Aula 3 Pós Graduação: Depto de Sociologia Determinantes do Crescimento Glauco Arbix USP 2º semestre de 2009 Duas ondas Tecnologia é o motor da nossa história Evolui com autonomia É alimentada pela racionalidade Cresce por acúmulo de conhecimento no tempo Teorias do Desenvolvimento Econômico Após II Guerra e os efeitos do Plano Marshall, vários economistas ligados ao Banco Mundial e à ONU ampliaram a discussão sobre o desenvolvimento Destaque: Ragnar Nurkse, Paul Rosenstein-Rodan, Albert Hirschmann, Arthur Lewis, Walt Whitman Rostow. Como Keynes, realçaram variáveis como: • Demanda efetiva, poupança e investimento. O baixo desempenho das economias estaria ligado à ausência de demanda agregada e não à insuficiências de produtos ou recursos • Industrialização • Intervenção do Estado Linhagem Desenvolvimentista - 1 Rosenstein-Rodan e o "Big Push" Nurkse e o "crescimento equilibrado" Hirschmann e o "crescimento desequilibrado" Planejamento industrial em grande escala gera competição virtuosa Sinergia produtiva Potencial escondido Queda tendencial da demanda por produtos e recursos naturais Propensão para importações. Pessimismo exportador Baixa ênfase na atuação do Estado Poupança forçada. Substituição de importações Big push. Mas só para indústrias-chave. Overcapacity: pressões em outros setores por investimentos Recursos limitados Desequilíbrio do capitalismo seria estímulo para crescimento Backward and Forward linkages Estratégias de desenvolvimento nascem da maximização desses movimentos Linhagem Desenvolvimentista - 2 Arthur Lewis e a "Vantagem da indústria intensiva em trabalho" Rostow: "estágios do desenvolvimento" e "nacionalismo reativo" Vantagens na produção de alguns tipos de manufaturados (salários) Propôs fuga dos trabalhadores para as cidades Redução do consumo supérfluo ( mais impostos para ricos) Crescimento é mais uma questão política e menos técnica Todas as nações passaram por 5 fases: sociedade tradicional, pré-condições para o take off, a decolagem, maturidade e consumo de massa Massificação do consumo: após crescimento da economia, da renda, da diversificação industrial e tecnológica Nacionalismo reativo versus colonialismo A Babel da Dependência Marxistas e não marxistas. Amplo ecletismo. Paul Baran: Capitalismo monopolista precisa do atraso e da dependência. "Thus the peoples who came into the orbit of Western capitalist expansion found themselves in the twilight of feudalism and capitalism, enduring the worst features of both worlds" (1957, A Economia Política do Crescimento). Três forças capazes de favorecer o crescimento: capital nacional, capital externo e o Estado. A primeira fracassou na Substituição de Importações. Capital externo: age apenas localizadamente (acentua perfil de enclave). Estado é fraco, incapaz. Resultado: socialismo ou atraso. André Gunder Frank: Capitalismo periférico. A mutação dos atrasados é o desenvolvimento do Subdesenvolvimento. Prebisch (Cepal): centro é causa, periferia é efeito Mistérios do crescimento: por que alguns países são ricos e outros não Anos 50-70 Acúmulo de capital físico e humano é chave. Crescimento do PTF (TFP) também. Mas não produzem convergência Anos 80-90 Instituições são importantes As diferenças de renda e entre os países persistem sem explicações convincentes. 11 Conhecimento Quais os determinantes da geração de conhecimento Impacto de P&D sobre crescimento Interdependência entre países: novos fluxos e a capacidade de inovar Instituições e Incentivos para a criação de conhecimento 12 Economia e Política Há interação entre economia e política. Como? Przeworski: países democráticos crescem mais. Democracias sobrevivem melhor em países de maior renda Huntington: países com estabilidade política crescem mais Lipset : o desenvolvimento econômico produz democracia. Modernização gera modernização Acemoglu: democracia é improvável com desigualdade muito alta ou muito baixa Quando mais os países ficam ricos e se tornam mais complexos, com novos grupos sociais emergentes, mais precisam da democracia. Será? Useful knowledge Por que alguns países são mais ricos do que outros? Porque sabem mais (Mokyr) Premissa 1 Existe uma forte correlação entre o nível de desenvolvimento do país e seu esforço em Inovação, Ciência e Tecnologia, expresso pelos investimentos em P&D e pela dimensão da sua comunidade de pesquisadores Relação entre desenvolvimento e investimentos em Inovação & Pesquisa y = 0,691e 5 3E-05x Israel 4,5 Suécia Investimento em P&D (%PIB) 4 Finlândia 3,5 Japão 3 2,5 Cingapura 2 Coréia S., 1990 India Suiça Noruega União Européia Rússia 1 Bélgica Dinamarca Áustria Can Fra Reino Unido Austrália China 1,5 EUA Alemanha Coréia S. Brasil (2006) Br, 1995 Chile Br, 1990 0,5 C.S., 1976 Arg Mex Ven Esp Itália Irlanda Pt Gr Hong Kong 20.000 30.000 0 0 10.000 40.000 50.000 60.000 PIB per capita (US$) Ano base: 2004 - Fonte: OCDE e MCT Premissa 2 Nas economias desenvolvidas, as empresas têm forte atividade de inovação, pesquisa e desenvolvimento, com financiamento próprio ou via governo Gasto em P&D&I / PIB Suécia Finlândia Japão Coréia do Sul Estados Unidos Alemanha Cingapura França Canadá Reino Unido China Espanha Itália (3) Rússia Hungria Brasil Africa do Sul (3) Índia (1) Portugal Chile (2) México Argentina 0,0 3,9 3,5 3,3 3,0 2,6 2,5 2,4 2005 2,1 2,0 1,8 1,3 1,1 1,1 1,1 0,9 0,9 0,9 0,9 0,8 0,7 0,5 0,5 0,5 percentual 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 Notas (1) 2000; (2) 2003 e (3) 2004 Fonte: OECD, Main Science and Technology Indicators (MSTI), 2007/1, OECD & World Development Indicadors (WDI), 2006, The World Bank (Chile e Índia) Economias desenvolvidas e atividades de P&D&I nas empresas (Financiamento próprio ou via governo) País Indústria Governo Total % Japão 2,4 0,6 3,0 Coréia 2,1 0,7 2,8 Alemanha 1,7 0,8 2,4 EUA 1,6 0,8 2,4 França 1,1 0,8 1,9 Canadá 1,0 0,6 1,6 Austrália 0,9 0,7 1,6 Reino Unido 0,8 0,6 1,3 Espanha 0,5 0,4 1,0 Itália (1996) 0,4 0,5 0,9 México 0,2 0,2 0,4 União Européia 1,0 0,6 1,6 Total OCDE 1,4 0,7 2,1 0,49 0,48 0,97 Brasil (2005) Fonte: OCDE, 2007/1 e MCT % PIB 2004 Premissa 3 A economia brasileira cresce. O investimento em P&D&I também cresce. Mas por que o Brasil não cresce tão rápido quanto a China e a Índia? Crescimento (Média) 1. 2. 3. 4. 1981-1990: 1,6% aa. 1991-2003: 2,1% aa. 2004-2006: 3,8% aa. 2007: 5,4% Oportunidades Mais de 13 anos com inflação baixa. Regime de metas consolidado. Juros declinantes Redução da vulnerabilidade externa. Queda do risco País Ajuste fiscal dos últimos 8 anos reverteu trajetória de crescimento da relação dívida/PIB Apesar de alta, desigualdade de renda diminuiu. Nível mais baixo dos últimos 30 anos A pobreza e a extrema pobreza atingiram os níveis mais baixos da história Várias razões são apontadas para o desempenho ainda baixo da economia. O Brasil precisa aumentar o investimento e estimular os processos de inovação para elevar a produtividade e a competitividade de sua economia Premissa 4 As economias são cada vez mais moldadas pelos avanços do conhecimento. Os processos inovadores, científicos e tecnológicos abrem novas oportunidades e colocam novos desafios para todos os países. 26