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IDADE MÉDIA
Período da história situado entre os anos 476, data da queda do Império
Romano ocidental perante os povos “bárbaros germânicos”, e 1453, data
da queda do Império Romano do Oriente ante o avanço do Império Turco
Otomano.
Nesta aula, vamos estudar três Impérios da Idade Média:
•Império Bizantino – Império Romano do Oriente.
•Império Islâmico – Islã.
•Império Franco ou Carolíngio – O chamado retorno do
Império Romano Ocidental.
IMPÉRIO BIZANTINO
• Também chamado de Império Romano do Oriente é a
continuidade da Antiguidade Greco-Romana na Idade Média.
• Enquanto os territórios do Império Ocidental eram invadidos
pelos “bárbaros germânicos”, a cidade grega de Bizâncio,
depois chamada de Constantinopla, manteve-se intacta,
tornando-se a capital da parte oriental do Império Romano a
partir do ano 330, sob o governo do Imperador Constantino,
uma situação oficializada em 395 com a divisão formal do
Império Romano pelo Imperador Teodósio.
• Os Territórios do Império Bizantino em seu auge eram: Ásia
Menor (atual Turquia, aonde situava-se a capital,
Constantinopla);
Grécia;
Síria-Palestina;
parte
da
Mesopotâmia; Egito; depois noroeste da África, Península
Itálica e o sul da Península Ibérica.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
• Manutenção da cultura helenística (sincretismo entre a cultura grega e oriental).
• Utilização do Idioma grego em detrimento do latim, esse último falado na parte ocidental.
• Existência de uma autoridade central - poder centralizado do Imperador.
• Adoção da religião Cristã em sua forma mais tradicional (ortodoxa) - Concílio de Nicéia de 325.
• Cesaropapismo – subordinação da Igreja de Constantinopla ao Estado, representado pela figura
do Imperador. Assim, o Patriarca de Constantinopla não se submetia a autoridade do Patriarca de
Roma, depois chamado de Papa - pai de todos os cristãos – a partir de Teodósio. O Patriarca de
Constantinopla se submetia apenas a autoridade do Imperador Bizantino, o chefe da Igreja na
parte oriental, quem nomeava os bispos e abades, quem cuidava dos impostos eclesiásticos e dava
a última palavra sobre as questões religiosas.
ANTECEDENTES:
Inicialmente, a cidade de Bizâncio era uma colônia grega de povoamento, uma apoikia, fundada
durante a Segunda Diáspora Grega do início do Período Arcaico. O Imperador romano,
Constantino, no 330 aumentou a cidade, construindo muralhas para sua defesa, já que se tratava
de um importante centro comercial da Antiguidade, protegida pelo mar e distante da ameaça dos
bárbaros germânicos que atacavam os territórios do Ocidente. No início, a cidade passou a ser
chamada de Nova Roma, mas em homenagem ao Imperador, logo passou a ser denominada de
Constantinopla, a capital da parte oriental do Império Romano, depois da queda do Império
Romano Ocidental, a única capital do Império Bizantino.
Imperador Justiniano e suas conquistas:
O Auge do Império Bizantino ocorre sob o governo de Justiniano (527 – 565),
quem reconquistou territórios da parte ocidental do Império Romano. Seu
principal general, Flávio Belisário reconquistou a Itália, que estava de posse dos
germanos Ostrogodos, incluindo também, o Norte da África e a cidade de Cartago,
sob o domínio dos Vândalos, além do sul da Península Ibérica, nas mãos dos
Visigodos. O general teria vencido os Vândalos e mesmo os Partos (Persas) com
um número reduzido de efetivos militares em relação aos inimigos, no caso dos
últimos, com 15 mil homens perante um exército de 40 mil inimigos. Algumas
fontes históricas afirmam que o general seria amante da esposa de Justiniano, a
Imperatriz Teodora, uma popular atriz de teatro, bastante representada em
mosaicos bizantinos.
Governo de Justiniano:
Uma das principais contribuições de Justiniano foi a Compilação do Direito
Romano, resultando no Corpo do Direito Civil (Corpus Juris Civilis), uma das
bases do direito moderno. Esse código, amparo jurídico do poder do Imperador
bizantino, pode ser dividido em quatro partes:
• Código de Justiniano: Compilação de toda a legislação romana desde o Imperador Adriano (117
– 138) até o ano 534, época de produção do referido código.
• Institutas: coletânea de princípios fundamentais do direito romano, as idéias que embasavam as
leis.
• Digesto: manual de pareceres de juristas a respeito das institutas.
• Novelas ou Autênticas: novas leis elaboradas pelo próprio Justiniano a partir de 534, ou seja, seus
Éditos Imperiais.
Revolta de Nika:
Revolta ocorrida no governo de Justiniano, em razão do aumento de impostos para financiar os
elevados custos das expedições militares de reconquista, comandadas por Belissário. A revolta teria
se iniciado no Hipódromo de Constantinopla, local de jogos e reuniões, aonde a população, além de
apostar nos cavalos, debatia sobre questões políticas referentes à cidade. Gritando a palavra grega
niké (vitória), a população saiu do Hipódromo e se dirigiu ao palácio imperial, ameaçando a vida do
próprio Imperador, que só não fugiu da cidade em razão da intervenção de Teodora. O general
Belisário foi chamado, degolando 30 mil insurgentes na ocasião, pondo fim a revolta.
Obras Públicas:
Apesar da Revolta de Nika abalar a popularidade do Imperador, foi durante o governo de Justiniano
que a conhecida Catedral de Santa Sofia foi construída (terminada em 534), munida de abóbodas e
mosaicos.
A planta da arquitetura
de Santa Sofia é
baseada na cruz grega.
Mais decorativa do que
as Igrejas medievais
românicas ocidentais, a
Igreja possui mosaicos
iluminados por sua
basílica, dando a
impressão de que a luz
divina ilumina a obra
de Deus e seus fiéis.
Temos também a
encáustica, técnica de
cera quente em que são
colocadas jóias e
pedras preciosas ao
invés das tradicionais
tesselas dos mosaicos,
essas últimas,
pequenas peças e
fragmentos de pedras
ou cerâmica.
Símbolo da
grandiosidade de
Constantinopla, Santa
Sofia é a maior das
construções do Império
Bizantino.
Perdas Territoriais:
Após a morte de Justiniano em 565, o território do Império começa a ser tomado aos poucos. Em 570,
os Lombardos, povo bárbaro germânico tomou a Península Itálica. Os Partos ocuparam a Ásia Menor
e o Egito, acabando com a tradicional política de pão e circo imperial, já que a região do Nilo era o
celeiro do Mediterrâneo. Depois vieram os Árabes, com seu Império Islâmico em expansão,
conquistando, nos séculos VII e VIII a Síria-Palestina, a Mesopotâmia, o Egito, o norte da África e,
por fim, a Península Ibérica, em 711. O Império Bizantino reconquistou a Ásia Menor, ficando
reduzido a essa região, à Grécia e algumas pequenas regiões da Itália. Observe o mapa:
Igreja dividida: da Questão Iconoclasta até o Cisma do Oriente.
Ao longo da história do Império Bizantino ocorreram disputas político-religiosas entre as sedes da
Igreja Oriental e Ocidental. Entre os pontificados dos Papas Estevão II e Paulo I (século VIII) teria
sido forjado um documento para assegurar os territórios da Itália à Igreja Romana, impedindo que o
Imperador Bizantino e mesmo os Lombardos, requisitassem tais territórios. O documento,
denominado de “A Doação de Constantino” era um falso atestado de propriedade do território da
Itália ao papado, como se aquele Imperador tivesse reconhecido, desde o século IV, a autoridade do
Patriarca de Roma sobre o região. Na verdade, o documento que assegurava o controle da Igreja tinha
sido conferido pelos bispos romanos e pelo rei Franco, Pepino, o Breve, quem expulsaria os
Lombardos da península itálica em 756, assegurando para a Igreja Romana, os territórios da Itália.
Mas a questão que gerou as maiores disputas entre as sedes das Igrejas de Constantinopla e Romana
foi a Querela dos Ícones (imagens). Em Constantinopla, a disseminação de imagens de Cristo e dos
Santos era comumente atacada, considerada muitas vezes um elemento de idolatria e paganismo,
contrária aos preceitos cristãos. Mas haviam elementos político-econômicos nessa doutrina. A
fabricação e venda de imagens ficavam a cargo dos monges, que lucravam com seu comércio,
acumulando riquezas. Nos século VIII e IX, o Imperador Bizantino autorizou a destruição das
imagens, movimento denominado de Iconoclastia em contraposição as posições do Papa, que apoiava
os monges e a idolatria. As lutas entres iconoclastas e idólatras se amenizou aos poucos, mas no ano
de 1054, após a excomunhão do Patriarca de Constantinopla pelo Papa e desse pelo Patriarca, ocorreu
o Cisma do Oriente e a divisão final da Igreja Cristã, surgindo a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja
Católica Apostólica Romana.
Importante ressaltar que as disputas religiosas tinham relação com as tentativas de interferências do
Papa romano no Império Bizantino, ou seja, uma conduta contra os preceitos do Cesaropapismo, que
subordinava a Igreja da parte oriental ao Imperador Bizantino e não ao Papa.
Comércio Oriente-Ocidente:
As atividades comerciais asseguraram por muito tempo o enriquecimento do Império. Bizâncio vendia
peles, animais, grãos e cereais, importando do Oriente, especiarias, pedras preciosas e escravos (um
legado da antiguidade romana, ainda existente no Império). Não podemos esquecer ainda da “Rota da
Seda”, que passava necessariamente por Constantinopla, levando esse importante produto à capital
imperial, símbolo de distinção e de status social das elites bizantinas. Por meio das atividade
comerciais, o Império assegurou que muitos produtos do Oriente chegassem até a Península Itálica e
da região para o norte da Europa, apesar da diminuição da atividade mercantil proporcionada pelo
advento do feudalismo europeu (feudos quase auto-suficientes).
Tomada de Constantinopla:
Com o avanço Muçulmano pelo Oriente, o Império Bizantino foi perdendo territórios, enfraquecendo a
intensidade de suas atividades comerciais e consequentemente, a capacidade do Estado centralizado
arrecadar recursos necessários para a manutenção dos exércitos, diminuindo com isso, sua capacidade
militar, incluindo defensiva. Durante a Quarta Cruzada (Cruzada dos Italianos ou Comerciantes),
ocorrida entre 1202-1204, Constantinopla foi tomada pelos venezianos, que fundaram o Império
Latino de Constantinopla. Apesar de os bizantinos recuperarem sua capital após 60 anos de domínio
latino, seu Império continuou tendo seus territórios atacados pelos muçulmanos e, no ano de 1453,
Constantinopla foi finalmente tomada por Maomé III, sultão do Império Turco Otomano, evento esse
que demarca o fim da Idade Média.
ISLÃ
Península Arábica:
Península situada ao Sul do Oriente Médio. Trata-se de um território desértico, habitado há milênios
por populações nômades da etnia semita, usualmente denominados de beduínos. Ao norte estão a
Palestina, a antiga Mesopotâmia e a Pérsia; a oeste, o Mar Vermelho; a leste, o Golfo Pérsico; ao sul, o
Oceano Índico. Mesmo nesse território desértico, desde a Antiguidade, surgiram alguns centros
urbanos importantes, tais como Meca e Yatreb, de onde partiam as caravanas comerciais da península
em direção à Constantinopla e à Índia.
Meca:
Situada num vale próximo ao Mar Vermelho, Meca
era o principal centro comercial da Península
Arábica no século VI D.C, época em que Maomé
nasceu. Era também o principal centro religioso da
Península, aonde se situava a Caaba, Santuário
religioso ao qual se encontrava uma pedra negra
revestida por uma manto de seda, rodeada por 360
ídolos de divindades pagãs das tribos beduínas do
deserto. Em razão de abrigar o Santuário, os
comerciantes de Meca enriqueciam com as
peregrinações dos beduínos a Caaba, ocasionando
disputas com os comerciantes de Yatreb, mais ao
norte, já que essa cidade não possuía as vantagens
de Meca.
Vida de Maomé
Porém, para um pleno entendimento do Império Islâmico, é necessário o estudo da vida de
Maomé, quem lançou as bases religiosas e morais da religião Muçulmana. Podemos dividir a
vida de Abu Al Quasin Muhammad Ibn Abdala (Maomé) em cinco fases. Vejamos:
Nascimento e Conversão: Nascido em 570 D.C, Maomé era órfão, sendo adotado por Abu Talib, da
poderosa tribo comerciante dos Coraixitas. Tornou-se condutor de Caravanas, o que lhe permitiu entrar
em contato com outras culturas e povos do Oriente após percorrer o Egito, a Pérsia, e a Palestina. Casado
com a rica viúva Khadija, 15 anos mais velha, teve quatro filhas e quatro filhos, os últimos não
sobrevivendo. Em suas viagens, entrou em contato com o judaísmo e o cristianismo, o último bastante
presente na Península Arábica, devido as peregrinações dos eremitas cristãos pelo deserto. Segundo a
tradição muçulmana, no ano 610, estando Maomé com 40 anos, teria ele se afastado de Meca e, no
interior de uma caverna, teria encontrado o Anjo Gabriel que lhe fez a seguinte revelação: “Alá (Deus
Único e Criador) é teu Senhor e Maomé, seu principal profeta”. A partir de então, Maomé foi convertido
por Deus, passando a pregar uma nova doutrina religiosa monoteísta.
Expulsão de Meca (Hégira): Maomé passou a pregar o Islã (Salam), que significa, “submissão
voluntária a Deus”. Assim, aqueles que se convertessem a religião seriam os muçulmanos (muslim),
“aqueles que se submetem voluntariamente a Deus”. Após converter sua família, Maomé tentou
converter os habitantes de Meca e os beduínos, tentando convencê-los a abandonar suas “falsas”
divindades pagãs. Os comerciantes locais da cidade, recearam que o monoteísmo de Maomé atrapalhasse
as peregrinações a Caaba, o que atrapalharia sua fonte de riqueza, já que o comércio de Meca dependia
dos beduínos. Hostilizado e ameaçado, Maomé foi obrigado a fugir de Meca em 622 D.C, episódio
conhecido como Hégira (fuga, emigração), o primeiro ano do calendário Muçulmano.
Ascensão política em Yatreb: Em razão de suas pregações contra os ídolos de Meca, Maomé contou
com o apoio dos comerciantes de Yatreb que queriam acabar com as vantagens religiosas daquela
cidade. O Profeta ascendeu politicamente em Yatreb, logo convertendo sua população ao islamismo,
tornando-se o maior líder político-religioso da cidade, que passou a se chamar Medina (Medinat Al
Nabi - A Cidade do Profeta). O monoteísmo de Maomé começara a unificar as tribos beduínas, antes
seccionadas por diferentes deuses e sistema de crenças. Na prática, a moral religiosa do Islã servira não
somente para diminuir a influência de Meca sobre os povos da Península, mas também para integrar a
todos sob um mesmo sistema de crenças comuns.
Conquista de Meca: A frente de uma poderoso exército, sob a justificativa da Jihad (Guerra Santa)
Maomé conquista Meca no ano de 630, destruindo os ídolos pagãos da Caaba e unificando todas as
tribos beduínas sob a doutrina da nova religião muçulmana. A Caaba deixa de ser um Santuário pagão e
torna-se o principal Santuário de Alá no mundo islâmico.
Morte e Sucessão: Em 632, morre Maomé, sem deixar nenhum filho homem para substituí-lo (todos
haviam morrido na guerra contra Meca). Seu genro Ali e depois seu filho com Fátima - uma das quatro
filhas de Maomé - Abu Beker, tornam-se os Substitutos do Profeta (Califas), iniciando o processo de
expansão do Islã e a conseqüente formação de um novo Império Territorial na Idade Média.
Preceitos do Islã:
Importante destacar que Maomé deixou alguns preceitos para os muçulmanos, regras de condutas
seguidas fielmente até os dias atuais. Afinal, o Islã é mais do que uma religião, estabelecendo normas
que orientam a vida de cada muçulmano, até mesmo a organização política de sua sociedade. Para os
maometanos (seguidores de Maomé), o poder do Estado está intimamente ligado a sua religião, na
medida em que o Estado, organizado pelos homens, serve para expandir e proteger os preceitos morais
e as leis da religião. Vejamos alguns preceitos básicos do Islã:
• Shahada: Afirmação pública da crença em Alá e em Maomé. Chamado de credo ou profissão, é a
rejeição dos cultos politeístas e a da trindade cristã, já que Deus, Alá, é Uno e Criador.
• Salát: Cinco orações diárias para Alá, como forma de reforças a fé em Deus, todas com o rosto voltado
para Meca.
• Zacat: prática da caridade, em que todo o muçulmano é obrigado a doar um dizimo de 2,5% de sua
renda anual para os pobres e desamparados, símbolo de seu desapego aos bens materiais.
• Siyam: Jejum no mês do ramadã (9º Mês do Calendário Muçulmano). Trata-se de um jejum que ocorre
do nascer ao pôr do sol, no qual os muçulmanos estão proibidos de ingerir comida e praticarem
atividades sexuais. Lembrar também que mesmo fora desse período é proibido aos muçulmanos
ingerirem carne de porco e bebidas alcoólicas, além de praticarem jogos de azar.
•Hadj: Peregrinar a cidade de Meca e ao Santuário da Caaba, pelo menos uma vez na vida, uma forma
de os muçulmanos se apresentarem a Deus e demonstrarem o abandono da vida mundana, quando
tornam-se finalmente muçulmanos plenos. Vestido em trajes brancos (Ihram) o muçulmano dá sete
voltas em torno da Caaba, orando para Alá.
•Jihad: Um preceito importante da religião muçulmana, é a chamada Guerra Santa, significando para
muitos ocidentais e mesmo grupos terroristas islâmicos, uma prática de propagação do Islã contra os
infiéis mediante o uso da força e da violência. Não podemos esquecer que, segundo os preceitos da
religião muçulmana, aquele que morre pela fé, alcança o paraíso de Alá. Os próprios muçulmanos
possuem, no entanto, outra versão para o significado de Jihad, considerando-a “o esforço individual
para se alcançar determinado fim”, o que significaria tanto o esforço para atingir um objetivo
específico (tal como os recursos necessários para a peregrinação a Meca), como a defesa do Islã contra
seus inimigos, o que reaproxima o termo de significado tradicional de Guerra Santa.
No Alcorão (Al Qur’ân, que significa: A Lição, ou simplesmente, A leitura)
encontram-se recomendações que regem o funcionamento das instituições
públicas e da vida privada dos muçulmanos. Em suas linhas escritas
encontramos normas para o trabalho, casamento, o poder militar, dentre
outras. Trata-se de um código político, jurídico, religioso e moral criado por
Maomé quando de seu encontro com o Anjo Gabriel e com Alá. Segundo a
tradição, o Profeta aprendera a escrever o Árabe subitamente e teria
compilado diretamente as palavras citadas por Deus; o Alcorão
constituindo, portanto a Verdade de Alá.
Além desta Sagrada Escritura, existe a Suna, escritos que contêm os
ensinamentos e os fatos da vida do Profeta, recolhidos por seus adeptos e
sucessores. Enquanto o Alcorão representa a palavra de Deus, a Suna
constitui-se em escritos sobre a vida de Maomé, um texto recolhido e
compilado após sua morte, baseado na tradição oral.
Sunitas e Xiitas: Após a morte de Maomé, ocorreu uma disputa pela sucessão entre seus adeptos.
Aqueles que se autodenominavam de Partidários de Ali (Shiati Ali, ou Shia) afirmavam que o Califa
deveria ser um indivíduo que descendesse diretamente do Profeta ou fosse seu parente consangüíneo,
mesmo que distante. Seguidores convictos do Alcorão, são os partidários de Ali, ou Xiitas, como são
chamados nos dias atuais. Representando a maioria da população muçulmana, quase que 80% estão os
Sunitas, que além do Alcorão, também seguem a Suna. Eles consideram que o substituto de Maomé
deveria ser aquele indivíduo mais capacitado, nos campos religioso, político e administrativo,
independentemente de possuir ou não consangüinidade com o Profeta. Os xiitas, apesar de minoria, são
bastante influentes, dominando países inteiros do mundo islâmico contemporâneo, tais como Iraque e
Irã. Além desses dois grupos temos uma terceira tendência, menos conhecida, chamada de Sufistas,
partidários de um distanciamento do homem em relação ao mundo material, pregando o ascetismo
individual e um ideal místico de redenção.
Expansão e Conquista: Tanto a defesa do Islã, como a Guerra Santa levaram a expansão da civilização
muçulmana logo após a morte do Profeta, ou seja, a constituição de um Império Territorial. No século VII, os
árabes-muçulmanos conquistaram a Síria-Palestina, a Mesopotâmia, a Pérsia, o Egito e a Líbia. No século
VIII, chegaram até a Índia e à Península Ibérica, no último caso, derrotando os Bizantinos e os Visigodos
mais ao norte, sendo parados somente pelo Major Domus Franco, Carlos Martel, na batalha de Poitiers (732).
Dominação Muçulmana:
• A maior consequência da expansão territorial do Império Islâmico foi a difusão da religião
muçulmana entre povos não árabes. Isso se deu em razão da tolerância religiosa dos muçulmanos.
Como o Império Bizantino costumava perseguir os não cristãos, muitos povos viam os ÁrabesMuçulmanos como libertadores. Os povos dominados até podiam manter seus cultos religiosos, desde
que reconhecessem a supremacia do Islã e pagassem os devidos impostos ao Império. Essa tolerância
serve como exemplo para os ocidentais que consideram todos os muçulmanos radicais e violentos.
• Mesmo assim, o medo dos povos do Ocidente em relação ao Islã ajudou a aprofundar o isolamento
do norte da Europa durante a Idade Média, já que a religião muçulmana era estranha aos cristãos
dessa região, diferentemente do que ocorria nas Penínsulas Itálica, Ibéria e entre os bizantinos.
• No Império Islâmico desenvolveu-se uma vida mercantil muito forte, surgindo importantes centros
comerciais como Bagdá, Córdoba (na Península Ibérica), Damasco (na Síria-Palestina), sem falar no
Cairo, atual capital do Egito. Importante destacar novamente que os contatos entre os bizantinos e os
muçulmanos, ou entre esses e os cristãos da Península Ibérica eram bastante estreitos.
• O Império Islâmico comercializava produtos como o algodão, cana-de-açúcar e frutas cítricas, os
muçulmanos sendo reconhecidos também por suas técnicas agrícolas, tais como a Azenha (moinho
d’água). Além disso, utilizavam mosaicos e vidros transparentes em suas construções, esses últimos
tão sofisticados quanto o antigo vidro fenício.
• Os muçulmanos traduziram obras da cultura greco-romana para o Árabe, em especial, livros de
matemática, química, física e filosofia. Destaque para Averrois, filósofo árabe que traduziu
Aristóteles no século XII. Ainda hoje, podemos sentir a influência das descobertas do Império
Islâmico quando nos utilizamos do algarismo arábico em nossas equações matemáticas, com base nos
números indianos.
• Após a morte de Maomé, surgiram as dinastias, responsáveis pelo comando do Império
Muçulmano. Destaque para as dinastias árabes, Abássida e Omíada que governaram o
Islã a partir de Damasco, Bagdá, e depois Córdoba. Uma característica dessas duas
dinastias Árabes é que deixavam os cristãos europeus peregrinarem até a Terra Santa,
Jerusalém, para visitar o Santo Sepulcro aonde Jesus Cristo foi enterrado. No século XI,
os turcos, também convertidos ao islamismo, começam seu movimento expansionista,
passando a dominar o Islã. A dinastia Seldjúcida (do fundador Seldjuk) conquistou
Bagdá em 1055, proibindo os cristãos europeus de peregrinarem ao oriente, dando
justificativas para a Igreja Católica declarar as Cruzadas contra os infiéis, a partir de
1095.
• O que importa aqui é deixar claro que nem todo muçulmano é árabe. O Império
Islâmico vai ser dominado pelos Seldjúcidas e depois pelos Turco-Otomanos,
responsáveis pela queda de Constantinopla em 1453. Nos dias atuais, a religião
muçulmana abarca uma série de etnias e culturas que não falam o árabe, tampouco
provém da Península Arábica. Países como a Turquia, o Afeganistão, a Nigéria, o Irã, e a
Indonésia, esse último com 55% de sua população convertida ao islamismo demonstram
que a religião congrega várias etnias diferentes. Entre os países árabes (que falam o
árabe), podemos citar o Egito, a Jordânia, a Síria, o Iraque, a Palestina, o Líbano, a Líbia
e a Arábia Saudita. A religião muçulmana é a que mais cresce no mundo atual,
compreendendo 20% da população mundial contra 24% de cristãos, sendo que apenas
17% desses, são católicos.
IMPÉRIO CAROLÍNGIO
• Com a queda do Império Romano do Ocidente frente ao avanço dos “bárbaros” germânicos,
temos a fragmentação da Europa Ocidental em muitos reinos menores.
•Na Espanha, temos o Reino dos Visigodos, que primeiramente perdeu territórios para Bizâncio,
depois, em 711, para os Muçulmanos. Os visigodos ficaram restritos ao norte da região, alocados
nas Montanhas das Astúrias, de onde partiriam, em meados do século XI para a Guerra de
Reconquista da Península.
•No norte da África temos o Reino dos Vândalos, alocados na antiga cidade de Cartago, seu reino
caindo perante as tropas do general Belisário de Bizâncio, depois a região sendo finalmente tomada
pelos Muçulmanos.
•Na Itália, temos o Reino dos Ostrogodos, seguido da retomada da região pelo Império Bizantino,
até ser novamente tomada, em 570 pelos Lombardos. Posteriormente, em 756, os Francos
conquistariam a região e entregariam parte das terras para a Igreja Romana.
• Na região da atual Alemanha teríamos vários reinos menores, tais como o dos Burgúndios,
Alamanos, e Saxões, no último caso, de onde partiriam para conquistar a Britânia Romana, atual
Inglaterra. O território seria finalmente integrado ao Reino dos Francos por Carlos Magno, na
constituição de seu Império.
•Por fim, na atual França temos o supracitado Reino dos Francos, depois transformado em um
Império, considerado por muitos historiadores, como o retorno do Império Romano Ocidental.
Trata-se do único exemplo bem sucedido de centralização política estável na Europa ocidental
durante a Alta Idade Média.
• O Território do Império Carolíngio em seu auge compreenderia, portanto, as atuais
França, Itália e Alemanha. Vejamos o mapa:
DINASTIAS
• Merovíngios:
- A História dos Francos remete-se às suas dinastias governantes . A dinastia merovíngia descende
de Meroveu, um herói lendário, que segundo a tradição oral, seria filho de um deus marinho. O neto
desse semi-deus, Clóvis teria se convertido ao cristianismo em 496 d.C, batizando-se após vencer
uma importante batalha quase perdida, coroado Reis dos Francos pelo Papa em Reims. Com isso
formalizou-se um acordo entre os reis Francos e a Igreja Romana, o que fortaleceria mais tarde a
figura de Carlos Magno. Antes de Carlos Magno, os reis merovíngios adquiriram funções
meramente simbólicas e religiosas, passando a administração político-militar do reino para outro
nobre, chamado de Major Domus (o Maior da Casa, o Administrador do Palácio Real). Exatamente
por isso que os últimos reis merovíngios eram chamados de Reis Indolentes (indiferentes,
preguiçosos, apáticos).
• Carolíngios:
- O Major Domus, Carlos Martel se destaca a frente de um exército Franco, vencendo e barrando o
avanço dos muçulmanos em 732 D.C, na famosa batalha de Poitiers. Seu filho, Pepino, o Breve,
vence os Lombardos na Itália, no ano de 756 D.C, entregando parte da Península para a Igreja
Romana, incluindo a Patrimônio de São Pedro, aonde se encontra o atual Vaticano. Antes disso, em
751, com apoio do Papa, ele havia ocupado o cargo vago de rei, substituindo os merovíngios e
iniciando a dinastia carolíngia. O filho de Pepino é Carlos Magno, responsável pela estabilidade do
Império, que atinge seu auge durante seu governo (768 – 814 D.C). No natal do ano 800 D.C,
Carlos Magno é proclamado Imperador do Império Franco - também chamado de Império Romano
do Ocidente - pelo papa Leão III, consolidando o acordo entre a Igreja e os goverantes Francos,
esses últimos considerados legítimos “Representantes de Deus” na terra.
GOVERNO DE CARLOS MAGNO (768 – 814 D.c)
• O Imperador conquistou outros tantos territórios na Itália e na Alemanha, adquirindo ainda reinos
vassalos a leste, tais como Boêmia, Moravia e Croácia.
• Carlos Magno dividira o reino em províncias, chamadas de condados, ducados e marcas, instituindo
doações em benefícios para outros nobres controlarem essas regiões, desde que prestassem lealdade
(vassalagem) ao rei. Para controlá-los de perto e impedir que os nobres se tornassem autônomos, o rei
enviava, seus Missi Dominici (Enviados do Senhor), em geral parentes do rei ou bispos da Igreja. Esses
estavam encarregados de ouvir as queixas dos súditos e fiscalizar a nobreza local, controlando
principalmente o pagamento de impostos.
• O Imperador garantia seu poder e seu carisma mediante o aval do Papa. O Pontífice romano esperava
confirmar sua soberania sobre toda a cristandade, obtendo, portanto o apoio militar de Carlos Magno,
uma forma da Igreja de Roma demonstrar poder ante o Imperador Bizantino.
• Carlos Magno instituíra também suas Capitulares, conjunto de leis escritas, baseadas em antigas
tradições orais, assegurando a justiça do soberano sobre todo o território imperial. Inclui-se aqui as
tradicionais Leis Sálicas, dos tempos de Clóvis, que entre, outras coisas, instituíra a direito dos filhos
homens mais velhos de herdarem terras ou mesmo a coroa real, caso o pai fosse o rei.
• Como salientamos acima, o Território Franco estava dividido, portanto em pequenas províncias. São
elas:
-Condados: governadas pelos Condes (comes = companheiros) a serviço do Imperador.
-Ducados: territórios maiores, compreendendo de 6 a 10 condados, governadas pelos Duques.
- Marcas: territórios de fronteira, em geral importantes locais estratégicos, controladas pelos
Marqueses.
Renascimento Carolíngio
Além da estabilidade política adiquirida na época de Carlos Magno houve também um verdadeiro
Renscimento Cultural. Os nobres, em geral analfabetos (incluindo o Imperador) foram estimulados a
ler e a escrever. O Imperador criou escolas para a nobreza (Palatinas) e para o clero (episcopais),
estimulando a educação do Império. Nessa época temos o iníco das traduções dos monges copistas,
principalmente de textos de autores greco-romanos. Temos um estímulo a ourivesaria, a fabricação de
jóias, além do advento das iluminuras, textos seguidos de imagens coloridas em miniatura.
Desintegração do Império
Com a morte de carlos Magno em 814, a autoridade central começa a se enfraquecer. Hordas de
vikings (escandinávos que entravam na condição de piratas) e magiáres (povos nômades que se
alocaram na Húngira) começaram a invadir os territórios do Império. O filho de Carlos Magno,
Luiz, o Piedoso consegue manter-se no poder, mas seus três filhos, após sua morte em 841
começam a lutar pela coroa. Em 843 foi assinado o Tratado de Verdun, dividindo o território do
Império em três. São eles:
França Ocidental: comandada por um dos filhos de Luiz, denominado Carlos, o Calvo. O território
se manteve unificado até o fim da dinastia carolíngia, mais tarde substituída pela dinastia capetíngia
de Hugo capeto, no ano de 987. Mesmo diante da existência dos reis capetíngios, o feudalismo se
constituiu fortemente no território, os nobres ganhando autonomia completa em suas terras,
apesar de muitos ainda continuarem vassalos dos reis. Importante destacar que os normandos
(povos escandinavos), chegaram no ano de 911 nas terras do norte da França, de onde partiriam
para conquistar a Ingalterra, em 1066.
França Central: também chamada de Lotaríngia, esse território ficou com Lotário, o filho mais
velho de Luiz, o Piedoso. Com a morte de Lotário em 855, a região foi anexada a França Oriental.
França Oriental: inicialmente governada por outro carolíngio, Luiz, o Germânico, o território se
transformou no Sacro Império Romano Germânico a partir da ascenção do duque saxão, Oto I,
que no ano de 962 se aliou ao Papa romano. Apesar de receber o título de Imperador, o Sacro
Império também estava submetido às estruturas do feudalismo, a nobreza disputando poder com o
Imperador, muitas vezes com autonomia total em seus feudos.
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