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Por semanas, jornais e sites de hábito pouco interessados
em ciência deram manchetes a uma questão astronômica
puramente semântica: Plutão é um planeta? A afobação dos
jornalistas por esse debate meio bizantino rendeu malentendidos que valeria a pena detalhar se a conclusão não
fosse mais curiosa.
Para dar conta dos novos corpos descobertos além de
Plutão e em outros sistemas solares, a União Astronômica
Internacional (UAI) pediu uma definição clara de "planeta"
a uma comissão de especialistas. Esta sugeriu que "planeta"
seria qualquer corpo em órbita de uma estrela, com massa
suficiente para a sua gravidade sobrepujar as forças de
corpo rígido e deixá-lo redondo. A comissão identificou 12
outros corpos que poderiam vir a ser enquadrados nesse
conceito e pode-se esperar descobrir muitos outros. A idéia não
agradou ao congresso da UAI, mas o debate trouxe uma
emenda pior que o soneto.
Pela resolução final, os corpos do Sistema Solar
dividem-se em a) "planetas", b) "planetas anões" e c)
"pequenos corpos". Os primeiros são definidos como
corpos celestes em órbita "ao redor do Sol", redondos e
"que tenham limpado a vizinhança em torno de sua
órbita". Os que cumprem os dois primeiros quesitos, mas são
promíscuos demais para o terceiro (como Ceres, Plutão e
"Xena"), caem na segunda divisão e o resto é o resto. Astros
similares que giram em torno de outras estrelas que não esta
que nos alumia foram deixados de lado, bem como aqueles que
vagam à solta no espaço interestelar.
Aristóteles podia pensar que o Sol girava em torno da Terra, mas
ainda tem algo a ensinar a astrônomos modernos quanto à lógica.
Planeta anão não é planeta? O resultado lembra o "Empório
celestial de conhecimentos benévolos" no qual, contava Jorge
Luis Borges, um sábio chinês dividia os animais em a)
pertencentes ao Imperador, b) embalsamados, c) amestrados, d)
leitões, e) sereias, f) fabulosos, g) cães vadios, h) incluídos nesta
classificação, i) que se agitam como loucos, j) inumeráveis, k)
desenhados com um pincel finíssimo de pêlo de camelo, l) etcétera,
m) que acabam de quebrar o vaso e n) que de longe parecem
moscas. Soa como a piada segundo a qual o camelo é um cavalo
projetado por uma comissão – chiste, por sinal, injusto para com os
camelos.
Janeiro / Fevereiro de 2006
Plutão
Sabia que, hoje, grande parte dos astrônomos pensa que Plutão não deveria ser
considerado um planeta? Isso porque ele é muito diferente dos oito planetas que há.
Plutão é muito menor do que qualquer um deles: em tamanho, perde até para a lua
da Terra. Além disso, possui características que nenhum outro planeta tem. É o único
que possui um satélite com quase o seu tamanho - Caronte - e que tem uma órbita
bastante ovalada - a dos outros planetas é quase circular. Além disso, Plutão é
sólido, como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, enquanto Júpiter, Saturno, Urano e
Netuno, seus vizinhos mais próximos, são formados por gases.
De fato, diferenças demais. A questão, porém, é que não há uma definição para o
que seja um planeta. Por isso, a União Astronômica Internacional propôs que não se
usasse mais a palavra "planeta" sozinha, mas sempre com um adjetivo, para
indicar o que estamos tentando dizer. Por exemplo, falar em planetas rochosos,
planetas gasosos ou até planetas transnetunianos (os que estão além de
Netuno), entre outras possibilidades. Tudo em nome da precisão. Não é curioso?
 Folha de São Paulo
Carta Capital 
 Ciência Hoje das Crianças
As distâncias entre os planetas e o tamanho de cada um,
indicados na figura, não correspondem, proporcionalmente, às
distâncias e tamanhos reais encontrados no Sistema Solar. A
Terra, por exemplo, é bem menor do que Júpiter, ao contrário
do que mostra o desenho.
CHC – Janeiro / Fevereiro de 2006
São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2006
Informação deverá ficar fora dos livros didáticos distribuídos no país em
2007
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os livros didáticos que chegarão às escolas brasileiras no início do ano letivo
em 2007 ainda não terão incluídas informações sobre o rebaixamento de
Plutão. Como a alteração precisa passar por um reconhecimento formal da
comunidade científica do país e ser assimilada por todos os autores, a nova
classificação do ex-planeta deve ficar de fora das obras para estudantes no
próximo ano, mesmo que os vestibulares já decidam cobrar o conteúdo.
Ex-planeta, ex-país
No caso dos livros usados por escolas públicas, a burocracia para alterar
conteúdo é ainda maior. As obras que seguem para esses estudantes têm de ser
aprovadas pelo PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) do Ministério da
Educação, processo que leva meses.
O rebaixamento de Plutão será uma das ausências mais sentidas nos livros
de ciências do ensino básico, ao lado da separação entre as repúblicas de
Sérvia e Montenegro, na Europa, reconhecida em julho.
Os professores que quiserem levar o conteúdo a seus alunos terão, portanto, de
se informar e se virar sozinhos.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2508200603.htm
São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 2006
Maior planeta conhecido tem “densidade de rolha”
Massa do novo astro não se encaixa em teorias
DA REDAÇÃO
Um grupo de cientistas americanos anunciou ontem a descoberta do maior planeta já visto. Batizado com a sigla HAT-P1, ele mais parece uma gigantesca bola de esponja quente, mas os cientistas ainda não sabem explicar por quê.
Descrito por Gaspar Bakos, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, o novo planeta possui um raio 38% maior do
que o de Júpiter, mas sua massa é 50% menor. Isso faz com que ele tenha um quarto da densidade da água, quase a
mesma da cortiça.
Essas características, na verdade, não seriam consideradas tão bizarras se elas se encaixassem bem em previsões teóricas.
Para um planeta de seu tipo, porém, HAT-P-1 parece ser quente demais e grande demais. Precisamente, 24% maior do
que deveria ser.
"Pode ser que estejamos observando uma classe de planetas inteiramente nova", disse Bakos em um comunicado à
imprensa. O astrofísico revelou que um outro objeto planetário que orbita a mesma estrela também está "superinflado".
HAT-P-1 gira em torno de uma estrela do sistema binário ADS 16402, localizado a 450 anos-luz da Terra, na constelação
de Lacerta.
Sua órbita é extremamente próxima à de sua estrela: um vigésimo do raio da órbita da Terra. Um ano do grande planeta
equivale a apenas 4,5 dias terrestres. Essa proximidade de sua estrela mãe, porém, não é suficiente para explicar por que
HAT-P-1 é tão quente e leve. O trabalho que descreve a descoberta está na revista "Astrophysical Journal".
Um nome para "Xena"
A União Astronômica Internacional batizou oficialmente ontem o planeta-anão 2003 UB313, apelidado de Xena. Ele
passa a se chamar Eris, por sugestão de ser co-descobridor, o americano Mike Brown.
O nome é mais do que apropriado: Eris é a deusa grega da discórdia, e a descoberta de Xena ajudou a precipitar o debate
que culminou no rebaixamento de Plutão da classe de planeta.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1509200604.htm
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Diagnósticos: o que os
estudantes já sabem e o que
precisam aprender?
Fase 1: Domínio de sistema de
escrita alfabética
Fase 2: Capacidades de leitura
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