Martin Heidegger Introdução à Metafísica

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Martin Heidegger
Introdução à Metafísica
Filosofar significa investigar:
“Por que há simplesmente o
ente e não antes o Nada?”.
FILOSOFIA
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Investigar realmente essa
questão significa: tentar
ousadamente esgotar a força de
investigações o inesgotável
dessa questão, revelando aquilo
que ela impõe a investigar.
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Onde qualquer coisa de
semelhante ocorrer, há
filosofia.
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(...) Toda questão essencial da
filosofia acha-se necessariamente
fora de seu tempo. Por duas
razões principais. Ou porque a
filosofia se projeta para muito
além da atualidade.
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Ou então, porque faz remontar
a atualidade a seu passadopresente originário.
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Como quer que seja, o filosofar é
e permanecerá sempre um saber,
que não só não se deixa moldar
pela medida do tempo, mas ainda
submete o tempo à sua própria
medida.
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(...) Por isso também a filosofia
não é um saber, que, à maneira
de conhecimentos técnicos e
mecânicos se possa aprender
diretamente ou,
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como uma doutrina econômica e
formação
profissional,
se
possa aplicar imediatamente e
avaliar de acordo com sua
utilidade.
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Todavia, o que é inútil, pode ser,
e justamente o inútil, uma
força. O que desconhece toda
ressonância
imediata
na
prática de todos os dias,
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pode
estar
em
profunda
consonância com o que
propriamente acontece na
História de um povo.
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Pode até mesmo ser a sua
sonância e prenúncio. O
se acha fora do tempo,
seu próprio tempo. É o
vale da filosofia.
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préque
terá
que
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E é essa razão de não se poder
estatuir de per si e em geral a
missão da filosofia e por
conseguinte também, o que
dela é de se esperar.
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Cada estádio e cada princípio de
seu
desenvolvimento
traz
consigo
sua
própria
lei.
Somente, o que a filosofia não
pode ser nem pensar, pode-se
dizer.
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(...) Toda forma essencial do
espírito é sempre ambígua.
Quanto mais for incomparável
com qualquer outra coisa,
tanto maior será o índice de
sua incompreensão.
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A filosofia é uma das poucas
necessidades
autônomas,
criadoras
e,
às
vezes,
necessárias
da
existência
Histórica do homem.
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As incompreensões correntes da
filosofia
são
inúmeras.
Ademais, umas mais, outras
menos, todas elas sempre
acertam em alguma coisa.
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Aqui serão nomeadas duas,
importantes para se esclarecer
a situação atual e futura da
filosofia.
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A primeira consiste em se
sobrecarregar em demasia a
Essencialização da filosofia. A
outra se refere a uma distorção
do sentido de seu esforço.
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Considerada em bloco, a filosofia
sempre
visa
os
primeiros
fundamentos do ente, mas de tal
sorte, que o homem experimenta,
sobretudo quanto a seu próprio
ser,
uma
interpretação
e
orientação.
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Daí facilmente se fazer larga a
impressão de que a filosofia podese e deve-se proporcionar à
existência e época histórica atual e
futura do povo os fundamentos, em
que se construirá então a cultura.
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Com semelhantes esperanças e
pretensões,
todavia,
se
sobrecarregam
as
possibilidades
e
a
Essencialização da filosofia.
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Às mais das vezes o excesso
dessas
exigências
se
apresenta na forma de uma
deficiência por parte da
filosofia.
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Diz-se por exemplo: deve-se
rejeitar a metafísica, porque
não colaborou na preparação
da revolução.
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Isso
é
exatamente
tão
espirituoso, como se alguém
dissesse: porque não se pode
voar com um torno, há que se
destruí-lo. (...)
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O que ao contrário, a filosofia pode e tem
que se por Essencialização, é outra
coisa: qual seja, a manifestação pelo
pensamento dos caminhos e das
perspectivas de um saber, que instaure
critérios e hierarquias.
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Fundado nesse saber e a partir
dele um povo concebe e
realiza plenamente a sua
existência no mundo Histórico
do espírito.
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Trata-se daquele saber, que
acende, ameaça e impele toda
investigação e avaliação.
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