Pós-graduação no Brasil: Possibilidades e Desafios para o Serviço Social As profundas transformações no processo produtivo induzem a uma política de fomento que atende a interesses estreitos da política industrial brasileira, o que remete à prioridade de pesquisa nas chamadas áreas duras. Orientada à formação de recursos humanos para o mercado, via consórcios com empresas, essa política prioriza a inovação tecnológica e a inserção competitiva do país no mercado mundial, em detrimento das ciências humanas e sociais. As análises mais críticas sobre a contra-reforma da Educação, assim o demonstram, como, por exemplo, o documento “A contra-reforma da educação superior: uma análise do Andes-SN das principais iniciativas do governo de Lula da Silva”, o qual denuncia que o Projeto de Inovação Tecnológica desvia os já parcos recursos para o controle direto das empresas, destroçando a pesquisa básica, a pesquisa nas áreas sociais humanas e toda pesquisa que não seja de interesse imediato do mercado capitalista dependente A implantação da pós-graduação stricto sensu em Serviço Social no Brasil tem apenas três décadas, remontando ao início da década de setenta. Os cursos de mestrado pioneiros foram os da região Sudeste: PUC-RJ e PUC-SP, em 1972, e UFRJ, em 1976. Ainda nessa década verifica-se a expansão do mestrado para a região Sul, com a criação do mestrado na PUC-RS em 1977 e para o Nordeste, com o mestrado da UFPB-JP, em 1978 e a UFPE, em 1979. Constitui-se por 27 Programas de Pós-Graduação, sendo 27 de mestrado todos de caráter acadêmico e 10 de doutorado DISTRIBUIÇÃO: 11 Programas na região Sudeste (40,74%) 07 na região Nordeste (25,93%) 04 na região Sul (14,81%) 03 Programas na região CentroOeste (11,1%) 02 estão na região Norte (7,41%) Características: Liderança das Universidades Públicas 19 (70,37%), seguida das universidades comunitárias 06 (22,22%), com pouca expressividade de instituições privadas 02 (7,41%): tendência inversa à detectada na graduação 16 em Universidades Federais (59,62%); 03 em Universidades Estaduais (11,11%) 15 em Serviço Social (55,6%), dos quais 01 em Serviço Social e sustentabilidade na Amazônia; 07 em Política Social (25,92%), dos quais 01 em Políticas sociais e Cidadania; 01 em Política Social e Serviço Social (3,7%); 03 em Políticas Públicas (11,1%), sendo um deles voltado à política pública e desenvolvimento local Política Social / Políticas Públicas / Avaliação de Políticas Sociais = 41 Serviço Social = 28 Estado / Instituições = 19 Trabalho/Processos de Trabalho/Relações de Trabalho = 14 Movimentos Sociais / Processos Organizativos /Associativismo / Sujeitos Sociais =14 Direitos Sociais/Cidadania/Direitos Humanos = 14 Representações Sociais = 02 Sociedade / Processos Sociais / Relações Sociais /Reprodução Social =14 Cultura = 10 Questão Social = 06 Formação Profissional = 06 Fundamentos do Serviço Social/Teoria e História = 06 Prática Profissional = 05 Práticas Sociais / Ação Social = 04 Violência = 04 Exclusão Social/Pobreza = 03 Identidade / Identidades Sociais = 03 Espaço acadêmico jovem, fértil e profícuo para a produção de conhecimentos e saberes capazes de gerar abordagens críticas e originais em relação aos objetos de pesquisa Desde a década de 80, é considerado pelos órgãos de fomento (Capes e CNPq) como área de produção de conhecimento, situada no âmbito das Ciências Sociais Aplicadas, tendo constituído critérios próprios de avaliação de projetos de pesquisas e de Programas de Pós- Graduação, o que situa o Serviço Social brasileiro na dinâmica do fomento à pesquisa e à pós-graduação no País. Promove o primeiro doutorado em Serviço Social da América Latina,em 1981, na PUC-SP Produção científica em desenvolvimento, com certa fragilidade nos fundamentos teórico-metodológicos Ampla produção intelectual na maioria dos programas, com destaque à produção técnica e inserção social dos programas Repercussão da produção em diferentes espaços sócioocupacionais e áreas de conhecimentos A produção critica do Serviço Social brasileiro vem atravessando o continente latino-americano através da Biblioteca da Editora Cortez Abrangência local de parte significativa dos veículos de publicação e circulação da produção da área Avaliação da área: O resultado dos últimos dados consolidados pela CAPES, em 2007, revela: 3,70% dos programas com conceito 6 (seis), referente a um único programa; 18,52% com conceito 5 (cinco) incluindo cinco programas (UNB, UFMA,UFPE,UFRJ, PUC-RS); 25,93% com nota 4 (quatro) abrangendo sete programas (UFF, UFPI, UERJ,PUC-RJ, UNESPFranca,UEL, UFV) 51,83% com nota 3 (três) referente a quatorze programas Considera-se a expansão da área e a presença de programas novos. Potencialidades da área: espaço acadêmico jovem, fértil e profícuo para a produção de conhecimentos e saberes qualificação do corpo docente composto, na sua totalidade doutores e destes 2% com pósdoutorado no Brasil ou no exterior crescimento e qualidade da produção intelectual crescimento de intercâmbios acadêmicos e convênios com instituições nacionais e internacionais Potencialidades da área: constituição e fortalecimento de grupos e núcleos de pesquisa consolidados e produtivos crescente inserção internacional formando recursos humanos para outros países mantém intercâmbios de cooperação cientifica com vários países da América Latina: Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia; África: Moçambique, Angola e Cabo Verde; Europa, notadamente; França, Itália, Portugal e Inglaterra. Destaca-se: 1) o avanço em relação à produção de conhecimento critico sobre a realidade brasileira, Estado, políticas sociais e expressões da questão social 2) a relação estreita entre os representantes da área, os programas e a ABEPSS 3) a contribuição com a construção e consolidação das Ciências Sociais no Brasil, privilegiando o diálogo com outros campos e saberes profissionais e propiciando, dessa forma, maior visibilidade do Serviço Social no âmbito acadêmico 4) contribuição na construção de respostas profissionais às demandas socialmente expressas pelo movimento histórico da sociedade brasileira 5) que o avanço da pós-graduação inscreve-se no interior do movimento de consolidação do projeto ético-político profissional . Enfrentar a lógica da divisão entre ciências puras e ciências aplicadas, da Universidade Operacional, mercantil, do quantitativismo, do produtivismo e aligeirada. Qualificar as revistas da área, promovendo a sua indexação nas bases nacionais e internacionais Enfrentar a lógica da pesquisas individuais Articular a pesquisas acadêmicas às demandas da sociedade civil, fortalecendo os processos e lutas sociais tão necessários à garantia de visibilidade da área e ampliação dos espaços de consolidação da democracia. Estreitar a relação entre Graduação e Pós-graduação, entendendo que a consolidação da pós-graduação é condições para a qualificação da graduação e a requalificação da graduação é um insumo ao desenvolvimento da pósgraduação. A defesa da universidade efetivamente pública, democrática, socialmente referenciada, dotada de recursos materiais e humanos capazes de atender às demandas do desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão e autônoma em face de constrangimentos que não os estritamente derivados dos imperativos éticos na produção e aplicação de conhecimentos. Fortalecer-se como entidade acadêmico científica Propor e coordenar a política de formação profissional na área de Serviço Social que associe organicamente ensino, pesquisa e extensão e articule a graduação com a pós-graduação Promover articulação entre associações acadêmicas e científicas congêneres Criar grupos temáticos (GTs) para pesquisas na área de Serviço Social I - propor e implementar estratégias de articulação entre grupos e redes de pesquisa na perspectiva do fortalecimento da área do Serviço Social; II – organizar estratégias de fortalecimento ou redimensionamento das linhas de pesquisa na área de Serviço Social; III- realizar levantamentos permanentes das pesquisas desenvolvidas e dos eixos temáticos de cada grupo; IV- coordenar ações acadêmico-científicas da entidade relativas aos eixos de cada grupo temático; V- propor à diretoria estrutura de organização temática para o Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social – ENPESS. Organização de Grupos Temáticos Pesquisas, o que permitiria uma maior publicização do conhecimento construído nas universidades, em âmbito nacional e internacional, abrindo novas possibilidades de intercâmbios. Formulação de uma política de pesquisa para a área, desafio que vem recebendo especial atenção, num constante diálogo com as representações de área na CAPES e no CNPq e com as outras áreas afins do conhecimento. “a investigação quando compromissada em libertar a verdade de seu confinamento ideológico, é certamente um espaço de resistência e de luta” (IAMAMOTO, 2008) Referências Bibliográficas Anais do XI ENPESS. São Luis, Maranhão, ABEPSS, 2008. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES). Documento de área/avaliação dos programas de pós-graduação em Serviço Social. CARVALHO, D. B. B. de; SILVA, M. O. S. e. Serviço Social, pós-graduação e produção de conhecimento no Brasil. São Paulo: Cortez, 2005. Estatuto da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social –ABEPSS. Dez, 2008. ___________. A pós-graduação e a produção de conhecimento no Serviço Social brasileiro. R B P G,.Revista Brasileira de Pós-Graduação. Brasília, CAPES, v. 4, n. 8, p. 192-216, dezembro de 2007. IAMAMOTO, Marilda. Serviço Social em tempo de capital fetiche, São Paulo: Cortez, 2008 TORRES, M. R. C. Et alli. A contra-reforma da educação superior: uma análise do Andes-sn das principais iniciativas do governo de lula da silva. Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN). Brasília, agosto de 2004. Disponível em http://www.andes.org.br/ .