Capacitação em diagnóstico e tratamento do Dengue e da FHD. Pedro J. Vilaça Médico Infectologista e Epidemiologista COVISA – SMS / PMSP 2007 INTRODUÇÃO •Doença infecciosa febril aguda, de etiologia viral e evolução benigna na maioria das vezes. •Atualmente é a mais importante arbovirose que afeta o ser humano, e constitui-se em sério problema de saúde pública no mundo. •Sinonímia: febre quebra ossos. •Origem do termo: “melindre”, “manha” (do espanhol) Distribuição mundial da Dengue e de seu vetor. Ano de 2003. 35° N 35° S Fonte: OMS II – HISTÓRICO • Primeiro relato: final do século XVIII no Sudoeste Asiático (Ilha de Java). •1779 – 1780: descrição da primeira epidemia nas Américas (Filadélfia) por Benjamin Rush. •1903: demonstração da transmissão da doença através do mosquito A. aegypti • 1944: isolamento do vírus por Sabin, com a caracterização de dois sorotipos II – HISTÓRICO 1950: Primeiros casos descritos de FHD (Filipinas e Tailândia) 1956: Hammon estabelece a caracterização de dois novos sorotipos do vírus da dengue 1958: Brasil recebe da OMS o certificado de erradicação do A. aegypt 1960-70: ressurgimento do vetor nas Américas após sua quase erradicação nas décadas anteriores. Década de 90: Intensificação das epidemias pelo país. Sorotipos Circulantes no Brasil – 2006 – MS/SVS Fonte: SVS/MS Dengue: situação nos Estados brasileiros em novembro de 2006 BASES EPIDEMIOLÓGICAS Fatores de Transmissão CENÁRIO DE RISCO PARA DENGUE Idade Sexo Individual Epidemiológico Número susceptíveis Densidade vetorial Raça Circulação vetorial Nutrição Hiperendemicidade Infecção secundária Resposta hospedeiro Viral Virulência cepa Sorotipo Condições Ambientais Homem DENGUE Vírus Vetor Condições Sociais Fatores Ambientais • Latitude: entre 35°N e 35°S • Altitude: inferior a 2.200 • Variação de Temperatura : 15° a 40°C Fatores Sociais • Densidade Populacional: moderada a alta. • Padrões de assentamento: urbanização não planejada, alta densidade demográfica. • Condições sócio-econômica. • Período diurnos de inatividade dentro de casa. • Crenças e conhecimento acerca da doença Fatores Sociais • Habitação Tela inadequada ou ausente Inexistência de água encanada Recipientes e caixa d’água destampada • Coleta de lixo Lixeiras inadequadas; Coleta inadequada ou inexistente; Pequenos recipientes descartados; Pneus, etc Fatores de risco associado ao hospedeiro Sexo; Idade; Condições Imunológicas; Profissão Fatores de risco associado ao Agente Infectividade Patogenicidade Virulência •Agente Etiológico: •É um vírus RNA. •Arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae. •São conhecidos quatro sorotipos (DEN1, DEN2, DEN3, DEN4). •Reservatório: A fonte da infecção e reservatório vertebrado é o ser humano. Foi descrito na Ásia e na África um ciclo selvagem envolvendo macacos. Fatores de risco associados ao Vetor Abundância de Criadouros; Densidade de fêmeas adultas; Freqüência de alimentação; Preferência de hospedeiro; Disponibilidade de hospedeiro Suscetibilidade inata a infecção •Vetores: •São mosquitos do gênero Aedes. A espécie Aedes (Stegomnya) aegypti é a mais importante na transmissão da doença, e também pode ser transmissor da Febre Amarela Urbana. •O Aedes albopictus, já presente nas Américas, e com ampla dispersão na região Sudeste do Brasil, é o vetor de manutenção da dengue na Ásia, mas até o momento não foi associado à transmissão da dengue nas Américas. •O VETOR Trata-se adaptado humanos. de um artrópode a convivência Preferência pelo intra bem com e peridomicílio. Distribui-se praticamente em todas as regiões compreendidas entre os trópicos de câncer e capricórnio. Picam preferencialmente nas duas primeiras horas da manhã e ao final da tarde. • Utiliza diversos tipos de criadouros, cuja água independe da chuva. • O aumento da temperatura e da umidade aumentam seu tempo de vida, sua reprodutibilidade e diminuem o tempo necessário para se tornarem vetores infectantes. • Somente as fêmeas realizam a hematofagia. • Transmissão vertical rara. • Raio de vôo: 30-35 metros. DENGUE: A DOENÇA •Transmissão: •A transmissão se faz pela picada dos mosquitos Aedes aegypti (fêmea), no ciclo ser humano - Aedes aegypti - ser humano. • Após um repasto de sangue infectado, o mosquito está apto a transmitir o vírus, depois de 8 a 12 dias de incubação extrínseca. •Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento. •Período de Incubação: •Varia de 3 a 15 dias, sendo em média de 5 a 6 dias. •Período de Transmissibilidade: •Compreende dois ciclos: um intrínseco (ser humano), e outro extrínseco, (vetor). •A transmissão do ser humano para o mosquito ocorre enquanto houver presença de vírus no sangue do ser humano (período de viremia). •Uma vez infectado, o mosquito transmitirá o vírus até o final de sua vida (6 a 8 semanas). Transmissão do vírus do Dengue Mosquito pica / Transmite vírus Mosquito pica / Adquire vírus Período de incubação intrínseco Período de incubação extrínseco Viremia Viremia 0 5 Doença Ser humano 1 8 12 16 20 24 28 DIAS Doença Ser humano 2 Fonte: adaptado de www.cdc.gov/ • Imunidade e Susceptibilidade: •A suscetibilidade ao vírus da dengue é universal. •A imunidade é permanente para um mesmo sorotipo (homóloga). Entretanto, a imunidade cruzada (heteróloga) existe temporariamente. •A fisiopatogenia da resposta imunológica à infecção aguda por dengue pode ser primária e secundária. •A resposta primária se dá em pessoas não expostas anteriormente ao flavivírus, e o título dos anticorpos se eleva lentamente. •A resposta secundária se dá em pessoas com infecção aguda por dengue, mas que tiveram infecção prévia por flavivírus, e o título de anticorpos se eleva rapidamente, atingindo níveis altos. •Replicação inicial em fibroblastos e cél. Dendríticas locais. •Grande replicação viral em linfonodos •Circulação regionais. viral em •Liberação das monócitos e •Início da migração novas cópias virais linfócitos para linfonodos para circulação: periféricos. regionais VIREMIA •Resposta Imunológica (IgM) •Início da neutralização das partículas virais. •Resolução da infecção •Fase de convalescença •Fagocitose viral INFECÇÃO INFECÇÃO 1 2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 ISOLAMENTO VIRAL 11 6 12 7 8 13 9 14 10 15 11 16..........................90 DIAS 12 13 14 15 TESTES SOROLÓGICOS (ELISA) DIAS Principais elementos na fisiopatogenia da infecção pelo vírus da Dengue: •Extravasamento vascular (vascular linkeage) •Plaquetopenia: •Ação direta na MO: produção •Aumento do consumo plaquetário •Destruição mediada por imunocomplexos FISIOPATOGENIA DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA AO DENV DENV Endotélio Vascular Interação Vírus + Ptns. Ativadoras Ativação da Resposta Inflamatória Liberação de Mediadores (citocinas) Inflamatórios •Óxido Nítrico •Interferon •TNF- •Interleucinas 6 e 10 EXTRAVASAMENTO VASCULAR (Vascular Linkeage) Aumento da permeabilidade vascular com extravasamento do conteúdo intravascular para o 3° espaço (ptns. plasmáticas e até mesmo eritrócitos). Perda de líquido para o terceiro espaço Hemoconcentração: Ht EXTRAVASEMENTO VASCULAR Desidratação Perda da homeostase capilar e do equilíbrio hidroeletrolítico CHOQUE PLAQUETAS Ação direta em MO levando à diminuição da produção plaquetária Aumento do consumo periférico de plaquetas Destruição plaquetária devido à deposição de imunocomplexos na superfície plaquetária PLAQUETOPENIA PROVA DO LAÇO •Hemorragia induzida •Não é patognomônico da dengue •Evidência indireta da fragilidade capilar •Marcador de gravidade na dengue •Grandes diferenças na sensibilidade Exantema máculo-papular Prova do laço positiva APRESENTAÇÃO CLÍNICA •A infecção por dengue causa uma doença cujo espectro inclui, desde formas oligo ou assintomáticas, até quadros com hemorragia e choque, podendo evoluir para o óbito. •Infecção Assintomática •Dengue Clássico (DC) •Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) •Síndrome do Choque do Dengue (SCD) •Formas atípicas •Dengue clássico (DC): •A primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, seguida de cefaléia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroorbital, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo. •Hepatomegalia dolorosa pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre. •Dor abdominal generalizada tem sido observada mais frequentemente entre crianças e manifestações hemorrágicas, como: petéquias, epistaxe, gengivorragia, e metrorragia tem sido relatadas mais frequentemente entre adultos, ao fim do período febril. •A doença tem duração de 5 a 7 dias, mas o período de convalescença pode ser acompanhado de grande debilidade física, e prolongar-se por várias semanas. CASO SUSPEITO DE DENGUE CLÁSSICO (VE): Paciente que tenha doença febril aguda, com duração máxima de 7 dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: •cefaléia •dor retro-orbital •mialgia •artralgia •prostração •exantema. •Ter estado, nos últimos quinze dias, em área onde esteja ocorrendo transmissão de Dengue ou tenha a presença de Aedes aegypti. •Febre Hemorrágica da Dengue (FHD): •Sintomas iniciais são semelhantes aos do DC, porém há um agravamento do quadro, no terceiro ou quarto dias de evolução, com aparecimento de manifestações hemorrágicas e de colapso circulatório. •A fragilidade capilar é evidenciada pela positividade da prova do laço. •Outras manifestações hemorrágicas incluem: petéquias, equimoses, epistaxe, gengivorragia, hemorragia em diversos órgãos (gastrintestinal, intracraniana etc.), e hemorragia espontânea pelos locais de punção venosa. •O choque geralmente ocorre entre o 3º e 7º dias de doença, geralmente precedido por dor abdominal. •É decorrente do aumento de permeabilidade vascular, seguida de hemoconcentração e falência circulatória. •É de curta duração, e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida, após terapia anti-choque apropriada. •Caracteriza-se por pulso rápido e fraco, com diminuição da pressão de pulso e da pressão arterial, extremidades frias, pele pegajosa e agitação. •Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. CASO SUSPEITO DE FHD (VE): •Todo caso suspeito de Dengue Clássico, que apresente também manifestações hemorrágicas, variando desde prova do laço positiva, até fenômenos mais graves como hematêmese, melena e outros. •A ocorrência de manifestações hemorrágicas, acrescidas de sinais e sintomas de choque cardiovascular (pulso arterial fino e rápido ou ausente, diminuição ou ausência de pressão arterial, pele fria e úmida, agitação), levam à suspeita de síndrome de choque. CASO CONFIRMADO DE FHD: É o caso em que todos os critérios abaixo estão presentes: •Febre ou história de febre recente, com duração de 7 dias ou menos; •Trombocitopenia (<= 100.000/mm3); •Tendências hemorrágicas evidenciadas por um ou mais dos seguintes sinais: •prova do laço positiva, petéquias, equimoses ou púrpuras, e sangramentos de mucosas, do trato gastrointestinal e outros; •Extravasamento de plasma, devido ao aumento de permeabilidade capilar,manifestado por: •(a) hematócrito apresentando um aumento de 20% do valor basal (valor do hematócrito anterior à doença) ou valores superiores a 44% em crianças, a 48% em mulheres e a 54% em homens; ou •(b) queda do hematócrito em 20%, após o tratamento; ou •(c) presença de derrame pleural, ascite e hipoproteinemia. FISIOPATOGENIA DA FHD Pessoas que tenham sofrido uma infecção pelo vírus da dengue desenvolvem anticorpos que podem neutralizar o vírus do mesmo sorotipo (homólogos). Em uma infecção subsequente, os anticorpos heterólogos préexistentes formam complexos com o novo sorotipo de vírus que causa infecção, mas estes Ac não neutralizam o novo vírus. Anticorpos Homólogos Formam Complexos Neutralizantes Vírus Dengue 1 Anticorpo neutralizante ao vírus Dengue 1 Anticorpo não neutralizante Complexo formado por anticorpo neutralizante e vírus Dengue 1 Anticorpos Heterólogos Formam Complexos Não-Neutralizantes Vírus Dengue 2 Anticorpo não neutralizante Complexo formado por anticorpo não neutralizante e vírus Dengue 2 Complexos Heterólogos Penetram em Mais Monócitos, Onde o Vírus se Multiplica. Vírus Dengue 2 Anticorpo não neutralizante Complexo formado por anticorpo não neutralizante e vírus Dengue 2 A amplificação dependente de anticorpos é o processo no qual determinadas cepas do vírus do dengue, complexadas com anticorpos não-neutralizantes, podem penetrar uma grande proporção de células mononucleares (Macrófagos) aumentando assim a produção do vírus. Esse “escape” imunológico permite infecção em maior número de células e uma demora na resposta específica. Abundância de mediadores inflamatórios Parasita Hospedeiro Resposta imunológica Tipo Intensidade Inaparente Oligo Clínica Grave DENGUE NA CRIANÇA •Maioria das infecções é assintomática. •Quando mais jovem, menos específico é o quadro clínico. •Sintomas de vias aéreas superiores. •Sintomas gastrintestinais •Acometimento hepático •Maior fragilidade capilar: maior risco de sangramentos •Hiponatremia. •Comportamento diferente em menores de 1 ano. •A maioria das infecções é oligo ou assintomática. •Tailândia: 87% das infecções em escolares resultaram em apenas 1 dia de ausência à escola. (Kalayanarooj et al, J Infect Dis. 1997) •Rio de Janeiro: Inquérito sorológico em escolares: 33% IgM+ sem relato de sintomas. (Nunes-Araujo et al. Ann Trop Med Parasitol. 2003) •Dor de garganta, coriza e tosse costumam estar presentes em crianças com dengue. •A elevação de AST (TGO) é mais comum em crianças, em níveis até acima de 1.000 U/L. FHD EM MENORES DE 1 ANO •Infecção primária (90%) •Idade: •2-12 meses (média de 8 meses) •Queda dos Ac maternos •Fatores de risco: •Ac heterofílicos maternos em níveis sub neutralizantes nos lactentes os expõe ao processo de imunoamplificação. •Pouca idade (< 12 meses). N° de Casos DISTRIBUIÇÃO DA FHD/SCD NA CRIANÇA Infecção sequencial por diferentes sorotipos •Primeira infecção •Persistência de Ac maternos QUADRO CLÍNICO: •Febre •Hepatomegalia •Sintomas de vias aéreas superiores •Sangramentos •Vômitos •Irritabilidade •Exantema •É frequente a associação com infecções bacterianas (pneumonia, meningites, IVAS). •Alterações neurológicas são mais frequentes, devido principalmente a convulsões febris e hiponatremia. •Maior frequência de acometimento hepático com elevação de AST (TGO). •Maior prevalência no grupo com alteração de AST . •Não houve associação estatisticamente significativa entre a doença e a maioria dos sintomas analisados. •O exantema foi o único sintoma mais frequente na dengue quando comparado a outras doenças febris indiferenciadas. (RP: 1,53; IC95%: 1,07-2,19; p=0,06). •49,2% das crianças (1 a 12 anos) não teriam sido diagnosticadas como dengue caso o critério utilizado fosse somente o preconizado pelo MS/OMS. •Nenhum caso de FHD/SCD foi diagnosticado. PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DO DENGUE CLÁSSICO ENFERMIDADE EPIDEMIOLOGIA QUADRO CLÍNICO Influenza e outras viroses respiratórias Rubéola Ocorre mais no inverno, contato pessoa-pessoa Ausência de vacinação prévia com tríplice viral ou rubéola prévia, contato com pessoa doente Contato com pessoa doente, ausência de vacinação antisarampo ou doença prévia Predominam os sintomas respiratórios Estado geral preservado, cursa com exantema mais florido e adenopatias Sarampo Escarlatina HIV agudo Rickettisioses (febre maculosa, tifo endêmico, tifo epidêmico, febre Q Leptospirose anictérica Ocorre predominantemente em crianças nos meses de inverno Contato sexual, uso de drogas EV, tranfussional, vertical História de exposição a carrapato, piolho, pulga acampamentos me mata. Frequente no verão e primavera Contato com águas de enchentes ou com ratos Queda importante do estado geral com sintomatologia respiratória e exantema exuberantes, conjuntivite e sinal de Koplik Presença de faringite e/ou amigdalite purulenta, e sinais de Pastia e Filatov Síndrome mono-like, com adenopatia e exantema Tríade de cefaléia, exantema e febre Evolução bifásica com mialgias predominantemente em panturrilhas e presença de injeção conjuntival na fase de leptospiremia. PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA FEBRE HEMORRÁGICA DA DENGUE ENFERMIDADE Meningococcemia EPIDEMIOLOGIA QUADRO CLÍNICO Ocorre mais nos meses de Apresentação extremamente inverno, transmissão se dá variável desde formas pessoa-pessoa benignas até evolução fulminante com choque séptico e óbito poucas horas após início da sintomatologia Sepse bacteriana (Gram Varia de acordo com o foco positivos ou negativos) Geralmente presente um foco primário de infecção com repercussões sistêmicas, por exemplo, infecção de trato urinário, pneumonias etc. Febres Virais Hemorrágicas Viagens para áreas Exemplos: FH Argentina, Outras endêmicas Venezuela, Bolívia, de Lassa, vírus Sabiá, FH Hantan, FH Margburg-Ebola etc. Febre Purpúrica Brasileira Doença bacteriana grave. Uma conjuntivite purulenta Ocorre mais em crianças precede um quadro grave de sepse e púrpura PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA FEBRE HEMORRÁGICA DA DENGUE ENFERMIDADE EPIDEMIOLOGIA Febre Amarela Viagem recente para área endêmica de febre amarela sem vacinação prévia Leptospirose forma íctero hemorrágica Contato com águas de enchentes ou com ratos Malária por Plasmodium falciparum (febre terçã maligna) Viagem recente para área endêmica de malária Hepatite Viral Aguda Epidemiologia váriável de acordo com o tipo, sendo os tipos A e E de transmissão oral-fecal e os tipos B, C e D de transmissão parenteral e este último só ocorrendo em vigência de infecção prévia ou concomitante pelo B. QUADRO CLÍNICO Icterícia intensa com enorme elevação de transaminases, predominando sintomas de falência hepática e diáteses hemorrágicas Presença de icterícia rubínica típica, injeção conjuntival, insuficiência renal com hipo ou normocalemia e hemorragias sendo a pulmonar a mais temida Quadro variável de acordo com o acometimento preferencial por determinado órgão. Há os chamados acessos palúdicos Ocorre icterícia intensa, com grande elevação de transaminases , podendo haver evolução do quadro para insuficiência hepática aguda grave DIAGNÓSTICO LABORATORIAL •Diagnóstico sorológico a) Método de escolha para o diagnóstico da dengue; b) Detecta anticorpos antidengue; c) Coleta a partir do sexto dia do início dos sintomas; d) A técnica disponível nos laboratórios centrais do país é o ELISA; e) Outras técnicas como Inibição de hemaglutinação, teste neutralização não são utilizadas na rotina. •Diagnóstico por detecção de vírus ou antígenos virais a) Isolamento viral: seu uso deve ser orientado pela vigilância epidemiológica com o objetivo de monitorar os sorotipos circulantes; b) Coleta até o quinto dia de início dos sintomas; c) Detecção de antígenos virais pela imuno-histoquímica de tecidos; d) Diagnóstico molecular feito pelo RT-PCR. Viremia IgM IgG Pétequias em abdomen Hemorragia conjuntival Equimose em membro superior Exantema em membro superior Prova do laço positiva Dengue: perspectivas epidemiológicas e clínicas • Hiperendemicidade: Casos de FHD • formas atípicas de apresentação (manifestações neurológicas, cardíacas, hepáticas e hematopoiéticas) • Deslocamento etário: doença da infância (sudeste asiático) TRATAMENTO E CONDUTA Estadiamento e tratamento •A dengue é uma doença dinâmica, o que permite que o paciente evolua de um estágio a outro rapidamente. •O manejo adequado dos pacientes depende: •do reconhecimento precoce de sinais de alerta, •do contínuo monitoramento e re-estadiamento dos casos e •da pronta reposição hídrica. •Atenção: os sinais de alerta e agravamento do quadro costumam ocorrer na fase de remissão da febre. •Não há tratamento específico para a dengue, o que o torna eminentemente sintomático ou preventivo das possíveis complicações. •As drogas antivirais, o interferon e a gamaglobulina, testados até o momento, não apresentaram resultados satisfatórios que subsidiem sua indicação terapêutica. ESTADIAMENTO CASOS LEVES GRUPO A CASOS MODERADOS GRUPO B CASOS GRAVES GRUPOS C/D Exames específicos: • A confirmação laboratorial é orientada de acordo com a situação epidemiológica: •Em períodos não epidêmicos: solicitar o exame em todos os casos suspeitos; •Em períodos epidêmicos: solicitar o exame conforme a orientação da vigilância epidemiológica; •Solicitar sempre nas seguintes situações: •Gestantes (diagnóstico diferencial com rubéola); •Exames inespecíficos: •Hematócrito, hemoglobina, plaquetas e leucograma: – Recomendado para pacientes que se enquadrem nas seguintes situações: gestantes; idosos (>65 anos); hipertensão arterial, diabete melito, DPOC, doenças hematológicas crônicas (principalmente anemia falciforme), doença renal crônica, doença severa do sistema cardiovascular, doença ácido-péptica e doenças autoimunes; •Coleta no mesmo dia e resultado em até 24 horas. CONDUTA (grupo A): Hidratação oral 60-80 ml/Kg/dia (1/3 do volume com SRO, restante líquidos caseiros) Sintomáticos ( antitérmico, analgésico) Orientação – (retorno imediato ao identificar Sinais de alerta) Critérios de Internação • Hipotensão ou choque • Sinais de mau prognóstico • Plaquetopenia 50.000 • Hematócrito elevado ou ascendente • Doença crônica descompensada Critérios de Alta • Ausência de febre por 24 horas sem terapia antitérmica • Melhora visível do quadro clínico • Hematócrito normal e estável por 24 horas • Plaquetas em elevação • Reabsorção dos derrames cavitários • Estabilização hemodinâmica por 48 horas Situação Epidemiológica da Dengue no Município de São Paulo Incidência(por 100.000hab) e número de DA com transmissão de dengue ano no período de 1998 a 2006 no MSP- ESP Nº casos Nº de Nº de DA Nº supeitos confirmados autoctones Incidência infestados Nº de DA com transmissão 1998 809 145 0 0 27 0 1999 412 84 2 0,02 33 1 2000 412 122 0 0 33 0 2001 2646 631 308 2,9 40 16 2002 14586 2135 429 4,0 52 40 2003 6590 1503 760 7,2 70 53 2004 1720 98 10 0,09 75 3 2005 1420 274 2006 4440 1598 fonte:Vigilância Saúde Ambiental -SMS 37 464 0,32 3,65 81 83 9 63 Incidência de Dengue(por 100000hab) no município de São Paulo, Interior da Grande São Paulo e Estado de São Paulo no período de 1998 a 2006 160,00 140,00 137,3 120,00 102,62 100,00 103,42 84,26 80,00 60,00 52,67 42,36 40,00 30,27 22,81 20,00 13,43 9,72 0,00 0 0,00 1998 0 0,02 1999 0 0,00 2000 6,03 2,93 2001 M SP Fonte: Div.Zoonoses- CVE 4,11 2002 INTERTIOR GSP 7,16 2003 ESTADO 7,66 0,09 0,12 2004 0,66 0,34 2005 16,38 4,26 2006 CARNAVAL FONTE: SINAN/VIG.SAÚDE//SMS SEMANA SANTA Distribuição dos casos de Dengue por semana epidemiológica no município de São Paulo -2003 120 100 carnaval Semana Santa nº de casos 80 60 autóctone importado 40 20 se FONTE: SINAN/VIG.SAÚDE//SMS 31 29 27 25 23 21 19 17 15 13 11 9 7 5 3 1 0 Kernel: Concentração espacial dos casos AUTÓCTONES de dengue, ano 2003. Kernel: Concentração espacial dos casos IMPORTADOS de dengue, ano 2003. Kernel prismático: concentração espacial dos casos de dengue AUTÓCTONES, ano de 2003 Kernel prismático: concentração espacial dos casos de dengue IMPORTADOS, ano de 2003 Distribuição mensal dos casos suspeitos e confirmados de dengue no município de São Paulo 2004-2006 ESTRATIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO DE ACORDO COM SITUAÇÃO ENTOMO- EPIDEMIOLÓGICA. Maio 2001 Junho 2002 ESTRATO 2: Casos autóctones de Dengue ESTRATO 3: Área com Aedes aegypti ESTRATO 4: SM S - C E I n f o / D i v u l g a çã o Área sem Aedes aegypti Fonte: Coordenação Geral de Controle do Aedes aegypti ESTRATIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO DE ACORDO COM SITUAÇÃO ENTOMO- EPIDEMIOLÓGICA. Perus Trememb é Ma Brasil. Jaragua n Cach. da Jaç. qui Tucur. V. Pirituba Freg. Jard. Erm São Helen C. Santa do Mat. Med. São Cangaiba Itaim Dom. V. a Ó Lim. Verd na V. Mig. Vila Paulist Jac Pon Vila Jaguar a Curuça ui te B.F. e B. Guilh. Maria Penha a Vila Lapa Sta Ret.Pari Ras Itaquera Lageado V. Leop. Tat. a Art. . Rep. Bras Bele Matil Alv. Jaguare Altode Perd. Con Carrã de CeB. Sé Moo Pinh m Guain. s o Cid. Cam Jar c. ca Vist.Lib. V. Ag. Rio buci Butant Pinh d. Aric. Líder Pq.do José Form. Rasa Pequeno ã Pau Cid Carmo Boni Vila São l. Mo Vila Raposo Tirad. Mor. Mar. Ipi Prud. Luc Vila f. It. Tavares e São r. as Soni Bib ma Mateu Sapo Iguatemi a Saúde i s Vila p. Sacomã Campo São Cur Campo Andr. Rafael Santo Belo sino Limpo Amaro Jabaq. Jard. Cap. Camp Redondo S.Luis Cidad o e SocorrGrand Adem o e ar Pedreira Cida Jardim de Angela Dutra Anhanguera Município de São Paulo Distritos Administrativos por Estrato Julho 03 a junho 04 Parelheiros Grajaú Estrato 2: Com infestação dom. e dengue autóctone Estrato 3: Com infestação domiciliar Estrato 4: Sem infestação domiciliar Marsilac Fonte: Centro de Controle de Zoonoses SMS-PMSP ESTRATIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO DE ACORDO COM SITUAÇÃO ENTOMO- EPIDEMIOLÓGICA. Perus Treme mbé Anhanguera Jarag ua M Brasil a Cac n . h. d Jaç Tucur. PiritubaFreg. . a Jar V. Er São q San d. C. ui m do Med Sã Cangaiba Dom. Ma V. o Hel Itaim Ó Li Ver tana V. Vila Pauli . J ena Pt. Jagu m. de sta Guilh. Vila Curuça a Mi on araVila Lapa B. St B. Penha g. Maria c te Itaquera F. Lagea RePari V. Leop Tat. ui Art. R Perd. a. do Ma Alv. t. Bras Bel Jaguare . Altode CCRep. Ca tild as Mo em Pinh B.Sé Guain. Cid a on rrã Cam o Ag. V. eVisLib. e Rio Buta Pinh Ja o Aric. . rdsc.t. buci ca Ras For Pq. Jo Líd Pequen ntã . Cid m. a Sã Vila er do Vila PM Mar. I Raposo o Vil Mor. Tirad Car sé o Pru Bo It ao Tavares São . p mo nif a d. Lu . ul. e Mat ir Sa Iguatemi ca So . Saúde B m eus . Vila po s ni Sacomã São ibCampo a p. Cur a CampoAndr. Rafael Santoi Belo sino Limpo Amaro Jabaq. Cap. Jard. Ca RedondoS.Luis mp Cid ade Soc o orro Gra Ade mar nde Pedreira Cid Jardim ad Angela e Dut ra Parelheiros Marsilac Grajaú Município de São Paulo Distritos Administrativos por Estrato julho 04 a junho 05 Estrato 2: com infestação por A.aegypti e casos de dengue autóctone Estrato 3: com infestação por A.aegypti Estrato 4: sem infestação por A.aegypti ESTRATIFICAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO DE ACORDO COM SITUAÇÃO ENTOMO- EPIDEMIOLÓGICA. Perus Treme mbé Anhanguera Jarag ua M Brasil a Cac . h. n Jaç d Tucur. PiritubaFreg. .V. a Jar Er São q San d. C. ui do Cangaiba m V. Sã Hel Itaim Dom. Ó Li Ver tana V. Med Ma o ena Vila Pauli . Ja Po Jagu t. m. de sta Guilh. Vila cu Mi Curuça nt araVila Lapa B. St B.Pari Maria Penha g. i e Itaquera F. Lagea Re V. Art. Leop Tat. R Perd. a. do Ma Alv. t. Bras Bel Jaguare . Altode CCRep. Sé Car tild as Mo em Pinh B. Guain. Cid a rão oneVisLib.Cam o Ja Ag. V. e . Rio Buta Pinh rds buci Aric. ca Pq.d t. c. Ras For Líd Jo Pequen ntã . Cid m. a Sã er o Vila PM Vila Raposo o Vil Mor. Tirad I Car sé o Mar. Prud Bo It a Tavares o São p mo Lu . a nif. . . ul. e Mat ir Sa ca Iguatemi So B mSaúde . po eusSão s niVila Sacomã ibCampo a Cur p. a CampoAndr. Rafael i Belo sino Santo Limpo Amaro Jabaq. Cap. Jard. Ca RedondoS.Luis mp Cid ade Soco o rro Gra Ade mar nde Pedreira Cid Jardim ad Angela e Dut ra Parelheiros Marsilac Grajaú Município de São Paulo Distritos Administrativos por Estrato julho 05 a junho 06 Estrato 2: com infestação por A.aegypti e casos de dengue autóctone Estrato 3: com infestação por A.aegypti Estrato 4: sem infestação por A.aegypti Perus Tremembé Anhanguera Brasil. Jaragua Pirituba São Dom. Jaguara Freg. do Lim. Ó Man da Cach. qui Jaç. Tucur. C. Verde Santana V. Med. Cangaiba Erm Mat. V. São Jacui Mig. Jard. Helena Itaim V. Paulista Vila Ponte Vila Guilh. Curuça Rasa B.F. B. Lapa Penha Vila Maria Sta. Ret. Pari Itaquera Lageado Leop. V. Tat. Cec.Rep. Belem Art. Perd. Altode Matilde Bras Jaguare Cons Alv. Carrão Pinh Moo B. Sé Guain. Cid. ca Jard. Vist. Lib. Cam V. Ag. Rio Líder buci Butantã Pinh Paul. Aric. Pq.do Form. Rasa Pequeno José Carmo Cid São Vila Vila Bonif. Tirad. Raposo Moe Ipir. Lucas Mor. Mar. Prud. Vila Tavares ma It. São Sonia Bibi Mateus Sapop. Iguatemi Saúde Vila Sacomã Campo São Andr. Cur Campo Belo Rafael sino Santo Limpo Amaro Jabaq. Jard. Cap. Campo S.Luis Redondo Cidade Grande Ademar Socorro Município de São Paulo Cidade Dutra Jardim Angela Parelheiros Marsilac Pedreira Grajaú Distritos Administrativos por Estrato Julho 06 a Jun 07 Estrato 1: infestação A.aegypti, de 2 sorotipos e/ou casos hemorrágica circulação dengue Estrato 2: com infestação por e casos de dengue autóctone A.aegypti Estrato 3: com infestação por A.aegypti Estrato 4: sem infestação por A.aegypti Fonte: GCCZ/COVISA/SMS BIBLIOGRAFIA • Martinez-Torres,M.C.Salud Pública México (37) Sup.1995 • Nimmannitya, S et al.Southeast Asia J.TropMed.Pub.Hlth v 18 (3), 1997 • Manual de Dengue 2 ed,. Ministério de Saúde.FNS. 1996 • Yun-Fan, L et al. Am J.Trop.Med. Hyg 47(3), 1992 • Rothman & Ennis. Virology 257, 1-6, 1999 • Solon T et al. The lancet v. 355, 2000 • Witayathawornwong P. Southest Asian J Trop Med Pb H 32(3),2001 • Kerdpanich, A. P. Southest Asian J Trop Med Pb H 32(3),2001 • Guzman,M. & Kouri G.The lancet, v. 2, 2002 • Hongsiriwon, S. 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