NEVOEIRO – DEFINIÇÃO • Nuvens estratiformes ocorrem nas partes mais baixas da atmosfera, quando há uma inversão térmica bem desenvolvida ou numa camada aproximadamente isotérmica. Se o ar localizado nos níveis mais baixos for suficientemente úmido, uma camada estratiforme irá se formar, com topo à altura da base da inversão. • Para que a formação se dê como nevoeiro, a base da inversão deve estar próxima à superfície. Em algumas situações é possível identificar gotinhas d’água boiando na atmosfera. • Uma inversão térmica de superfície ou muito próxima a ela, geralmente ocorre devido ao resfriamento em níveis mais baixos, uma característica de massas de ar que são originalmente mais quentes do que a superfície sobre a qual ela está passando ou está em repouso. • Quando uma massa de ar experimenta resfriamento à superfície, nevoeiros podem ser formados. Nevoeiro é um tipo de nuvem estratiforme que se forma na superfície ou muito próximo a ela, e que afeta seriamente a visibilidade. • Grande importância nos transportes, segurança pública e atividades humanas em geral. NEVOEIRO – FORMAÇÃO • A condição básica para sua formação é a temperatura do ar igual à temperatura do ponto de orvalho, ou seja, uma saturação do ar, e que normalmente resulta do acréscimo de vapor d’água ou do resfriamento. • A formação do nevoeiro depende também de outras condições ótimas como: umidade relativa elevada (acima de 80%); núcleos higroscópicos elevados; vento de superfície fraco (intensidade abaixo de 5 nós); pouca ou nenhuma nebulosidade durante à noite. • A distribuição vertical de água líquida, o resfriamento radiativo e a taxa de condensação têm papel importante no desenvolvimento dos nevoeiros. • Nevoeiros são geralmente considerados fenômenos passivos, já que sua formação depende inteiramente de parâmetros como temperatura, umidade, cobertura de nuvens e das condições da superfície. NEVOEIRO – PREVISÃO • O problema de investigar a formação de nevoeiro consiste em determinar as circunstâncias nas quais o resfriamento de massas de ar na superfície, num contexto de alta umidade, pode ocorrer. NEVOEIRO – DISSIPAÇÃO • A dissipação dos nevoeiros depende do seu tipo, mas, em geral, é dada através do aquecimento local, do aumento da intensidade do vento, das mudanças das massas de ar, da precipitação e do aumento da TSM. • A radiação solar penetra no nevoeiro e aquece a superfície. Isso causa um aumento da temperatura do ar que faz com que algumas gotículas do nevoeiro se evaporem. Por sua vez, isso faz com que cada vez mais radiação solar atinja a superfície e o processo de evaporação acelere até que o nevoeiro “levante”, ou seja, até que ele desapareça completamente. Se a camada de nevoeiro for suficientemente espessa, a dissipação pode não se dar completamente e formar o chamado nevoeiro alto - uma camada de nuvens estratos que cobre a região. • A dissipação geralmente ocorre pela periferia, em decorrência da evaporação por processo de entranhamento com o ar ambiente mais seco. Portanto, as características do vento tornam-se um aspecto importante na dissipação do nevoeiro. NEVOEIRO – CLASSIFICAÇÃO • Os nevoeiros podem ser classificados como: nevoeiros de massas de ar e nevoeiros frontais. • Os nevoeiros de massas de ar se formam no interior de massas de ar quente ou fria, normalmente provocado pelo resfriamento. Os principais tipos são: • Nevoeiro de radiação • Nevoeiro de encosta • Nevoeiro de advecção • Nevoeiro associado às brisas marítima/terrestre • Nevoeiro de ar marítimo • Nevoeiro de ar tropical • Nevoeiro de vapor • Já os nevoeiros frontais, formados na presença de precipitação, frequentemente com o aumento da temperatura do ponto de orvalho como o fator mais importante. • Nevoeiro frontal; Nevoeiro pós-frontal; Nevoeiro pré-frontal NEVOEIRO – NEVOEIRO DE MASSAS DE AR: NEVOEIRO DE RADIAÇÃO • Todos os nevoeiros que ocorrem sobre o continente são causados totalmente ou principalmente por resfriamento radiativo do ar inferior úmido. • Conhecidos também como nevoeiro de superfície ou de céu visível. • Ocorrem em noite de céu claro, vento fraco (características normalmente associadas a grandes áreas de altas pressões) e umidade alta como resultado do resfriamento das camadas de ar adjacentes da superfície, devido a perda de radiação de ondas longas para o espaço (formação de uma inversão térmica) e consequentemente saturação do ar inferior e condensação do vapor de água existente no ar. Quanto maior for o vento, menor será a chance de uma inversão térmica de superfície, pois a turbulência associada ao campo de vento irá carregar calor para baixo. • Os nevoeiros de radiação podem tornar-se fortes perto do solo, porém são poucos espessos. Frequência no outono e inverno (noites longas) das latitudes tropicais e subtropicais. • Na maioria dos casos, apresentam maior expansão vertical e visibilidade mais reduzida pela manhã, pois a inversão térmica noturna mantém as camadas atmosféricas adjacentes à superfície estaticamente estáveis até no máximo 4 horas após o amanhecer, mantendo a resistência à convecção. NEVOEIRO – NEVOEIRO DE MASSAS DE AR: NEVOEIRO DE ENCOSTA • Ocorre quando o ar é forçado a subir a encosta de uma colina ou montanha. À medida que esse ar sobe e expande-se ocorre resfriamento. Se o resfriamento atingir o ponto de orvalho e houver umidade suficiente ocorre a saturação e a conseqüente formação de nevoeiro. Os nevoeiros de encosta ou montanha dissipam quando o vento predominante muda de direção. • Este nevoeiro de inclinação forma-se sobre uma extensa área e pode durar por muitos dias, além de ser um dos poucos nevoeiros que se mantém em ventos mais fortes, já que quanto maior a intensidade do vento, maior será a velocidade do deslocamento para maiores altitudes, e mais rápido ocorrerá o resfriamento do ar. • Estes nevoeiros normalmente se formam por efeitos combinados de ascensão e radiação, e em alguns casos por aumento de umidade devido à precipitação. NEVOEIRO – NEVOEIRO DE MASSAS DE AR – NEVOEIRO DE ADVECÇÃO • Ocorre quando há deslocamento horizontal de ar relativamente quente e úmido sobre superfície mais frias. • Um fator essencial para a formação desse tipo de nevoeiro é a presença de ar relativamente quente e úmido. • Aos poucos a massa de ar vai se esfriando até chegar a temperatura do ponto de orvalho e o vapor presente na massa de ar começa condensar. • Os nevoeiros de advecção são mais espessos, cobrem maiores áreas e são mais persistentes que os nevoeiros de superfície. NEVOEIRO – NEVOEIRO DE MASSAS DE AR – NEVOEIRO DE ADVECÇÃO: NEVOEIRO ASSOCIADO ÀS BRISAS MARÍTIMA/TERRESTRE • Devido ao transporte de ar quente sobre uma superfície fria. • No inverno, o ar quente e úmido do oceano se move sobre o continente mais frio. Assim, o ar se resfria até atingir a saturação, formando nevoeiro associado à brisa marítima sobre o continente. Entretanto, estes nevoeiros estão mais relacionados à fenômenos radiativos do que a transportes horizontais de massas de ar e, portanto, não devem ser colocados na categoria de nevoeiros advectivos. • No verão, em localidades onde as condições são favoráveis ao transporte de ar quente e úmido do continente em direção ao mar, ocorre o nevoeiro associado à brisa terrestre sobre o oceano, já que o ar aquecido proveniente do continente se resfria ao passar pela superfície marítima. A turbulência causada por ventos fortes mantém uma abrupta taxa de resfriamento, e sob a inversão turbulenta, formam-se nuvens estratiformes, desfazendo o nevoeiro. Porém, se os ventos tiverem uma intensidade de fraca a moderada, uma densa superfície de nevoeiro pode se desenvolver sobre o oceano. NEVOEIRO – NEVOEIRO DE MASSAS DE AR – NEVOEIRO DE ADVECÇÃO: NEVOEIRO DE AR MARÍTIMO • Devido ao transporte de ar quente sobre uma superfície fria. • É o que se forma quando duas correntes oceânicas de diferentes temperaturas fluem próximas uma da outra. O ar mais quente movendo-se sobre a água mais fria produz nevoeiro na região. • Assim, um nevoeiro de ar marítimo pode ocorrer em qualquer lugar onde haja uma significativa diferença de temperatura. Pelo fato da maioria das águas frias oceânicas se localizarem em regiões costeiras, esse tipo de nevoeiro se desenvolve frequentemente próximo ao continente. • Normalmente ocorre no verão das latitudes temperadas. NEVOEIRO – NEVOEIRO DE MASSAS DE AR – NEVOEIRO DE ADVECÇÃO: NEVOEIRO DE AR TROPICAL • Devido ao transporte de ar quente sobre uma superfície fria. • Este nevoeiro está relacionado ao gradativo resfriamento do ar que se desloca de latitudes mais baixas em direção aos pólos, sobre o oceano. • Pode ocorrer também sobre o continente, no inverno, devido ao gradiente latitudinal de temperatura, que pode vir a ser maior que nos oceanos. Por outro lado, a turbulência é maior sobre o continente do que sobre o oceano, devido à rugosidade da superfície, o que pode tornar mais difícil a condensação. No mar, entretanto, o nevoeiro pode se manter com ventos mais intensos. • O ar tropical marítimo, deslocando-se sobre o continente, no inverno, é sujeito a fortes processos de resfriamento radiativo, que pode vir a ser mais importante do que o resfriamento latitudinal. Dessa forma, é difícil classificar o nevoeiro como sendo de ar tropical ou de radiação. NEVOEIRO – NEVOEIRO DE MASSAS DE AR – NEVOEIRO DE ADVECÇÃO: NEVOEIRO DE VAPOR • Devido ao transporte de ar frio sobre uma superfície quente. • Ocorre quando massas de ar frio deslocam-se sobre superfícies líquidas relativamente quentes. Neste caso, a umidade proveniente da água por evaporação, se junta ao ar frio, tornando-o saturado e provocando condensação. • Assim que o vapor de água ascendente encontra o ar mais frio, ele condensa e ascende com o ar aquecido de baixo. Pelo seu aspecto, lembra vapor se elevando da água. • Ocorrem sobre rios, lagos e oceanos, principalmente no outono e inverno, quando a água pode estar relativamente quente, porém o ar está frio. • Apesar de geralmente se caracterizarem como nevoeiros rasos, são espessos o suficiente para interferir na navegação ou vôos sobre o mar. NEVOEIRO – NEVOEIRO FRONTAL • Existem muitas maneiras de se formar nevoeiros temporários durante a passagem de uma frente fria: • Através da mistura do ar quente com o ar frio na zona frontal, se os ventos não estiverem muito fortes e se ambas as massas estiverem próximas da saturação antes da mistura; • Pelo súbito resfriamento do ar sobre a superfície úmida, com a passagem de uma frente fria precipitante; • No verão, especialmente em latitudes mais baixas, pelo resfriamento da superfície, por evaporação de água de chuva. • Este tipo de nevoeiro ocorre basicamente pela redução na altura da base das nuvens durante a passagem da frente, em condições extremamente úmidas. NEVOEIRO – NEVOEIRO PRÉ-FRONTAL E PÓS-FRONTAL • Podem ser formados também nevoeiros pré-frontais (relacionados a frentes quentes) e pós-frontais (relacionados a frentes frias). • Formam-se com o aumento da Td, causado pela precipitação em colunas estáveis de ar, até que atinja a T local. Estas condições são mais facilmente obedecidas no lado frio adiante de uma frente quente. Massas de ar continental polar de inverno quando associadas com frentes quentes e precipitantes comumente apresentam nevoeiro ou nuvens estratiformes bem baixas por serem bastante estáveis. Por outro lado, uma massa de ar marítima polar não é estável o bastante para permitir a formação de nevoeiro. Uma vez que frentes quentes estão em geral associadas com ciclones cuja circulação é mais intensa do que o normal, nuvens estratiformes de frente quente são mais comuns que nevoeiros de frente quente. • Os nevoeiros associados a frentes frias e frentes quentes se formam pela umidade da precipitação frontal. Entretanto, desde que a banda de precipitação associada a uma frente fria é muito mais restrita em área do que a de uma frente quente, os nevoeiros pós-frontais são menos espalhados. De fato, apenas frentes frias que se tornaram quase-estacionárias, usualmente orientadas na direção leste-oeste que apresentam extensas áreas de nevoeiro. Como no caso de frente quente, estas circunstâncias causam nevoeiro apenas se o ar frio for estável.