os outros não agissem ou
pudessem agir desta ou daquela maneira.
 Segundo o critério weberiano, o
próprio contato entre os homens pode
não ter caráter social. Weber cita o
exemplo de dois ciclista, que se
chocam acidentalmente, para ilustrar
essa possibilidade; como o acidente se
caracteriza precisamente pelo fato de
que um não notou ou não soube
prever as ações do
outro, seu
encontro é tão vazio de conteúdo
social como o choque de duas pedras.
 Weber constrói os conceitos sociológicos
básicos a partir de uma tipologia geral de ação
social. Distingue quatro categorias de ação
por seu sentido subjetivo:
 A ação racional com relação a fins (um
objetivo) é determinada por expectativas no
comportamento tanto de objetos do mundo
exterior como de outros homens e utiliza essas
expectativas como condições ou meios para
alcance de fins próprios racionalmente
avaliados e perseguidos. É uma ação concreta
que tem um fim específico, por exemplo: o
engenheiro que constrói uma ponte.
 A ação racional com relação a
valores é aquela definida pela crença
consciente no valor - interpretável
como ético, estético, religioso ou
qualquer outra forma - absoluto de
uma determinada conduta. O ator age
racionalmente aceitando todos os
riscos, não para obter um resultado
exterior, mas para permanecer fiel a
sua honra, qual seja, à sua crença
consciente no valor, por exemplo, um
capitão que afunda com o seu navio.
 A ação afetiva é aquela ditada pelo estado
de consciência ou humor do sujeito, é
definida por uma reação emocional do ator
em determinadas circunstâncias e não em
relação a um objetivo ou a um sistema de
valor, por exemplo, a mãe quando bate em
seu filho por se comportar mal.
 A ação tradicional é aquela ditada pelos
hábitos, costumes, crenças transformadas
numa segunda natureza, para agir conforme
a tradição o ator não precisa conceber um
objeto, ou um valor nem ser impelido por
uma emoção, obedece a reflexos adquiridos
pela prática.
 A AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS ÉA
QUE
GERALMENTE PROPORCIONA AO
PESQUISADOR, DE ACORDO COM Weber, o
grau máximo de evidência interpretativa.
OPORTUNIDADE E ESTRUTURA SOCIAL


Quanto à relação social, Weber esclarece que ela deve
ser entendida como conduta de vários – “referida
reciprocamente conforme seu conteúdo significativo,
orientando-se por essa reciprocidade”.Ele afirma: “A relação
social consiste só exclusivamente – ainda que se trate de
formações sociais como Estado, igreja, corporação,
matrimônio, etc. – na probabilidade de que determinada
forma de conduta social, de caráter recíproco pelo seu
sentido, tenha existido, exista ou venha a existir. Isso deve
ser sempre considerado, para evitar a substancialização
desses conceitos.”
Weber aplica a noção de oportunidade à análise das
atividades sociais duradouras que constituem o
objeto específico da sociologia. Esta aplicação serve
para evitar a substancialização e explicitar o significado da
ação humana individual como única base real dos conceitos
sociológicos.
 ALIENAÇÃO:
É na vida econômica que a alienação tem origem
quando o operário vende sua força de trabalho,
o produto não mais lhe pertence e adquire uma
existência
independente
dele
próprio.
• Ele não mais projeta ou concebe o que vai
executar (separação entre pensar e agir)
• O ritmo do trabalho é dado exteriormente e
não obedece ao próprio ritmo natural do seu corpo
• O produto do trabalho do operário subtrai-se à
sua vontade, à sua consciência e ao seu
controle, e o produtor já não mais se reconhece
no que produz. O produto surge como um poder
separado do produtor, como uma realidade soberana
e tirânica que o domina e ameaça – fetichismo da
mercadoria.
• A MERCADORIA SE HUMANIZA e o próprio
homem se desumaniza, se reifica (res=coisa).





3
Ele explica que são quatro os tipos fundamentais da atividade
social duradoura:
1ª Atividade societária, corresponde à maioria das
associações voluntárias (como clubes recreativos, partidos
políticos, sindicatos) onde os participantes se orientam por
regulamentos que eles estabelecem ou aceitam livremente.
2ª Atividade por entendimento, envolvendo relações cujo
conteúdo significativo não é estabelecido por regulamento
formal, mas mesmo assim é obrigatório pelos participantes.
Ações efêmeras de pessoas que se unem para socorrer uma
que se afoga.
3ª Atividade Institucional, característica de organizações
políticas como Estado ou a tribo, assim como a família, das
quais o indivíduo participa e cujas normas se submete por
nascimento, independentemente de sua vontade.
4ª Atividade de agrupamento, da qual os indivíduos
participam sem obrigação e na ausência de qualquer
regulamento explícito, mas que, mesmo assim envolve uma
autoridade capaz de determinar o sentido da ação recíproca.
É por exemplo, o caso ente o mestre e o discípulo, entre o
profeta e os adeptos, entre chefe carismático e partidários.
A sociologia weberiana distingue três tipos de
dominação legítima: a legalidade, a tradição, o
carisma.
 Para Weber, três tipos puros de dominação legítima: a
racional (legal ou burocrática), a tradicional, e a carismática.
 Legitimidade por tradição
 A dominação tradicional ocorre
"... em virtude da crença na santidade das ordenações e dos
poderes senhoriais de há muito existentes. Seu tipo mais
puro é o da dominação patriarcal. A associação dominante
é de caráter comunitário. O tipo daquele que ordena é o
'senhor', e os que obedecem são 'súditos', enquanto que
o quadro administrativo é formado por 'servidores'.
Obedece-se à pessoa em virtude de sua dignidade
própria, santificada pela tradição: por fidelidade. O
conteúdo das ordens está fixado pela tradição, cuja violação
desconsiderada por parte do senhor poria em perigo a
legitimidade do seu próprio domínio, que repousa
exclusivamente na santidade delas. (...) No quadro
administrativo, as coisas ocorrem exatamente da mesma
forma. (...) Conforme a modalidade de posição dese quadro
administrativo, é possível observar, contudo, duas formas
distintas em suas características:

 1.
A
estrutura
puramente
patriarcal
de
administração: os servidores são recrutados em
completa dependência pessoal do senhor, seja sob a forma
puramente patrimonial (escravos, servos, eunucos) ou
extrapatrimonial, de camadas não totalmente desprovidas
de direitos (favoritos, plebeus). Sua administração é
totalmente heterônoma e heterocéfala: não existe
direito próprio algum do administrador sobre o cargo, mas
tampouco existem seleção profissional nem honra
estamental para o funcionário; os meios materiais da
administração são aplicados em nome do senhor e
por sua conta. Sendo o quadro administrativo
inteiramente dependente dele, não existe nenhuma
garantia contra o seu arbítrio, cuja extensão possível é,
por conseguinte, maior aqui do que em qualquer outra
parte. O tipo mais puro dessa dominação é o
sultanato. Todos os verdadeiros 'despotismos' tiveram
esse caráter, segundo o qual o domínio é tratado como um
direito corrente de exercício do senhor.
 2. A estrutura estamental: os servidores não o são
pessoalmente do senhor, e sim pessoas independentes,
de posição própria que lhes angaria proeminência
social. Estão investidos em seus cargos (de modo
efetivo ou conforme a ficção de legitimidade) por
privilégio ou concessão do senhor, ou possuem, em
virtude de um negócio jurídico (compra, penhora ou
arrendamento) um direito próprio do cargo, do qual não
se
pode
despojá-lo
sem
mais.
Assim,
sua
administração, embora limitada, é autocéfala e
autônoma, exercendo-se por conta própria e não
por conta do senhor. É a dominação estamental. A
competição dos titulares dos cargos em relação ao
âmbito dos mesmos (e de suas rendas) determina a
relação recíproca dos seus conteúdos administrativos e
figura no lugar da 'competência'. (...)
 A dominação patriarcal (do pai de família, do chefe
da parentela ou do 'soberano') não é senão o tipo mais
puro da dominação tradicional.
 Legitimidade por carisma
 A dominação carismática ocorre
 "...em virtude de devoção afetiva à pessoa do senhor e a
seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente: a
faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder
intelectual ou de oratória. O sempre novo, o
extracotidiano, o inaudito e o arrebatamento emotivo que
provocam constituem aqui a fonte de devoção pessoal.
Seus tipos mais puros são a dominação do profeta,
do herói guerreiro e do grande demagogo. A
associação dominante é de caráter comunitário, na
comunidade ou no séquito. O tipo que manda é o líder.
O tipo que obedece é o 'apóstolo'. Obedece-se
exclusivamente à pessoa do líder por suas qualidades
excepcionais e não em virtude de sua posição estatuída ou
de sua dignidade tradicional; e, portanto, também
somente enquanto essas qualidades lhe são atribuídas, ou
seja, enquanto seu carisma subsiste. Por outro lado,
quando é 'abandonado' pelo seu deus ou quando decaem a
sua força heróica ou a fé dos que crêem em suas
qualidades de líder, então seu domínio também se torna
caduco.
 O quadro administrativo é escolhido segundo
carisma e vocação pessoais, e não devido à sua
qualificação profissional (como o funcionário), à sua
posição (como no quadro administrativo estamental) ou
à sua dependência pessoal, de caráter doméstico ou
outro (como é o caso do quadro administrativo
patriarcal). Falta aqui o conceito racional de
'competência', assim como o estamental de
'privilégio'. São exclusivamente determinantes da
extensão da legitimidade do sequaz designado ou do
apóstolo a missão do senhor e sua qualificação
carismática pessoal. A administração - na medida em
que assim se possa dizer - carece de qualquer
orientação dada por regras, sejam elas estatuídas ou
tradicionais. São características dela, sobretudo, a
revelação ou a criação momentâneas, a ação e o
exemplo, as decisões particulares, ou seja, em
qualquer caso - medido com a escala das relações
estatuídas - o irracional."
 CABE RESSALTAR UM ASPECTO DA DOMINAÇÃO
CARISMÁTICA
BASTANTE
PRESENTE
NAS
ORGANIZAÇÕES CARISMÁTICAS DE NOSSOS DIAS: a
rotinização ou a racionalização do carisma:
 "Em sua forma genuína, a dominação carismática é
de caráter especificamente extracotidiano e
representa uma relação social estritamente
pessoal, ligada à validade carismática de
determinadas qualidades pessoais e à prova
destas. Quando esta relação não é puramente
efêmera, mas assume o caráter de uma relação
permanente - 'comunidade' de correligionários,
guerreiros ou discípulos, ou associação de partido, ou
associação política ou hierocrática - a dominação
carismática, que, por assim dizer, somente in statu
nascendi existiu em pureza típico-ideal, tem de
modificar
substancialmente
seu
caráter:
tradicionaliza-se ou racionaliza-se (legaliza-se),
ou ambas as coisas, em vários aspectos. Os
motivos que impulsionam para isso são os
seguintes:
a) o interesse ideal ou material dos adeptos na
persistência e reanimação contínua da
comunidade;
b) o interesse ideal ou material, ambos mais
fortes,
do
quadro
administrativo:
dos
sequazes, discípulos, homens de confiança de
um partido, etc., em
1. continuar a existência da relação, e isto
2. de tal forma que esteja colocada, ideal e
materialmente, a posição própria sobre um
fundamento
cotidiano
duradouro:
externamente, o estabelecimento da existência
familiar ou, pelo menos, da existência
saturada, em lugar das 'missões' estranhas à
família e à economia, e isoladas do mundo.
 Esses interesses tornam-se tipicamente atuais
quando desaparece a pessoa portadora do
carisma e surge a questão da sucessão.(...)"
A BUROCRACIA



Legitimidade legal, racional ou burocrática
Ressaltou-se as outras duas categorias (tradicional e
carismática) servem-nos como o estudo de tribos distantes
servem ao antropólogo urbano: fornecem a alteridade
necessária à análise de nosso tipo de organização social.
É esta dominação racional que se faz acompanhar do
aparato legal-burocrático como quadro administrativo.
Suas características são o exercício impessoal da
autoridade, vinculado sempre a normas aceitas pelos
membros da comunidade, exercidas em geral por
delegação
através
dos
membros
do
aparato
administrativo, de acordo com uma hierarquia
definida. Necessita ainda de qualificação técnica de seus
membros, que caracteriza a competência através da qual
estes podem galgar a hierarquia, num sistema
meritocrático. Objetiva, através de tais meios, a
racionalidade dos fins organizacionais:
"[§3.] A dominação legal baseia-se na vigência das
seguintes idéias, entrelaçadas entre si:
1. que todo direito, mediante pacto ou imposição,
pode ser estatuído de modo racional - racional referente
a fins ou racional referente a valores (ou ambas as
coisas) - com a pretensão de ser respeitado pelo
menos pelos membros da associação, mas
também, em regra, por pessoas que, dentro do âmbito
de poder desta (...), realizem ações sociais ou entrem
em
determinadas
relações
sociais,
declaradas
relevantes pela ordem da associação;
2. que todo direito é, segundo sua essência,
normalmente estatuídas com determinadas intenções;
que a judicatura é a aplicação dessas regras ao caso
particular e que a administração é o cuidado racional
de
interesses
previstos
pelas
ordens
da
associação, dentro dos limites das normas
jurídicas e segundo princípios indicáveis de forma
geral, os quais encontram aprovação ou pelo menos
não são desaprovados nas ordens da associação;
 3. que, portanto, o senhor legal típico, o
'superior', enquanto ordena e, com isso,
manda, obedece por sua parte à ordem
impessoal pela qual orienta suas disposições;
(...)
 4. que - como se costuma expressá-lo quem obedece só o faz como membro da
associação e só obedece 'ao direito'; (...)
 5. que se aplica, em correspondência
com o tópico 3, a idéia de que os membros
da associação, ao obedecerem ao senhor,
não o fazem à pessoa deste mas, sim,
àquelas ordens impessoais e que, por
isso, só estão obrigados à obediência
dentro
da
competência
objetiva,
racionalmente limitada, que lhe foi
atribuída por essas ordens.
As
categorias
fundamentais
da
dominação racional são, portanto,
1. um exercício contínuo, vinculado a
determinadas regras, de funções
oficiais, dentro de
2. determinada competência, o que
significa:
a) um âmbito objetivamente limitado, em
virtude da distribuição dos serviços, de
serviços obrigatórios,
b) com atribuição dos poderes de mando
eventualmente requeridos e
c)
limitação fixa dos meios coercivos
eventualmentee
admissíveis
e
das
condições de sua aplicação.
A um exercício organizado dessa forma
denominamos
'autoridade
institucional'. (...)
A essas categorias se junta
3. o princípio da hierarquia oficial, isto é,
de organização de instâncias fixas de
controle e supervisão para cada autoridade
institucional, com o direito de apelação ou
reclamação
das
subordinadas
às
superiores. Regula-se de forma diversa a
questão de se e quando a própria instância
de reclamação repõe a disposição de ser
alterada por outra 'correta' ou dá as
respectivas
instruções
à
instância
subordinada à qual se refere a reclamação.
4. As 'regras' segundo as quais se procede
podem ser:
a) regras técnicas;
b) normas.
 Na aplicação destas, para atingir a
racionalidade plena, é necessária, em
ambos
os
casos,
uma
qualificação
profissional. Normalmente, portanto, só
estão qualificados à participação no quadro
administrativo de uma associação os que
podem
comprovar
uma
especialização
profissional, e só estes podem ser aceitos
como
funcionários.
Os
'funcionários'
constituem
tipicamente
o
quadro
administrativo de associações racionais,
sejam estas políticas, hierocráticas,
econômicas
(especialmente,
capitalistas) ou outras.
5. Aplica-se (em caso de racionalidade) o
princípio da separação absoluta entre o
quadro administrativo e os meios de
administração
e
produção.
Os
funcionários, empregados e trabalhadores do
quadro administrativo não estão de posse
dos meios materiais de administração e
produção, mas os recebem em espécie ou
em dinheiro e têm responsabilidade contábil.
Aplica-se o princípio da separação
absoluta entre o patrimônio (ou capital)
da instituição (empresa) e o patrimônio
privado (da gestão patrimonial), bem
como
entre
o
local
das
atividades
profissionais (escritório) e o domicílio dos
funcionários.
6. Em caso de racionalidade plena,
não há qualquer apropriação do
cargo pelo detentor. Quando está
constituído um 'direito' ao 'cargo'
(como, por exemplo, no caso dos
juízes, e, recentemente, no de seções
crescentes dos funcionários públicos e
mesmo dos trabalhadores), ele não
serve normalmente para o fim de uma
apropriação pelo funcionário, mas sim
para garantir [investir] seu trabalho de
caráter
puramente
objetivo
('independente'), apenas vinculado a
determinadas normas, no respectivo
cargo.
7. Aplica-se o princípio da documentação
dos processos administrativos, mesmo
nos casos em que a discussão oral é, na
prática, a regra ou até consta no
regulamento:
pelo
menos
as
considerações preliminares e requisitos,
bem como as decisões, disposições e
ordenações finais, de todas as espécies,
estão fixadas por escrito. A documentação
e o exercício contínuo de atividades pelos
funcionários constituem, em conjunto, o
escritório, como ponto essencial de toda a
moderna ação da associação.
8. A dominação legal pode assumir formas
muito diversas. Limitar-nos-emos, em
seguida, à análise típico-ideal da estrutura
de dominação mais pura dentro do quadro
administrativo: do 'funcionalismo', ou seja,
da 'burocracia'.
[§4.] O tipo mais puro de dominação legal é aquele
que se exerce por meio de um quadro
administrativo burocrático. Somente o dirigente da
associação possui sua posição de senhor, em virtude ou
de apropriação ou de eleição ou de designação da
sucessão. Mas suas competências senhoriais são
também competências legais. O conjunto do quadro
administrativo se compõe, no tipo mais puro, de
funcionários individuais (monocracia, em oposição à
'colegialidade' [...]), os quais:
1. são pessoalmente livres; obedecem somente às
obrigações objetivas de seu cargo;
2. são nomeados (e não eleitos) numa hierarquia
rigorosa dos cargos;
3. têm competências funcionais fixas;
4. em virtude de um contrato, portanto, (em princípio)
sobre a base de livre seleção segundo
5. a qualificação profissional - no caso mais racional:
qualificação verificada mediante prova e certificada por
diploma;
6. são remunerados com salários fixos em dinheiro,
na maioria dos casos com direito a aposentadoria; em
certas circunstâncias (especialmente em empresas
privadas), podem ser demitidos pelo patrão, porém
sempre podem demitir-se por sua vez; seu salário está
escalonado, em primeiro lugar, segundo a posição na
hierarquia e, além disso, segundo a responsabilidade do
cargo e o princípio da correspondência à posição social;
7. exercem seu cargo como profissão única ou
principal;
8. têm a perspectiva de uma carreira: 'progressão' por
tempo de serviço ou eficiência, ou ambas as coisas,
dependendo dos critérios dos superiores;
9. trabalham em 'separação absoluta dos meios
administrativos' e sem apropriação do cargo;
10. estão submetidos a um sistema rigoroso e
homogêneo de disciplina e controle do serviço.
 [§5.]
A
administração
puramente
burocrática, portanto, a administração
burocrática-monocrática
mediante
documentação, considerada do ponto
de vista formal, é, segundo toda a
experiência, a forma mais racional de
exercício de dominação, porque nela se
alcança tecnicamente o máximo de
rendimento em virtude de precisão,
continuidade,
disciplina,
rigor
e
confiabilidade - isto é, calculabilidade
tanto para o senhor quanto para os
demais interessados -, intensidade e
extensibilidade
dos
serviços,
e
aplicabilidade formalmente universal a
todas as espécies de tarefas.
Marx:conceitos fundamentais. Classe,
ideologia, modos de produção.
Idéias notáveis materialismo
histórico, materialismo dialético,
socialismo científico, modo de
produção, mais-valia, luta de
classes, teoria marxista da
ideologia, teoria marxista da
alienação
Influências Kant, Hegel, Feuerbach,
Rousseau, Vico, Robert Owen,
Charles Fourier, Dante, Goethe,
Ésquilo, Balzac, Adam Smith, David
Ricardo
Nascimento 5 de Maio de 1818
Tréveris, Alemanha
Falecimento14 de Março de 1883 - Londres, Inglaterra
Nacionalidade alemã
Ocupação economista, sociólogo e filósofo Magnum opus O Capital
Escola/tradiçãoMarxismo (co-fundador, junto com Engels),
Principais interesses sociologia, economia, história, política, teoria
social, ideologia
Influenciados marxistas,Mikhail Bakunin, Karl Kautsky, Antonio
Labriola, Benedetto Croce, Rosa Luxembourg, Leon Trotsky,
Vladimir Lênin, Georg Lukács, Henri Lefebvre, Antonio Gramsci,
Lucien Goldman, Max Weber, Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse,
Walter Benjamin, Erich Fromm, Louis Althusser, Guy Debord, Galvano
Della Volpe, Lucio Colletti, Domenico Losurdo, Slavoj Zizek, Jon
Elster, Claude Lévi-Strauss, Bertold Brecht, Jean-Paul Sartre,
Maurice Merleau-Ponty, Fredric Jameson, Terry Eagleton, Eric John
Hobsbawm, E. P. Thompson, Marshall Berman, Peter Dews,
Ferdinand Braudel , Wilhelm Reich
KARL MARX
Marx e Engels formularam seu pensamento
a partir da realidade social por eles
observada:
• De um lado o avanço técnico, aumento do
poder etc X empobrecimento da classe
operária
Hegel
CONCEITO DE DIALÉTICA
TEORIA MARXISTA COMPÕE-SE DE UMA
TEORIA CIENTÍFICA – MATERIALISMO
HISTÓRICO E DE UMA FILOSOFIA –
MATERIALISMO DIALÉTICO.
Materialismo = mundo material é anterior
ao espírito e este deriva daquele.
MATERIALISMO DIALÉTICO –
OS
FENÔMENOS
MATERIAIS
SÃO
PROCESSOS. O mundo é uma realidade
dinâmica,
é
um
complexo
de
processos. Por isso a abordagem da
realidade só pode ser feita de uma maneira
dialética, que considera as coisas na sua
dependência recíproca, e não linear. O
espírito não é conseqüência passiva da
ação da matéria, podendo reagir sobre
aquilo que o determina. Isso implica dizer
que a consciência do homem, mesmo
sendo determinada pela matéria, e estando
historicamente
situada,
não
é
pura
passividade:
o
conhecimento
do
determinismo liberta o homem por meio da
ação deste sobre o mundo, possibilitando
inclusive
a
ação
revolucionária.
 MATERIALISMO HISTÓRICO – É a aplicação do
materialismo dialético na história. É a explicação da
história por fatos materiais (econômicos, técnicos).
INFRA-ESTRUTURA – a estrutura material da
sociedade – sua base econômica – que consiste nas
formas pelas quais os homens produzem os bens
necessários à sua vida.
SUPERESTRUTURA – estrutura jurídico –política
(Estado, direito etc) e à estrutura ideológica (formas
da consciência social).
A infra-estrutura determina a superestrutura. Ex.: As
manifestações da superestrutura (moral e direito)
passam a ser determinadas pelas alterações da infraestrutura decorrentes da passagem econômica do
sistema feudal para o capitalista.
Para se estudar a sociedade não se deve partir do que
os homens dizem, imaginam ou pensam, mas da
forma como produzem os bens materiais necessários
à sua vida.
 RELAÇÕES FUNDAMENTAIS DE TODA
SOCIEDADE – relações de produção que
revelam a maneira pela qual os homens, a
partir das condições naturais, usam as
técnicas e se organizam através de uma
divisão do trabalho social. As relações de
produção correspondem a um certo estágio
das forças produtivas (conjunto formado
pelo clima, água, solo, matérias-primas,
máquinas, mão-de-obra,instrumentos de
trabalho).
MODO DE PRODUÇÃO – a maneira pela
qual as forças produtivas se organizam em
determinadas relações de produção num
dado
momento
histórico.
 A luta de classes é o motor da
história – movimento dialético.
O sistema capitalista consiste na
produção de mercadorias (é tudo o
que é produzido não tendo em vista o
valor de uso), mas o valor de troca (a
venda do produto).
...
 IDEOLOGIA – faz com que os
homens não percebam a reificação e
não
reajam
prontamente
à
exploração.
 O PRINCÍPIO DA CONTRADIÇÃO: CONFLITO E
TRANSFORMAÇÃO(MARX)
Método dialético
 Os elementos do esquema básico do método dialético
são a tese, a antítese e a síntese.
 A tese é uma afirmação ou situação inicialmente
dada.
 A antítese é uma oposição à tese.
 Do conflito entre tese e antítese surge a síntese,
que é uma situação nova que carrega dentro de
si elementos resultantes desse embate. A
síntese, então, torna-se uma nova tese, que
contrasta com uma nova antítese gerando uma nova
síntese, em um processo em cadeia infinito.
 A filosofia descreve a realidade e a reflete,
portanto a dialética busca, não interpretar, mas
refletir acerca da realidade. Por isso, seus três
momentos (tese, antítese e síntese) não são um
método, mas derivam da dialética mesma, da
natureza das coisas.
 A dialética é a história do espírito, das
contradições do pensamento que ela
repassa ao ir da afirmação à negação.
Em alemão aufheben significa supressão e
ao mesmo tempo manutenção da coisa
suprimida.
O
reprimido
ou
negado
permanece dentro da totalidade.
 Esta contradição não é apenas do
pensamento, mas da realidade, já que ser e
pensamento são idênticos. Esta é a
proposição da dialética como método a
partir de Hegel. Tudo se desenvolve pela
oposição dos contrários: filosofia, arte,
ciência e religião são vivos devido a esta
dialética. Então, tudo está em processo
de constante devir.
 História da dialética
 A dialética hegeliana é idealista, aborda
o movimento do espírito. A dialética
marxista é um método de análise da
realidade, que vai do concreto ao abstrato
e que oferece um papel fundamental para o
processo de abstração. Engels retomou,
em
seu
livro,
"A
Dialética
da
Natureza", alguns elementos de Hegel,
concebendo a dialética como sendo
formada por leis; esta tese será
desenvolvida por Lênin e Stálin. Por outro
lado, outros pensadores irão criticar
ferrenhamente esta posição, qualificando-a
de não-marxista. Assim, se instaurou uma
polêmica em torno da dialética.
 Heráclito foi o pensador dialético mais radical da
Grécia Antiga. Para ele, os seres não têm
estabilidade
nenhuma,
estão
em
constante
movimento, modificando-se. É dele a famosa frase
“um homem não toma banho duas vezes no
mesmo rio”, porque nem o homem nem o rio serão
os mesmos.
 No Século XX, Osho Rajneesh, nascido na Índia,
retoma o pensamento de Heráclito sobre a dialética
com
a
publicação
do
livro
"A
Harmonia
Oculta:Discursos sobre os fragmentos de Heráclito".
 Na época, os gregos preferiram acreditar na
metafísica de Parmênides, da qual pregava que
a essência do ser é imutável, e as mudanças só
acontecem na superfície. Esse pensamento
prevaleceu, por atender aos interesses da classe
dominante, na época. Para sobreviver, a dialética
precisou renunciar às expressões mais radicais,
conciliando-se com a metafísica.
 Depois de um século, Aristóteles
reintroduziu a dialética, sendo
responsável, em boa parte, pela sua
sobrevivência. Ele estudou muito
sobre o conceito de movimento,
que
seriam
potencialidades,
atualizando-se. Graças a isso, os
filósofos não deixaram de estudar
o lado dinâmico e mutável do
real. Com a chegada do feudalismo,
a dialética perdeu forças novamente,
reaparecendo, no Renascimento e no
Iluminismo
Dialética e trabalho
 Com o trabalho surge a primeira oportunidade do ser
humano em contraposição atuar como participante
sujeito à natureza. O homem faz parte da natureza,
mas com o trabalho, ele vai além.
 Para Hegel, o trabalho é o conceito chave para
compreensão
da
superação
da
dialética,
atribuindo o verbo suspender (com três significados):
negação de uma determinada realidade, conservação
de algo essencial dessa realidade e elevação a um
nível superior. Mas Marx criticou Hegel, pois Hegel
não viveu nessa realidade, apenas em sala de
aula e bibliotecas, não enxergando problemas
como a alienação nesse trabalho.
 Na ordem, a segunda contradição é justamente
essa alienação. O trabalho é a atividade que o
homem domina as forças naturais, se cria a si
mesmo, e tornou-se seu algoz. Tudo isso devido à
divisão do trabalho, propriedade privada e o
agravamento da exploração do trabalho sob o
capitalismo. Mas não são apenas os trabalhadores
que foram afetados. A burguesia também, pela
busca do lucro não consegue ter uma
perspectiva totalizante.
Método Dialético
As Leis da Dialética
Por causa das diferentes interpretações
quanto
ao
número
de
leis
fundamentais do método dialético
pelos autores, para facilitar, podemos
dizer que são quatro leis:
 ação recíproca, unidade polar ou "tudo se
relaciona";
 mudança dialética, negação da negação
ou "tudo se transforma";
 passagem da quantidade à qualidade
ou mudança qualitativa;
 interpenetração dos contrários
 Ação recíproca
 Segundo Engels (In: Politizer, 1979:214), a
dialética é a "grande idéia fundamental
segundo a qual o mundo não dever ser
considerado como um complexo de
coisas acabadas, mas como um complexo
de processos em que as coisas, na
aparência estáveis, do mesmo modo que os
seus reflexos intelectuais no nosso cérebro,
as idéias, passam por uma mudança
ininterrupta de devir e decadência, em que
finalmente, apesar de todos os insucessos
aparentes e retrocessos momentâneos, um
desenvolvimento progressivo acaba por se
fazer hoje".
 Isso significa que para a dialética,
as coisas não são analisadas na
qualidade de objetos fixos, mas
em movimento: nenhuma coisa está
"acabada", encontrando-se sempre
em
vias
de
se
transformar,
desenvolver; o fim de um processo é
sempre o começo de outro.
 Stalin, pelo metódo de interdependência e
ação recíproca, afirma "que o método
dialético considera que nenhum fenômeno
da natureza pode ser compreendido,
quando encarado isoladamente, fora dos
fenômenos circundantes; porque, qualquer
fenômeno, não importa em que domínio da
natureza, pode ser convertido num contrasenso quando considerado fora das
condições que o cercam, quando destacado
destas condições; ao contrário, qualquer
fenômeno pode ser compreendido e
explicado, quando considerado do ponto
de vista de sua ligação indissolúvel com os
fenômenos
que
o
rodeiam,
quando
considerado tal como ele é, condicionado
pelos fenômenos que o circundam".
 Politizer et al. citam dois exemplos
referentes à primeira lei do método
dialético. Determinada mola de metal não
pode ser considerada à parte do universo
que a rodeia, pois foi produzida pelo
homem com o metal extraído da natureza.
Ela está sujeita a modificação pelo fato de
atuar sobre a gravidade, o calor, a oxidação
e assim por diante. Se um pedaço de
chumbo for suspenso na mola, este
distenderá seu ponto de resistência de
modo a formar, junto à mola, um todo,
tendo estes interação e conexão recíproca.
A mola é formada por moléculas ligadas
entre si e quando não pode se distender
mais, quebra, ou seja, rompe-se da ligação
entre determinadas moléculas. Portanto, a
mola não distendida, a distendida e
rompida apresentam, de cada vez, um tipo
diferente de ligações entre as moléculas.
 A planta não existe a não ser em
unidade e ação que provoca com o
meio ambiente.
 Todos os aspectos da realidade prendem-se
por laços necessários e recíprocos.
Mudança Dialética
 Todo
movimento,
transformação
ou
desenvolvimento opera-se por meio das
contradições ou mediante a negação de
uma coisa - essa negação se refere à
transformação das coisas. A dialetica é a
negação da negação.
 A negação da afirmação implica negação,
mas a negação da negação implica
afirmação. "Quando se nega algo, diz-se
não. Ora, a negação, por sua vez, é
negada. Por isso se diz que a mudança
dialética é a negação da negação.
 A união dialética não é uma simples adição
de propriedades de duas coisas opostas,
simples mistura de contrários, por isso
seria um obstáculo ao desenvolvimento. A
característica do desenvolvimento dialético
é que ele prossegue através de negações.
 Segundo Engels (In: Politzer, 1979:2002),
"para a dialética não há nada de definitivo,
de absoluto, de sagrado; apresenta a
caducidade de todas as coisas e em todas
as coisas e, para ela, nada existe além do
processo ininterrupto do devir e do
transitório".
Escola de Frankfurt
 A Escola de Frankfurt é nome dado
a um grupo de filósofos e cientistas
sociais de tendências marxistas que
se encontram no final dos anos 1920.
A Escola de Frankfurt se associa
diretamente à chamada Teoria Crítica
da Sociedade. Deve-se à Escola de
Frankfurt a criação de conceitos como
"indústria cultural" e "cultura de
massa".





Escola de Frankfurt, corrente clássica da Sociologia,
sobretudo nas figuras de Adorno Horkheimer, procurou
questionar as amarras sociais que impediam o
indivíduo de tornar-se pleno.
Os autores procuraram fazer a crítica do pensamento do
século XIX, particularmente o evolucionismo.
O
evolucionismo
significava
uma
apologia
ao
desenvolvimento tecnológico e científico como caminho
necessário da humanização do homem e da sociedade.
Tomava o progresso material como mola propulsora da
sociedade e visava o aperfeiçoamento da humanidade e à
crítica ao obscurantismo. Essa concepção desvinculava o
progresso técnico de apropriação da natureza do
desenvolvimento do homem em sua individualidade e em sua
autonomia e da diminuição das contradições sociais;
pelo contrário o evolucionismo aumentava a divisão
aumentava a divisão social do trabalho e postulava a
estandartização da cultura e dos hábitos, ou seja, a
inseparabilidade da apropriação da natureza e da
subjugação do homem .
 Ao fazer sua crítica, essa escola
procurou integrar as perspectivas de
Marx e Weber. Na obra de Adorno e
Horkheimer,
é
possível
ver
a
demarcação dos limites da razão
ocidental quando separa o sujeito
e o objeto do conhecimento. A
técnica, que tinha como fim tornar o
mundo acessível através do domínio da
natureza, “coisifica” o homem.
A
técnica
opera
como
“instrumento”de dominação.
 “(...) o preço da dominação não é meramente a
alienação dos homens com relação aos objetos
dominados; com a “coisificação” do espírito, as
próprias relações dos homens foram enfeitiçadas,
inclusive as relações de cada indivíduo consigo mesmo.
O animismo havia dotado a coisa de uma alma, o
industrialismo coisifica as almas”.
 Para eles, o avanço dos recursos técnicos de
informação é acompanhado de um processo de
desumanização, no qual o homem passa a ser
dependente da máquina.
 O
papel da razão ocidental no domínio dos
homens
e
da
natureza
tornou-se
valor
operacional, o único critério para avaliá-la.
 As necessidades do capital fizeram com que o particular
tomasse o lugar do universal. A própria razão
identificou-se com essa faculdade reguladora. Ao invés
de buscar nas entranhas do processo industrial e
da tecnicização da cultura ocidental, a libertação
do homem, a razão ocidental contribuiu, cada vez
mais, para a dominação do homem, por meio de
uma sociedade e de um Estado.
 A história da civilização ocidental poderia ser escrita em
termos de interiorização das ordens do senhor por
parte do subordinado.Todos os meios da cultura de
massas servem para reforçar as pressões sociais
sobre a
individualidade, evitando todas as
possibilidades de que o indivíduo preserve-se de algum
modo em face dos mecanismos de dominação da
sociedade.
Frase lapidar de Theodor Adorno e
Max Horkheimer
 “O esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo
de livrar os homens do medo e de investi-los na
posição de senhor. Mas a terra resplandece sob o
signo de uma calamidade triunfal.”
 O mérito dessa crítica é justamente mostrar que
não basta somente a crítica interna ao conhecimento
para denunciar a arrogância da razão ocidental. É
preciso demonstrar os problemas surgidos em
uma ordem social e econômica que subjugou os
homens e enumerar os vencidos pelo processo de
acumulação de homens e bens.
 A Sociologia percebeu o quanto a razão
ocidental não cumpriu suas promessas, em
grande parte devido aos condicionamentos
sociais existentes no capitalismo. A antiga
continuidade
homem-natureza
e
a
autonomia do indivíduo perderam chão, na
nossa modernidade, em prol da abissal
separação
entre
um
e
outra
pela
determinação do indivíduo pela sociedade. A
Sociologia
da
escola
procurou
dar
prosseguimento ao projeto iluminista na qual
razão e sociedade eram consideradas
inseparáveis, embora, no contexto histórico
tenham separado-se.
...
 A contribuição do pensamento
sociológico não se restringe a
uma discussão acadêmica de
autores clássicos; mais do que isso,
permiti compreender os dilemas nos
quais se assentou a própria idéia de
sociedade e possibilita enfileirarmos
nossas
perguntas
á
nossa
modernidade. As respostas continuam
ser aguardadas.
Dados Biográficos
 O grupo emergiu no Instituto para Pesquisa
Social de Frankfurt (em alemão: Institut für
Sozialforschung)
da
Universidade
de
Frankfurt-am-Main na Alemanha.
 O instituto tinha sido fundado com o apoio
financeiro do mecenas judeu Felix Weil em
1923. Em 1931, Max Horkheimer, discípulo
de Guile, tornou-se director do Instituto. É
a partir da gestão de Horkheimer que se
desenvolve aquilo que ficou conhecido
como a Teoria Crítica da Sociedade,
comumente associada à Escola de
Frankfurt.
...
 Com a chegada de Hitler ao poder na Alemanha, os
membros do Instituto, na sua maioria judeus,
migraram para Genebra, depois a Paris e finalmente,
para a Universidade de Columbia, em Nova Iorque.
 A primeira obra coletiva dos frankfurtianos são
os Estudos sobre Autoridade e Família, escritos em
Paris, onde estes fazem um diagnóstico da
estabilidade social e cultural das sociedade
burguesas contemporâneas. Nestes estudos, os
filósofos põem em questão a capacidade das
classes
trabalhadoras
em
levar
a
cabo
transformações sociais importantes.
...
 Esta
desconfiança,
que
os
afasta
progressivamente do marxismo "operário", se
consuma na Dialética do Esclarecimento de 1947,
publicado em Amsterdã onde o termo marxismo já se
encontra quase ausente. Em 1949-1950 publicam os
Estudos sobre o Preconceito que representa uma
inovação significativa nas metodologias de pesquisa
social, embora de pouca significação teórica.
 Com Erich Fromm e Herbert Marcuse inicia-se
uma frente de trabalho que associa a Teoria
Crítica da Sociedade à psicanálise. Fromm,
precursor desta frente de trabalho, logo se distancia
do núcleo da Escola, e este perde o interesse pela
Psicanálise até o início dos trabalhos de Marcuse.
...
 Marcuse, que permanece nos EUA após o retorno do
Instituto para a Alemanha em 1948, foi o mais
significativo dos frankfurtianos, do ponto de vista das
repercussões práticas de seu trabalho teórico, já que
teve influência notável nas insurreições anti-bélicas e
nas revoltas estudantis de 1968 e 1969.
 Adorno continuará o trabalho iniciado na Dialética do
Esclarecimento, de reformulação dialética da razão
ocidental, em sua Dialética Negativa, sendo
considerado ainda hoje, o mais importante dos
filósofos da Escola. Com a sua morte, começa o que
alguns chamam de segundo período da Escola de
Frankfurt, tendo como principal articulador o antes
assistente de Adorno e, depois, seu crítico mais
ferrenho: Jürgen Habermas.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
 Textos: “A
SOCIOLOGIA, SUA HISTÓRIA
E SUAS PRINCIPAIS ABORDAGENS” p. 09 –
35 ; (LOCHE, Adriana et al. Sociologia
Jurídica. Porto Alegre: Síntese, 1999. 270p.
LOCHE, Adriana et al. Sociologia jurídica.
Porto Alegre: Síntese, 1999. 270 p.)
 GALLIANO, A. Guilherme. Introdução à
Sociologia. São Paulo: Harper& Row do
Brasil, 1981. ( Capítulo 3)
Download