primeira_guerra_mundial

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“Somente aqueles que nunca deram um tiro,
nem ouviram os gritos e os gemidos dos feridos,
é que clamam por sangue, vingança e mais desolação.
A guerra é o inferno.”
( Gen. William T. Sherman )
O imperialismo foi uma etapa da
expansão mundial do capitalismo.
A partir do século XIX, sobretudo as
grandes potências industriais da época –
Inglaterra, França e Alemanha –
adotaram uma política de expansão e
domínio das regiões não industrializadas
do planeta, em especial na Ásia e na
África. Essas regiões foram exploradas
de acordo com o interesse da burguesia
e dos Estados europeus, criando
problemas sociais, políticos e
econômicos que duram até hoje.
Rivalidade anglo-alemã: A rivalidade entre a
Alemanha e a Inglaterra teve origem na competição
industrial e comercial. Após a unificação, a Alemanha
Passou a disputar mercados com os ingleses e se
transformou em uma das maiores potências da Europa
Rivalidade franco-alemã: Em 1871, a França foi obrigada
a ceder a Alsácia-Lorena (região rica em carvão e ferro) ao
recém unificado Império Alemão, após a derrota francesa
na Guerra Franco-prussiana, conforme previa o Tratado de
Frankfurt em 1871. Logo nasceu na França a idéia de
vingança, de revanche (o Revanchismo Francês), com o
objetivo de recuperar Alsácia-Lorena e vingar a derrota na
guerra.
Política de alianças: Por meio de acordos econômícos, políticos
e militares, dois blocos opostos foram criados: a Tríplice Aliança,
formada por Alemanha,Império Austro-Hungaro e Itália, também
conhecidos como Império Centrais,e a Tríplice Entente, por
Rússia, França e Grã-Bretanha. Esse sistema de blocos tornouse uma bomba relógio quando as tensões entre os países
tonaram-se incontroláveis.
Corrida armamentista: Os anos anteriores à eclosão da guerra em 1914
receberam o nome de Paz Armada porque a indústria bélica aumentou
consideravelmente os seus recursos, produzindo novas tecnologias para
a guerra. Além disso, quase todas as nações européias adotaram o
serviço militar obrigatório, incentivando assim o sentimento nacionalista e
militarista.
Rivalidade austro-russa: A Rússia desejava dominar o Império TurcoOtamano, a fim de obter uma saída para o mar Mediterrâneo, e, também,
controlar a península Balcânica. Para justificar esse expansionismo, criou
o pan-eslavismo movimente político segundo o qual a Rússia tinha o
"direito" de defender e proteger as pequenas nações eslavas da
península Balcânica.
Nacionalismo da Sérvia: Á Sérvia era uma pequena nação eslava
independente, situada na região dos Bálcãs. O seu objetivo era reunir
todos os povos eslavos em um só Estado. O projeto sérvio contrariava os
interesses da Áustria e da Turquia.A Rússia era aliada da Sérvia. Os
alemães, também interessados na região, pretendiam construir a ferrovia
Berlim-Bagdá para ter acesso direto ao petróleo da Mesopotâmia (atual
Iraque), acabando com a primazia dos ingleses.
Exacerbação do nacionalismo: O período que antecedeu
a Primeira Guerra Mundial foi marcado por uma
exacerbação do nacionalismo. As potências, de modo geral,
cultivavam um discurso e uma mentalidade baseados em
suas glórias militares, no poder bélico e na supremacia
nacional.
Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando,
herdeiro do Império Austro-Húngaro e sua esposa Sofia foram
assassinados em Sarajevo, capital da Bósnia por Gavrilo Princip,
membro da Jovem Bósnia, grupo terrorista que almejava a
unificação da "Terra dos Eslavos do Sul" (Iugoslávia). Tal evento
serviu como pretexto para o início da Primeira Guerra Mundial. O
assassinato desencadeou uma série de eventos e declarações
que acionaram o mecanismo mortal da Política de Alianças.
Primeira Fase: (1914). O estado-maior do exército alemão pôs em prática o
Plano Schlieffen, tática ofensiva e defensiva que movimentava o exército em
duas frentes: a ocidental, contra a França, e a oriental, contra a Rússia.
A primeira fase da guerra ficou conhecida como guerra de movimento, devido
à agilidade do ataque alemão. Após invadir a Bélgica, em setembro de 1914, os alemães
estavam a 70 km de Paris.
Os franceses contra-atacaram e, na Primeira Batalha do Marne, em setembro de 1914,
conseguiram deter o avanço alemão.
Segunda Fase: (1915-1916) Na frente ocidental, essa fase foi marcada pela guerra de trincheiras:
os exércitos defendiam suas posições utilizando-se de uma extensa rede de trincheiras que eles
próprios cavavam. Enquanto isso, na frente oriental, o exército alemão impunha sucessivas derrotas
ao mal-treinado e muito mal-armado exército russo. Apesar disso, entretanto, não teve fôlego para
conquistar a Rússia. Em 1915, a Itália, que até então se mantivera neutra, traiu a aliança que fizera
com a Alemanha e entrou na guerra ao lado da Tríplice Entente. Ao mesmo tempo que foi se
alastrando, o conflito tornou-se cada vez mais trágico. Novas armas, como o canhão de tiro rápido,
o gás venenoso, o lança-chamas, o avião e o submarino, faziam um número crescente de vítimas.
A Guerra de Trincheiras marcou a segunda fase da Primeira Guerra Mundial. Foi a fase mais sangrenta,
onde se verificava as piores condições humanas de sobrevivência em um campo de batalha. Milhares de
soldados permaneciam durante meses dentro desses túneis que eram interconectados formando uma rede
de defesa dos exércitos. Apesar das trincheiras defenderem contra tiros de rifles e metralhadoras, não
tinham muito sucesso contra projéteis de artilharia. As condições de sobrevivência eram as piores
possíveis. Quando os soldados cavavam as trincheiras em regiões perto do mar, acabavam encontrando
água no meio do processo, o que deixava o terreno permanentemente tomado por lama. Em ocasião de
chuva, a situação se intensificava, os túneis ficavam inundados e os soldados tinham que lutar, comer e
dormir encharcados. A lama evitava que se mantivessem aquecidos e o cheiro de mortos era constante.
Pela presença de muitos cadáveres em decomposição, apareciam muitos ratos em busca de alimentação
e o quadro geral se tornava muito propício à morte.
Entre trincheiras inimigas havia um espaço de aproximadamente 200 metros de distância, no qual jaziam
muitos mortos ou feridos que esperavam por socorro. Entretanto só era possível que as equipes de resgate
saíssem à noite para tentar salvar algum combatente, o que costumava ser tarde demais. Ainda nas
trincheiras, os soldados se alimentavam com carnes e vegetais enlatados ou biscoitos. Em um momento
único, no primeiro Natal depois de iniciada a Guerra de Trincheiras, os soldados cessaram os ataques e
saíram das trincheiras para se cumprimentarem. Mas o grande número de mortos que viria em seguida e o
elevado índice de estresse causado pelo combate aumentaram o ódio entre os combatentes, impedindo que
algo parecido ocorresse novamente.
Depoimentos de soldados sobreviventes da Primeira Guerra Mundial
"O odor fétido nos penetra garganta a dentro ao chegarmos na nossa nova trincheira, a direita
dos Éparges. Chove torrencialmente e nos protegemos com o que tem de lonas e tendas de
campanha afiançadas nos muros da trincheira. Ao amanhecer do dia seguinte constatamos
estarrecidos que nossas trincheiras estavam feitas sobre um montão de cadáveres e que as
lonas que nossos predecessores haviam colocado estavam para ocultar da vista os corpos e
restos humanos que ali haviam." - Raymond Naegelen, na região de Champagne .
"Pela manhã, quando ainda está escuro, há um momento de emoção: pela entrada do nosso
abrigo precipita-se uma turba de ratos fugitivos, que trepam por toda a parte a longo das
paredes. As lâmpadas de algibeira alumiam este túmulo. Toda a gente grita, pragueja e bate nos
ratos. Descarregam-se, assim, a raiva e o desespero acumulados durante numerosas horas. As
caras estão crispadas, os braços ferem, os animais dão gritos penetrantes e temos dificuldades
em parar, pois estávamos prestes a assaltar-nos mutuamente." E. M. Remarque
"Perdemos todo o sentimento de solidariedade. Mal nos reconhecemos quando a nossa
imagem de outrora cai debaixo do nosso olhar de fera perseguida. Somos mortos insensíveis
que, por um estratagema e um encantamento perigoso, podemos ainda correr e matar." - E. M.
Remarque
"Secam as fontes e os rios, ardem as searas e a nossa casa e as árvores nuas amaldiçoam o
céu, sem sabermos porquê. Morrem os jovens antes de se amarem e os poetas com os
poemas inacabados e as crianças olhando espantadas para o céu, sem saberem
porquê. Um vento noturno deixou insepultos ventres e seios e desejos de
maternidade nunca realizados, e secou risos e cantares subindo para o céu, sem sabermos
porquê. Andam as guerras pelo mundo: somente possuímos uma voz, uma voz e essa voz
não se calará e nós sabemos porquê!" Tomaz Kim, Campo de Batalha
Terceira fase: (1917-1918). Em 1917, primeiro ano dessa
nova fase, ocorreram dois fatos decisivos para o desfecho
da guerra: a entrada dos Estados Unidos no conflito e a
saída da Rússia. Os Estados Unidos entraram na guerra
ao lado da Inglaterra e da França. Esse apoio tem uma
explicação simples: os americanos tinham feitos grandes
investimentos nesses países e queriam assegurar o seu
retorno. Outras nações também se envolveram na guerra.
Turquia e Bulgária juntaram-se à Tríplice Aliança,
enquanto Japão, Portugal, Romênia, Grécia, Brasil,
Canadá e Argentina colocaram-se ao lado da Entente.
A saída da Rússia da guerra está relacionada à revolução socialista ocorrida em seu território
no final de 1917. O novo governo alegou que a guerra era imperialista e que o seu país tinha
muitos problemas internos para resolver. A Alemanha, então, jogou sua última cartada,
avançando sobre a França antes da chegado dos norte-americanos à Europa. Entretanto, os
alemães foram novamente detidos na Segunda Batalha do Marne e forçados a recuar. A
partir desse recuo, os países da Entente foram impondo sucessivas derrotas aos seus
inimigos. A Alemanha ainda resistia quando foi sacudida por uma rebelião interna, que forçou
o imperador Guilherme II a abdicar em 9 de novembro de 1918. Assumindo o poder
imediatamente, o novo governo alemão substituiu a Monarquia pela República. Dois dias
depois rendeu-se, assinando um documento que declarava a guerra terminada.
Carro blindado inglês
Blindado alemão
Blindado alemão
Blindado inglês
Blindado alemão
A Conferência de Paz de Paris foi aberta em 18 de janeiro de 1919 com a presença de
70 delegados representando a coligação dos 27 países vitoriosos na I Guerra Mundial
mas foi politicamente dominada pelos chamados "Quatro Grandes", Estados Unidos,
Reino Unido, França e Itália.
O principal documento produzido pela conferência foi o Tratado de Versalhes, assinado
em 28 de junho de 1919, que definia os termos da paz com as nações derrotadas.
A conferência foi encerrada em 20 de janeiro de 1920, mas os termos do Tratado de
Versalhes, provocaram grande mal estar e ressentimento na Alemanha.
Algumas disposições do Tratado de Versalhes:
Art. 45 – determinava que a Alemanha cederia o território do Sarre, rico em minas de carvão, por
um prazo de quinze anos à França.
Art. 51 – estabelecia que a Alsácia e a Lorena voltariam à posse dos franceses.
Art. 102 – determinava que a cidade de Dantzig era considerada cidade livre e administrada pela
Liga das Nações.
Art.119 – determinava que todas as colônias alemãs passariam às mãos dos aliados.
Art. 160 – estabelecia a quantidade máxima de tropas que a Alemanha poderia manter. No geral,
só poderia ter 100 mil soldados voluntários.
Art. 168 – qualquer fabricação de armamentos deveria ter a aprovação dos aliados.
Art. 198 – determinava que a Alemanha não poderia ter aviação nem marinha militar.
Art. 231 – estabelecia o reconhecimento da culpa dos alemães pela guerra e por todas as perdas
e danos dos aliados.
No tratado foi criada uma comissão para determinar a dimensão precisa das reparações que a
Alemanha tinha de pagar. Em 1921, este valor foi oficialmente fixado em 33 milhões de dólares.
Além das terríveis perdas humanas e danos ambientais, a guerra causou grandes
mudanças em todo o mundo.
> De credores, os países europeus passaram a devedores, assumindo uma dívida de cerca
de 10 bilhões de dólares com os Estados Unidos, que se tornaram, assim, a principal
potência mundial.
> Na Rússia, a tomada do poder pelos Bolcheviques tornou-se uma referência para o
movimento operário e socialista mundial. Tanto que, na década de 1920, partidos comunistas
surgiram em vários paises, inclusive no Brasil.
> O recrutamento de homens para os combates permitiu também uma participação maior
das mulheres no mercado de trabalho .
> Formaram-se governos autoritários na Europa, fortemente militarizados e caracterizados
por um extremo nacionalismo.
> Com o fim dos impérios Alemão, Austro-Húngaro e Turco-Otomano, surgiram novos
países na Europa: Áustria, Hungria, Tchecoslováquia e Iugoslávia. Com o fim do Império
Russo, formaram-se , além da Rússia soviética, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e
Polônia.
> A Alemanha, derrotada, e a Itália, vencedora, com graves problemas econômicos e sociais
ao fim da guerra, iriam criar ambientes favoráveis á eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Não é raro ouvimos a frase acima, pois as idéias do médico Sigmund Freud (18561939), pai da psicanálise, se popularizaram de tal forma que conceitos como a
influência o inconsciente sobre o consciente, a sexualidade como base das neuroses,
repressão e transferência já se incorporaram à cultura ocidental. Influenciado pela
Primeira Guerra Mundial, Freud lança o livro Mal-estar na civilização, no qual explicita
uma visão pessimista sobre a natureza do homem: além de ser guiada por instintos (e
não pela razão), a essência humana seria má e agressiva por natureza. Esses instintos
só seriam disciplinados pela civilização e seus métodos de controle (família, escola,
Igreja e polícia). Ainda assim, os instintos humanos seriam irresistíveis e a Grande
Guerra, a maior prova de nossa perversidade. Na Europa pós-guerra, o clima de
descrença na ciência e no progresso humano criou a idéia de que o mundo jamais seria
o mesmo novamente
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