Uso do hemograma em suínos

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Uso do hemograma em suínos
INTRODUÇÃO
O hemograma é o exame de sangue mais importante devido à sua praticidade,
economia e utilidade. Sendo o sangue responsável pela homeostasia do organismo e
o hemograma um exame geral do animal, o hemograma oferece informações que
podem ser utilizadas como ferramenta pelo veterinário para, em associação a outros
sinais e exames, realizar a busca diagnóstica.
Assim sendo, o hemograma deve ser solicitado por várias razões, entre elas em um
procedimento de triagem para avaliar a saúde dos animais e do rebanho, na busca do
diagnóstico ou prognóstico, e ainda para verificar a habilidade corporal às infecções e
para monitoramento do progresso de certas doenças. O histórico, o exame de rebanho
e outros testes laboratoriais são essenciais para a interpretação dos dados
hematológicos que serão objetos de investigação.
COMO COLETAR
1- Veia Cava Anterior: deve ser feita do lado direito do animal devido a menor
inervação do nervo vago inserindo a agulha no final do leito jugular;
2- Veia jugular: a agulha é inserida na veia jugular do lado direito;
CUIDADOS COM O MATERIAL
Uma colheita e acondicionamento adequados devem seguir rigidamente os métodos
preconizados pela técnica, bem como estarem condizentes com o procedimento do
laboratório que irá processar o material. Mesmo com a diversidade de amostras a
serem colhidas, algumas regras básicas são comuns a todas. A mais importante delas
talvez seja a adequada identificação da amostra, tanto junto ao frasco ou
embalagem do material, como na ficha de solicitação do exame (enviada
juntamente com o material). O material deve ser remetido sob refrigeração e o mais
rápido possível.
A identificação da amostra deve ser feita de modo a não se destacar ou sair durante o
acondicionamento, principalmente quando a amostra estiver sob refrigeração ou com
cubos de gelo em caixa de isopor. O número do animal deve ser claro, escrito em letras
nítidas, se possível com a data de colheita.
SÉRIE VERMELHA
O hemograma completo inclui todos os testes laboratoriais utilizados para examinar as
células contidas no sangue periférico.
As células são classificadas como eritrócitos (células vermelhas - RBC), leucócitos
(células brancas - WBC) e plaquetas. Sua contagem é realizada pelo método
automatizado, sendo a contagem diferencial de leucócitos e a descrição morfológica
feitos mediante exame microscópico do esfregaço sanguíneo por profissionais
capacitados em análises clínicas veterinárias.
O hematócrito (HT ou HTC) refere-se à percentagem ocupada pelos glóbulos
vermelhos ou hemácias no volume total de sangue. Caso o valor seja inferior à média,
significa que existe pouca quantidade de glóbulos vermelhos circulantes. Podem ser
obtidas alterações falsas como a diminuição do HTC devido a excesso de EDTA,
amostras velhas sem refrigeração ou refrigeradas por longos períodos. Caso o HTC
apresente valor superior à média, significa que existe uma quantidade maior de
glóbulos vermelhos para o volume de sangue, podendo ser falsamente aumentado
quando o animal se encontra desidratado ou a colheita do sangue tiver sido realizada
sob situação de excitação ou stress.
Os eritrócitos ou hemácias servem como veículos de transporte mediante a aquisição
de oxigênio no pulmão, carreando o O2 para as células desprovidas de oxigênio,
trocando e carreando o dióxido de carbono de volta aos pulmões para liberação via
expiração. A hemoglobina é o principal componente dos eritrócitos e é responsável
pelo transporte de oxigênio e dióxido de carbono. Esse ciclo é continuo e repetido por
toda a vida do eritrócito. Os eritrócitos são descritos pelo seu tamanho, formato e grau
de palidez central.
SÉRIE BRANCA
As células brancas são menos numerosas que os eritrócitos e realizam suas funções
predominantemente nos tecidos. O número total circulante reflete o equilíbrio entre
o fornecimento e a demanda, variando entre as espécies. Há uma discreta variação
de acordo com a idade, mas a contagem total mantém-se normal.
A contagem diferencial de leucócitos pode ser apresentada em números relativos
(%) e/ou absolutos (número por microlitro). A interpretação deve ser baseada, de
preferência nos números absolutos, principalmente nos casos em que a contagem
global se apresentar elevada ou muito baixa.
Os leucócitos são classificados em granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos)
e agranulócitos (linfócitos e monócitos).
Neutrófilos: Representam uma das principais linhas de defesa do organismo,
principalmente por bactérias. Encontra-se em maior porcentagem na contagem global
total. Possuem a função básica de fagocitose e morte de microrganismos. Subdividemse em dois tipos: adultos (maduros, segmentados), caracterizados por possuírem
núcleos lobulados e bastonetes (imaturos, não segmentados). A média de vida desse
grupo celular é de 9 dias.
Linfócitos: Ocupam o segundo lugar em número na corrente sanguínea. São
componentes fundamentais do sistema imune. Possuem particularidade de recircular e
preservar a capacidade de mitose. São constituídos por subpopulações distintas
quanto às suas funções. Linfócitos B (produtores de anticorpos) e linfócitos T, que
possuem função de regular as respostas imunes aos antígenos protéicos e servir como
células efetoras para eliminação de microrganismos intracelulares.
Eosinófilos: Constituem cerca de 2% da contagem total. Sua produção encontra-se
aumentada nas infecções parasitárias. Participa também na resposta aguda
inflamatória.
Monócitos: Desempenham papel importante na defesa contra microrganismos
intracelulares como fungos, vírus e algumas bactérias. Atuam também na formação da
resposta imune por atuarem como células apresentadoras de antígenos. São
importantes também no processo inflamatório por secretarem substâncias
biologicamente ativas e serem responsáveis pela remoção e processamento de células
senescentes e debris, filtração de bactérias e toxinas do sangue portal. Os monócitos
após entrarem na circulação permanecem no máximo 24 horas e migram para tecidos
nos quais se diferenciam em macrófagos.
Basófilos: Tal grupo celular assemelha-se aos grandes mastócitos. Liberam heparina,
impedindo a coagulação sanguínea assim como aceleram a remoção de partículas de
gordura do sangue. Constitui a classe menos numerosa de leucócitos e não são
frequentemente observados.
O HEMOGRAMA + LEUCOGRAMA SÃO IMPORTANTES PARA DETECTAR:
Anemias como: anemias ferropriva em animais jovens (má aplicação de ferro ou
mesmo produtos de baixa qualidade); anemia em adultos (PCV2-Circovírus lesa
tecidos renais que produzem eritropoietina, estimulante da medula a produzir
hemácias), além das tradicionais verminoses que ainda ocorrem em suínos em sistema
criados em instalações que utilizam cama, lâmina d'agua; etc.
Leucopenia é importante para detecção de infecções virais, como tem havido muito
em leitões com Influenza ou mesmo outras viroses.
A Leucocitose já aparece confirmando casos de infecções bacterianas (primarias ou
mesmo secundarias).
Como se trata de saúde de população, SEMPRE recomendamos realizar uma
amostragem adequada. O número de amostras deve ser correto para ter validade, boa
interpretação dos resultados e perfeita implantação de medidas corretivas e
preventivas, isto porque um número baixo de amostras pode levar a resultados de
pouco valor diagnóstico e epidemiológico.
De um modo prático, recomendamos que sejam remetidas 5-10 amostras de animais
doentes e 5-10 amostras de animais ao caso para monitoria do estado de saúde do
lote.
CODIGO
EXAMES
PRAZO
DIAS
HEMOGRAMA COMPLETO SUÍNOS
HECOS
Material: sangue em tubo com EDTA (tampa
roxa)
3
EXAME PARASITOLÓGICO DE FEZES
MATERIAL: Fezes recente
S23
Método utilizado: OPG e Flutuação com Sulfato de 3
Zinco
Preservação: temperatura ambiente ou refrigerado.
S73
DIAGNÓSTICO ENTÉRICO – DIARRÉIA
Amostra: 1 swab retal ou fragmento de alça
5
intestinal
Preservação: Remeter sob refrigeração, sem
congelar.
Pesquisa de Escherichia coli, Clostridium
perfringens e dificilli e
Salmonella sp com antibiogramas.
BACTERIOLOGIA SISTEMA RESPIRATÓRIO
Amostra: Swabs nasais e de pulmão ou estes
órgãos (cabeça e pulmão).
S51
Preservação: refrigerado, sem congelamento.
5
Pesquisa: Actinobacillus pleuropneumoniae,
Bordetella bronchseptica, Haemophillus parasuis,
Pasteurella multocida e Streptococcus suis com
antibiogramas.
Fonte: Dr. Luiz Eduardo Ristow – MV – Mestre em Med Vet Preventiva pela UFMG
CRMV- MG 3807 – Diretor Técnico TECSA Laboratórios .
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