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A Efetividade da Psicoterapia:
O Que um Século de Pesquisa nos Tem Ensinado sobre os Efeitos de Tratamento? *
Michael J. Lambert, Ph.D.
Brigham Young University
A efetividade da psicoterapia tem sido objeto de avaliação científica desde 1930. As
atividades que caracterizam práticas psicoterápicas têm evoluído com o tempo e hoje consistem
de muitos procedimentos bem estabelecidos e teorias que objetivam a redução do sofrimento
psicológico e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Neste breve sumário, alguns dos
mais importantes achados são revisados e suas implicações são destacadas.
 Psicoterapia é efetiva. Até agora, centenas de estudos foram conduzidos sobre os
efeitos da psicoterapia, incluindo pesquisas psicodinâmicas, humanistas, behavioristas,
cognitivas e variações e combinações destas abordagens. Revisões desta pesquisa, tanto
qualitativas quanto quantitativas, têm mostrado que cerca de 75% daqueles que entram
em tratamento apresentam algum benefício (Lambert & Ogles, no prelo). Esta descoberta
abrange uma ampla gama de transtornos, com exceção de transtornos de base biológica,
tais como transtorno bipolar e as esquizofrenias, onde o impacto dos tratamentos
psicológicos é secundário às medicações psicoativas. Dentre os transtornos, existe uma
variabilidade tal qual alguns transtornos melhoram mais facilmente com o tratamento (p.
ex., fobias e pânico) do que outros (p. ex., transtorno obsessivo compulsivo) e alguns
outros requerem intervenções mais intensas e demoradas. Na sua maioria, as
intervenções psicológicas suplantam os efeitos da medicação para transtornos
psicológicos e devem ser oferecidas antes das medicações (exceto para a maioria de
pacientes com transtornos graves), porque elas são menos perigosas e menos intrusivas,
ou, em último caso, em adição à medicação, porque reduzem a probabilidade de recidiva,
uma vez que as medicações são retiradas (Thase, 1999; Elkin et al., 1994).
 Os efeitos da psicoterapia são mais poderosos do que sistemas de apoio informal e
de controles placebos. O gráfico abaixo provê uma forma de ilustração retirada de
numerosos estudos e revisões da literatura, nos quais pesquisadores delinearam
experimentos cujos pacientes eram randomicamente designados para um controle de
nenhum tratamento, um grupo de controle placebo ou um tratamento de psicoterapia.
Estes delineamentos experimentais permitiam que os pesquisadores delimitassem as
causas de melhora, ao tempo em que isolavam e eliminavam outros fatores competitivos
que pudessem ser levados em conta para as melhoras observadas. Como pode ser notado,
__________________________________________
* Lambert, M. J. The Effectiveness of Psychoterapy: What has a Century of Research Taught Us About the Effects of Treatment?
American Psychological Association - Division of Psychotherapy (29), 2003.
** Texto traduzido por Ildenor Mascarenhas Cerqueira e Cláudio Seal Carvalho para uso exclusivo do Grupo de Estudo de Estágio
Supervisionado em Terapia Comportamental da UFBA.
pacientes que não fazem psicoterapia melhoram provavelmente como resultado de busca
de apoio de amigos, da família, de clérigos e similares. Pacientes que entram em um
tratamento placebo apresentam percentual até melhor do que pacientes não-tratados,
provavelmente como uma decorrência de ter contato com um terapeuta, de suas
expectativas de serem ajudados e da confiança e apoio que recebem durante o estudo.
Em contraste, pacientes que entram em psicoterapia têm resultados muito melhores.
psicoterapia
placebo
sem tratamento
melhora
75
40
18
melhora
80
melhora
70
60
50
40
30
20
10
0
psicoterapia
placebo
sem
tratamento
 Os efeitos da psicoterapia são substanciais. Aqueles que têm estudado psicoterapia
têm sido rigorosos ao definir e medir importantes fatores de funcionamento
individual. Froyd, Lambert e Froyd (1996), em um levantamento de resultados de
práticas, revisaram 20 periódicos científicos, publicados num período de cinco anos.
Eles encontraram que as medidas de resultados incluíam relatos de pacientes,
mudanças psicológicas, avaliações de juiz perito, avaliações por membros da família,
amigos e colegas de trabalho, assim como situação empregatícia, médica e legal
(p.ex., prisão, encarceramento). Estas fontes de avaliação verificavam uma variedade
de áreas de funcionamento, principalmente sintomas psiquiátricos (p.ex., ansiedade,
depressão, apetite, estresse), funcionamento interpessoal (p.ex., conflito familiar,
solidão, intimidade) e desempenho de papel social (p.ex., conflito no trabalho,
absenteísmo, status no emprego). Esses fatores são de importância considerável para
o paciente, a família e a sociedade em geral. Além disso, muito esforço recente tem
sido empregado para se definir o que é um estado normal de funcionamento e como
avaliar o grau no qual pacientes têm alcançado este estado normativo no final do
tratamento (Jacobson & Truax, 1997).
 Os efeitos da terapia tendem a se manter. Numerosos estudos de seguimento têm
acompanhado pacientes, após deixarem o tratamento, por períodos que duram de 6
meses a 5 anos. Esses estudos são bastante consistentes em demonstrar que os efeitos
do tratamento são duradouros. Por exemplo, revisões de depressão (Nicholson &
Berman, 1983; Robinson, Berman & Neimeyer, 1990), fobia social (Feske &
Chambless, 1995), abuso de drogas (Stanton, 1997), agorafobia e pânico (Bakker et
al., 1998), dor (Flor, Fydrich & Turk, 1992), transtorno de ansiedade generalizada
(Gould, Otto, Pollack & Yap) e de muitos outros transtornos (e.g., Carlson & Hoyle,
1993; Murtagh & Greenwood, 1995; Sherman, 1998; Taylor, 1996), todas
demonstram a manutenção dos ganhos, pelo menos por um ano, seguindo-se ao
tratamento.

Psicoterapia é relativamente eficiente. Pesquisa em psicoterapia tem examinado a
rapidez que os pacientes melhoram no curso do tratamento. Alguns estudos têm
examinado a duração e efeito do tratamento, utilizando-se de vários delineamentos de
pesquisa. Isto tem importantes implicações práticas, assim como de política social.
Howard, Kopta, Krause e Orlinsky (1986) demonstraram que, quanto mais
psicoterapia, maior probabilidade de melhora, com diminuição de retornos após cerca
de 6 meses. Assim, o poder do tratamento é mais aparente no início do processo.
Mais recentemente, Anderson e Lambert (2001), assim como Lambert, Hansen e
Finch (2001), coletaram dados de grandes amostras de pacientes em tratamento que
avaliavam seus sintomas, relações interpessoais, desempenho de papel social e
qualidade de vida, semanalmente, antes de cada sessão do tratamento. Assim, seus
efeitos eram avaliados, desde o início do tratamento, até que ele fosse completado ou
abandonado. Seus progressos ao longo do tempo eram estudados, usando-se métodos
estatísticos, para modelar o número de sessões necessárias para um paciente retornar a
um estado normal de funcionamento (p.ex., não ter mais sintomas do que as pessoas
na população em geral). A Figura 2 apresenta o percentual de pacientes que têm se
recuperado após cada sessão adicional de tratamento. Como se pode ver, cerca de um
terço dos pacientes irá se recuperar pela 10ª sessão, 50% pela 20ª sessão e 75% pela
55a sessão.
ISTO SIGNIFICA QUE, SE LIMITES DE SESSÕES SÃO
ESTABELECIDOS POR COMPANHIAS SEGURADORAS, INSTITUIÇÕES E
AGÊNCIAS GOVERNAMENTAIS, METADE DAQUELES QUE VÊM PARA
TRATAMENTO SERÁ SUB-ATENDIDA COM UM BENEFÍCIO QUE FOR
MENOR DO QUE 20 SESSÕES. PARA CERCA DE 25% DOS PACIENTES,
MESMO 50 SESSÕES DE PSICOTERAPIA NÃO SERÃO SUFICIENTES PARA
TRAZÊ-LOS DE VOLTA AO GRAU DE FUNCIONAMENTO NORMAL.
 Psicoterapia é para melhor e para pior. Apesar dos achados positivos em geral,
alguns pacientes que entram em tratamento estão piores fora, quando deixam o
tratamento, do que quando entraram. Lambert e Ogles (no prelo) estimaram que cerca
de 5% a 10% dos pacientes pioram durante o tratamento e uma parcela de 15 a 20%
não mostram benefícios mensuráveis. Este achado tem sido relatado por outros
revisores (e.g., Mohr, 1995) E APOIA A NECESSIDADE DE
REGULAMENTAÇÃO POR ÓRGÃOS DE LICENCIAMENTO DO ESTADO, DA
LEGISLAÇÃO E DE ASSOCIAÇÕES PROFISSIONAIS. ESTA TAXA DE PIORA
DO PACIENTE PODE SER REDUZIDA SE ESTES ÓRGÃOS DE GOVERNO
AGIREM PARA MANTER PADRÕES ELEVADOS DE PRÁTICA, IMPEDINDO
PESSOAS NÃO-TREINADAS DE FORNECER SERVIÇOS QUE REQUEREM
JULGAMENTO PROFISSIONAL E O MAIS ELEVADO NÍVEL DE PRÁTICA
ÉTICA. Tão desanimador quanto isto é saber que psicoterapia pode ser prejudicial a
uma pequena porção de pacientes e impotente para muitos outros e, também, que isto
indica a necessidade de mecanismos de garantia de qualidade que reduzam estas
ocorrências aos seus mais níveis mais baixos possíveis. Lambert, Whipple et al.
(2001) têm mostrado que, se o progresso do paciente é verificado semanalmente e se
são utilizados instrumentos de apoio decisórios, para identificar quais pacientes não
estão respondendo ao tratamento, nas primeiras três sessões, então providenciar
feedback ao terapeuta, acerca deste fato, melhora resultado e reduz piora do paciente.
Sistemas de gerenciamento de resultado estão sendo desenvolvidos e esses sistemas
são possíveis de melhorar resultados para pacientes que falham. Esses autores
também relataram que o uso de tais sistemas tinha custo efetivo, porque terapeutas
que recebiam feedback tendiam a encerrar, após poucas sessões, casos que tinham
melhorado rapidamente (85% de casos), enquanto retinham, por mais sessões,
pacientes que eram identificados como falhos. Isto pareceu ser satisfatório para todos
envolvidos (terapeutas, administradores e pacientes), mas os dados também
indicavam que muitos dos pacientes com dificuldades estavam ainda com necessidade
de tratamento posterior, adicional ou diferente. Não obstante, monitorar progresso de
paciente e prover feedback ao terapeuta promete tornar autocorretivos os esforços de
cuidado de saúde comportamental e, afinal de contas, mais efetivos.
 Psicólogos podem ficar orgulhosos dos resultados por seus serviços. Poucas áreas
da medicina têm recebido mais suporte empírico para seus tratamentos do que aquelas
oferecidas pelos psicólogos. As centenas de estudos, que têm sido realizados e
publicados, deixam claro que psicoterapia é efetiva, eficiente e duradoura.
Psicoterapia tem um futuro promissor como um tratamento de escolha para
transtornos de base psicológica, reduzindo sofrimento e retornando o paciente aos
níveis de funcionamento característico de seus pares não-transtornados. Além disso,
tratamentos psicológicos podem compensar os custos de serviços médicos, pela
redução de duração de estadias hospitalares e de despesas relacionadas, para pacientes
que têm transtornos orgânicos.
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Contact Info:
Michael J. Lambert, Ph.D.
Professor of Psychology
272 TLRB
Brigham Young University
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