Princípios de Cirurgia Oncológica Dr. Alexandre Ferreira Oliveira Câncer: Doença Genética Conceito: Alterações que passam no código genético da célula tornando-a anômala do ponto de vista morfológico, bioquímico, funcional, impedindo a sua morte natural - apoptose Câncer Alterações genéticas Adquiridas Herdadas Câncer esporádico Câncer hereditário 85 – 90% 10 – 15% Cirurgia Oncológica Aspectos históricos 1600 a.C: Edwin Smith Empirismo Era moderna: Ephraim McDwell (1809) Cirurgia Oncológica Progressos iniciais Anestesia geral: 1846 (Morton, W. e col.) Antissepsia: 1867 (Lister, J.) Programa de treinamento: 1894 (Halsted, W.S.) Cirurgia Oncológica Obstáculos iniciais Casos avançados Instrumentos inadequados Inexistência Antibiótico Anestesia endotraqueal Incapacidade para transfusões sangüíneas Falta de suporte pós-operatório Tratamento Oncológico Detecção Diagnóstico Estadiamento Tratamento Seguimento Reabilitação * Prevenção Neoplasias Malignas Roteiro para o diagnóstico Anamnese Exame físico geral Exame loco-regional Exames complementares Biópsia Exame anátomo-patológico Biópsias Incisional: ressecção parcial do tumor (Ex.: Shave) Excisional: ressecção total do tumor PAAF: citologia e cell block Agulha: True-cut, Vim-Silverman,Chiba Diagnóstico das Neoplasias Malignas O que o cirurgião espera do patologista: Tamanho e extensão local do tumor Situação das margens de ressecção Tipo histológico Grau de malignidade Número e situação dos linfonodos Embolização vascular Infiltração de filetes nervosos Infiltração linfoplasmocitário Situação de ploidia Diagnóstico das Neoplasias Malignas O que o patologista espera do cirurgião: Informação clínica Material representativo Evitar áreas de necrose e hemorragia Fixação adequada “In print” ou “rasprint” Referência às margens Identificação de níveis linfonodos Estadiamento Ajudar no planejamento terapêutico Iniciar o prognóstico Ajudar na avaliação dos resultados terapêuticos Facilitar intercâmbio entre os centros de tratamento Contribuir para a pesquisa contínua sobre o câncer humano História natural da neoplasia Exames complementares Grau de diferenciação histológica Estadiamento Exame físico Cirurgia Oncológica para Estadiamento Mediastinoscopia Laparoscopia Laparotomia Vias de Disseminação Linfática Hematogênica Continuidade Contigüidade Implante Tratamento do Câncer Armas Terapêuticas: Cirurgia Radioterapia Quimioterapia Hormonioterapia Imunoterapia Reabilitação Física Psíquica Nutricional Cirurgia Oncológica Papel atual 60% dos pacientes são tratados cirurgicamente Usada em 90% dos pacientes para diagnóstico e estadiamento Cirurgia Oncológica Melhores resultados Cura Sobrevida Qualidade de vida Cirurgia Oncológica Conceito de Operabilidade Ressecabilidade Refere-se ao paciente Refere-se ao tumor Determinação de Risco Cirúrgico Condição geral do paciente Gravidade de patologia associada Complexidade da cirurgia Estadiamento do tumor Tipo de anestesia Experiência do cirurgião Cirurgia Oncológica Curativa Excisão local com margem Ressecção local ampliada Ressecção + linfadenactomia Monobloco Bibloco Ressecções múltiplas Amputações e desarticulações Ressecção + endopróteses Performance Status Zubrod 0 1 2 3 4 Karnovsky 90 - 100 70 - 80 50 - 60 30 - 40 10 - 20 Definição Assintomático Sintomático deambulando Sintomático na cama < 50 % do dia Sintomático na cama > 50 % do dia Acamado Critério Cirúrgica de Cura R 0 - Ressecção total do tumor R 1 - Doença residual microscópica R 2 - Doença residual macroscópica Evitar a Implantação Ressecção em bloco do tumor primário, linfonodos e de todo tecido potencialmente envolvido Proteger o tecido tumoral Evitar a disseminação intraluminal Utilizar material diferente nas biópsias peroperatória do que será empregado na ressecção Associar tratamento loco-regional Adequada Margem de Ressecção Completa margem de tecido normal em torno do órgão ressecado (tridimensional) Quando na dúvida - biópsia de congelação Completa ressecção dos linfonodos regionais Ressecção em bloco de trajeto de biópsia prévia ou fístula Causas de Falha Cirúrgica Tumor residual no local de ressecção e regional Ressecção incompleta do tumor (R1 e R2) Metástase em linfonodo não ressecado Implantação de célula neoplásica Crescimento de metástase a distância Metástase clinicamente oculta que na cirurgia não foi reconhecida Fixação e crescimento de cel. liberada na circulação vascular e linfática durante a cirurgia Tratamento Paliativo Fornecer benefício na impossibilidade de cura Aliviar obstrução visceral (Ressecção ou derivação) esofageana, gástrica, intestinal,urinária e respiratória. Controlar hemorragias (Ressecção, rafia ou ligadura, esclerose, RXT) Ráfia ou ressecção de perfuração visceral Enterostomia alimentar Bypass digestivo Ressecção de tumor p/ eliminar ulceração e infecção Alívio das síndromes paraneoplásicas Ablação endócrina Cirurgia Oncológica Preventiva Colectomias Polipose familar Colite ulcerativa Orquipexia Criptorquidia Ressecção de ostecondroma Outras Cirurgia Oncológica O cirurgião pode contribuir para a disseminação do câncer com: Incisões inadequadas Não proteção Do tumor Bordas da ferida Inventário incorreto da cavidade Manobras grosseiras *Não ligadura do pedículo vascular Margens de ressecção inadequadas Atuação do Cirurgião Oncológico Diagnóstico Estadiamento Tratamento do tumor primário Reconstrução e reabiliatação Tratamento paliativo Ressecção de metástases Cirurgia citorredutora e das metástases Emergências oncológicas Prevenção Desafios na Cirurgia Oncológica Identificar corretamente a possibilidade do paciente ser curado apenas pela cirurgia Desenvolver e selecionar a terapêutica loco-regional que acrescente um melhor balanço, entre a cura e o impacto da mortalidade do tratamento e qualidade de vida Desenvolver e aplicar tratamento neo-adjuntivo e adjuntivo que possa aumentar o controle da doença local, invasiva e metastática Área de Atuação do Cirurgião Oncológico Organizar programa de ensino em Cirurgia Oncológica Atuar como consultor quando houver pacientes oncológicos, com problemas incomuns e/ou de difíceis solução Atuar em cirurgias em que o cirurgião não é familiarizado Organizar protocolos de pesquisa clínica para pacientes cirúrgicos oncológicos Coordenar trabalhos associados ao oncologistas, radioterapeutas e pesquisadores Conduzir programa de pesquisa experimental em oncologia onde possível Treinamento em Cirurgia Oncológica Programa de treinamento em serviço de cirurgia oncológica no período de 3 anos, após conclusão do treinamento em cirurgia geral por 2 anos Treinamento em instituição cujo o programa é aprovado pela SBCO, e que tenha condições para fornecer este treinamento Treinamento em centro que disponha de pesquisa em ciências básicas e clínica Treinamento em instituição que forneça adequada experiência cirúrgica, incluindo procedimentos curativos e paliativos Estágio nos serviços de oncologia clínica e radioterapia Câncer de ovário X Cirurgião Acuracidade no estadiamento cirúrgico Cirurgião geral Ginecologista Oncologista ginecológico 52% 35% 97% McGowan et al.Misstang of ovarian cancer. Obstetric Ginecol 65:568-72, 1985 Câncer de mama X Cirurgião Quanto maior o número de cirurgia de mamas maior a probabilidade de cirurgia conservadora, de pesquisa de receptores hormonais e indicação certa de adjuvâncias 15 a 30 casos / ano / cirurgião = maior taxa de sobrevida Neuner et al., Cancer, 101, ago. 2004. Análise do Resultado do Tratamento Oncológico Morbidade Resposta (R0 R1 R2 , RC RP PD) Intervalo livre de doença Estadiamento do tumor (recidiva) Custo benefício