Colocação Pronominal

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Colocação
Pronominal
8º ano
Colocação Pronominal
É preciso pensar na EUFONIA
Não apenas na normas gramaticais
Pronominais
Oswald de Andrade
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
Colocação pronominal
Pronomes oblíquos átonos: me, te, se, nos, vos, lhe, lhes.
Posições:
Próclise
Mesóclise
Ênclise
Próclise
- pronome colocado antes do verbo.
Palavras atrativas
a) Palavras de sentido negativo (não, nada, nem, nunca...)
Nada me abala hoje.
b) Advérbios, não seguidos de vírgula (hoje, aqui, sempre, talvez,
muito, etc.)
Hoje nos olhamos muito.
c) Conjunções subordinativas (que, quando, embora, se, como, para
que, etc).
Embora me olhe o tempo todo, não parece tão interessada.
d) Os seguintes pronomes:
Relativos (que, que, quais, onde, qual, etc.)
Fique encantada com o presente que me deram ontem.
Indefinidos: (alguém, muitos, todos, poucos, etc.)
Todos me esperam para a aula.
Demonstrativos: (este, esta, aquele, aquilo etc.)
Aquilo lhe fez muito bem.
2. Em frases interrogativas, exclamativas e optativas (frases que
exprimem desejo).
Quem lhe disse isso? (frase interrogativa)
Quanta gente me procura!! (frase exclamativa)
Deus nos livre e guarde! (frase optativa)
3. Em frases com a preposição em + verbo no gerúndio.
Em se tratando prova, é preciso estudar bastante.
Casos facultativos de próclise
Pode-se utilizar tanto a próclise quanto a ênclise:
b) Com infinitivo não flexionado precedido de preposição ou
palavra negativa.
Vim para te ver. (próclise)
Vim para ver-te. (ênclise)
Espero não o encontrar. (próclise)
Espero não encontrá-lo. (ênclise)
Mesóclise
Usada com verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito.
Entregar-te-ei as notas do teste.
(ENTREGAREI)
Dar-lhe-ia um beijo apaixonado.
(DARIAM)
Observação:
-SE houver palavra que exija próclise, essa colocação prevalece
Não te darei as notas do teste.
- Se o verbo no futuro não iniciar a oração, a mesóclise é opcional.
Seus amigos lhe dariam nova oportunidade.
ou
Seus amigos dar-lhe-iam nova oportunidade.
Ênclise
A ênclise é usada principalmente nos seguintes casos:
1. Quando o verbo inicia a oração.
Dê-me um copo d`água.
2. Com o verbo no imperativo afirmativo
Por favor, passe-me o sal.
Colocação pronominal nas locuções verbais
1) Quando o verbo principal for constituído por um particípio
a) O pronome oblíquo virá depois do verbo auxiliar.
Haviam-me convidado para a festa.
b) Se antes da locução verbal houver palavra atrativa, o
pronomeoblíquo ficará antes do verbo auxiliar.
Não me haviam convidado para a festa.
2) Quando o verbo principal for constituído por um infinitivo ou um
gerúndio:
a) Se não houver palavra atrativa, o pronome oblíquo virá depois do verbo
auxiliar ou depois do verbo principal.
Devo esclarecer-lhe o ocorrido / Devo-lhe esclarecer o ocorrido.
b) Se houver palavra atrativa, o pronome poderá ser colocado antes do
verbo auxiliar ou depois do verbo principal.
Não posso esclarecer-lhe o ocorrido./ Não lhe posso esclarecer o ocorrido.
Observações importantes:
Emprego de o, a, os, as
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os
pronomes: o, a, os, as não se alteram.
Exemplos:
Chame-o agora.
Deixei-a mais tranquila.
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas
consoantes finais alteram-se para lo, la, los, las.
(Encontrar ele) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
(Fiz isso) Fi-lo porque não tinha alternativa.
3)
Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em,
ão, õe, õe,), os pronomes o, a, os, as alteram-se para
no, na, nos, nas.
Chamem-no agora.
Põe-na sobre a mesa.
4) As formas combinadas dos pronomes
oblíquos: mo, to, lho, no-lo, vo-lo, formas
em desuso, podem ocorrer em próclise,
ênclise ou mesóclise.
Ele mo deu.
(Ele me deu o livro)
Leia o texto abaixo.
Aquela velha carta de ABC dava arrepios. Três faixas
verticais borravam a capa, duras, antipáticas; e, fugindo a elas,
encontrávamos num papel de embrulho o alfabeto, sílabas,
frases soltas e afinal máximas sisudas.
Suportávamos esses horrores como um castigo e
inutilizávamos as folhas percorridas, esperando sempre que as
coisas melhorassem. Engano: as letras eram pequeninas e
feias; o exercício da soletração, cantado, embrutecia a gente; os
provérbios, os graves conselhos morais ficavam impenetráveis,
apesar dos esforços dos mestres arreliados, dos puxavantes de
orelha e da palmatória.
“A preguiça é a chave da pobreza”, afirmava-se ali.
Que espécie de chave seria aquela? Aos seis anos, eu e
meus companheiros de infelicidade escolar, quase todos
pobres, não conhecíamos a pobreza pelo nome e tínhamos
poucas chaves, de gaveta, de armários e de portas. Chave de
pobreza para uma criança de seis anos é terrível.
Nessa medonha carta, que rasgávamos com prazer,
salvavam-se algumas linhas. “Paulina mastigou pimenta.”
Bem. Conhecíamos pimenta e achávamos natural que a
língua de Paulina estivesse ardendo. Mas que teria
acontecido depois? Essa história contada em três palavras
não nos satisfazia, precisávamos saber mais alguma coisa a
respeito de Paulina.
O que ofereciam, porém, à nossa curiosidade infantil
eram conceitos idiotas: “Fala pouco e bem: Ter-te-ão por
alguém!” Ter-te-ão? Esse Terteão para mim era um homem, e
nunca pude compreender o que ele fazia na última página do
odioso folheto. Éramos realmente uns pirralhos bastante
desgraçados.
RAMOS, Graciliano. Linhas Tortas.13a edição, Rio de
Janeiro: Record, 1986.
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