Comorbidades em Dependência Quimica

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XXI Curso de atualização em Dependência Química
Hospital Mãe de Deus – Unidade de Dependência Química
COMORBIDADE EM
DEPENDÊNCIA QUÍMICA:
TRANSTORNO BIPOLAR
Juliana Fernandes Tramontina, MD., PhD.
Porto Alegre, 7 de julho de 2009.
• Introdução
• Transtorno Bipolar
• Interface Dependência Química e
Transtorno Bipolar
• Tratamento
• Mais informações
“Comprei uma arma, ao invés dela escolhi as drogas”
(I bought a gun and chose drugs instead)
Comorbidades em Dependência Química: THB
Comorbidades
• Entidades distintas com sobreposição ao
acaso
• Fisiopatologia sobreposta em parte
• Mesma fisiopatologia, diferentes
manifestações da mesma anormalidade
• Introdução
• Transtorno Bipolar
• Interface Dependência Química e
Transtorno Bipolar
• Tratamento
• Mais informações
O Humor
PREJUÍZO
PREJUÍZO
Transtorno Bipolar
Transtorno Bipolar Tipo I
Transtorno Bipolar Tipo II
Transtorno Bipolar
• O Transtorno Bipolar (=THB) tem como
característica fundamental a alteração do
humor, com a presença de dois pólos
opostos, a mania e a depressão. Esses
sintomas aparecem de forma alternada ao
longo do tempo, ou até mesmo juntos,
com diferentes intensidades
Transtorno Bipolar
• Prevalência: 0,8 a 6%. THB atinge cerca
de 1,8 milhões de pessoas no Brasil.
•
=
=
• Início em geral antes dos 40 (adulto jovem)
Transtorno Bipolar
• Nas famílias de pessoas com TB é
freqüente a história de TB, ou mesmo de
alterações de humor não diagnosticadas
no passado, como comportamento
explosivo ou alcoolismo
• Em uma avaliação da organização
Mundial da Saúde, o TB aparece como a
6° causa de incapacitação
Quais são os sintomas do
Transtorno Bipolar?
Episódio maníaco
Humor anormal e persistentemente elevado,
expansivo ou irritável.
Este período de humor anormal deve durar
pelo menos 1 semana (ou menos, se a
hospitalização for exigida)
Episódio maníaco
• Euforia
• Agitação; aumento da energia
• Otimismo e autoconfiança exagerados
• Diminuição da necessidade de sono
• Pensamentos acelerados; taquilalia
• Quando grave ocorrem delírios e/ou alucinações
• Delírios de influência, grandeza, poder
Episódio maníaco
• Hipotenacidade (começar muitas coisas e não
conseguir terminar)
• Maior contato social e desinibição; comportamento
inadequado e provocativo; agressividade física e/ou
verbal
• Aumento da atividade e hipersexualidade
• Abuso de drogas, álcool; aumento dos gastos;
endividamentos
• Irritabilidade
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual for
Mental Disorders, 4th.edition (DSM-IV), 1994.
Episódio depressivo
Período mínimo de 2 semanas, durante
as quais há um humor deprimido ou
perda de interesse ou prazer por quase
todas as atividades.
Em crianças e adolescentes, o humor
pode ser irritável ao invés de triste.
Episódio depressivo
• Tristeza exagerada
• Pessimismo ou desesperança
• Sentimento de culpa ou inutilidade
• Diminuição de energia, astenia
• Perda de interesse ou prazer nas atividades antes prazerosas
(incluindo sexo)
• Dificuldade de concentração e tomada de decisões, diminuição
da memória
Episódio depressivo
• Inquietação ou irritabilidade
• Hipersonia ou insônia
• Inapetência com diminuição e/ou aumento de
peso
• Dor crônica ou outro sintoma físico persistente
sem doença física
• Pensamento de morte/suicídio ou tentativa de
suicídio
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual for
Mental Disorders, 4th.edition (DSM-IV), 1994.
• Episódio Misto
– Parecem ser mais prováveis em adolescentes e
adultos jovens do que em adultos mais velhos
• Episódio Hipomaníaco
– +- 60 a 70% dos Episódios Hipomaníacos ocorrem
imediatamente antes ou após um Episódio
Depressivo Maior
• Introdução
• Transtorno Bipolar
• Interface Dependência Química e
Transtorno Bipolar
• Tratamento
• Mais informações
Interface Dependência Química e
Transtorno Bipolar
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
O uso de Substâncias Psicoativas (SPA) e
Transtorno Bipolar (TB) podem coexistir de
diferentes formas
1. SPA → TB
2. SPA evidencia TB
latente
3. SPA recidiva de TB
prévio
1. TB → SPA
2. TB + SPA = TB
modificado
Edwards G. et al, 1981.
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
•
Paciente psiquiátrico possui 4,5 vezes mais
chance de apresentar Dependência
Química (DQ)
•
álcool
22%
X
Pacientes psiquiátricos
14%
População em geral
Manna et al, 2006.
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
DQ + THB
• Existem fatores patogênicos comuns a
nível neurobiológico
• SPA alivia sintomas do THB
• SPA induz ou precipita patologia
psiquiátrica
Manna V, 2006.
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
Circuito de recompensa Cerebral
DQ + THB
Existem circuitos cerebrais
associados a intensa
sensação de
satisfação e prazer:
reward system
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
Hipótese da automedicação
• Sugere as SPA interagem com os transtornos
psiquiátricos
• Mais do que uma busca de escape, euforia ou
autodestruição, os sujeitos desejam medicar-se
• Ainda que tais esforços sejam prejudiciais, o
indivíduo descobre que os efeitos a curto prazo
auxiliam a lidar com o sofrimento
Khantzian, 1985.
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
Em TB...
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
• TB: Inicia como automedicação, mas
pacientes bipolares mantém tal consumo,
mesmo quando a substância falha em
promover o alívio sintomático
Busca de alívio de sintomas :
• Depressão: 77,8%
• Pensamentos acelerados: 57,8%
• 66,7%: melhora dos sintomas auto-referida
Maremanni et al, 2006.
Weiss et al, 2004.
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
SPA + TB: aumento da morbidade
tentativas de suicídio
n. de episódios
n. de hopitalizações
incapacidade
duração dos episódios
resistência ao lítio
Maremanni et al, 2006.
Weiss et al, 2004.
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
Epidemiologic Catchment Area (ECA) Survey of Mental Disorders.
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
• Pacientes com uso de álcool e TB:
–
–
–
–
Mais episódios mistos ou disfóricos
Mais ciclagem rápida
Maior gravidade dos sintomas
Piora da agressividade, impulsividade, suicídio
Frye et al, 2006.
Interface Dependência Química e Transtorno Bipolar
Cardoso BM et al, 2008.
• Introdução
• Transtorno Bipolar
• Interface Dependência Química e
Transtorno Bipolar (bases
neurobiológicas)
• Tratamento
• Mais informações
BIO
PSICO
SOCIAL
• Interação geneXambiente e reatividade
neural no desenvolvimento de transtornos
psiquiátricos
Caspi A & Moffit. Nature, 2008.
Modelo de início do TB
Ambiente
Genes reguladores
de resiliência de
estressores de vida
Reatividade do substrato
neural
Episódios de
Humor
Genes reguladores
da resiliência aos
estressores
celulares
Kapczinski et al, 2008.
Modelo de interação Gene X Ambiente do TB
Ambiente
Genes reguladores
da resiliência aos
estressores de vida
Reatividade do substrato
neural
Episódios de
Humor
Genes reguladores
da resiliência aos
estressores
celulares
Kapczinski et al, 2008.
Epigenética
INFORMAÇÃO
GENÉTICA
PROTEÍNAS
FUNCIONAIS
DNA → (Transcrição) → RNA → (Tradução)→Proteína
McClung & Nestler, 2008
McClung & Nestler, 2008
Alteração da carga alostática em DQ e TB
Kapczinski F, Vieta E, Andreazza AC, Frey B, Kauer-Sant’Anna M, Gomes F, Grassi R,
Tramontina JF, Post R. Allostatic load and bipolar disorder. NERE, 2008.
• Introdução
• Transtorno Bipolar
• Interface Dependência Química e
Transtorno Bipolar
• Tratamento
• Mais informações
Princípios Gerais
• Promover abstinência e
• Prevenção de recaída
Psicossocial
Comportamental
Tratar
Comorbidades
• A maioria dos pacientes com Transtorno Bipolar –
incluindo aqueles com a forma mais grave - podem
obter uma melhora substancial das alterações do
humor com o tratamento adequado
• É uma doença crônica, sendo recomendado tratamento
preventivo a longo prazo
• O melhor manejo é atingido com a combinação de
tratamento medicamentoso e psicossocial
• Podem ocorrer alterações do humor mesmo ao uso de
medicações, mas estas crises são mais facilmente
controladas e de menor intensidade
Sachs GS, Thase ME. Biol Psychiatry, 2000.
Huxley NA et al. Harvard Review of Psychiatry, 2000.
Avaliação
Avaliação
Segurnaça
Avaliação
Sinais e
Sintomas
Cuidado
Colaboração
Aliança
Relação
Exame
Médico
com a
família
Ttos
Necessários
Educação e
evidências
Tratamento
Tto
Mania Aguda
‘ACC’
Ciclagem
Rápida
Episódios
Mistos
Tto
Manutenção
Tto
Depressão
‘PFF’
Malhi et al. Acta Psychiatr Scand, 2009.
Utilidade clínica do tratamento de manutenção
Malhi et al. Acta Psychiatr Scand, 2009.
• Algumas outras medicações são adicionadas
quando necessárias, geralmente por curtos
períodos, para tratar depressão ou mania
Antidepressivos: fluoxetina, paroxetina, sertralina, bupropiona,
venlafaxina, mirtazapina, citalopram, escitalopram, duloxetina, etc.
Benzodiazepínicos: rivotril, diazepam, bromazepam, etc.
Antipsicóticos: haloperidol, risperidona, clorpromazina, quetiapina,
clozapina, olanzapina, levomepromazina, quetiapina, etc
MANIA
DEPRESSÃO
Lítio, divalproato, olanzapina, risperidona,
quetiapina, aripiprazol, ziprasidona
Lítio ou divalproato + risperidona
Lítio ou divalproato + quetiapina
Lítio ou divalproato + olanzapina
Lítio, lamotrigina
Lítio ou divalproato + ISRS
Olanzapina + ISRS
Lítio + divalproato
Lítio ou divalproato + bupropiona
CANMAT guidelines for bipolar disorder. Bipolar Disorders, 2008
Considerações finais
• PESQUIS BIPOLAR - www.pesquisabipolar.com.br
• GRUDA – Grupo de Estudos de Doenças Afetivas –
FMUSP www.hcnet.usp.br
• Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e
Bipolares www.admd.pt (Portugal)
• International Society for Bipolar Disorder
www.isbd.org
• Depression and Bipolar Support Alliance
www.dbsalliance.org/ (Estados Unidos)
[email protected]
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