A GEOGRAFIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO A HEGEMONIA INGLESA. O ARRANQUE DAS POTÊNCIAS EUROPEIAS E DOS ESTADOS UNIDOS INGLATERRA: Do século XIX até à 1ª Guerra Mundial • Manifestações da hegemonia inglesa: - Possuía o maior rendimento per capita; - Era o maior produtor de carvão, ferro fundido, aço; - Londres era o maior entreposto comercial e financeiro do globo; - Possuía a maior frota marítima que possibilitava o controlo do tráfico mundial; • Revelou: - Dificuldades em superar os rivais; - Cansaço na inovação e criatividade; - Perda de competitividade nas técnicas e nos meios de produção; - Menor ousadia dos empresários: peso elevado da mão-de-obra nos custos de produção; - Redução do ritmo de crescimento e na produção. • • • • Era o maior investidor de capitais no estrangeiro, o que possibilitava os lucros necessários para equilibrar a sua balança comercial; Controlava vastos mercados, assegurando desta forma o abastecimento de matérias-primas e o escoamento da sua produção; A “Partilha de África”, na Conferência de Berlim (1884/85), favoreceu a construção de um império africano vastíssimo, ligando o Cabo ao Cairo, e reforçou a sua posição privilegiada de controlo de mercados e locais estratégicos (estreitos, golfos, canais…); Circulação da libra esterlina e títulos bancários ingleses por todo o mundo. • Nas vésperas da 1ª Guerra Mundial manifestava já algum atraso face à Alemanha e aos Estados Unidos, mas ainda era a 1ª potência comercial e financeira do mundo. ALEMANHA • O país encontrava-se fraccionado e, por isso, não pôde acompanhar a 1ª vaga de industrialização. Esta foi mais tardia, embora fulgurante. - A grande arrancada da industrialização ocorreu a partir de 1840 e o crescimento de produção ocorreu após 1870. - A capacidade para uma rápida industrialização alemã foi fruto de uma série de condicionalismos: 1- Riqueza mineira (ferro, carvão); 2- Transformações ocorridas no sector agrícola, novas culturas, abolição do pousio, uma revolução demográfica seguida do movimento de emancipação do campesinato e de um profundo êxodo rural que direccionava este contingente populacional para a indústria; 3- A Zollverein(1), que facilitou o rápido crescimento da rede ferroviária, permitindo a circulação de matérias-primas e dos produtos industriais; 4- Atracção de capitais estrangeiros e importação de tecnologias, que alteraram a organização das empresas; 5- A guerra franco-prussiana, em que a França foi derrotada, de que decorreu a inclusão nos territórios alemães da Alsácia e da Lorena, regiões tradicionalmente francesas, com os seus importantes recursos minerais e têxteis. ESTADOS UNIDOS • - Realizou uma industrialização muito rápida, auxiliada por diferentes factores: Território extenso e progressivamente alargado ao longo do século XIX. Cedência de territórios e de exploração de recursos naturais a particulares. Grande abundância de recursos naturais, o que propiciou a obtenção de riquezas a indivíduos ousados. A fama dos seus recursos, que facilitou o povoamento com a chegada de grandes vagas emigratórias. A grande escassez de mão-de-obra, incentivando as inovações e invenções, a rápida mecanização e a organização do trabalho em novos moldes, mais racionais e científicos. O nível de instrução elevado facilitador do recrutamento de mão-de-obra e da especialização nas indústrias. A necessidade de comunicação entre grandes distâncias, que levou à construção de caminhos –de- ferro, dinamizadores do mercado interno. Uma política aduaneira adequada, facilitando e consolidando a industrialização. A EMERGÊNCIA DO JAPÃO • Até ao século XIX: • Após as amenas relações com Portugal ao longo do século XVI, em que prosperou o cristianismo, o Japão reunificou-se e tornou-se um estado centralizado, com um senhor da guerra, um Xógum. Este xogunato durou até 1867. O cristianismo foi violentamente reprimido no século XVII. O país fechou-se aos contactos com o exterior, proibindo mercadores estrangeiros de comerciarem dentro do Japão. No século XIX, os esforços da Inglaterra e da Rússia para abrir o país ao comércio internacional foram gorados. • A pressão sobre o país aumentou depois da “Guerra do Ópio” (1839/1842), em que a Inglaterra derrotou a China. • Em 1854 uma esquadra americana fez uma demonstração ameaçadora de força. O Japão consentiu em fazer um tratado, o Tratado de Kanagawa, em que era permitido o comércio com os Estados Unidos em dois dos seus portos. Gradualmente os estrangeiros entraram no país, apesar da violenta resistência dos sectores mais conservadores. PERÍODO MEIJI (iluminado) • Marcado pela acção do governo de Mutsu-Hito que procurou ocidentalizar o país e fortalecer o poder do imperador. • Em 1867 acabou o período dos xóguns. O império foi restaurado como uma monarquia absoluta e a capital foi transferida para Tóquio. • O Japão entrou numa nova era, o período Meiji, em que a necessidade e o esforço de uma modernização e renovação tomaram conta do país: - Reestruturou-se o poder político; - Submeteram-se os senhores feudais; - Anulou-se a força dos samurais; - Suprimiram-se os direitos feudais; - Instituiu-se uma monarquia constitucional; - Ocorreu um importante aumento demográfico incentivado pelo poder político. O Estado japonês: a)- Lançou as bases de uma industrialização; b)- Reorganizou as finanças públicas; c)- Criou um sistema monetário e bancário moderno; d)- Assegurou os financiamentos; e)- Comprou equipamentos no estrangeiro; f)- Contratou técnicos estrangeiros e professores; g)- Criou indústrias têxteis (seda), metalúrgicas, vidreiras, navais; h)- Promoveu a construção da rede ferroviária. A Europa e o mundo só repararam na velocidade, profundidade e eficácia da industrialização japonesa quando, no conflito com o império russo, derrotou essa grande potência em 1905. Nas vésperas de 1ª G. G. possuía a sétima frota mundial, derrotara as forças armadas dos czares (1905) e, pelo tratado de Portsmouth, ganhara-lhe a península de Liao-Tung e o sul da ilha Sacalina. A Coreia passou a ser protectorado do Japão, em 1907, e foi anexada em 1910, tendo permanecido na sua posse até 1945.