a norma culta - Uni

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CONCEPÇÃO DE
GRAMÁTICA
Segundo o dicionário de Antônio Houaiss:
Conjunto de prescrições e regras que
determinam o uso considerado correto
da língua escrita e falada.
Como diz Franchi(1991:48), para essa
concepção, que normalmente é rotulada de
gramática normativa, “gramática é o
conjunto de normas para bem falar e
escrever, estabelecidas pelos especialistas,
com base no bom uso da língua
consagrado pelos bons escritores” e “dizer
que alguém ‘sabe gramática’ significa dizer
que alguém ‘conhece essas normas e as
domina tanto nocionalmente quanto
operacionalmente’” (grifos do autor).
Para essa concepção a gramática seria vista
como algo definitivo e absoluto e para elas
seriam agramaticais frases como as descritas
abaixo:
a) Eu vi ele ontem.
b) Os menino saiu correndo.
c) Me empresta seu livro.
d) Vende-se frangos.
e) O homem que eu saí com ele.
f) Nóis trabaia pros homi.
g) O chefe pediu para mim dizer a vocês que
está tudo bem.
A segunda concepção de gramática é a que
tem sido chamada de gramática descritiva,
porque faz na verdade, uma descrição da
estrutura e funcionamento da língua, de sua
forma e função. Gramática nessa concepção
“é um sistema de noções mediante as quais se
descrevem os fatos de uma língua, permitindo
associar a cada expressão dessa língua uma
descrição estrutural e estabelecer suas regras
de uso, de modo a separar o que é gramatical
do que não é gramatical”. Gramatical será
então tudo o que atende às regras de
funcionamento da língua de acordo com
determinada variedade linguística.
A terceira concepção de gramática
percebe a gramática como o conjunto das
regras que o falante de fato aprendeu e
das quais lança mão ao falar. Ou, como
diz Franchi (1991: 54), “Gramática
corresponde ao saber linguístico que o
falante de uma língua desenvolve dentro
de certos limites impostos pela sua
própria dotação genética humana, em
condições apropriadas de natureza social
e antropológica”.
Nesse caso, “saber gramática não
depende de escolarização, ou de
quaisquer processos de aprendizado
sistemático, mas da ativação e
amadurecimento progressivo (ou da
construção progressiva), na própria
atividade linguística, de hipóteses sobre
o que seja a linguagem e de seus
princípios e regras”. Não existem livros
dessa gramática, pois ela é o objeto de
descrição, daí porque normalmente
essa gramática é chamada gramática
internalizada.
Nessa concepção de gramática não há o
erro linguístico, mas a inadequação da
variedade linguística utilizada em uma
determinada situação de interação
comunicativa, por não atendimento das
normas sociais do uso da língua, ou a
inadequação do uso de um determinado
recurso linguístico para uma determinada
intenção comunicativa que seria melhor
alcançada usando-se outro recurso.
É o que teríamos se alguém numa situação
de velório dissesse:
a) Meus sentimentos porque sua mãe bateu
as botas.
b) Então a velha bateu as botas?!
c) Meus sentimentos pela perda de sua mãe.
Temos outro exemplo , abaixo, onde
ninguém irá considerar ruim o texto de um
jornal sensacionalista e popular, que trata
com certo descaso a perda da vida
humana, principalmente dos seres
humanos tidos como maléficos ao restante
da sociedade.
a) José S. V., conhecido como traficante
de drogas, com mais de 50 mortes nas
costas, abotoou ontem o paletó de
madeira em um tiroteio com a polícia,
quando recebia mais um carregamento de
cocaína.
TIPOS DE GRAMÁTICA
GRAMÁTICA INTERNALIZADA OU COMPETÊNCIA
LINGUÍSTICA INTERNALIZADA DO FALANTE
Gramática interiorizada pelas pessoas ao aprenderem
a língua materna. Já nascemos com essa
predisposição. O ser humano a domina. A própria
criança já descobre as suas regras. Na verdade é
essa gramática que é o objeto de estudo dos outros
dois tipos de gramáticas a seguir, sobretudo da
descritiva.
GRAMÁTICA DESCRITIVA
Procura descrever o uso da língua. Orienta o
trabalho dos linguístas. Na descrição
gramatical não há o certo ou o errado. A
gramática descritiva trabalha com qualquer
variedade da língua e não apenas com a
variedade culta e dá preferência para a forma
oral dessa variedade. Podemos, então, ter
gramática descritiva de qualquer variedade da
língua.
GRAMÁTICA PRESCRITIVA OU NORMATIVA
É a gramática que todos nós conhecemos. A gramática
de norma culta, que dita regras, que diferencia o “bom”
dos “maus”. Dita regras do bem falar e escrever,
normas para a correta utilização oral e escrita do
idioma, prescreve o que se deve e o que não se deve
usar na língua. Essa variedade considera apenas uma
variedade como válida, como sendo a verdadeira.
A NORMA CULTA
Damos o nome de norma ao conjunto de
regras impostas, pela comunidade linguística,
que determinam um padrão de linguagem a ser
seguido pelos falantes. Dentre os vários usos
que cada falante faz de sua própria língua,
escolheu-se um que se convencionou chamar
de norma.
A escolha de um determinado uso para
transformá-lo em norma ou, em outros termos,
em linguagem padrão é arbitrária e quase
sempre definida por uma elite. Escolheu-se um
determinado uso, que foi elevado à categoria
de norma, por acreditar-se que esse uso
representaria a forma culta de utilização da
língua, o chamado bom uso, razão pela qual
acaba recebendo o status de norma culta.
Em outras palavras, a norma nada mais é que um
determinado uso que ganhou prestígio social.
Em sentido amplo, damos o nome de gramática
ao estudo dos fatos da linguagem e das leis que a
regulam.
Chamamos de gramática normativa aquela que
prescreve as normas do bem falar e escrever. É
interessante notar que a gramática normativa
impõe um uso único da língua, não levando em
conta fatores regionais, contextuais, sociais, etc.
que determinam usos diferenciados.
Segundo Rocha Lima, 2008, o estudo da
gramática normativa costuma ser dividido em
três partes:
fonética e fonologia – trata dos sons da
língua.

morfologia – trata das palavras da língua,
vista isoladamente em suas formas. Estuda a
estrutura, a formação, flexão e classificação das
palavras.

sintaxe – trata das relações existentes entre
as palavras na frase, ou das frases no período.
Como elas se unem para exprimir um
pensamento. Estudo da construção da frase.

Mas ainda a gramática nos traz:
Rudimentos de Estilística e Poética
semântica – trata do estudo do sentido das
palavras de uma língua.


Sinônimos, antônimos, homônimos, polissemia.
estilística – trata do estudo da expressividade
da língua.


conotação e denotação;

figuras de estilo ou linguagem.
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