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Índice de sucesso com tratamento medicamentoso utilizado por fumantes
que participaram do Programa Nacional de Controle do Tabagismo em São
José-SC no período de 2004 a 2007
Área de conhecimento: Pneumologia.
Lineu Casagrande Jr.- PUIC - Curso de Medicina – Unisul Pedra Branca.
Introdução
O tabagismo é um importante problema de saúde pública. Não existem mais dúvidas
quanto aos inúmeros danos que causa à saúde dos próprios fumantes, e mesmo dos não
fumantes. Existe aproximadamente 1,1 bilhão de fumantes no mundo com idade acima de 15
anos, cerca de um terço da população adulta mundial. No Brasil, a proporção é semelhante,
sendo que o número de fumantes corresponde a aproximadamente 33,6% da população
adulta (11,2 milhões de mulheres e 16,7 milhões de homens, segundo dados de 1998) .
O tabagismo é uma das mais importantes causas de morte preveníveis e a intervenção em
grupo de fumantes ativos é ainda a melhor estratégia para a redução, em médio prazo, da
mortalidade relacionada ao tabagismo .
Com a melhor compreensão sobre o hábito tabágico e o surgimento de novas drogas, as
possibilidades de sucesso nas tentativas de abandono do fumo aumentaram
significativamente. O consenso sobra Abordagem e Tratamento do Fumante e as Diretrizes
para Cessação do Tabagismo recomendam, além da terapia cognitivo-comportamental, o uso
da terapia de reposição de nicotina (TRN) e/ou a bupropiona como farmacoterapia de
primeira linha no tratamento do fumante.
Desde 1989 o Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional de Câncer, vem
organizando o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), cujo objetivo é o de
reduzir a prevalência de fumantes em nosso país. Uma das estratégias do programa é a
promoção e apoio à cessação de fumar. Isso é realizado através de uma consulta médica de
avaliação, seguida de terapia cognitivo-comportamental para grupos de fumantes, realizada
em quatro sessões sucessivas e intercaladas por 7 dias; além disso, há o tratamento
medicamentoso, quando estiver indicado.
A prefeitura municipal de São José-SC realizou de 2004 até 2007 o PNCT com promoção e
apoio à cessação de fumar aos pertencentes do município. Durante esse período o
tratamento medicamentoso foi utilizado por muitos pacientes.
Objetivos
O objetivo deste estudo foi avaliar o tratamento medicamentoso utilizado por fumantes que
participaram do Programa Nacional de Controle do Tabagismo em São José-SC no período
de 2004 a 2007.
Metodologia
Esse será um estudo transversal retrospectivo cuja população é constituída por todos os
indivíduos fumantes que participaram do Programa Nacional de Controle do Tabagismo em
São José- SC no período de 2004 a 2007.
A avaliação dessa população será realizada através das informações contidas no formulário
padrão empregado a todos que fizeram uso de medicamento para cessação de tabagismo,
durante o tratamento preconizado de 1 consulta médica e 4 sessões de terapia cognitivocomportamental. Serão excluídos aqueles que não possuírem informações até a 4ª sessão
de tratamento.
Após obtenção da autorização administrativa na Policlínica de Campinas – São José para
utilização dos prontuários dos participantes do programa, será feita a leitura dos mesmos
para busca das informações dos pacientes. Tais informações serão cadastradas em um
protocolo de pesquisa (anexo 1) e os dados obtidos serão transferidos ao programa Epi-info
2000.
Análise dos dados será feita utilizando o teste Qui-quadrado para comparações entre
gêneros e o teste exato de Fisher para relacionar sucesso terapêutico com tipo de
intervenção medicamentosa.
A execução do estudo será feita após aprovação do projeto no comitê de ética da Unisul e
será garantido o sigilo de identidade dos participantes. Os dados serão utilizados somente
para pesquisa científica.
Resultados
De um número de 429 fumantes abordados no Programa Nacional de Controle do
Tabagismo em São José-SC no período de 2004 a 2007, 49,2% submeteram-se ao
tratamento farmacológico. Destes, 41,7% (179) foram homens, 7,5% (32) mulheres e 50,8%
(218) não responderam ao questionamento.
Conforme o uso da medicação, o mais usado foi Zetron, por cerca de 21,7% (93), seguido
por Niquitin, por 8,9% (38), 11,1% (48) por outros diversos, e não obtendo respostas em
58,3% (250).(Tabela 1)
Calculou-se o uso da goma e do adesivo de Nicotina, ambos apresentados na mesma
proporção, por 28,4%(122) dos pacientes, sendo que 71,6%(307) destes não responderam
se fizeram ou não o uso da reposição nicotínica. (Tabela 2). A TRN ajuda a reduzir a fissura
por cigarros, bem como minimizar e lidar com os sintomas de abstinência. Foi recomendado
que os fumantes parassem completamente de fumar antes de começar a usar os produtos de
reposição de nicotina, pois a reposição pode ser feita utilizando adesivos, goma de mascar,
spray nasal, inalação e pastilhas. Sendo que no Brasil, dispomos apenas de adesivos e goma
de mascar.
Já em relação a Bupropiona, registraram-se 28,5%(122) usuários e, outros 23,1%(307), não
constava respostas. (Tabela 3).
Apoio Financeiro: Unisul
A Bupropiona é o primeiro agente sem nicotina indicado no tratamento farmacológico
contra a dependência da mesma. Age bloqueando a receptação neuronal da dopamina,
norepinifrina e serotonina, esta em menor quantidade. Sua ação exata no auxilio da
cessaçao do tabagismo é desconhecida.
Quanto ao número de indivíduos que deixaram de fumar até o quarto encontro, associado
ao apoio farmacológico, 11,9% (51), obtiveram sucesso. Cerca de 18,9% (81) tiveram
recaída e, 69,2% (297) não apresentavam respostas. (Tabela 4).
Conclusões
Ao observarmos a última década, percebemos que houve uma considerável evolução
quanto ao tratamento farmacológico.
Evidente a prevalência da dependência nicotínica na população geral, a qual foi
submetida a análise neste levantamento, além da difícil tarefa de reverter essas taxas, uma
vez que muitos deles desistem do tratamento enquanto outros sofrem recaídas.
A nicotina é uma droga que apresenta alto poder de modificar a biologia e fisiologia do
cérebro, sendo fortemente indutora de dependência. Fatores individuais, sociais e
ambientais são importantes no desenvolvimento desta adição, que passa por aprendizado
do uso da droga. O papel da neurobiologia e da genética da adição tabágica só agora
começa a ser desvendado.
Por esses fatores, o ex-fumante corre risco de recaída quando do consumo eventual
(lapso) de tabaco.
Esses fundamentos psicológicos e neurobiológicos formam a base para a compreensão
das intervenções farmacológicas e comportamentais.
Mesmo assim, o aumento da efetividade e a manutenção da abstinência em longo prazo
são desafios para futuros estudos em farmacoterapia da dependência de nicotina. Afinal,
infelizmente, esta ainda é uma doença cuja morbimortalidade tende a crescer nos próximos
anos.
Referências
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Rev. Psiq. Clín. 32 (5); 259-266, 2005 - Tratamento farmacológico do tabagismo (Pharmacological
Treatment of Tobacco Dependence).
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