Slide 1 - Cremesp

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Percepção de representantes da imprensa
escrita de São Paulo a respeito da
humanização dos serviços de saúde
Autora: Concília Aparecida Ortona
Orientador: Paulo Antônio de Carvalho Fortes
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para a
obtenção do título de Mestre em Saúde Pública, no dia 19 de agosto de 2010
Apresentado também no Congresso de Bioética de Ribeirão Preto – COBIRP, em 9 de
outubro de 2010
2010
“Os
meios de comunicação servem de
janela do mundo” McLuhan, 1974
Pesquisa com três enfoques
Humanização
Bioética
Comunicação
2010
Humanização
• Na década de 1990 o tema ganhou ênfase por iniciativas como
assistência compassiva ao parto e voltadas à saúde mental
• Novo status em 2000 ao ser transformado em Programa pelo MS
(PNHAH) e em Política (PNH), em 2003
• Porém, desde a década de 1950, vários textos internacionais focalizavam
o que levava à desumanização no atendimento em saúde. Na década de 70,
é possível verificar a persistência de dilemas morais, éticos e religiosos
vinculados à humanização*
2010
* Deslandes, 2004, 2006
Humanismo: fundamento da Humanização
•Ambos os termos derivam do latim Humanus
• Santas Casas e Filantropia – atividades baseadas no Humanismo (precursor da
Humanização)
• Declaração dos Direitos do Homem: primeira real interface entre humanismo e
humanização
“A Humanização da atenção em Saúde tem seu fundamento na Declaração
Universal de Direitos Humanos, ‘todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e em direitos (...)’”*
2010
* Fortes, 2004
Humanização e Bioética
Vários aspectos bioéticos estão inseridos no contexto da humanização. Por
exemplo, a Bioética e a Humanização não se restringem aos âmbitos tecnológicos
e terapêuticos de um atendimento
• Incluem, entre outras, a ética no atendimento “e as questões sociais aplicadas
às investigações biomédicas e às do comportamento, independente de influírem
de forma direta na terapêutica” *
•A reflexão humanística abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e
psiquícas presentes nas ações em Saúde **
2010
* Pessini e Barchifontaine (2007)
** Fortes (2004)
Um termo, muitos significados
Nem sempre o conceito e a aplicação da humanização são bem
entendidos, por tratar-se de um termo polissêmico. Até o MS admitiu, em
2001, que a complexidade da definição decorre da natureza subjetiva da
humanização
• “No campo da atenção a saúde, o termo humanização tem sido usado com
diferentes significados e entendimentos, relacionando-os com os direitos
dos pacientes e a ética voltada ao respeito ao outro”*
2010
•Fortes (2004))
Pergunta norteadora:
Será que os jornalistas entendem o que
seja “Humanização”, possibilitando que
expliquem o conceito?
2010
Comunicação: essencial
• A comunicação é o que transforma essencialmente os homens em sujeitos
(Paulo Freire)
•A televisão (e, por analogia, os demais veículos) não é um gênero, é um serviço,
um jeito de obterem-se ferramentas necessárias ao cotidiano (Umberto Eco,
2006)
• Os meios de comunicação têm entre suas funções a de vigilância de contexto,
serem sentinelas para os indivíduos sobre os fatos ao seu redor ( Harold
Lasswell, 1987)
• Os meios de comunicação servem de janela para o mundo (McLuhan, 1974)
2010
2010
Comunicação: essencial
Queiram ou não, os jornalistas desempenham papel de educadores,
capazes de influenciar na adoção de medidas supostamente protetoras,
sem garantias de eficácia
Se é indiscutível o alcance e difusão do chamado jornalismo científico na
mídia, é preciso ficar atento à relação entre cientistas da saúde e a
difusão pública de seus achados
2010
Castiel, 2003
Objetivos
•Objetivo geral : Identificar e analisar, à luz da Bioética, a percepção de
representantes da imprensa escrita de São Paulo a respeito da
Humanização dos serviços de saúde
• Objetivos específicos
• Identificar a percepção de representantes da imprensa escrita e São Paulo
sobre os conceitos e práticas de um atendimento humanizado em Saúde
2010
Justificativa
• Como há pluralidade de conceitos e práticas sobre a humanização, a
intenção foi conhecer quais são as percepções por parte de profissionais de
imprensa que atuam em editorias de saúde
• Relevância social: um processo de informação truncado ou deturpado não
prejudica apenas os jornalistas, mas INCLUSIVE E PRINCIPALMENTE o
leitor, que acaba tomando o que lê como “A Verdade”
2010
Procedimentos Metodológicos
• Estudo exploratório
• Metodologia qualitativa, com o uso de Análise de Conteúdo e interpretação
inspirada no Discurso do Sujeito Coletivo
• Instrumento de coletas de dados: entrevistas semi-estruturadas, cujos
conteúdos foram divididos em 12 categorias temáticas de análise.
Ex. Direitos dos Pacientes; Autonomia; Bem-Estar; Profissional Virtuoso e
Atendimento Integral ou Holístico
2010
* Minayo, 2003
Sujeitos de Pesquisa
• Escolha por conveniência
• 15 jornalistas que atuam na área de saúde em jornais e revistas
•Jornais: Agora São Paulo; Diário de São Paulo; Folha de São Paulo;
O Estado de São Paulo
• Revistas: Carta Capital; Época; Isto É; e Veja São Paulo.
2010
Entrevista
1) Como você informaria ao seu leitor o que é a “Humanização” dos serviços de saúde?
2) Quando está escrevendo (sugerindo uma pauta/editando), o que consideraria como um “atendimento humanizado”
em saúde?
3) Quando está escrevendo (sugerindo uma pauta/editando), o que classificaria como um atendimento
“desumanizado” em saúde?
4) Conte qual foi a experiência mais marcante verificada durante seu trabalho, relacionada a um atendimento
humanizado em saúde.
5) Cite qual foi a experiência mais marcante relacionada a um atendimento desumanizado em saúde.
6) De acordo com sua experiência profissional, vê diferenças relativas à humanização em atendimentos prestados
pelos serviços públicos e privados?
2010
Alguns discursos
• A humanização passa pelo respeito ao paciente como um indivíduo, e pressupõe atitudes básicas, como
chamá-lo pelo nome. Está na lei. É pejorativo referir-se a uma gestante ou à mãe de paciente pediátrico
como “mãezinha”: É mais fácil perguntar o nome dela, já que é lógico que não dá para lembrar o de todos.
Atitudes humanizadoras significam ainda compartilhar informações de maneira que o paciente possa
entender, é designar alguém a quem ele possa perguntar... e, fundamentalmente, a não se referir a ele como
se fosse um idiota. (E.4, E.12, E.13)
•Não conheço bem o conceito de humanização, mas acho que o cerne da questão é a relação médico/paciente.
Do ponto de vista do paciente, um bom médico é aquele que vai examinar, pedir exames e resolver seu
problema: é ter um doutorzinho que esteja lá para passar uma receitinha e curar. Que te olhe. Nesse
contexto, então, a figura principal é o médico. (E.2; E.9; E.10, E.14)
2010
Referencial teórico de análise
Autores que atêm-se à alguns modelos bioéticos
• Pellegrino e Thomasma
•Idéias: O bem-estar do paciente deve se sobrepujar ao do médico
•Profissional Virtuoso
“A promessa de salvar, por parte do médico, suscita no paciente a
esperança de que o médico tenha a competência e a perícia necessárias (...)
um profissional virtuoso empenha-se para cumprir seu trabalho com
excelência e esforça-se para fazê-lo da melhor maneira possível”
•Beauchamp e Childress
• Autonomia, Beneficência, Não Maleficência e Justiça
2010
Alguns pontos da discussão
Em vários discursos obtidos dos jornalistas foi depreendido, por exemplo,
que estes esperam do profissional de saúde que tenham como foco o bemestar do paciente, e que sejam virtuosos, concordando com as idéias de
Pellegrino e Thomasma quando afirmam “as transações médicas devem incluir
algum grau de doação(...) A beneficência inclui a obrigação de atuar no
interesse do paciente, ainda que isso custe seu próprio conforto, poder e
prestígio”
2010
Alguns pontos da discussão
Por outro lado, ao contrário do que se supôs no início da pesquisa, o
princípio de Respeito a Autonomia em saúde foi pouco valorizado pelos
participantes.
Segundo Beauchamp e Childress esse princípio exige as obrigações de
não-intervenção nas decisões das pessoas e fomento à capacidade das
mesmas de decidirem autonomamente.
Dúvida: os jornalistas preferem atitudes paternalistas?
2010
Considerações Finais
• Os jornalistas continuam associando a humanização às primeiras iniciativas
divulgadas sobre o tema, vinculadas ao parto e à Saúde Mental
• Algumas suposições do início da pesquisa não foram confirmadas, entre elas, a
relevância dada pelos sujeitos de pesquisa às normas deontológicas e a valorização
da autonomia do paciente
• A prática dos Cuidados Paliativos e do atendimento holístico (integral) foram
bastante vinculados à Humanização
• Vários participantes relacionaram a melhora na ambiência e na hotelaria como
forma de se obter lucro
• Os jornalistas consideram que existem diferenças entre um atendimento
humanizado prestado nos serviços públicos e particulares
• Quem mencionou a importância da “comunicação” referiu-se à comunicação
médico/paciente
Considerações Finais
... E o mais importante
Parcela significativa dos entrevistados reconheceu desconhecer o conceito e a prática
da humanização no atendimento, apesar de escreverem sobre Saúde
Apesar de conhecerem de maneira informal itens da PNH, NENHUM dos 15 pesquisados
mencionou de maneira direta a existência de uma política governamental estruturada
sobre o tema
“ Realmente é preciso deixar mais claro para a gente o que é a humanização, para que possamos fazer
matérias ... Hoje a humanização parece englobar tudo, desde levar o cachorrinho ao hospital para
distrair crianças até cuidados paliativos. É um grande balaio”
“ O tudo isso significa exatamente? Nós da imprensa temos dificuldades para lidar com informações
abstratas. Nosso negócio são fatos”.
2010
Obrigada a todos !!!!
Concilia Aparecida Ortona
09/10/2.010
2010
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