NA TEORIA O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO DE PIAGET Respeito às regras Para Piaget “Toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras”. Evolução das regras passa por quatro estágios: • Pré-estágio – As crianças de 2 ou 3 anos não têm nenhuma noção dos jogos como instituições em que todos devem seguir certas regras. • Estágio egocêntrico – Crianças entre 4 e 8 anos, estão no estágio egocêntrico. • Estágio da cooperação nascente: Após os 7 ou 8 anos de idade, a criança percebe a necessidade de todas jogarem da mesma maneira, usando as regras. • Estágio da codificação das regras: entre 11 e 14 anos, as crianças estabelecem um código às regras. Piaget conseguiu determinar a evolução da atitude da criança em relação às regras com questões: • Podemos mudar as regras? • As regras sempre foram o que são hoje? • Como começaram? Os três estágios nessa evolução: • As crianças pequenas, seu jogo é individual, mesmo que joguem em presença de outras crianças. • A criança toma conhecimento de que todas as outras jogam de acordo com as regras e superestima sua importância e valor. Piaget chama de “heteronomia” esse exagerado respeito pelas regras. • As crianças maiores, ao interagir com outras, aprendem a cooperar. Estágios da evolução do julgamento moral Primeiro estágio: realismo moral (moralidade de repressão ou moralidade heterônoma) • a obediência a qualquer regra é considerada desejável; • A lei deve ser obedecida ao pé da letra, e não pela interpretação que lhe damos; • As ações devem ser avaliadas com relação à obediência às regras, e não de acordo com sua intenção. Segundo estágio: relatividade moral (moralidade de reciprocidade ou moralidade autônoma) • As regras e ordens são consideradas como questões de mútuo consentimento e estão sujeitas a mudanças. Justiça e Castigo Dois tipos de castigo: • Punição expiatória – consiste em infligir castigos em proporção com a gravidade de falta, mas que nada têm a ver com o delito cometido; são arbitrários. • Punição por reciprocidade – consiste em aplicar o castigo não para a expiação da culpa, mas para fazer o infrator sentir de perto as conseqüências do seu ato. Dois tipos de moralidade • Criança bem pequena: a moralidade de repressão (ou de coerção) é resultante das relações unilaterais da criança com os adultos que têm autoridade sobre ela. • Da meninice: a moralidade de cooperação é resultante das relações recíprocas entre companheiros baseadas no respeito mútuo, e não mais unilateral. Paralelo entre o desenvolvimento moral e a evolução intelectual 1 – Tanto as normas lógicas como as normas morais não são inatas na consciência individual. É pela vida social, pela interação com outras pessoas que a mente chega ao estabelecimento de normas tanto lógicas quanto morais. 2 – Tanto a evolução lógica quanto a evolução moral têm início na aceitação, pela criança, da autoridade da palavra adulta. Existe tanto coação intelectual como coação moral. 3 – Só o relacionamento em que predomine a igualdade levará à autonomia. No que se refere ao desenvolvimento intelectual, a convivência com seus iguais, o controle mútuo, possibilitará à criança a crítica, a discussão e, portanto, a reflexão e a verificação objetiva. Aplicações pedagógicas • Trabalho em grupo; • Autogoverno. O processo de socialização: abordagem psicossocial. SOCIALIZAÇÃO “o processo de integração dos indivíduos num grupo”. A Psicologia Social estuda: • A sociologia em primária e secundária; • Processo de socialização. “socialização é a ampla e consistente introdução de um indivíduo no mundo objetivo de uma sociedade ou de um setor dela”. Socialização primária A socialização primária é o processo pelo qual a criança interioriza ou internaliza, além da linguagem, padrões de comportamento, normas de conduta e valores do grupo social a que pertence. A mente da criança irá absorver aspectos da realidade que estão na mente dos adultos com quem convive, seus sentimentos para com a vida, suas atitudes, seus valores. • A classe social; • A família. Conteúdos específicos, interiorizados na socialização primária: • linguagem; • motivações; • modo de interpretar os fatos; • apropriação de seu mundo social; • sua identidade. A socialização primária inclui: • Seqüências de aprendizado; • Fatos biológicos. No final da primeira infância, a criança é considerada socializada: já é subjetivamente possuidora de uma personalidade e de um mundo. Já adquiriu uma identidade. Socialização secundária A criança vive um processo de socialização qualitativamente diferente do da família, passando a internalizar novos conteúdos, padrões de comportamento e valores sociais. A escola exercerá o seu papel socializador a partir do que a criança traz da sua primeira formação. Sua “leitura” do mundo, que na verdade é sua perspectiva de classe, e, com ela, atitudes, valores, papéis, etc. Além disso, a criança traz para a escola a linguagem de sua família. A escola pública tem atendido aos interesses das classes dominadoras, mas “pode também representar um espaço vivo e dinâmico para os dominados”. Função socializadora da escola, Psicologia, é a de contribuir para o “desenvolvimento máximo dos alunos e a construção de uma sociedade justa e democrática”. MENSAGEM A prática político-pedagógica dos educadores progressistas ocorre numa sociedade desafiada pela globalização da economia, pela fome, pela pobreza, pela tradicionalidade, pela modernidade e até pós-modernidade, pelo autoritarismo, pela democracia, pela violência, pela impunidade pelo cinismo, pela apatia, pela desesperança, mas também pela esperança. Paulo Freire