QUALIDADE E PRODUTIVIDADE A construção na encruzilhada O

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QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
A construção na encruzilhada
O
desempenho das edificações se
ocorre, diz-se que aquele sistema do edi-
tornou assunto importante com o
fim da car ência da Norma de
Desempenho (NBR 15.575) em 12 de
fício atingiu sua vida útil .
A NBR 15.575 define vida útil como
sendo o período de tempo durante o qual
maio. O tema tem suscitado discussões
o sistema pode ser utilizado sob condições
sobre assuntos como o impacto dos níveis
satisfatórias de segurança, saúde e higie-
de desempenho da norma nos custos de
construção, os custos com assistência téc-
ne. Durante a vida útil, a manutenção preventiva e periódica devolv e aos sistemas
nica advindos dos prazos de garantia pre-
as necessárias margens de segurança em
vistos, a questão do desenvolvimento tec-
relação ao patamar de desempenho ina-
nológico na construção, a qualidade de
projetos e outros. Desses, o que tem mais
ceitável, postergando sua vida útil.
Um mau desempenho e no seu extre-
preocupado a construção é o custo da as-
mo uma patologia podem ser causados
sistência técnica decorrente das patologias
por inúmeros fatores nas fases de desen-
nas edificações.
“Engenheirar” significa projetar, produzir ou construir produtos para um conjunto
ou “envelope” de desempenhos esperados. Toda vez que um produto se comporta
abaixo daquele projetado diz-se que ele
tem um “mau desempenho”. Pela NBR
A Norma de
Desempenho
dará evidência
às patologias
volvimento do edifício. A natureza do prédio demanda requisitos de desempenho
diversos, implicando soluções que motivarão processos construtivos, soluções de
projeto e especificações para cada uso.
Essas especificidades poderão produzir
incidência de patologias diferentes, mas
15.575, isso acontece num edifício quando o desempenho em uso é abaixo do
que divergem pouco da lista abaixo:
• Infiltração em lajes, telhados, reservató-
esperado, causando desconforto funcio-
rios e fachadas.
nal, operacional ou visual aos seus usuá-
elevadores seja de 2 minutos, e durante
• Vazamento de sistemas hidráulicos.
rios. Quando esse desconforto é muito gran-
seu uso verificou-se uma média de 2,5
• Fissuras em paredes.
de e ultrapassa limites aceitáveis, dizemos
que temos uma patologia .
minutos, o edifício tem mau funcionamento de seus elevadores, mas não uma pato-
• Desplacamento de revestimentos argamassados e cerâmicos.
logia. O tempo de espera de mais 30 se-
• Deterioração prematura de pinturas ex-
dicina e para efeitos da construção de edificações pode ser definido como a
mani-
gundos não inviabiliza o uso dos elevadores, embora introduza algum desconforto.
ternas.
• Infiltrações em esquadrias.
festação física ou funcional de um mau
Mas se esse tempo for de 4 minutos, pro-
• Mau funcionamento de elevadores (pa-
desempenho quando esse ultrapassa
valores fixados além dos quais são con-
vocando grandes filas e trazendo redução
no fluxo de pessoas, inaceitável para o fun-
radas constantes, trepidação, barulho etc.).
Com as mudanças climáticas, outras
siderados inaceitáveis.
A patologia tem sido mais associada a
cionamento do edifício, existe uma patologia no sistema de elevadores.
patologias têm surgido, dentre elas:
• Inundação nos edifícios por retorno de
O termo patologia foi importado da me-
fissuras de grandes proporções, destaca-
14
Luiz Henrique Ceotto *
O fator tempo tende a afetar também a
água pluvial e esgoto da rede pública.
mento de revestimentos, ou infiltrações.
maioria dos sistemas de um edifício du-
• Entrada de água em garagens por en-
Entretanto, o termo deve ter uma abran-
rante seu funcionamento, tendo maior im-
xurradas em rampas/escadas de acesso.
gência maior, significando desempenho
pacto no envelhecimento de alguns siste-
• Inundação dos pisos externos do pavi-
inaceitável para qualquer sistema da construção. Se um edifício foi concebido para
mas do que em outros, deteriorando suas
condições de funcionamento até o limite
mento térreo e coberturas.
• Queima dos sistemas elétricos (picos e
que o tempo de espera médio de seus
da ocorrência de patologias. Quando isso
quedas constantes de energia).
RE VIST A N OT Í CIAS DA CO NST RU ÇÃO
De forma geral, o processo construtivo
usado em nossos edifícios tem se tornado
fonte grande e insolúvel de patologias, principalmente na construção habitacional.
O aumento da altura dos edifícios nas
grandes cidades, o aumento dos níveis de
subsolos, a necessidade cada vez maior
de grandes vãos estruturais e a necessidade de prazos menores para as obras
têm colocado o nosso processo construtivo “convencional” em permanente questionamento. Nele, a interação dos subsistemas é pouco resolvida, também agravada
pela falta de acesso para a manutenção.
envelope de uso projetado.
• Manual de uso e manutenção completo
Para vencer grandes vãos, as deforma-
tível com o desempenho pretendido e com
ções presentes na estrutura provocam
grandes tensões nas alvenarias e revesti-
a facilidade de manutenção. Cuidado redobrado na solução entre as interfaces dos
mentos, ocasionando fissuras e esmaga-
sistemas e as partes do edifício.
• Pesquisa pós-ocupação.
mentos de paredes. Intervenções nos sis-
• Desenvolvimento de processo de “lições
• Gerenciamento predial profissional e efi-
temas hidráulicos são feitas através de
quebras e rasgos em alvenarias. A fixação
aprendidas” no final de cada etapa do
empreendimento e na pós-ocupação.
ciente.
de revestimentos externos com argamas-
• Alteração e evolução das diretrizes de
sa tem se fragilizado com os constantes
projeto com as “lições aprendidas”.
clientes nas áreas privativas no impacto
do desempenho dos sistemas e áreas co-
ciclos de variação de temperatura e umi-
• Atenção máxima com o impacto das
muns.
dade, provocando descolamento de cerâ-
mudanças climáticas nos edifícios.
• Assistência técnica ágil e formadora de
Uma questão que o setor precisa en-
Quando enfrentaremos os preconceitos
que nos mantêm atados a essa atual barreira tecnológica?
Além de uma ampla e irrestrita revisão
tecnológica no processo construtivo, precisamos adotar procedimentos gerenciais
Até quando vamos
construir de forma
forma obsoleta e
pouco produtiva?
• Discussão e registro das “lições aprendidas” com feedback para as fases de concepção, projeto e construção.
Com a consolidação da Lei de Defesa
do Consumidor e a vigência plena da NBR
15.575, não é mais possível deixarmos de
lado uma ampla discussão sobre a evolução de nosso processo de desenvolvimento de produto bem como do nosso proces-
que possibilitem melhoria constante na
qualidade dos edifícios. Alguns itens nesse sentido são sugeridos a seguir, para as
• Controle das modificações feitas pelos
um bom banco de dados sobre suas intervenções.
micas e deterioração precoce de pinturas.
frentar é até quando insistiremos em construir de forma obsoleta e pouco produtiva?
e bem fundamentado.
Construção:
so construtivo. O risco é de nossas empresas amargarem grandes prejuízos com
etapas de desenvolvimento do edifício:
Concepção:
• Desenvolvimento de um plano de qualidade do empreendimento eficaz e menos
infindáveis atuações de assistência técni-
• Premissas de projeto mais voltadas para
burocrático.
sua imagem.
a fase de operação do edifício e ao seu
desempenho.
• Atenção especial no controle da execução das interfaces entre os sistemas e par-
• Fixação de metas de custos de construção factíveis com o desempenho do pro-
tes do edifício.
• Comissionamento detalhado dos siste-
duto pretendido.
mas prediais.
• Fixação de verbas de assistência técnica
• Discussão e registro das “lições aprendi-
compatíveis com o produto pretendido.
das” após a execução de cada etapa de
Projeto:
ca, bem como com importantes danos à
* EN GE NH EIR O
É D IR ET OR
DA
E PRO F ESS OR
T ISH M AN S
C ON VID A D O D A
P EYER E M EM BR O
P OL I -USP,
DO
CTQ
DO
S IN D US CON -SP
obra com feedback para o processo de
• Desenvolvimento de processo eficaz de
coordenação de projeto.
projeto e diretrizes de execução.
Uso e manutenção:
• Escolha de processo construtivo compa-
• Garantir a operação do edifício dentro do
REVI ST A NO T ÍCI ASD A C ON STR UÇÃO
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