Descentralização industrial da Região Metropolitana - FAU

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O processo de desconcentração industrial da Região
Metropolitana de São Paulo
 abordagem metodológica
 pressuposto metodológico: o entendimento das transformações sócio-econômicas
e urbanas em uma região requer compreender os processos nacionais dos quais
estas transformações decorrem, ainda que políticas locais possam eventualmente
produzir impactos localizados importantes
 principais condicionantes decorrentes de políticas macro-econômicas afetando a
evolução do desempenho da economia e as condições sócio-econômicas da
população
 mudanças sócio-econômicas da população, interferindo (direta ou indiretamente)
na configuração urbana, propiciando transformações no uso e ocupação do solo
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 a década de 70
 fim do milagre econômico (1973) – declínio dos altos índices de crescimento da
produção industrial percebidos no período do “milagre”, particularmente
afetando o maior e mais avançado parque industrial do país localizado na RMSP
 crise do petróleo (73 e 78) -- inibe a capacidade de importar dos países centrais,
desarticulando um dos sustentáculos do “milagre econômico” brasileiro
 II PND - plano nacional tendo como objetivo inserir o país em novo patamar no
processo de acumulação internacional, envolvendo investimentos em “Grandes
Projetos” da indústria de base -- indústrias mais dinâmicas se aparelham para
fornecer equipamentos e bens de produção; abandono abrupto do II PND afeta
essas indústrias, as quais em grande parte são controladas pelo capital sediado na
RMSP
 início do processo de desconcentração industrial da RMSP, e também do próprio
estado de São Paulo; plantas industriais são transferidas para o próprio interior
paulista e para distritos industriais das principais capitais regionais
 queda nas taxas de acumulação dos países em desenvolvimento, afetando o setor
industrial e o crescimento do PIB per capita -- inicia-se restruturação produtiva e
gerencial, deflagrando o que tem sido denominado “globalização da economia”,
mas na verdade trata-se de um aceleramento do processo histórico de
internacionalização da economia, o qual, nesse estágio, apresenta novas
características que se generalizam a partir da década seguinte
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 a década de 80
 aumento da competitividade entre empresas acelera a difusão de novos padrões produtivos, com auxílio da
informática aplicada à produção e gerenciamento -- busca de maiores vantagens comparativas aumenta a dispersão
territorial das plantas industriais -- alteram-se os parâmetros quanto a decisão locacional de novos investimentos,
com predomínio dos “tigres asiáticos” em detrimento dos países latino-americanos, já que ao custo da mão de obra
associam-se avaliações quanto ao potencial de mercado, qualificação da mão de obra, disponibilidade de infraestrutura, incentivos fiscais e estabilidade econômica e política
 crescimento acelerado dos investimentos diretos externos (FDI) orientados predominantemente aos próprios países
centrais (subsidiária e filiais de multinacionais) - Brasil perde participação relativa a partir de meados da década
 década de crise econômica no Brasil, apresentando PIBs negativos em alguns anos - RMSP afetada particularmente
com a recessão econômica, iniciando restruturação produtiva no setor industrial; reflexo nos indicadores sócioeconômicos da população, levando a declínio acentuado da taxa de crescimento populacional, particularmente no
MSP, afetando o nível de emprego formal -- contínua perda de participação relativa da produção industrial do ESP,
da RMSP e do MSP
 a nível internacional: processo de concentração de capital e acelerado crescimento do volume das transações
financeiras, alargando a inter-dependência dos mercados de capital e câmbio -- articula-se uma rede de cidades
chamadas de “globais”, nas quais se localizam as sedes de multinacionais ou de suas subsidiárias, inclusive do setor
financeiro e de negócios internacionais
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 a década de 90
 a inserção nos novos padrões da acumulação internacional e a disputa por investimentos diretos externos leva o Brasil a
adotar medidas econômicas de estabilização da moeda e abertura da economia -- forte impacto no parque industrial
nacional, particularmente na RMSP; intensificam-se as fusões e aquisições levando a uma maior concentração de
capital pelas grandes corporações e pelo capital estrangeiro; aumento do desemprego e do setor informal (definição
OIT) -- queda nos salários reais praticamente em todos os setores, mantendo-se a distribuição da renda (1977-87)
 diminuição da queda na participação estadual da produção industrial da RMSP; crescimento da participação estadual no
setor de serviços, particularmente no MSP
 MSP maior integração na “rede de cidades mundiais” abrigando expressivo número de escritórios centrais de
subsidiárias ou filiais de grandes empresas nacionais e multinacionais, voltados a controlar as operações nacionais e no
âmbito do Mercosul -- maior concentração de sedes de empresas financeiras, de serviços especializados e consumo de
luxo
 maior declínio da taxa de crescimento populacional na RMSP e MSP - população cada vez mais expulsa para a
periferia do MSP e mais acentuadamente para os municípios vizinhos (Guarulhos: 2a. cidade do ESP em 1996)
 MSP torna-se cada vez mais dual: aumento das disparidades sócio-econômicas e das desigualdades na infra-estrutura
urbana; aumento da violência; carências sociais agravadas -- aumento de favelas e cortiços -- setor imobiliário
investe em novas áreas voltadas a atividades “globalizadas” no MSP (Av. Berrini - Nova Faria Lima - Marginal
Pinheiros); setor público viabiliza essas novas “centralidades” através de obras viárias e operações interligadas
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 Síntese RMSP
 RMSP: desconcentração industrial é mais acelerada entre 1975 e 1990; nos anos 90 há uma certa estabilização,
particularmente nos municípios industriais vizinhos à capital
 setores de serviços e financeiro adquirem maior importância relativa no valor adicionado da RMSP e especialmente do
MSP -- setor terciário abrange percentuais maiores do pessoal ocupado, mas em patamar reduzido a nível salarial e de
benefícios -- crescimento emprego informal
 taxa de crescimento populacional decai acentuadamente na RMSP a partir dos anos 80, mas de forma desigual entre os
municípios e internamente à capital
 perspectiva a curto prazo é de se acentuarem as disparidades apontadas já que as diretrizes econômicas nacionais estão
sinalizando para a continuidade do modelo adotado desde início dos anos 90, o qual não prioriza políticas públicas
compensatórias, particularmente quanto a oferta de empregos, melhor distribuição de renda e serviços públicos de
qualidade para a população de menor renda – contínuo declínio da taxa de crescimento da população
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Gráfico 9 - Evolução real do Valor Adicionado setorial São Paulo (Capital)
50.000
COMÉRCIO
INDÚSTRIA
45.000
SERVIÇOS
TOTAL
40.000
35.000
R$ Milhões
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
1980
1985
1990
1991
1992
1993
1994
1995
Inflator: IPC com URV (preços de 1995)
Gráfico 16 - Evolução real comparada do Valor Adicionado nos
Serviços - ABCD, Capital e RMSP
9.000
ABCD
São Paulo
RMSP
8.000
7.000
Fonte: Anau, 2004.
R$ Milhões
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
1980
1985
1990
1991
1992
Inflator: IPC com URV (preços de 1995)
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1993
1994
1995
Síntese: urbanização Brasil
O maior crescimento das cidades de porte médio no
Brasil entre 1991 e 2000 foi constatado pelo
censo demográfico de 2000 “os municípios que
perdem população estão compreendidos entre
as faixas de 2.000
e 10.000 habitantes,
[enquanto que os] na faixa de 10.000 a 100.000
habitantes, de um modo geral, apresentam
baixo ou nenhum crescimento e aqueles que
estão acima de 100 mil habitantes estão
concentrados na faixa de 2,0% a 3,0% de
crescimento anual” (FIBGE, 2001: 25).
BRASIL, URBANIZAÇÃO 1940-90
160
População (milhão)
140
120
100
80
Urbana
60
Caracteriza-se assim uma tendência de maior
homogeneização da distribuição populacional no
território brasileiro, revertendo a tendência de
concentração nas maiores metrópoles que
perdurou até fins dos anos 70. Isto se deve ao
processo de diminuição de migração interna,
quer pela maior consolidação de ocupação das
fronteiras, quer pela menor concentração de
atividades econômicas na Região Sudeste,
particularmente na Região Metropolitana de São
Paulo. Esta metrópole, que chegou a deter
42,2% do total da produção industrial nacional
em 1970, declinou sua participação no final do
século XX para valores estimados abaixo de
25%.
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40
20
0
1940
Rural
Ano
1950
1960
1970
1980
1990
Figura 6: Urbanização, Brasil, 1940-90. A urbanização que já tinha velocidade desde 1870, atingiu grandes proporções a partir do Estado Novo. Após algumas
décadas de velocidade e volumes absolutos consideráveis (‘explosão urbana’) o
ritmo de urbanização caiu a partir da década de 1980. Essa já é a fase de
saturação do processo: o país já é predominantemente urbano e atingiu os limites
do estágio de acumulação predominantemente extensivo. (Fonte: Deák, 2004).
Infra-estrutura nacional
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Fonte: http://www.portalbrasil.net/brasil_transportes.htm - Ano de referência: 1998 (cf. DNER)
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MERCOSUL.
Redes digitais principais (2000)
Fonte: Brasil: Anatel (2000: www.anatel.gov.br)
Mercosul e Brazil.
Principais redes integradas de transmissão de
energia elétrica (2000)
Fonte: Brasil: Eletrobrás, 2000 (web site:
www.eletrobras.gov.br/energia).
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Brasil (1991)
Brasil (1999)
Evolução das redes de Internet (Programa RNP)
Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia: RNP – Rede Nacional de Pesquisa (web site, Fev. 2001).
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