Variedades e Variações Linguísticas Assum Preto Luiz Gonzaga Tudo em vorta é só beleza Sol de Abril e a mata em frô Mas Assum Preto, cego dos óio Num vendo a luz, ai, canta de dor (bis) Tarvez por ignorança Ou mardade das pió Furaro os óio do Assum Preto Pra ele assim, ai, cantá mió (bis) Assum Preto veve sorto Mais num pode avuá Mil vezes a sina de uma gaiola Desde que o céu, ai, pudesse oiá (bis) Assum Preto, o meu cantar É tão triste como o teu Também roubaro o meu amor Que era a luz, ai, dos óios meus.. O Brasil é um país grande e diversificado, com Estados ricos e pobres, grandes e pequenos, com gente vivendo em povoados, no litoral, na floresta, nas grandes cidades, é natural que a língua portuguesa sofra variações. VARIEDADES LINGUÍSITCAS As variedades Variedade Padrão – É a norma culta, formal, obedece às regras gramaticais. Variedade Não Padrão, informal, popular ou coloquial– É o conjunto de variedades linguísticas diferentes da língua padrão. Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem VARIAÇÃO de uma língua é o modo pelo qual ela se diferencia, sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico, geográfico e sociocultural no qual os falantes dessa língua se manifestam verbalmente. É o conjunto das diferenças de realização linguística falada pelos locutores de uma mesma língua. Variações históricas: Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Analisemos, pois, o fragmento exposto: Antigamente “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio." Carlos Drummond de Andrade ► E tudo mudou... O rouge virou blush O pó-de-arroz virou pó-compacto O brilho virou gloss O rímel virou máscara A Lycra virou stretch Anabela virou plataforma O corpete virou espartilho Que virou sutiã Que virou lib Que virou silicone A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento A escova virou chapinha "Problemas de moça" viraram TPM Confete virou MM ►A crise de nervos virou estresse A chita virou viscose. A purpurina virou gliter A brilhantina virou mousse Os halteres viraram bomba A ergométrica virou spinning A tanga virou fio dental E o fio dental virou antisséptico bucal Ninguém mais vê... Ping-Pong virou Babaloo O a-la-carte virou self-service A tristeza, depressão O espaguete virou Miojo A paquera virou pegação A gafieira virou dança de salão O que era praça virou shopping A areia virou ringue A caneta virou teclado O long play virou CD A fita de vídeo é DVD O CD já é MP3 É um filho onde éramos seis O álbum de fotos agora é mostrado por e-mail (.............) O namoro agora é virtual A cantada virou torpedo E do "não" não se tem medo O break virou street A AIDS virou gripe A bala antes encontrada agora é perdida A violência está coisa maldita! A maconha é calmante O professor é agora o facilitador As lições já não importam mais A guerra superou a paz E a sociedade ficou incapaz... ... De tudo. Variações regionais: São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes a diferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade estão os sotaques, ligados às características orais da linguagem. Variações socioculturais: Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e, principalmente, ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Podem ser dividas em: Variação por idade Variação por sexo Variação por profissão Aqui também abrange as gírias e o linguajar caipira. Vício na fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados. Oswald de Andrade Variações situacionais: Incluem as modificações na linguagem decorrentes do grau de formalidade da situação ou das circunstâncias em que se encontra o falante. Esse grau de formalidade afeta o grau de observância das regras, normas e costumes na comunicação linguística. Empréstimo linguístico Preconceito linguístico Esse tipo de preconceito nasce da ideia de que há uma única língua portuguesa correta, que é a ensinada nas escolas, está presente nos livros e dicionários e baseia-se na gramática normativa. Apesar de ser muito importante a existência de uma norma que regulamente a escrita, a torne homogênea e defina suas regras, a mesma acaba servindo como instrumento de exclusão social, já que ao não reconhecer a língua como uma unidade viva e mutável, ela passa a ser utilizada como meio de distinção social daqueles que têm acesso a educação, e consequentemente, mais poder aquisitivo, e daqueles que não têm. O preconceito linguístico é uma forma de discriminação que deve ser enfaticamente combatida. Então..... Por que estudar Português? Por que aprender o padrão formal? Para: termos acesso à cidadania; termos acesso à informação – que hoje é elitizada. nos adequarmos em diferentes situações de comunicação; nos tornamos críticos e reflexivos; A sociedade cobra dos indivíduos a língua culta.