Aula 10 Arquivo

Propaganda
FD-USP
Introdução à Sociologia
Alexandre Abdal
Aula 10
2016
Aviso importante:
Nova versão do programa, com alteração do último
bloco de aulas e datas das provas, está disponível
desde 13/10.
Estrutura da aula:
1. Retomar aula passada: a noção de solidariedade social
2. Solidariedade mecânica e orgânica
3. Dois comentários


Durkheim e o Direito
Durkheim e a divisão do trabalho
4. Atividade 2
Referências:
Obrigatórias
DURKHEIM, Émile. Solidariedade mecânica; Solidariedade orgânica;
Preponderância progressiva da solidariedade orgânica. In
RODRIGUES, José Albertino (org.). Durkheim (Sociologia). São Paulo:
Ática, 2003b.
Complementar
RODRIGUES, José Albertino. A sociologia de Durkheim. In RODRIGUES, José
Albertino (org.). Durkheim (Sociologia). São Paulo: Ática, 2003.
Solidariedade social é tipo específico de fato social que pode variar no
tempo e espaço. Designa vínculos que interligam indivíduos entre si
e com a sociedade. Portanto, solidariedade social é categoria
explicativa da qualidade da integração social.
• A solidariedade social pode ser de dois tipos:
1. Solidariedade mecânica, baseada na similitude social; e
2. Solidariedade orgânica, baseada na divisão social do trabalho.
Solidariedade Mecânica
• Assentada em estados comuns de consciência (similitudes
sociais), a SM materializa-se em formas compartilhadas por todos
os membros da sociedade de agir, sentir e pensar.
• Remete a laços que fazem ligação direta indivíduo-sociedade. Por
isso, implica coesão social. Centralidade da família (origem social)
como demarcador da posição social das pessoas.
• Esta na razão inversa do desenvolvimento da individualidadepersonalidade. Consciência coletiva ultrapassa e predomina sobre
consciências individuais.
• Tem no direito penal-repressivo a sua forma exterior. Tipificação
de atos como criminosos indica aqueles que ofendem
consciência coletiva e que colocam coesão social em risco.
• Portanto, pena não visa reparar ato, corrigir o culpado ou
constranger imitadores, mas visa reconstituir laços sociais
abalados e manter coesão social. Resultado é fortalecimento da
consciência coletiva.
Solidariedade Orgânica
• Assentada na divisão social do trabalho, supõe diferenciação e
especialização
dos
membros
da
sociedade.
Implica
desenvolvimento de organizações intermediárias entre indivíduo
e sociedade, como associações, partidos, sindicatos, igrejas etc.
• Remete a laços que fazem ligação mediada indivíduo-sociedade.
Coesão social baseada na crescente interdependência entre
indivíduos. Centralidade da profissão (destino social) como
demarcador da posição social das pessoas.
• Esta na razão direta do desenvolvimento da individualidadepersonalidade. Consciências individuais florescem.
• Tem no direito cooperativo-restitutivo a sua forma exterior.
Questão passa a ser regular atividade dos indivíduos nos
diferentes setores da vida social (tal qual o sist. nervoso faz).
• Tipificação de atos como criminosos sai de pauta. Infrações
atrapalham vida cotidiana, mas não abalam consciência coletiva.
Por isso, objetivo é a restauração da situação anterior à infração.
Solidariedade social – comentário 1
• Recurso a direito, como unidade de observação, é recurso
metodológico original e criativo empreendido por Durkheim.
• Porque solidariedade social, enquanto fato social (formas de agir,
pensar e sentir), é fenômeno internalizado pelos indivíduos, a sua
observação é difícil.
• Por isso, olhar é deslocado para o direito (e suas formas). Direito,
enquanto fato externo, é tomado como materialização da
solidariedade. Direito é proxy da solidariedade.
• Suposição: correspondência/homologia entre formas sociais do
direito e formas de solidariedade social.
Solidariedade social – comentário 2
• Ao discutir divisão social do trabalho, Durkheim lança luz sobre lado
tradicionalmente esquecido da divisão do trabalho pela economia.
• Narrativa tradicional:
divisão do trabalho ↔ especialização ↔ produtividade
Ex.: Adam Smith, fábrica de alfinetes.
• Narrativa Durkheiminiana:
divisão do trabalho ↔ diferenciação ↔ criação de novas atividade
Ex.: Georg Simmel, a figura do quatorzième.
“The greatest improvement in the productive powers of labor (...) seem to have
been the effects of the division of labor. (...) To take an example, therefore, from a very
trifling manufacture; but one in which the division of labor has been very taken notice of,
the trade of the pin-maker, (...) in the way in which business is now carried on, not only
de whole work is a peculiar trade, but it is divided into a number of branches, of which
the great part are likewise peculiar trades. One man draws out the wire, another
straights it, a third cuts it, a fourth points it, a fifth grinds it at the top for receiving the
head; to make the head requires two or three distinct operations; to put it on is a peculiar
business, to whiten the pins is another; it is even a trade by itself to put them into de
paper; and the important business of make a pin is, in this manner divided into about
eighteen distinct operations, (...). (...) ten persons, therefore, could make among them
upwards of forty-eight thousand pins in one day. (...) But if they had all wrought
separately and independently (...) they certainly could not each of them make twenty
(...).” (SMITH, Adam. Na inquiry into the nature and causes of the wealth of nations.
London: Encyclopedia Britanica, 1952, p. 03).
“As cidades são, em primeiro lugar, sede da mais alta divisão econômica do
trabalho. Produzem, portanto, fenômenos tão extremos quanto, em Paris, a ocupação
remunerada do quatorzième. São pessoas que se identificam por meio de avisos em
sua residência e que estão sempre prontas, à hora do jantar, corretamente trajadas, de
modo que possam se rapidamente convocadas caso um jantar consista em treze
pessoas.” (SIMMEL, Georg. A metrópole e a vida mental. In VELHO, Otávio G. (org.). O
fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967, p. 24).
Atividade 2.
• Fazer em grupos de 3 até 5 pessoas.
• Entregar na próxima aula (26/10 ou 04/11, conforme turma da noite
ou manhã).
• Objeto: fragmento “Da preponderância progressiva da solidariedade
orgânica” (Durkheim, 2003b). Expressa, especialmente, na seguinte
ideia::
“(...) que a solidariedade mecânica, inicialmente a única ou quase,
perde terreno progressivamente e que a solidariedade orgânica se
torna pouca a pouco preponderante. Mas quando a maneira pela
qual os homens são solidários se modifica, a estrutura das
sociedades não pode deixar de mudar.” (DURKHEIM, 2003: 85).
• Produto: 2 representações gráficas (desenho e linha do tempo).
• Representação 1: desenhar os dois tipos de solidariedade,
mecânica e orgânica.
• Representação 2: representar, em linha do tempo, a preponderância
progressiva da solidariedade orgânica. Assim:
 Colocar tipos sociais1 no eixo vertical (colunas).
 No eixo horizontal (linhas), classificar os tipos sociais segundo as suas
características em termos de (i) tipo de solidariedade; (ii) princípio de
organização da sociedade; (iii) divisão social do trabalho; (iv) princípio
de integração social; (v) consciência coletiva; (vi) espaço para
individualização/personalidade; (vii) tipo de direito; e (viii) tipo de
suicídio.
1. Tipos Sociais:
 Sociedades segmentares baseadas no clã (horda, clã s/ chefe e clã c/ chefe);
 Sociedades segmentares baseadas no território (“sociedade medieval / feudal);
 Sociedades não segmentares / complexas (“sociedade moderna”).
Download