A FILOSOFIA DA GRÉCIA CLÁSSICA AO HELENISMO. ARISTÓTELES DE ESTAGIRA DO NASCIMENTO DA LÓGICA A ORDENAÇÃO DO MUNDO. Nasceu em Estagira na Macedônia ( 384322 a.C). Foi professor de Alexandre o grande, rei da Macedônia. Depois da morte de Alexandre, os sentimentos antimacedônicos ganharam grande intensidade em Atenas. Devido a sua grande ligação com a corte Macedônica, Aristóteles foi perseguido, e saiu de Atenas. Desenvolveu a lógica para servir de ferramenta do raciocínio na ciência. Da sensação ao conceito: o discípulo discorda do mestre. Ao abordar a realidade, reconhecia a multiplicidade dos seres percebidos pelos sentidos. Assim tudo que vemos, pegamos, ouvimos e sentimos é aceito como elemento da realidade sensível Nesse sentido rejeitava a teoria das ideias de Platão, segundo a qual os dados transmitidos pelos sentidos não passam de distorções, sombras ou ilusões da verdadeira realidade existente no mundo das ideias. Para Aristóteles, a observação da realidade leva-nos a constatação da existência de inúmeros seres individuais, concretos, mutáveis, que são captados pelos nossos sentidos. Partindo dessa realidade sensorial – empírica - , a ciência deve buscar as estruturas essenciais de cada ser. A partir da existência do ser, devemos atingir a sua essência, através de um processo de conhecimento que caminharia do individual e específico para o universal e genérico. Lógica aristótélica Para validar seu pensamento ele desenvolveu a lógica. Baseou seu pensamento principalmente no argumento indutivo Este argumento é aquele que, partindo de proposições particulares, procura chegar a uma conclusão geral. Ex: PREMISSA A: As plantas, os animais, os fungos, e as bactérias são seres vivos. PREMISSA B: Ora, as plantas, os fungos e as bactérias são formados por células. Conclusão: Logo, todos os seres vivos são formados por celulas. Existe também o argumento dedutivo, que é aquele que se desenvolve de premissas gerais para uma conclusão particular. EX: PREMISSA A: Todo o animal nasce, vive e morre. PREMISSA B: Ora, o tigre é um animal. Conclusão: Logo, o tigre nasce, vive e morre. Nova Interpretação para as Mudanças do Ser. Aristóteles pretendeu resolver a contradição entre o caráter estático e permanente do ser em oposição ao movimento e a transitoriedade das coisas. Aristóteles propôs que em todo ser devemos distinguir o ato e a potência. O ato: manifestação atual do ser, aquilo que já existe; A potência: as possibilidades do ser (capacidade de ser ), aquilo que ainda não é mas pode vir a ser. Assim, conforme Aristóteles, o movimento, a transitoriedade, ou mudança das coisas se resumem na passagem da potência para o ato. Exemplo: a árvore que está sem flores pode tornar-se com o tempo uma árvore florida. Ao adquirir flores, essa árvore manifesta em ato, aquilo que já continha intrinsecamente em potência. Por outro lado, pode acontecer que, em virtude de certas condições climáticas, uma árvore frutífera não venha a dar frutos ( o que contrária a sua potência de dar frutos). Esse caso Aristóteles classifica como acidente, ou seja, algo que não ocorre sempre. ( e que não faz parte da essência da árvore) Assim segundo Aristóteles devemos distinguir também em todos os seres existentes: A SUBSTÂNCIA: aquilo que é essencial e estrutural do ser; O ACIDENTE: aquilo que é atributo circunstancial e não-essencial do ser. O que determina a realidade do ser: a causa A passagem da potência para o ato não se da ao acaso: ela é causada. Aristóteles emprega o termo Causa em sentido bastante amplo, isto é, no sentido de tudo aquilo que determina a realidade de um ser. Distingue assim 4 tipos de causas fundamentais: Causa material: refere-se a matéria de que é feita uma coisa. Ex: o mármore utilizado na confecção de uma estátua; Causa formal: refere-se a forma, a natureza específica, a configuração de uma coisa, tornando-a “um ser propriamente dito”. Ex: uma estátua em forma de homem e não de cavalo; Causa eficiente: refere-se ao agente que produziu diretamente a coisa. Ex: o escultor que fez a estátua. Causa final: refere-se ao objetivo, à intenção, à finalidade ou à razão de ser de uma coisa. Ex: o escultor tinha como finalidade exaltar a figura do soldado ateniense. A potência, em si mesma, não é capaz de formalizar o ser em ato, é preciso a intervenção de um agente transformador ( causa eficiente), guiado por uma finalidade (causa final). Segundo Aristóteles, a causa final é que comanda o movimento da realidade. É pela causa final, em última instância, que as coisas mudam, determinando a passagem da potência para o ato Questão 2 UFRJ 2009 É comum, entre filósofos, admitir-se que toda tese filosófica deve estar apoiada em razões que a justifiquem, e que justificar uma tese é apresentar argumentos. Tais argumentos consistiriam em um discurso no qual, a partir de alguns itens supostos, outros itens resultam. Os itens supostos são chamados de premissas do argumento, e o que resulta é denominado sua conclusão. Alguns argumentos são chamados de argumentos dedutivos. Nesse tipo de argumento, dada a verdade das premissas, a conclusão necessariamente é verdadeira. Outros são chamados de argumentos indutivos. Nesses, dada a verdade das premissas, a conclusão provavelmente é verdadeira. Considere então os seguintes argumentos: [A] Todo animal é mortal Todo homem é animal Logo, todo homem é mortal [B] Todos os cisnes até hoje observados são brancos Jojô é um cisne Logo, Jojô é branco Com base na explicação dada, identifique qual dos dois argumentos, A ou B, é um argumento dedutivo. Justifique sua resposta. A felicidade humana Aristóteles define o homem como ser racional e considera atividade racional, o ato de pensar, como a essência humana. Para ser feliz, segundo Aristóteles, o homem deve viver de acordo com a sua essência, isto é, de acordo com a sua razão, a consciência reflexiva. E, orientando seus atos para uma conduta ética, a razão conduzirá a pratica da virtude orientando seus atos para uma conduta ética, a razão conduzirá a pratica da virtude. Para Aristóteles, a virtude representa o meio-termo, a justa medida de equilíbrio entre o excesso e a falta de um atributo qualquer. Ex: a virtude da coragem é o meio termo entre a covardia e a valentia insana; a perseverança é o meio termo entre a fraqueza de vontade e a vontade obsessiva. Aristóteles e a política Aristóteles afirmava que o homem é um ser social, pois para sobreviver, não pode ficar completamente isolado de seus semelhantes. Segundo Aristóteles, a organização social adequada à natureza do homem é a pólis. “ a cidade (pólis) encontra-se entre as realidades que existem naturalmente, e o homem é por natureza um animal político.” A pólis grega é vista por Aristóteles como um fenômeno natural. A cidade tem precedência sobre cada um dos indivíduos, uma vez que cada indivíduo isoladamente não é autossuficiente, enquanto a falta de um indivíduo não destrói a cidade. “ o todo não deve necessariamente ter precedência sobre as partes” A política é uma continuidade da ética, ou melhor, a ética é entendida como uma parte da política. A ética se dirige ao bem individual, enquanto a política se dirige ao bem comum. Segundo Aristóteles os homens não são naturalmente iguais, pois uns nascem para a escravidão e possuem uma organização mais primitiva enquanto outros nasceram para o domínio. Filosofias helenísticas ( a busca da felicidade interior) Com a conquista da Grécia pelos macedônicos (322 a.C), tem início o chamado período helenístico. Caracterizou-se por um processo de interação entre a cultura grega clássica e a cultura dos povos orientais conquistados. Esse período é caracterizado basicamente a continuação das atividades das escolas platônica (Academia) e aristotélica (Liceu). Os valores gregos mesclam-se com as mais diversas tradições culturais. A antiga liberdade do cidadão grego, exercida na autonomia de suas cidades, é desfigurada pelo domínio macedônico. As principais correntes filosóficas desse período vão tratar da intimidade, da vida interior do homem.