Regência Verbal e Nominal

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Regência Verbal e Nominal
Regência Verbal e Nominal– REGRA GERAL
TEXTO I - Leia atentamente os quadrinhos abaixo. Eles fazem parte da seqüência
final da história “O alfaiatezinho valente”.
Assisti a tudo e peço-vos que caseis com
minha filha e partilheis o meu reino! Sois um
valente e governareis com acerto!
No país de “conta-me-um-conto”
todos dormem...
Levantai-vos,
majestade!
E o novo rei sonha com o tempo que lhe
parece muito distante, em que era um
alfaiatezinho...
O Alfaiatezinho valente, Chiqui de la Fuente.
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Releia a fala do rei. Observe atentamente os verbos presentes e o modo como esses verbos se
relacionam com os seus complementos.
“Assisti a tudo e peço-vos que caseis com minha filha e partilheis o meu reino!”
Lembre-se agora do conceito de transitividade, que estudamos quando aprendemos a
analisar os complementos verbais (objeto direto e objeto indireto). Veja, no período acima,
retirado da fala do rei, como os verbos assistir, pedir, casar e partilhar se relacionam com
seus respectivos complementos:
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Percebemos, pelos esquemas acima, que um verbo e seu(s)
complemento(s) podem relacionar-se diretamente ou por meio de uma preposição.
Essa relação que se estabelece entre um verbo e seu complemento é uma relação de
regência. O verbo é, por isso, chamado de regente ou subordinante (aquele que
subordina), e o complemento é o termo regido ou subordinado (aquele que se
subordina). Após essas considerações, você conseguiu estabelecer, sobre as orações
acima analisadas, a seguinte relação entre os verbos e seu(s) complementos(s) :
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Vale lembrar outro aspecto muito importante sobre a regência: a transitividade
não é um privilégio dos verbos, também existem nomes transitivos.
Esses nomes transitivos são complementados por um termo chamado
complemento nominal, assunto, também estudado, anteriormente, na análise
sintática. A ligação entre um nome transitivo e seu complemento nominal também
é uma relação de regência. Nesse caso, como você poderá observar nos exemplos
abaixo, há sempre uma preposição para ligar o regente ou subordinante ao termo
regido ou subordinado.
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RACIOCINANDO
Você pode observar o comportamento dos verbos e seus
complementos, assim, como os dos nomes e de seus complementos!
Após essas observações, você pode chegar a uma regra geral da verbal
e da regência nominal? Escreva em seu caderno sua conclusão!
Regência Verbal é:
Regência Nominal é:
REGRAS ESPECIAIS DA REGÊNCIA VERBAL
Voltemos aos quadrinhos de “O Alfaiatezinho Valente”. Neles se encontra o
verbo assistir, no sentido de assistir a tudo. Pelo contexto do quadrinho, pode se
notar que o verbo assistir tem o significado de ver, presenciar. “Assisti a tudo” quer dizer
vi tudo, presenciei tudo.
Observe que, no entanto, é comum que o verbo assistir seja utilizado,
cotidianamente, sem a preposição:
Assisti um filme. (um – artigo indefinido)
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Mas, devemos ressaltar que a norma culta padrão exige que, se formos utilizar o verbo assistir
no sentindo de ver, presenciar, devemos introduzir seu complemento com uma preposição.
Assisti a um filme. (a - preposição)
Além disso, o verbo assistir pode ter um outro significado, como na seguinte oração:
A equipe médica assistiu o doente. (o – artigo definido)
Note que o verbo assistir significa prestar auxílio, prestar assistência. Com esse significado, o
verbo assistir é transitivo direto, ou seja, seu complemento NÃO deve ser introduzido por uma
preposição.
Podemos também dizer:
O direito à crítica assiste a todo cidadão. (a – artigo definido)
Na frase acima, o verbo assistir é transitivo indireto e significa caber, pertencer. Há, portanto,
dois bons motivos para estudarmos a regência verbal: muitas vezes existe diferença entre o
emprego cotidiano de um verbo e o emprego que a língua culta recomenda. Assim o verbo
assistir pode ter as seguintes regências:
1) assistir a algo – ver, presenciar. Ex.: Assisti a uma peça teatral. (VTI)
2) Assistir a alguém – prestar auxílio, ajudar. Ex.: O médico assistiu um paciente. (VTD)
3) Assistir a alguém – caber, pertencer. Ex.: Certos direitos deveriam assistir a todos. (VTD)
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Cada verbo possui sua regência, independente do sentido proposto no texto.
VERDADE OU MENTIRA?
Analise os exemplos a seguir e tire suas conclusões.
REGRAS ESPECIAIS DA REGÊNCIA VERBAL – VERBO ASPIRAR
Leia atentamente a tirinha abaixo.
Nos quadrinhos acima, observamos o emprego do verbo aspirar. Não é difícil deduzir
que aspirar quer dizer, no caso, atrair ar para os pulmões, sorver. E, também, é
possível observar que com esse significado, o verbo aspirar é transitivo direto.
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Vejamos outros exemplos.
Aspiro o perfume das flores.
Aspiramos o ar puro que imaginamos ainda existir em algum lugar.
O verbo aspirar pode também ter o significado de desejar, ambicionar. Nesse caso, ele é um
verbo transitivo direto ou indireto? Observe.
Aspiro a uma vida digna.
Aspiramos ao bem-estar comum.
Portanto, o verbo aspirar varia de acordo com o sentido no texto e pode ter as seguintes
regências:
1) aspirar algo — inalar, sorver. Ex.: Aspirar um aroma. (VTD)
2) Aspirar a algo — desejar, ter como ambição. Ex.: Aspirar à paz mundial. (VTI)
REGRAS ESPECIAIS DA REGÊNCIA VERBAL – VERBO CHAMAR
Leia atentamente a tirinha abaixo.
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Para falar sobre o comportamento dos políticos, a Mafalda acabou empregando o verbo
chamar. Observe que, no caso, chamar quer dizer atribuir um nome, e é acompanhado de
um objeto indireto (lembre-se de que o pronome lhe é sempre objeto indireto quando
complementa um verbo). Mantendo esse mesmo significado, o verbo chamar poderia ser
empregado em quatro construções.
1) Chamou o comportamento dos políticos amor.
2) Chamou o comportamento dos políticos de amor.
3) Chamou ao comportamento dos políticos amor.
4) Chamou ao comportamento dos políticos de amor.
Além desse significado e dessas construções, o verbo chamar pode ser usado como
transitivo direto no sentido de atrair a atenção, solicitar a presença.
Pediu que chamassem seus amigos.
Assim o verbo chamar pode ter as seguintes regências:
1) chamar (a) alguém (de) uma certa coisa, dar nome.
Ex.: Chamei meu amigo de irmão. (VTDI)
2) Chamar alguém, atrair a atenção, requerer a presença.
Ex.: Chamei um médico. (VTD)
REGRAS ESPECIAIS DA REGÊNCIA VERBAL – VERBOS ESQUECER/ LEMBRAR
Leia atentamente a tirinha.
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Nos quadrinhos acima, em que a figura burocrática do administrador despreza a figura artística
do cantor, aparecem os verbos esquecer e lembrar. Releia as orações retiradas da tirinha.
“Não esqueçamos que o seu ouvido o impedia de captar determinadas coisas.”
Observe que o verbo esquecer é, no caso, um verbo transitivo direto, e seu complemento é
a oração “...que o seu ouvido o impedia...”
“Lembrar-se de cantar numa altura tão agradável como esta?!”
E no caso do verbo lembrar, ele aparece como um verbo transitivo indireto, e seu
complemento é a oração “... de cantar numa altura tão agradável como esta?!”
Note que ele é também um verbo pronominal, ou seja, é acompanhado por um pronome que já é
parte integrante do verbo lembrar-se.
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Esquecer e lembrar são verbos que apresentam o mesmo funcionamento. Observando seu
emprego nesses quadrinhos, podemos concluir que são transitivos diretos. Vejamos outros
exemplos.
Esquecer que era surdo. Lembrar que era surdo.
Observe que os verbos esquecer e lembrar serão transitivos indiretos, quando forem
pronominais.
Esquecer-se de que era surdo. Lembrar-se de que era surdo.
Assim os verbos esquecer e lembrar podem ter as seguintes regências:
1) Lembrar algo ou esquecer algo.
Ex.: Lembrei aqueles bons tempos. (VTD)
Esqueci aqueles bons tempos. (VTD)
2) Lembrar-se ou esquecer-se de algo.
Ex.: Lembrei-me daqueles bons tempos. (VTI)
Esqueci-me daqueles bons tempos. (VTI)
REGRAS ESPECIAIS DA REGÊNCIA VERBAL – VERBOS PAGAR/ PERDOAR
Leia atentamente a tirinha.
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Releia a seguinte oração, retirada da tirinha acima. Observe o emprego do verbo pagar.
“Tem de pagar-me o que me deve!”
O verbo pagar é, no caso, um verbo transitivo direto e indireto, pois quem paga, paga algo a
alguém.
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É importante perceber que o objeto direto de “pagar” é sempre uma coisa, enquanto o objeto
indireto é sempre uma pessoa.
O verbo perdoar funciona exatamente dessa mesma forma. É por isso que a Mafalda utiliza o
pronome lhe como complemento de perdoar, nos quadrinhos abaixo. Mafalda se refere a seu pai,
uma pessoa.
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Assim os verbos pagar e perdoar podem ter as seguintes regências:
1) Pagar algo a alguém.
Ex.: Pagar a aula ao professor.
2) Perdoar algo a alguém.
Ex.: Perdoar a dívida ao devedor.
REGRAS ESPECIAIS DA REGÊNCIA VERBAL – VERBO PREFERIR
Leia atentamente a tirinha.
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Releia a oração retirada da tirinha acima.
“Prefiro ser uma pessoa a ser um número mais nas estatísticas.”
É provável que você também prefira ser uma pessoa a ser um simples número nas estatísticas.
Também é provável que você já tenha percebido o emprego do verbo preferir, feito de acordo
com o padrão da língua culta:No primeiro quadrinho da tira acima, encontramos a frase:
Observe que o verbo preferir é um verbo transitivo direto e indireto e seu objeto indireto deve
ser introduzido pela preposição a.
Assim o verbo preferir pode ter as seguintes regências:
1) Preferir algo a algo.
Ex.: Preferimos o direito de escolher ao dever de aceitar.
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REGRAS ESPECIAIS DA REGÊNCIA VERBAL – VERBO QUERER
Leia atentamente o quadrinho abaixo.
Toda Mafalda, da primeira à última tira. Quino
Observe, no quadrinho acima, o emprego do verbo querer. Nesse caso, ele é utilizado como um
verbo transitivo direto.
“[...]juro que eu não queria ter que sair do país[...]”
É fácil perceber que, nesse caso, querer significa desejar, ter vontade
de.
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Há uma outra significação que o verbo querer pode assumir: a de estimar, amar. Para
que tenha esse significado, o verbo deve ser transitivo indireto, como nos exemplos abaixo:
Quero muito a meus amigos.
Quero-lhe muito bem.
Assim o verbo querer pode ter as seguintes regências:
1) Querer algo — desejar, cobiçar.
Ex.: Quero uma casa no campo. (VTD)
2) Querer a alguém — amar, ter afeição. (VTI)
Ex.: Quero muito aos que lutam pela paz.
REGRAS ESPECIAIS DA REGÊNCIA NOMINAL
Leia atentamente a tirinha.
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Observe o questionamento de Mafalda: para que são necessárias as estrelas? Qual
seria sua forma de completar essa idéia? Qualquer que seja sua sugestão, observe que você
estará complementando o nome (adjetivo) transitivo necessárias. Em outras palavras: você estará
estabelecendo uma relação de regência nominal.
Note a presença da preposição para, que irá introduzir o complemento nominal. É
justamente o conhecimento das preposições que se torna o mais importante na regência nominal.
Além disso, no estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes
apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um
verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. É o que ocorre, por
exemplo, com OBEDECER e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos
pela preposição a:
obedecer a algo/a alguém, obediência a algo/a alguém; obediente a algo/a alguém;...
Você vai encontrar, a seguir, vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que
regem. Observe-os atentamente e compare o uso indicado com o uso que você tem feito. Além
disso, procure associar esses nomes entre si ou aos verbos cognatos.
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Advérbios
Longe de
Perto de
Os advérbios –mente tendem a
seguir o regime
dos adjetivos de que são
formados:
Paralela a; paralelamente a
Relativa a; relativamente a
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Teste seu conhecimento.
1. As frases abaixo seguem o padrão popular, cotidiano. Reescreva-as de acordo com o padrão
culto.
a) Não obedecerei suas ordens injustas!
b) Prefiro morrer do que obedecer suas ordens!
c) Não quis perdoá-lo. Dizia que ele era um caso perdido.
d) Não lembrei daquele compromisso.
e) Sempre chego atrasado na escola.
f) Responderei a sua carta amanhã.
g) Assisti um filme interessante ontem.
2. Complete adequadamente as frases seguintes.
a) Não é possível viver em sociedade sem respeito (*) direitos dos outros.
b) Existem muitos novos-ricos que ainda têm dúvidas (*) a utilidade dos estudos lingüísticos.
c) Não tenho devoção (*) futebol.
d) Seu medo (*) opressão é maior que sua obediência (*) velhos dogmas.
e) A ditadura é um verdadeiro atentado (*) dignidade humana.
f) Tenho admiração (*) todos os que defendem os seus direitos.
CONCLUSÃO:
Como você pôde ver, na língua padrão, há muitas exigências, no que diz respeito à
regência verbal e à regência nominal. Por isso, é preciso prestar atenção especial ao escrever
estruturas semelhantes à da oralidade, para que cada variante da língua seja respeitada e cada
uma dessas utilizada conforme a adequação necessária a cada situação.
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