A noção de sujeito apresentada pela gramática tradicional causa bastante polêmica entre os estudiosos da língua, haja vista sua superficialidade e lacunas. Este é um dos conceitos que figura em gramáticas normativas: Sujeito: é o termo da oração que funciona como suporte de uma afirmação feita através do predicado. Predicado: é o termo da oração que, através de um verbo, projeta alguma afirmação sobre o sujeito. Alguns exemplos: Eu adoro filme de terror. Os meus primos chegaram de viagem. Chegaram hoje à tarde as minhas cartas. Hoje João e seus amigos jogaram futebol a tarde inteira. Doces e frituras prejudicam a saúde. Por tantas empresas ele foi à procura de emprego. Classificação do sujeito • • • • • Simples Composto Determinado Indeterminado Inexistente (Oração sem sujeito) SUJEITO SIMPLES: É aquele que tem um só núcleo. Eu adoro filme de terror. Os meus primos chegaram de viagem. A avó de Sofia adora livros. SUJEITO COMPOSTO: É aquele que tem dois ou mais núcleos. Hoje João e seus amigos jogaram futebol a tarde inteira. Doces e frituras prejudicam a saúde. O sol, o céu e o mar fizeram companhia à jovem em sua viagem. SUJEITO SIMPLES CLARO OU SUJEITO SIMPLES DESINENCIAL OU IMPLÍCITO: Exemplo 1: Eu quero um celular novo. Quero um celular novo. Exemplo 2: Nós visitamos o museu da cidade. Visitamos o museu da cidade. Exemplo 3: Nós desejamos um bom Natal Desejamos um bom Natal. O sujeito pode ser determinado pelo contexto A rua estava cheia de gente. Era estreita e bem arborizada. Os meninos jogavam futebol em frente à casa de Seu José. Gritavam a cada gol feito. OBSERVAÇÃO: A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) só admite a seguinte classificação do sujeito: simples, composto, indeterminado e inexistente. Assim, o sujeito oculto seria apenas uma subdivisão do sujeito simples. (FARACO & MOURA) (PUC) "Em 1949 reuniram-se em Perúgia, Itália, a convite da quase totalidade dos cineastas italianos, seus colegas de diversas partes do mundo." O núcleo do sujeito de "reuniram-se" é: a) cineastas b) convite c) colegas d) totalidade e) se SUJEITO INDETERMINADO: Classifica-se como sujeito indeterminado aquele que existe, mas não pode ser determinado (identificado), nem pela terminação do verbo nem pelo contexto. O SUJEITO INDETERMINADO OCORRE NOS SEGUINTES CASOS: Com verbos na terceira pessoa do plural, conjugados em qualquer tempo, em orações em que não haja nenhum sujeito claro. Não leram o manual de instrução. Invadiram a sala de aula. Prenderam mais um suspeito do roubo. Tocaram a campainha. Fizeram a pesquisa. Comentaram muito esta notícia. Pelo avesso (Composição: Sérgio Britto) Vamos deixar que entrem Que invadam o seu lar Pedir que quebrem Que acabem com seu bem-estar Vamos pedir que quebrem O que eu construí pra mim Que joguem lixo Que destruam o meu jardim Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a falta de futuro Eu quero a mesma humilhação - a falta de futuro Vamos deixar que entrem Que invadam o meu quintal Que sujem a casa E rasguem as roupas no varal Vamos pedir que quebrem Sua sala de jantar Que quebrem os móveis E queimem tudo o que restar Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a falta de futuro Eu quero a mesma humilhação - a falta de futuro Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a falta de futuro O mesmo desespero Com verbos intransitivos na terceira pessoa do singular, com a partícula se: Lê-se muito nesta escola. Conversava-se pouco naquela casa. Dorme-se mal por lá porque faz muito calor. Com verbos transitivos indiretos na terceira pessoa do singular, com a partícula se: Precisa-se de ajudantes. Necessita-se de profissionais experientes. Trata-se de uma doença rara. OBSERVANDO O CONTEXTO DA ORAÇÃO: Os assaltantes entraram pela porta lateral do banco. Depois, renderam os funcionários e tomaram o gerente como refém. SUJEITO INDETERMINADO x SUJEITO DESINENCIAL / IMPLÍCITO / OCULTO: Sujeito desinencial: não aparece claramente na oração, mas pode ser identificado pela terminação do verbo e/ou pelo contexto. Sujeito indeterminado: não aparece claramente na oração e não pode ser identificado. MAIS UM EXEMPLO: “O povoamento destas terras só começou há 100 anos. A partir daí, as cidades mudaram pouco. Parecem as mesmas do tempo dos pioneiros”. ORAÇÕES COM VERBOS QUE INDICAM FENÔMENOS DA NATUREZA Quando uma nuvem fica muito pesada, chove. Tem chovido pouco nos últimos anos. Anoitece mais tarde no verão. Quando os verbos se relacionam a fenômenos da natureza ou a tempo, é possível afirmar que não existe sujeito. Neste caso, afirma-se que o sujeito é inexistente ou que a oração é sem sujeito. O verbo é conjugado sempre na 3ª pessoa do singular. ORAÇÕES COM VERBOS FAZER E HAVER INDICANDO TEMPO DECORRIDO: Faz dois anos que moro nesta cidade. Faz três anos que iniciamos o plantio. Havia semanas que pesquisávamos distribuição da água no planeta. a Quando os verbos “fazer” e “haver” indicam tempo decorrido, eles são impessoais, e as orações em que aparecem também são orações sem sujeito. ORAÇÕES COM VERBO HAVER NO SENTIDO DE EXISTIR: Antigamente, havia uma praça aqui. Havia muitas crianças na praça Houve um comício e toda a escola compareceu. Houve problemas na reunião. O verbo “haver”, quando é sinônimo de existir ou acontecer, é impessoal. Neste caso, o sujeito será inexistente. ORAÇÕES COM VERBO SER INDICANDO DISTÂNCIA OU TEMPO: Daqui a São Paulo, são cem quilômetros. Eram dez horas quando terminamos a pesquisa. Quando o verbo “SER” indica distância ou tempo, também é impessoal e as orações em que ele se encontra são orações sem sujeito. Basta e chegar indicando ordem ou comando Basta de dúvidas! Chega de conversa! Chega de políticos desonestos! Basta de salário baixo! (FMU) Há crianças sem carinho / Disseram-me a verdade / Construíram-se represas. Os sujeitos das orações acima são, respectivamente: a) inexistente, indeterminado, simples b) indeterminado, implícito, indeterminado c) simples, indeterminado, indeterminado d) inexistente, inexistente, simples e) indeterminado, simples, inexistente OS PREDICADOS PODEM SER DE TRÊS TIPOS: PREDICADO VERBAL; PREDICADO NOMINAL e PREDICADO VERBO-NOMINAL. PREDICADO VERBAL: Quando o predicado traz um verbo como núcleo. De grão em grão, a galinha enche o papo. Deus ajuda quem cedo madruga. O menino plantou uma árvore. O bebê chorou a noite inteira. PREDICADO NOMINAL: Quando o núcleo do predicado não é um verbo, ou seja, a declaração que se faz sobre o sujeito não está contida no verbo, mas sim num nome (substantivo ou adjetivo) que vem na sequência do verbo. Mariana está doente. João anda animado com a compra da casa nova. A menina parecia emocionada ao ver o filme. Papai andava preocupado nos últimos tempos. PREDICADO VERBO-NOMINAL: É quando o predicado tem dois núcleos: um núcleo verbal e outro núcleo nominal. Mariana chegou atrasada na escola. O chefe do trem saiu preocupado. O bebê acordou assustado O menino entrou animado na sala. ESTRUTURA DA ORAÇÃO COM PREDICADO VERBO-NOMINAL: JOÃO CHEGOU SATISFEITO. Sujeito VI Predicativo do sujeito A MOÇA LEU A CARTA SORRIDENTE. Sujeito VTD OD Predicativo do sujeito NÓS CONSIDERAMOS A PROVA FÁCIL. Sujeito VTD OD Predicativo do objeto. 1. (FCMPA-MG) Assinale a alternativa em que apareça predicado verbo- nominal: a) A chuva permanecia calma. b) A tempestade assustou os habitantes da vila. c) Paulo ficou satisfeito. d) Os meninos saíram do cinema calados. e) Os alunos estavam preocupados. 2. Considere a seguinte oração: Todos os professores o consideram inteligente. Assinale a alternativa errada: a) Todos os professores é o sujeito. b) O predicado da oração é verbo-nominal. c) O é o objeto direto. d) Inteligente é predicativo do objeto. e) Consideram é verbo de ligação. 3. (UNIMEP-SP) I - Paulo está adoentado. II - Paulo está no hospital. a) O predicado é verbal em I e II b) O predicado é nominal em I e II c) O predicado é verbo-nominal em I e II d) O predicado é verbal em I e nominal em II e) O predicado é nominal em I e verbal em II. 4. (F-ARARAQUARA) O professor entrou apressado. O destaque indica: a) predicado nominal b) predicado verbo-nominal c) predicado verbal d) frase nominal