Zika e microcefalia

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UCB
42 anos de
Tradição e
Inovação!
ZYKA E MICROCEFALIA
Ana Cristina Neves
Internato de Pediatria-6ª Série
Coordenação: Carmen Lívia
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 01 de outubro de 2016.
ETIOLOGIA

ZIKV: RNA vírus

Gênero Flavivírus - família Flaviviridae

Identificado em 1947, na floresta Zika, em Uganda - detecção em macacos
(Rhesus)

Infecção: diagnosticada em humanos em 1952 em Uganda e Nigéria.

Isolamento: no curso da doença em paciente com suspeita de febre amarela.

Casos isolados na África e Indonésia; epidemias Micronésia, outras ilhas do
Oceano Pacífico, Brasil, América Latina, América Central e Caribe.

Duas linhagens do vírus ZIKV (africana e asiática), com possíveis adaptações
genéticas.
Marques, H.H.S; INFECÇÃO PELO ZIKA VIRUS. UMA BREVE REVISÃO. Departamento de Infectologia – SBP – Atualizado em 20/07/2016. www.sbp.com.br (acesso em 22/08/16)
TRANSMISSÃO

Picada de mosquito fêmea do gênero Aedes (A. aegypti e A. albopictus)

Menos frequentemente:

Via sexual, perinatal (intraparto de uma mãe para a criança em período de
viremia), por hemotransfusão e transmissão ocupacional.

Não há relato de transmissão através do aleitamento materno apesar do
RNA do ZIKV ter sido encontrado no leite humano.

Out/2015: potencial associação com infecção pré-natal.
Marques, H.H.S; INFECÇÃO PELO ZIKA VIRUS. UMA BREVE REVISÃO. Departamento de Infectologia – SBP – Atualizado em 20/07/2016. www.sbp.com.br (acesso em 22/08/16)
EPIDEMIOLOGIA

NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA (FEV/16)

Óbitos: 3 em 2015; 1 em 2016.

Jul/2016:

174.003 casos prováveis (TI 85,1 casos/100 mil hab.)

78.421 casos confirmados

Prováveis:


Centro-Oeste (172,7 casos/100 mil hab.)

MT, BA, RJ, TO.
Gestantes: 14.739 casos prováveis, sendo 6.903 confirmados por critério clínicoepidemiológico ou laboratorial
Boletim Epidemiológico Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde – nº 31 volume 47-2016. Acesso em 22/08/2016.
EPIDEMIOLOGIA
Boletim Epidemiológico Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde – nº 31 volume 47-2016. Acesso em 22/08/2016.
CLÍNICA

Frequentemente assintomática

Sintomas: febre baixa, exantema
maculopapular pruriginoso, artralgia, mialgia,
cefaleia, hiperemia conjuntival e, menos
frequentemente, edema, odinofagia, tosse
seca e alterações gastrointestinais,
principalmente vômitos.

Comparados a outras doenças exantemáticas
(dengue, chikungunya e sarampo): mais
exantema e hiperemia conjuntival e menor
alteração nos leucócitos e trombócitos.
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CLÍNICA
Sinais / Sintomas
Dengue
Chikungunya
Zika
Febre
++++ (4-7dias)
+++ (2-3 dias)
0/++ (1-2 dias)
Mialgia/artralgia
+++
++++
++
Edema de extremidades
0
0
++
Exantema maculopapular
++ (30-50%)
++ (50%)
+++ (90-100%)
Prurido
+
+
+++
Conjuntivite
0
+
+++
Hepatomegalia
0
+++
0
Leucopenia/trombopenia
+++
+++
0
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DIAGNÓSTICO


Detecção do RNA viral

Período virêmico curto - primeiros 3 a 5 dias após início dos sintomas.

Saliva, sangue e urina por mais de 10 dias.
Sorológico (ELISA ou imunofluorescência): 5º dia de evolução - pesquisa de
anticorpos IgM e IgG anti-Zika.

Reações cruzadas: vírus da dengue e febre amarela

Fases iniciais: títulos muito baixos
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TRATAMENTO

Sintomáticos

Febre, dor e prurido

Desaconselhável o uso de ácido acetilsalicílico e outros drogas anti-inflamatórias
em função do devido ao risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas
nas infecções por síndrome hemorrágica como ocorre com outros flavivírus
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PREVENÇÃO

Repelente

Aprovados pela ANVISA que contém:

Icaridin: proteção mais prolongada

DEET

RA3535

Menores de 2 anos que não podem usar repelentes  usar métodos de barreiras

Pode ser utilizado por gestantes

Roupas claras e compridas

Eliminar focos e criadouros de mosquitos

Evitar viajar para áreas onde saiba que exista circulação do zika vírus

Não existe vacina
Sobre o uso de repelentes de inseto durante a gravidez – ANVISA - http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/dezembro/04/Nota-Anvisa-Repelentes-eSaneantes-02dez2015.pdf; acesso em 22/08/16.
COMPLICAÇÕES

Associação com Síndrome de Guillain-Barré

Síndrome neurológica rara: polineuropatia inflamatória desmielinizante

Afeta 0,6-4/100.000 pessoas/ano (2/3 após infecção)

Paralisia ascendente, progressiva, simétrica  chegar ao sistema respiratório


Assistência ventilatória 6-75%
Bom prognóstico
Oehler E, Watrin L, Larre P, Leparc-Goffart I, Lastère S, Valour F, Baudouin L, Mallet HP, Musso D, Ghawche F. Zika virus infection complicated by Guillain-Barré syndrome – case
report, French Polynesia, December 2013. Euro Surveill. 2014;19(9):pii=20720.
MICROCEFALIA

Microcefalia associada à infecção intrauterina pelo Zika vírus

22/JAN/16 - grupo Zika Embryopathy Task Force, da SBGM:

Relato de 35 crianças com microcefalia e outras alterações neurológicas possivelmente
relacionadas ao ZIKV.

PC<= 2DP para IG e sexo.

Dificuldade de confirmar o diagnóstico de infecção pelo ZIKV retrospectivamente.

Todas as mães residiam ou viajaram para áreas onde havia circulação do ZIKV.

25 crianças: microcefalia grave

TC/US: padrão de calcificações cranianas disseminadas, aumento dos ventrículos secundário à
atrofia cortico/subcortical, excesso de couro cabeludo, envolvimento do sistema nervosos
periférico.

Testes negativos: sífilis, toxoplasmose, rubéola, CMV e vírus herpes simplex.

LCR: testes para identificar ZIKV, mas até o momento da publicação os resultados não estavam
disponíveis.
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MICROCEFALIA

EPIDEMIOLOGIA:

Casos notificados de Microcefalia e/ou Alterações do SNC (sugestivos de infecção
congênita) em fetos, abortamentos, natimortos ou recém-nascidos (2015-2016)


TOTAL: 8890

Investigação: 2978 (33,5%)

Confirmados: 1806

Descartados: 4106
Óbito fetal ou neonatal

TOTAL: 389

Investigação: 198

Confirmados: 122

Descartados: 69
Fonte: Secretarias de Saúde dos Estados e Distrito Federal (dados atualizados até 06/08/2016)
MICROCEFALIA

MICROCEFALIA

Atraso no desenvolvimento neurológico e motor

Avaliação auditiva e visual  potencial risco de dano
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MICROCEFALIA

INFECÇÃO PRÉ-NATAL


Alterações do SNC do feto (comprometimento da formação / desenvolvimento)

Pior: gestante adquire infecção no primeiro trimestre e mãe sintomática

Microcefalia

PC normal e presença de calcificações

Hidrocefalia

Lesões no córtex cerebral
Alterações de articulações - deformidades
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MICROCEFALIA

PRÉ-NATAL

Intervalo recomendado para engravidar: 6 meses

Não é considerado de alto risco

Orientar prevenção

US seriado


20-29 semanas de gestação

Repetir com menor frequência do que o preconizado habitualmente
Instrução sobre sintomatologia

Doença exantemática aguda (5 dias), excluídas outras hipóteses diagnósticas: exames (sangue e urina).
PROTOCOLO DE ATENÇÃO À SAÚDE E RESPOSTA À OCORRÊNCIA DE MICROCEFALIA - Brasília - DF Março de 2016 - Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia – Ministério da
Saúde
MICROCEFALIA

PARTO E PUERPÉRIO

Não existem recomendações específicas devido à infecção ou microcefalia

Ao nascer


Amamentação


PC: se microcefalia, coletar exames laboratoriais
Estudos realizados na Polinésia Francesa não identificaram a replicação do vírus em amostras
do leite, indicando a presença de fragmentos do vírus que não seriam capazes de produzir
doença.
Anamnese + EF

Exame neurológico: reflexos (Moro, sucção, busca, preensão, marcha, fuga)

PC: repetir com 24/48h de vida – suturas cavalgadas
PROTOCOLO DE ATENÇÃO À SAÚDE E RESPOSTA À OCORRÊNCIA DE MICROCEFALIA - Brasília - DF Março de 2016 - Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia – Ministério da
Saúde
PROTOCOLO DE ATENÇÃO À SAÚDE E RESPOSTA À OCORRÊNCIA DE MICROCEFALIA - Brasília - DF Março de 2016 - Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia – Ministério da
Saúde
MICROCEFALIA

EXAMES COMPLEMENTARES

Laboratoriais inespecíficos

HMG, função hepática e renal, bilirrubinas

Laboratoriais específicos

Imagem

US-TF

TC

*Achados inespecíficos de uma encefalite com destruição cerebral e microcefalia por perda
tecidual, com imagens de calcificações, dilatação ventricular, atrofia cerebral, entre outros.
PROTOCOLO DE ATENÇÃO À SAÚDE E RESPOSTA À OCORRÊNCIA DE MICROCEFALIA - Brasília - DF Março de 2016 - Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia – Ministério da
Saúde
MICROCEFALIA

TRIAGEM NEONATAL


AUDITIVO - Potencial Evocado Auditivo de Tronco Cerebral: maior prevalência de
perdas auditivas retrococleares não identificáveis por meio do exame de Emissões
Otoacústicas Evocadas
APÓS ALTA

Puericultura

Estimulação Precoce: fisio, fono e TO – até 3 anos de idade

Acompanhamentos específicos
PROTOCOLO DE ATENÇÃO À SAÚDE E RESPOSTA À OCORRÊNCIA DE MICROCEFALIA - Brasília - DF Março de 2016 - Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia – Ministério da
Saúde
MICROCEFALIA

Conclusão:

Microcefalia: problema de saúde pública

Danos permanentes

Melhor maneira de combater: PREVENÇÃO!!
PROTOCOLO DE ATENÇÃO À SAÚDE E RESPOSTA À OCORRÊNCIA DE MICROCEFALIA - Brasília - DF Março de 2016 - Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia – Ministério da
Saúde
OBRIGADA!
Nota do Editor do site, Dr. Paulo R. Margotto.
Estudando juntos!Aqui e Agora!
Discussão clínica: Zika
vírus perinatal
Paulo R. Margotto e Equipe
Neonatal do
HRAS/HMIB/SES/DF
Clicar Aqui com o eslide Aberto!
www.paulomargotto.com.br
[email protected]
O Zika Vírus infecta progenitores da córtex neural humana e atenua seu
crescimento
Tang H, Hammack C, Ogden SC,
Wen Z, Qian X, Li Y, Yao B, Shin
J, Zhang F, Lee EM, Christian KM,
Didier RA, Jin P, Song H, Ming
GL.Realizado por Paulo R.
Margotto
Zika vírus e microcefalia (Editorial)
Eric J. Rubin, Michael F. Greene and Lindsey
R. Baden. Realizado por Paulo R. Margotto
Sessão de Anatomia Clínica (Fetal):
Associação entre Zika Vírus e Microcefalia
Jernej Mlakar, Misa Korva, Nataša Tu et al.
Realizado por Paulo R. Margotto
Infecção intrauterina Zika Vírus causa
anormalidade cerebral do feto e microcefalia:
ponta do iceberg?
Oliveira Melo AS, Malinger G, Ximenes R,
Szejnfeld PO, Alves Sampaio S, Bispo de
Filippis AM. Realizado por Paulo R. Margotto
Infecção pelo Zika virus e natimorto:um caso
de hidropsia fetal, hidranencefalia e morte
fetal
Infecção por zika virus em gestante no Rio de
Janeiro- relato preliminar
Manoel Sarno, Gielson A. Sacramento,
Ricardo Khouri et al. Realizado por Paulo R.
Margotto
Brasil P, Pereira JP Jr, Raja Gabaglia C, et al.
Realizado por Paulo R. Margotto
Efeitos teratogênicos do Zika vírus e o papel da placenta
Infecção pelo Zika vírus com
prolongada viremia materna e
anormalidades no cérebro fetal
Adibi JJ, Marques ET Jr,
Cartus A, Beigi RH.
Realizado por Paulo R.
Margotto
Driggers RW, Ho CY, Korhonen EM,
et al. Realizado por Paulo R. Margotto
Zika virus prejudica o crescimento em
neuroesferas humanas e organóides cerebrais
Garcez PP, Loiola EC, Madeiro da Costa R et
al. Realizado por Paulo R. Margotto
Achados tomográficos em microcefalia
associados com o Zika Virus
Hazin AN et al. Realizado por Paulo R.
Margotto
ASPECTOS ULTRASONOGRÁFICOS DAS INFECÇÕES PERINATAIS CRÔNICAS
Paulo R. Margotto
Universidade Católica de Brasília
Unidade de Neonatologia do HRAS/HMIB/SES/DF
Hospital Maternidade Brasília
UCB
42 anos de
Tradição e
Inovação!
20° Congresso Brasileiro da Sociedade Brasileira de Ultrassonografia - SBUS
12° Congresso Internacional de Ultrassonografia da FISUSAL
(São Paulo, 19 a 22 de outubro de 2016)
www.paulomargotto.com.br
[email protected]
Palestra em Preparação.....
ASPECTOS ULTRASONOGRÁFICOS DAS INFECÇÕES PERINATAIS CRÔNICAS
Síndrome congênita do ZIKA VIRUS (ZKV)

Interrompimento do crescimento cerebral fetal
(atraso da expansão da substância branca)


Neuroinvasão viral
Microcefalia
Julho/2016:
8301 casos
(confirmados:1656)
Waldorf KMA,2016
Oliveira-Szejnfeld,2016
ASPECTOS ULTRASONOGRÁFICOS DAS INFECÇÕES PERINATAIS CRÔNICAS
Síndrome congênita do ZIKA VIRUS (ZKV)

Variedade de anormalidades cerebrais
Tamanho ventricular
Perda de volume da substância branca e cinzenta
Tronco cerebral
Calcificações

Mudança mais notável:
redução do volume do parênquima cerebral
-94%(infecções confirmadas)/100% (infecções pressumíveis)
Oliveira-Szejnfeld, 2016
E CRÔNICAS
Síndrome congênita do ZIKA VIRUS (ZKV)
Calcificações corticais e na
sustância
branca subcortical-aspecto linear
Grande fissura interhemisférica
(atrofia cerebral)
Calcificações cerebelares (hemisférios)
Hipoplasia do vermis inferior (aumento da cisterna magna)
Oliveira-Szejnfeld, 2016
ASPECTOS ULTRASONOGRÁFICOS DAS INFECÇÕES PRINATAIS CRÔNICAS
Síndrome congênita do ZIKA VIRUS (ZKV)
Hazin AN, 2016
acidente vascular cerebral isquêmico
Calcificações em forma de bandas
Margotto,PR
2016
545g-30sem1d
ASPECTOS ULTRASONOGRÁFICOS DAS INFECÇÕES PERINATAIS CRÔNICAS
Síndrome congênita do ZIKA VIRUS (ZKV)
O que difere de outras Infecções Congênitas:

NA ZIKV: até 24 semanas, desenvolvimento normal do cérebro
(apesar da infecção ocorre no primeiro trimestre na maioria dos casos)
Assim:US pré-natal: 20-24 sem; 26-30 sem e após 34 sem
O US neonatal: detecta adicionais anormalidades em 71,4%

O que procurar: ventriculomegalia; calcificações cerebrais; disgenesia do corpo caloso, hipoplasia cerebelar
com destruição do vermis cerebelar e megacisterna magna (lembra Dandy-Walker)
Sarno M, Ultrasound Obster Gynecol, 2016 Sep 19
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