Profa. Me. Gilcele Berber O que eles têm em comum ? O que elas têm em comum ? MICROBIOLOGIA CAVIDADE ORAL 700 ESPÉCIES DE MICRORGANISMOS DETECTADOS 1010 MICRORGANISMOS NA BOCA 56 GÊNEROS BACTERIANOS A colonização microbiana começa no nascimento A microbiota oral na saúde e na doença Relação harmoniosa com o hospedeiro Patógenos Oportunistas FATORES DE SELEÇÃO Distúrbios que perturbam a estabilidade da microbiota Ex. Tratamento com antibióticos Presença de bactérias em locais normalmente não acessíveis Ex. Após extração dentária MICROBIOLOGIA VIAS DE ACESSO DOS MICRORGANISMOS Em condições normais, o ESMALTE e o CEMENTO protegem e isolam a dentina e a polpa da agressão bacteriana. Desequilíbrios Incluem: Cárie dentária: Doenças Periodontais; VIAS DE ACESSO DOS MICRORGANISMOS CÁRIE DENTAL ENDODONTIA FOP/UNICAMP A via mais comum de contaminação é a CÁRIE DENTAL, induzindo respostas inflamatórias que podem causar danos à polpa. SOMMER 2006 GOMES, 2002. CÁRIE DENTAL ROCHA-LIMA AC 2006. TÚBULOS DENTINÁRIOS Os túbulos dentinários percorrem toda a extensão da dentina. Apresentam formato cônico, com maior diâmetro próximo à polpa. CÁRIE DENTAL TÚBULOS DENTINÁRIOS 7.5 GLÓBULO VERMELHO 1 Staphylococcus spp. Adaptado de GOMES 2002. Os microrganismos capazes de colonizar os canais radiculares possuem o tamanho aproximado de 1/3 do diâmetro dos túbulos dentinários. GOMES et al, 1996. BERBER VB, 2004. TÚBULO DENTINÁRIO 3 ECOLOGIA BUCAL 11 Ecologia Bucal Ecologia é o estudo da inter-relação dos seres vivos com o seu ambiente. 12 Ecologia Bucal As superfícies do nosso organismo são colonizadas por microrganismos, mesmo quando em estado de saúde, os quais constituem a microbiota da região. 13 Ecologia Bucal Os ecossistemas são constituídos por dois fatores: - fatores abióticos - fatores bióticos 14 Ecologia Bucal fatores abióticos: constituídos pelo habitat. 15 Ecologia Bucal Na cavidade bucal é representado pelas estruturas anatômicas da região, incluindo mucosas de revestimento, dentes e sulco gengival; além da temperatura, umidade, pH e Eh (potencial de oxidorredução). 16 Ecologia Bucal fatores bióticos: constituídos pelo microrganismos que vivem no habitat. SEM picture taken at University at Buffalo 17 Ecologia Bucal Os ecossistemas microbianos são inicialmente colonizados por um número limitado de espécies, porque o habitat apresenta determinadas condições que seletivamente as favorece. 18 Ecologia Bucal A presença de algumas espécies altera o habitat, propiciando, ou por vezes impedindo, a colonização por outras espécies bacterianas. 19 Ecologia Bucal Microbiota normal do organismo 20 Ecologia Bucal Poucas regiões do não apresentam como exemplo laringe, o cérebro internos. organismo bactérias, temos a e órgãos 21 Ecologia Bucal A microbiota é classificada em três grupos: Microbiota residente ou indígena Microbiota transitória ou adventícia Microbiota suplementar 22 Ecologia Bucal Microbiota residente ou indígena: representada por um grupo relativamente fixo de microrganismos encontrados numa área em determinada idade e que, quando alterada, prontamente se recompõe. 23 Ecologia Bucal É também chamada de microbiota permanente ou normal. 24 Ecologia Bucal temperatura, umidade, fatores nutritivos substâncias inibitórias. 25 Ecologia Bucal Microbiota transitória ou adventícia: consiste em microrganismos nãopatogênicos, ou potencialmente patogênicos que habitam a pele ou a mucosa durante horas, dias ou semanas. 26 Ecologia Bucal Os microrganismos transitórios são geralmente de pouca importância, desde que a microbiota residente permaneça íntegra. 27 Entretanto, se a microbiota residente for alterada, microrganismos transitórios podem proliferar e produzir doença. 28 Ecologia Bucal Microbiota suplementar: são espécies bacterianas que estão sempre presentes, porém em baixo número, e que podem aumentar, caso ocorram alterações no meio ambiente. 29 Ecologia Bucal Os lactobacilos que são encontrados em pequeno número no biofilme dental, em presença de sacarose, aumentam em número, podendo tornarem-se predominantes. 30 Ecologia Bucal Participação da microbiota no organismo 31 Ecologia Bucal Animais assépticos (germ-free), mantidos em laboratórios com alimentação estéril e em ambiente totalmente esterilizado, conseguem sobreviver, demonstrando que a microbiota não é um fator indispensável para a sobrevivência. 32 Ecologia Bucal Embora não seja indispensável, a microbiota colabora com o organismo nos seguintes aspectos: 33 Ecologia Bucal Nutrição do hospedeiro através das digestão de alimentos e síntese de vitaminas por bactérias do intestino(vitamina K, pirodoxina, biotina, ácido nicotínico, ácido pantotênico); 34 Ecologia Bucal Estímulo para a elaboração de anticorpos naturais; 35 Ecologia Bucal Mecanismo de antagonismo à instalação de microrganismos patogênicos; 36 Ecologia Bucal Apesar de normalmente a microbiota se apresentar como um fator benéfico para o hospedeiro, em algumas situações pode acarretar efeitos prejudiciais tais como: 37 Ecologia Bucal Alguns microrganismos podem provocar reações de hipersensibilidade contra seus constituintes, como é o caso da camada de lipopolissacarídeos(LPS) da parede celular dos bacilos Gram Negativos. 38 Ecologia Bucal Microrganismos podem, por algum tipo de desequilíbrio, iniciar infecções anaeróbias, endocardite bacteriana subaguda, doença cárie e doença periodontal. 39 Ecologia Bucal endocardite bacteriana subaguda 40 Ecologia Bucal doença cárie 41 Ecologia Bucal Doença periodontal. Nestas infecções endógenas, o agente etiológico pode estar presente no individuo sadio ou doente. 42 Ecologia Bucal Microbiota Bucal 43 Ecologia Bucal Do ponto de vista ecológico, a cavidade bucal é um sistema de crescimento aberto. Isto significa que os nutrientes e os microrganismos são repetidamente introduzidos e removidos deste sistema. capacidade de aderência Dos microrganismos. 44 Ecologia Bucal Algumas bactérias podem conseguir refúgio nos sulcos, fissuras ou espaços interproximais. 45 Ecologia Bucal A microbiota bucal, para efeito de estudos é dividida em três nichos principais: 1) Biolfilme 2) Dorso da língua 3) Sulco Gengival 46 Ecologia Bucal 1) Biofilme Dental 47 2) Dorso da Língua 3)Sulco Gengival. 48 Número de Microrganismos: apenas em torno de 90 espécies são citadas no –” Manual de Sistemática Bacteriológica de Bergey”. Maiden et al(1990) consideram mais de 350 espécies bacterianas presentes na cavidade bucal;destas espécies, aproximadamente 70% são cultiváveis. 49 Ecologia Bucal Aquisição da Microbiota: 50 Ecologia Bucal O feto normalmente é asséptico. 51 Ecologia Bucal O ambiente bucal, ao nascimento, permite a implantação de microrganismos do trato genital da mãe, como lactobacilos, corinebactérias, micrococos, estreptococos, coliformes, leveduras e protozoários. 52 Ecologia Bucal Oito horas após o nascimento vários microrganismos podem ser encontrados; Streptococos salivarius e S. mitior aparecem em maior freqüência, perfazendo 70% dos cultiváveis; 53 Ecologia Bucal No terceiro mês de vida, a microbiota presente na boca de todas as crianças é representada principalmente por Estreptococos, Estafilococos, Pneumococos, lactobacilos e Neisserias; 54 Ecologia Bucal A erupção dos dentes introduz outros habitats como as superfícies lisas, fóssulas e fissuras dos dentes e o sulco gengival; 55 Ecologia Bucal O desenvolvimento de “nichos anaeróbicos”, como resultado de condições redutoras criadas pelos habitantes originais ou por características anatômicas, conduz a uma gradual mudança na microbiota, de aeróbia para anaeróbia-facultativa; 56 Ecologia Bucal Microrganismos, tais como micrococos e Neisseria, são substituídos por Veillonella e Actinomyces; É interessante que crianças sem dentes, que utilizam aparelhos acrílicos para correção de fendas palatinas, podem abrigar Streptococcus. sanguis e S.mutans nas placas. 57 Ecologia Bucal Durante o primeiro ano de vida os Estreptococos representam 70% dos viáveis, sendo o restante representado por Estafilococos, Veillonella e Neisseria; 58 Ecologia Bucal Na idade escolar a microbiota é igual à do adulto, com exceção de espiroquetas e Prevotella, que não são detectadas em todos; 59 Ecologia Bucal Gusberti et al.(1990) relatam que o maior número de microrganismos é observado durante a puberdade; e que ao término deste período, observa-se decréscimo nas contagens totais; 60 Ecologia Bucal Se eventualmente ocorrer a perda dos dentes, observa-se diminuição de estreptococos, lactobacilos, espiroquetas e anaeróbios. 61 Ecologia Bucal Sucessão Bucal Microbiana 62 Ecologia Bucal Existem dois tipos de sucessão, a alogênica e a autogênica. 63 Ecologia Bucal Sucessão Alogênica: é a substituição de um tipo de comunidade por outro, devido a alterações no habitat provocadas por fatores não microbianos. 64 Ecologia Bucal O nascimento é o primeiro dos eventos ambientais que influenciam a sucessão microbiana na cavidade bucal; 65 Ecologia Bucal Outros fatores como o crescimento; erupção e perda dos dentes; mudanças nos hábitos alimentares; restaurações dentárias e colocação de aparelhos ortodônticos; 66 Ecologia Bucal Procedimentos de higiene oral, alterações nos tecidos moles ou duros da cavidade bucal, mudanças hormonais, doenças sistêmicas, uso de drogas locais e sistêmicas, etc. 67 Ecologia Bucal Sucessão Autogênica: ocorre quando a comunidade residente altera o meio de tal forma que é substituída por outras espécies mais adaptadas ao habitat modificado. 68 Ecologia Bucal 69 Ecologia Bucal Fatores Fisiológicos dos Microrganismos 70 Ecologia Bucal Nutrição Microbiana 71 Ecologia Bucal Proveniente da dieta e dos tecidos ou secreções do hospedeiro ou ainda, dos próprios microrganismos que vivem no local; 72 Ecologia Bucal Alguns microrganismos podem usar carboidratos como fonte de energia, enquanto outros podem preferir aminoácidos ou ácidos orgânicos; 73 Ecologia Bucal Fatores de Crescimento Microbiano 74 Ecologia Bucal Presença de Oxigênio 75 Ecologia Bucal O nível de oxidação ou redução é conhecido como potencial redox(Eh), sendo medido por meio eletrométrico e expresso em volts(V) ou milivolts(mV). 76 Ecologia Bucal A obtenção de condições anaeróbicas é facilitada pela morfologia da superfície das estruturas bucais, que limitam a penetração do oxigênio; 77 Ecologia Bucal Temperatura e pH 78 Ecologia Bucal O meio bucal mantém temperaturas favoráveis a microrganismos mesofílicos(25 a 40°C). mesofílicos 79 Ecologia Bucal E variações de pH entre 5,0 e 7,8, que é uma faixa considerada ótima para a maioria dos microrganismos. 80 Ecologia Bucal Mecanismos de Aderência dos Microrganismos Bucais adesivo e não adesivo. 81 Ecologia Bucal Mecanismos Adesiva de Retenção 82 Ecologia Bucal Possibilitam que as bactérias tornemse aderidas à superfície dos tecidos bucais. 83 Ecologia Bucal Glicocálice Bacteriano: É um conjunto de estruturas de natureza polissacarídica que se situam externamente à parede celular das bactérias. 84 Ecologia Bucal Glicocálice Bacteriano 85 Ecologia Bucal Pili ou Fímbrias: são estruturas, geralmente, bastante alongadas para fora do glicocálice e podem, portanto, auxiliar na formação de uma “ponte” que estabelece contato entre as bactérias e a superfície dental. 86 Ecologia Bucal Adesinas: São moléculas encontradas nas bactérias que reconhecem receptores específicos localizados na superfície dental, nas células epiteliais ou na película adquirida do esmalte(PAE); 87 Ecologia Bucal 88 Esquema ilustrando a organização estrutural de uma fímbria, assinalando a presença de moléculas do tipo adesina, situadas na extremidade da estrutura 89 90 Ecologia Bucal Polímeros Bacterianos Extracelulares 91 Ecologia Bucal A formação de polissacarídeos extracelulares(pec)a partir da molécula de sacarose e de outros açúcares, representa importante papel na adesão entre os microrganismos e a estrutura dental 92 93 Ecologia Bucal Polímeros Salivares 94 Ecologia Bucal Microrganismos como o S. mutans, S. sanguis, S.mitior e Actinomyces viscosus agregam-se quando incubados com saliva. 95 Ecologia Bucal Aderência entre microrganismos 96 97 Aderência entre Microrganismos Streptococus mitis, S. sanguis e S. mutans aderem preferencialmente em superfícies duras; 98 Ecologia Bucal Mecanismos não-Adesiva de Retenção 99 Ecologia Bucal Retenção mecânica nas fossas e fissuras dos dentes, lesões de cárie, restaurações sem polimento,sulco gengival e bolsa periodontal, além de particulas alimentares como veículos. 100 Ecologia Bucal Relações entre os Microrganismos 101 Ecologia Bucal Comensalismo Associação na qual uma das espécies é beneficiada, enquanto outras não são afetadas. Exemplos: S. mutans exige para seu crescimento p-aminobenzoato, que é produzido pelo S. sanguis. 102 Comensalismo Prevotella melaninogenica crescendo como colônia satélite de S. aureus em placas de ágar sangue. A P.melaninogenica requer uma substância semelhante à vitamina K, que lhe é fornecida pelo estafilococo. 103 Ecologia Bucal Simbiose Associação entre microrganismos onde ocorre benefício mútuo. 104 Simbiose Exemplo: Os estreptococos produzem ácido láctico, que é consumido pela Veillonella, que por sua vez mantém o pH, possibilitando que os estreptococos continuem crescendo. 105 Complexos de Socransky 106 Ecologia Bucal Sinergismo Relação na qual os microrganismos produzem juntos uma situação que não podem desenvolver se atuarem isoladamente. 107 Sinergismo Exemplo: Infecção de Vincent; associação entre Treponema e Fusobacterium. 108 Ecologia Bucal Antibiose Relação de antagonismo. 109 Antibiose Exemplos: Staphylococcus epidermides produz bacteriocina ativa contra S. mutans. 110 Antibiose Os lactobacilos atuando sobre carboidratos produzem ácidos que inibem o crescimento de microrganismos proteolíticos 111 Antibiose S mutans produz mutacinas que inibem várias bactérias Gram + e algumas Gram -. 112 “No campo da observação, o acaso favorece apenas as meNtes preparadas.” L. Pasteur 113