Situação epidemiológica da Febre amarela e repercussões em Campinas - SP André Ricardo Ribas Freitas Médico sanitarista – COVISA/SMS Breve histórico • Doença africana introduzida nas Américas através do tráfico negreiro(vírus e vetor urbano) • Primeira epidemia urbana no Brasil em Recife 1685 • Grandes epidemias no Brasil no final do século XIX e início do século XX (inclusive Campinas) • Reconhecido a transmissão silvestre no Brasil em 1920 • Descoberta da vacina em 1937 (cepa 17D) • Eliminação da febre amarela urbana no Brasil em 1942 Introdução • Agente etiológico: vírus amarílico (flavívirus – flavus: amarelo, arbovírus – artropod born virus) • Vírus viscerotrópico (fígado e rins) e neurotrópico • Vetor e reservatório: mosquito • Hospedeiro e amplificador: primatas (não humanos no ciclo silvestre e humanos no ciclo urbano) • Epizootia: “epidemia” em macacos, pode ou não ser por FAS (foram confirmadas 4 epizootias por FAS em Goiás em 2007) Ciclos silvestres e urbanos ÁFRICA AMÉRICA Macacos Aedes africanus Macacos Aedes africanus Hg .janthinomys Sa.chloropterus Hg .janthinomys Sa.chloropterus Macacos Macacos Homem Aedes simpsoni Aedes taylori Aedes luteocephalus Homem Homem Aedes aegypti Aedes aegypti Homem Aedes aegypti Aedes aegypti Homem Países endêmicos para FA N° de casos 1990-1999: América do Sul 3.985 Fonte: Monath (The Lancet , 2001) Monath, 2001. Lancet. vol. 1, pg 13 África (1965-97) 25.775 Fonte: SVS; Elaboração: COVISA 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 1988 1987 1986 1985 1984 1983 1982 Casos de Febre Amarela confirmados no Brasil 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Casos de Febre Amarela confirmados em Goiás por ano (1990-2007) 60 50 40 30 20 10 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Fonte: SVS; Elaboração: COVISA Sazonalidade Figura 5. Média mensal de ocorrência dos casos de febre amarela silvestre. Brasil, 1990 a 2003. Média de casos 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 1 2 3 4 5 6 7 Meses Fonte: SVS 8 9 10 11 12 Áreas de epizotias e casos humanos (dez/07 – jan/08) Fonte: SVS Municípios epizootias prováveis ou confirmadas de FAS e casos humanos (Dez/07 Jan/08) Fonte: SVS Situação dos casos suspeito de FA (21/jan/2008) Aspectos epidemiológicos • Período de incubação: média 3 a 6 dias • Período de viremia: 2 dias antes do início início de sintomas até 5 dias depois • Período de incubação extrínsico (no mosquito): 9 a 12 dias; mosquito transmite a vida toda (Haemagogus janthinomys ~ 60 dias vôo médio 10km)* *Aedes aegypti ~ 35 dias vôo médio 200m FA: aspectos clínicos • Leve: febre baixa, cefaléia, mal-estar duração até 2 dias • Moderada: Febre alta e cefaléia de início abrupto, vômitos, calafrios, mialgias, prostração, icterícia leve e sinal de Faget, duração de 2 a 4 dias • Toxêmico grave: piora dos sintomas anteriores; dor epigástrica vômitos com aspecto de “borra de café”; proteinúria, oligúria e anúria; insuficiência hepática com icterícia e manifestações hemorrágicas, duração de 3 a 8 dias, levando ao óbito cerca de 50% ou melhora em geral sem seqüelas FA: aspectos laboratoriais • AST>ALT (TGO>TGP): por lesão de hepatócito, musculo esquelético e cardíaco • Icterícia com predomíno de bilirrubina direta: chegando a 30mg/dl ou mais • Aumento de uréia e creatinina: por lesão renal direta ou secundário ao choque • Alteração de coagulograma: por insuficiência hepática ou CIVD Principais diagnósticos diferenciais • • • • Leptospirose Malária por P. falciparum Hepatite viral Septicemia por gram negativo cursando com icterícia: incluindo meningococcemia • Febre Maculosa Brasileira • Febres hemorrágicas virais: incluindo dengue Febre Amarela: espectro clínico Pirâmide da febre amarela: manifestações clínicas 5 -10% F+I+ Sangramento 10 - 20% 20 - 30% 40 - 65% Fonte: OPAS/OMS Febre e Icterícia Febre Infecções Assintomáticas Morte Vigilância epidemiológica: objetivos • Reduzir a incidência de febre amarela silvestre em casos humanos e manter erradicada a febre amarela urbana. Definição de suspeito • indivíduo com quadro febril agudo acompanhado de icterícia e/ ou hemorragia, residente ou procedente de área de risco para febre amarela silvestre nos últimos 15 dias, sem comprovação de vacinação contra febre amarela nos últimos dez anos. OBS: casos anictéricos e sem hemorragias com febre e exposição importante serão discutidos caso-a-caso Medidas de controle em Campinas • Medidas de bloqueio vacinal e de controle químico: cada situação será discutida caso a caso com as VISAs, COVISA e GVE-XVII. • Vigilância de epizootias: óbitos de primatas não humanos e marsupiais deverão ser comunicados ao plantão do CCZ (BIP). • Indicações de vacinação: somente para moradores ou quem viajará para áreas de risco ou exigências internacionais.