A Cidade de Deus - Capital Social Sul

Propaganda
UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO
NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO
PROF. DEJALMA CREMONESE
ACADÊMICO- LÁZARO MATTER DOS SANTOS
SANTO AGOSTINHO
A CIDADE DE DEUS
IJUI, 24 DE SETEMBRO, 2007
Da Idade Média ao século vinte, Santo Agostinho e sua obra A Cidade
de Deus, inspira e fascina historiadores, filósofos e teólogos.
Obra que insere temas políticos e religiosos não apenas dentro de um
tempo, mas sim em uma visão ampla da história e do mundo.
A obra de Agostinho aborda inúmeros acontecimentos e debates da época,
sendo que abordaremos aqui o ocorrido no ano 410 dC, o saque de Roma
pelas tropas de Alarico.
O devastação de Roma é tratada no primeiro livro da obra, abordandose conjuntamente temas como a violência, a guerra, a morte e o
envolvimento dos cristãos nestes fatos.
Agostinho volta seu olhar na direção da “De Civitate Dei” para
compreender, à sua luz, o destino trágico de uma cidade terrestre.
O pensamento político de Agostinho é forjado em um tempo de crise, e
em meio a duas tradições: a das Escrituras judaicos-cristãs, e a da
cultura greco-romana.
Mas Agostinho refere-se sobretudo à cultura romana, onde sob um
princípio teológico, tentava demonstrar que os deuses dos pagãos
não serviam ao Estado, ao contrário do verdadeiro Deus.
Embora Agostinho reconheça em sua obra que Roma vive em crise,
não só entre os homens, mas também entre eles e Deus, não lhe
pede para renunciar àquilo em que ela foi grande, mas para acolher
os dons do verdadeiro Deus
A influência de Roma em Agostinho pode ser verificada até mesmo na
escolha do título de sua obra, onde ele utiliza o termo civitas,
demonstrando não só o interesse de, pela linguagem, conseguir
atingir seus contemporâneos, mas também a politização de sua
linguagem teológica.
Desta forma indica que detém o conhecimento não só da tradição
bíblica, mas que a dimensão política também não lhe é estranha.
De Civitate Dai tenta demonstrar ao povo romano a futilidade de sua
“teologia civil”, e convencê-los de que o verdadeiro mediador entre
Deus e os homens é Cristo.
Sob este aspecto de reflexão política e teológica articula a
peregrinação da “cidade terrestre” à “cidade de Deus”.
Agostinho define povo como sendo a reunião de um grande número de
seres racionais, associados pela participação harmoniosa naquilo de
que gostam.
Este objeto de predileção demonstrará se a cidade é boa ou má, e a
orientará para o bem ou para o mal.
Interpretando a justiça de forma cristã, observa ainda que deve ela
derivar da caridade, e aponta a injustiça como grande responsável
pela decadência da república romana, pois na história dessa
república foi a injustiça que na maioria das vezes prevaleceu.
Agostinho vê a paz como sendo a única aspiração boa universalmente
compartilhada. Tanto o corpo humano quanto o corpo social, tanto
os bons quanto os maus, todos a desejam. Considera ainda que a
paz subsiste mesmo no coração daqueles que se entregam à
injustiça.
A paz é objeto de uma aspiração universal, mas essa aspiração não
impede os povos de se combaterem e se odiarem.
Vê ele, também na propriedade, um uso que pode ser bom ou mau,
conforme a orientação da vontade, e entende a escravidão como
um castigo do pecado, seguindo outros padres da época, não
reclamando sua abolição.
Embora haja contradições entre os estudiosos de Agostinho a respeito
da comparação entre as “duas cidades”, depreende-se da leitura da
obra, que Roma seria a cidade terrestre, em contraposição a Cidade
de Deus, deixando claro que essas duas cidades dividem entre elas
o destino dos povos, misturando-se e confundindo-se uma com a
outra naquele século.
Da leitura percebe-se ainda, que uma única palavra Civitas, pode ser
entendida literalmente como determinação política da sociedade, e
espiritualmente no sentido de Civitas Dei e civitas diaboli.
O autor nega desde logo que o Estado desse mundo possa ser a
“Cidade de Deus”, explicando, que o fiel não dá a Cesar o que ele
apenas deve a Deus, e que a “Cidade de Deus” deve marcar com
um sinal a cidade política, pois do contrário será a cidade do diabo
que triunfará.
Comenta ainda, que geralmente é a cidade do diabo que triunfa, sendo
que ela somente subsiste pela paciência de Deus, que lhe oferece,
ao longo da história, a oportunidade de se converter à sua própria
“Cidade”.
Uma teologia da história política
A obra de Agostinho divide o quadro em questão em seis épocas. Cita
como primeira, Caim – assassino de seu irmão Abel – como sendo o
primeiro fundador de uma cidade terrestre. Mais tarde Roma seria
fundada, e logo após Remo seria morto por seu irmão Rômulo;
Como segunda, cita o dilúvio, que ocasiona a mistura dessas duas
cidades, tendo em seguida ocorrido a fundação de diversas outras,
entre elas Babilônia, símbolo histórico da “cidade do diabo”;
Em seguida cita Abraão, cuja família deu origem ao povo Hebreu, e ao
qual Deus faz menção na Bíblia, à terra prometida. Roma será
fundada cerca de 1.200 anos depois do nascimento de Abraão, e
tornar-se-á uma outra Babilônia.
• Como quarta, os reinados de Davi e Salomão sobre o
povo Hebreu, demonstrando a paz que reinava entre
este povo. Entretanto, o pecado de Salomão provocou o
castigo divino, e levou a divisão do reino em duas
partes, fazendo com que os reinos mergulhassem em
guerras civis e também contra inimigos externos.
Como quinta, a deportação dos Israelitas - derrotado pelos Caldeus em
sua própria terra - para a Babilônia. Tiveram também que se
submeter aos gregos, e mais tarde aos romanos, sendo que neste
período se tem o início da sexta época, o nascimento de Jesus
Cristo.
Cristo, através de sua morte redentora, ofereceu às cidades terrestres a
oportunidade de se converterem à Cidade de Deus.
A história permanece em aberto. O futuro das nações terrestres
acolherá ainda o conflito das seis épocas, até o dia em que todos os
reinos se submeterão ao julgamento divino, que distinguirá, a cidade
dos ímpios e a cidade dos santos.
De certa forma, pode-se dizer que é esta a visão agostiniana da história
política. Sua teologia dá oportunidade a todos aqueles que foram
excluídos das cidades terrestres a optar pela “Cidade de Deus”, e
viver na paz dos eleitos.
A riqueza de seu pensamento político faz com que sua obra tenha uma
excepcional posteridade. As releituras de seu trabalho manifestam
muitas opções sobre o sentido de sua obra, cuja interpretação tem
sido objeto de numerosos trabalhos.
Sua obra representa ainda uma relação entre a política e a religião,
significando diferentes apreciações do Cristianismo, de seu valor e
de seus limites, tema este, em debate, inclusive na atualidade, pois
as desigualdades dos reinos terrestres fazem com que os
esperançosos cristãos, peregrinem em busca da “ Cidade Celeste”,
reino este “que não terá fim”.
BIBLIOGRAFIA
• BOBBIO, Norberto;MATTEUCCI,Nicolau;
PASQUINO, Gianfranco; Dicionário de Politica.
• www.google.com.br.
Download