Idade Média Central e Baixa (Séculos XI-XV) Cruzadas (1096-1270) Expedições militares comandadas por reis e pela nobreza europeia durante os séculos XI e XIII, convocadas pela Igreja (papas) e tinham como objetivo conquistar ou “libertar” os lugares santos ocupados por muçulmanos. Movimento de expansão cristã (combates entre cristãos e muçulmanos nas regiões do Santo Sepulcro e Península Ibérica) Em 1092 os turcos seldjúcidas ocuparam Jerusalém proibindo as peregrinações dos cristãos. Motivos: Crescimento demográfico europeu, tensões sociais envolvendo a nobreza = necessidade de canalizar os conflitos entre os nobres para os lugares santos dominados pelos inimigos da Cristandade (muçulmanos) Pretensão em reunificar a Cristandade (dividida desde 1054 em cristãos ocidentais dominados por Roma e cristãos orientais dominados por Constantinopla) sob comando papal Necessidade de fortalecimento da autoridade papal. O papado encontrava-se em conflito com os imperadores do Sacro Império Romano Germânico (Querela das Investiduras. 1074-1122). Ideal de Guerra Santa ( dádivas espirituais aos cristãos que matassem ou morressem em nome de Deus) e interesse na prática de saques (possibilidade de enriquecimento) Temendo o avanço dos turcos seldjúcidas sobre o território bizantino, o imperador Aleixo enviou ao ocidente um pedido de ajuda militar. O papado percebeu uma oportunidade de enviar ao oriente uma força militar sob sua influência para libertar a Terra Santa. Em 1095 através do Concílio de Clermont, o papa Urbano II convocou a 1ª Cruzada. Deixai os que outrora estavam a se baterem impiedosamente contra os fiéis, em guerras particulares lutarem contra os infiéis. (...) Deixai os que até aqui foram ladrões , que se tornem soldados. Deixai aqueles que se bateram até agora contra seus irmãos lutarem com os bárbaros como devem. (...) Tomai o caminho do Santo Sepulcro; arrebatai àquela raça perversa a terra do Senhor e submetei-os a vós mesmos. Papa Urbano II Foram 8 Cruzadas oficiais (convocadas pela Igreja), embora também tenham sido registradas outras cruzadas não oficiais. Cruzada dos Mendigos (1095) Comandada por Pedro, o Eremita que montado em um jumento (alusão a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém) liderou seus seguidores rumo ao Santo Sepulcro. Cruzada precariamente armada foi massacrada pelos muçulmanos. Primeira Cruzada (1096-1099): A Cruzada dos Barões Comandada por importantes figuras da nobreza (Godofredo de Buillon, Boemundo da Sicília). A Cruzada partiu da França e Itália. Conseguiu ocupar os territórios de Jerusalém, Edessa e Antioquia. Segunda Cruzada (1147-1149) Provocada após a reconquista muçulmana de Edessa em 1144. Comandada por Luis VIII (França) e Conrado III (S.I.R.G). Retornou à Europa sem ter obtido êxito na conquista de Edessa. Terceira Cruzada (1189-1192): A Cruzada dos Reis Comandada pelos reis: Ricardo Coração de Leão (Inglaterra), Filipe Augusto (França) e Frederico Barba Ruiva (S.I.R.G), foi provocada após a queda de Jerusalém em 1187 ao domínio muçulmano. A cruzada terminou após uma negociação entre Ricardo Coração de Leão e o sultão Saladino que possibilitou uma autorização para peregrinações cristãs em Jerusalém por 10 anos. Quarta Cruzada (1202-1204): A Cruzada Comercial Financiada por Veneza, a Cruzada foi desviada para Constantinopla (capital do Império Bizantino) provocando saques( lutas entre cristãos). A 4ª Cruzada exemplificou como, ao longo do século XIII, os interesses comerciais ganharam força diante dos interesses religiosos. Cruzada das Crianças (1212) Provocada pela crença que os cristãos estavam impuros, levou os europeus a enviarem crianças para os combates contra os “infiéis”. Morte da maioria das crianças devido à fome e aos rigores da viagem pelo mar mediterrâneo, as que chegaram em terras muçulmanas foram vendidas como escravas. Quinta Cruzada (1217-1219) Comandada por André II da Hungria e por Jean de Brienne (rei de Jerusalém) atacou o Egito muçulmano sem sucesso. Sexta Cruzada (1228-1229) Liderada por Frederico II (S.I.R.G) e concluiu o Tratado de Jafa com o sultão al-Malik al-Kamil que entregou aos cristãos Jerusalém. Sétima Cruzada (1248-1250) Provocada pela perda de Jerusalém, foi comandada pelo rei francês Luís IX (São Luís) que foi feito prisioneiro pelos muçulmanos e libertado após pagamento de resgate. Oitava Cruzada (1270) Provocada pela perda de Antioquia foi comandada por Luís IX ( que morreu em combate). Não houve envio de reforços aos cristãos que dominavam territórios na Terra Santa, privados de ajuda os territórios cristãos foram perdidos (1291 os muçulmanos conquistaram São João de Acre) O avanço Mongol No início do século XIII as tribos da Mongólia foram unificadas sob o comando de Temudjin ( que obteve o título de Gêngis Khan) Os mongóis montaram um império que estendeu-se da península coreana até a Rússia. Os muçulmanos foram atacados pelos cristãos no oeste e pelos mongóis pelo leste. O que provocou lendas entre os europeus que mencionavam um soberano cristão que avançava sobre os muçulmanos pelo leste. Os mongóis foram atraídos para o oriente médio pelas riquezas da famosa “rota da seda” Após a morte de Gêngis Khan em 1227, os mongóis avançaram sobre Bagdá em 1258 (destituindo a dinastia dos Abássidas) e pelo leste europeu (até a cidade de Viena) Guerra de Reconquista Luta entre Cristãos e Muçulmanos pelo controle de territórios na Península Ibérica. Os conflitos entre os dois grupos se agravaram no século XI estendendo-se até o século XV. Durante o conflito houve a formação dos reinos de Portugal, Castela, Leão, Aragão e Navarra. Formação de Portugal: Em 1095 o rei de Leão Afonso VI concedeu o Condado Portucalense (território localizado no norte do atual Portugal) e a mão de sua filha ilegítima D. Teresa ao nobre francês Henrique de Borgonha. Após a morte de Henrique o Condado foi governado por D. Teresa que entrou em conflito com seu filho D. Afonso Henriques, esse após a Batalha de São Mamede (1128) derrotou e expulsou a mãe do Condado. D. Afonso Henriques lutou contra os muçulmanos procurando alargar seu território em direção ao sul (conquista de Lisboa em 1147) e contra os reis de Leão procurando a autonomia do Condado. Em 1143 através do Tratado de Zamora o rei de Leão Afonso VII reconheceu seu primo D. Afonso Henriques como rei de Portugal. D. Afonso Henriques O Revigoramento Urbano e comercial na Europa Ocidental Período de crescimento demográfico e comercial (séculos XI-XIII) As guerras de invasões ao continente europeu diminuíram, as Cruzadas possibilitaram maior intercambio comercial e cultural entre Ocidente e Oriente. Melhores técnicas de produção agrícola, cultivo de terrenos (sistema trienal) Esses aspectos ajudam a explicar as razões para o crescimento de rotas de comércio na Europa Ocidental e o desenvolvimento da vida urbana. Entre 1100 e 1300 cerca de 140 novas cidades surgiram no continente. Rotas comerciais: Rotas marítimas no mar mediterrâneo controladas por Gênova e Veneza. Rotas marítimas nos mares do Norte e Báltico controladas pela Hansa Teutônica. O tráfico comercial englobava cidades como Novgorod, Lübeck, Hamburgo e Londres Rota comercial terrestre = “Rota da Champagne” que ligava, por terra, os centros das duas principais rotas marítimas. O desenvolvimento comercial provocou a formação de feiras e de indivíduos como cambistas (para trocar moedas vindas de muitas partes da Europa) e banqueiros. Crescimento Urbano A população urbana cresceu com o aparecimento dos Burgos (centros urbanos) que originaram a denotação “burguês” (comerciantes) A produção artesanal nas cidades era controlada pelas Corporações de Ofício (que reuniam trabalhadores do mesmo ramo com a finalidade de controlar a produção, concorrência e auxiliar seus membros em caso de necessidade) Formação das monarquias modernas europeias Fortalecimento do poder real a partir do século XIII. Guerras entre os reinos teriam contribuído para a centralização monárquica Aumento dos territórios controlados pelos reis O Direito Romano passou a ser estudado nas Universidades europeias (centralizador). Contribuiu para a formação de legistas que auxiliaram reis no processo de centralização política Teses explicativas do processo de fortalecimento monárquico Tese da aliança Rei e Burguesia no processo de formação monárquica ( controversa). Burguesia teria contribuído com recursos financeiros para que reis montassem seus exércitos e expandissem seus domínios. Tese que demonstra uma aproximação entre Reis e Nobreza parece mais aceita por muito historiadores. * A burguesia medieval não deve ser entendida como “revolucionária” já que pretendia se equiparar à nobreza. Sacro Império Romano-Germânico (S.I.R.G): Fundado em 962 a partir de um acordo entre o imperador Oton I e o papa João XII. O império pretendeu ser o herdeiro dos impérios romano e carolíngio, procurando exercer a supremacia temporal sobre a Cristandade. O império era formado por diversos territórios controlados por bispos e príncipes. Conflito com o papado = Querela das Investiduras (1074-1122) A partir de 1356 o imperador romano-germânico era eleito por 7 eleitores (3 eclesiásticos e 4 nobres). Inglaterra Em 1066 Guilherme, o Conquistador (Duque da Normandia),partiu para à Inglaterra, derrotou a monarquia anglossaxônica e tornou-se rei. Reis da Inglaterra eram vassalos dos reis franceses Dinastia dos Plantageneta (1153-1455) : Importante para a formação da monarquia inglesa Rei João Sem Terra envolveu-se em guerras com Filipe Augusto (França) perdendo os feudos ingleses no continente europeu. Barões (nobres) ingleses impuseram-lhe a chamada Carta Magna (1215) que limitou o poder real. França Reforço da autoridade real a partir da dinastia Capetíngia (987-1328) essa política real foi seguida pela dinastia de Valois (1329-1589) Luis VI, Luis VII e Filipe Augusto travaram guerras contra os ingleses ocupando territórios da coroa inglesa na França Filipe IV, o Belo entrou em um conflito com o papado originando o episódio conhecido como Cativeiro de Avinhão (1309-1377) Guerra dos Cem Anos (1337-1453) Denominação criada no século XIX para explicar os diversos conflitos ocorridos, no final da Idade Média, entre as monarquias inglesa e francesa. Causas do conflito: Em 1328 o rei francês Carlos IV morreu sem deixar herdeiros varões diretos (Crise sucessória do trono francês). Dois candidatos à Coroa francesa foram apresentados: o rei da Inglaterra, Eduardo III e um nobre francês Filipe de Valois (escolhido pela nobreza francesa, tornou-se o rei Filipe V da França). Eduardo III ,então com 15 anos, foi à França prestar juramento ao rei francês (seu suserano) Região de Flandres (Holanda e Bélgica) era uma rica produtora de tecidos de lã (matéria-prima que vinha da Inglaterra), seus mercadores pretendiam diminuir os poderes de nobres franceses que controlavam a região. Essa política contou com o apoio do rei inglês. Como represália ao apoio inglês à Flandres, Filipe V decidiu punir seu vassalo inglês ocupando o Ducado da Aquitânia (feudo do rei da Inglaterra) Devido as intenções do rei francês, Eduardo III decidiu reivindicar a Coroa francesa iniciando o conflito armado. • Na década de 1420 a guerreira francesa Joana D´arc começou a destacar-se na luta a favor da independência francesa derrotando os ingleses em diversas batalhas. Final do conflito e suas consequências Em 1453 os conflitos entre as duas monarquias chegaram ao fim, possibilitando o fortalecimento da monarquia francesa (com a dinastia de Valois) e o enfraquecimento da monarquia inglesa (guerra das Duas Rosas 1455-1485) Após a guerra o sentimento nacional, em ingleses e franceses, passou a ter mais importância que os antigos compromissos feudais. Crise do século XIV-XV: Tríade Feudal Fome, Guerras e Peste. Chuvas torrenciais atingiram as plantações europeias e prejudicaram as colheitas. Provocando fome. Conflitos entre nobres e disputas entre monarcas provocaram diversos conflitos militares na Europa Ocidental: Guerra dos Cem anos (1337-1453) e Guerras entre Portugal e Castela (1369-1371; 1372-1373; 1381-1383) Peste Negra (Bubônica): Proveniente do oriente, assolou o continente europeu entre 1347-1350 dizimando cerca de 50% da população europeia (que na época contava com cerca de 25 milhões de habitantes). Existiam duas formas de contaminação: Forma bubônica (através da picada de pulgas presentes em ratos contaminados) e Forma pneumática (através do contato entre seres humanos) * Crescimento de revoltas camponeses no continente. A mais conhecida delas foi a de Jacqueries (França) Produção cultural: Estilos arquitetônicos ROMÂNICO: séculos X ao XII Igreja de Santa Maria Ripoll, Gerona Sé de Lisboa GÓTICO: Séculos XII ao XV Catedral de Chartres Catedral de Notre Dame, Paris Pintura Medieval A tapeçaria de Bayeux: A representação da conquista da Inglaterra pelos exércitos de Guilherme, o Conquistador em 1066.