OCEANOGRAFIA NO BRASIL: DIAGNÓSTICO E PERSPECTIVAS UMA INTERPRETAÇÃO PESSOAL DE BELMIRO M. CASTRO INSTITUTO OCEANOGRÁFICO UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Oceanografia • A Oceanografia estuda, de forma integrada e multidisciplinar, os processos e sistemas marinhos, utilizando-se para tanto da biologia, da física, da química e da geologia Importância sócio-econômica da Oceanografia • Importância central para a vida na Terra • Essencial para o desenvolvimento dos países costeiros: • • • • mar é fonte de alimento, emprego, energia, recursos minerais, lazer e divisas Utilização sustentável dos recursos do mar Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil ocupa cerca de 3,5 milhões km2, correspondendo a 41% da área continental emersa Zona costeira, ao longo dos seus 8.500 km, abrange diferentes ecossistemas e abriga 70% da população brasileira Utilização do mar como meio de integração sócioeconômica e geopolítica Situação geral no Brasil • Cerca de 30 instituições atuam na área científica • Capacidade instalada (infra-estrutura, recursos • • • • humanos e apoio logístico): temática e geograficamente desigual Pouca pesquisa multidisciplinar 9 cursos de graduação; 5 de pós-graduação Cerca de 10 empresas privadas desenvolvem pesquisa aplicada Falta de políticas integradas para C&T do mar Costa do Brasil Áreas estratégicas da Oceanografia para o Brasil • • • • • • Pesca, Maricultura e Biotecnologia Recursos Minerais e Energéticos Ambiente e Clima Ecossistemas costeiros Poluição Marinha Monitoramento Oceânico Grandes temas para fomento I - Impacto do Oceano Atlântico no Clima do Brasil e nas Mudanças Globais II - Sustentabilidade dos Sistemas Marinhos da Zona Econômica Exclusiva • Secas/inundações nas regiões • Ameaça à biodiversidade das • • • • • nordeste e sul/sudeste Erosão e recuperação de zonas costeiras Dificuldade de previsão de clima e tempo no território e águas jurisdicionais brasileiras Dificuldade de previsão do estoque pesqueiro Dificuldade de previsão dos recursos hídricos e de energia • • • águas brasileiras Conflitos entre a maricultura e outras atividades econômicas Maior aproveitamento dos recursos minerais da zona costeira Degradação do potencial de produção pesqueira Impacto dos aportes continentais na zona costeira Exemplo de Pesquisa no Grande Tema II - DEPROAS • Dinâmica do Ecossistema de Plataforma da • • • Região Oeste do Atlântico Sul (DEPROAS) DEPROAS foi aprovado pelo PRONEX 1 (MCT) (1996) com dotação orçamentária de R$ 2.300.000,00 Extensão com PETROBRAS, tendo dotação orçamentária de R$ 2.400.000,00 Duração prevista inicialmente para 4 anos (1997-2000) – estendida até 2004 Grande Tema II - DEPROAS • Objetivo: Estudo dos mecanismos físicos que • • possibilitam a variação sazonal na penetração da Água Central do Atlântico Sul (ACAS) na plataforma continental situada entre Cabo de São Tomé (RJ) e São Sebastião (SP) e do impacto que essa variação tem sobre os processos biológicos do ecossistema da região Multidisciplinar: Física, Química, Biologia e Geologia Inter-institucional: IOUSP, INPE, UESC, IEAPM Grande Tema II - DEPROAS Ressurgência Costeira DEPROAS - Motivação: T na Seção Ubatuba (Castro, 1996) DEPROAS - Motivação: T superficial (Lorenzzetti, 1996) DEPROAS - Motivação: Sardinha x ACAS (Matsuura, 1996) DEPROAS - Metodologia • Tecnologia de ponta (campo e laboratório) • 305 dias de navegação do N/Oc Prof. W. Besnard • • • (invernos e verões) – 2001: radial Arraial do Cabo; 2002 e 2003: rede entre São Sebastião (SP) e São Tomé (RJ) Fundeio e manutenção de estações autônomas para medições de correntes, temperatura e meteorologia Gravação diária dos dados AVHRR e SeaWiFS no INPE Modelagem da circulação: POM DEPROAS – Caminhos da ACAS Modelo (Rezende, 2003) - Vento de SW (esquerda) e de NW (direita) DEPROAS - Variação temporal de T (Silveira et al., 2002) DEPROAS – Máximos subsuperficiais de clorofila (Brandini, 2003) DEPTH (m) North South 0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 -70 TW (a) SACW 0 10 20 30 40 50 60 70 0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 -70 (b) 0 10 20 30 40 50 DISTANCE (miles) 60 70 DEPROAS – Pontos fortes • Pesquisa multidisciplinar • Pesquisa inter-institucional • Cooperação internacional definida a partir de • • • interesses nacionais Criação, preparação e manutenção de laboratórios Grande número de alunos de pós-graduação e de graduação Pesquisa aplicada: PETROBRAS entrou como parceira Exemplo de Pesquisa no Grande Tema I - SACC • South American Climate Change (SACC) • Financiado pelo IAI com os objetivos de: – Descrever as escalas espaciais e temporais das anomalias de TSM no Atlântico sudoeste e entender seus acoplamentos com a estratificação oceânica e as forçantes atmosféricas – Avançar no entendimento da variabilidade climática como resultados de mudanças na circulação termohalina e nas propriedades de massas de água – Determinar o comportamento da confluência das correntes do Brasil e das Malvinas, e das mudanças climáticas em resposta às forçantes locais e remotas – Determinar as relações entre a variabilidade oceânica e as mudanças nos ecossistemas na plataforma e em ambientes terrestres em resposta à hidrologia regional Grande Tema I - SACC • Multi-institucional e internacional: – Brasil: IOUSP, FURG, INPE, DHN – Argentina: SHN, UBA, CENPAT – Uruguai: PCMYA – Estados Unidos: RSMAS, NRL Grande Tema I - SACC • Confluência Brasil- Malvinas: resultado de modelo numérico (elevação da superfície do mar) obtido na Argentina para circulação na costa sudeste-sul do Brasil, do Uruguai e da Argentina Grande Tema I - SACC • La Plata: climatologia de salinidade superficial obtida a partir de dados históricos, construída na Argentina SACC – Pontos fortes • Pesquisa inter-institucional • Cooperação internacional do âmbito do MERCOSUL • Participação ativa da Marinha do Brasil na logística Cooperação internacional Participação brasileira Projetos Científicos Gerenciados pelo MCT OSLR/HAB OSNLR CLIVAR GIPME TEMA IOCARIBE ICAM COI Comissão Oceanográfica Intergovernamental SCOR Scientific Committee on Oceanic Research ASOS Cooperação Atlântico Sul Ocidental Superior FER Federação Européia de Redes de Coop.C&T Cooperação internacional Bilateral • Há muitos grupos de pesquisa no Brasil que cooperam com outros do exterior • Principais países envolvidos: Estados Unidos, França, Alemanha, Inglaterra, Argentina e Uruguai – Exemplos: AMASSEDS, LaPLATA, PIRATA Vínculos da Oceanografia com a Marinha do Brasil • Infraestrutura – PROANTAR, REVIZEE, PIRATA, SACC (LaPLATA) • Pesquisa – SACC (LaPLATA), DEPROAS • Principais órgãos da Marinha envolvidos: DHN, CHM, IEAPM, SeCIRM Perspectivas • Oceanografia operacional: – Monitoramento: GOOS, GLOSS, PIRATA – Previsão: SPOC • Estudos multidisciplinares de processos – Estudos de ecossistemas marinhos – Estudos de impactos ambientais • Internacionalização das pesquisas Necessidades • Estabelecer ações específicas para que as atividades atendam às • • • • • • • • • demandas sociais e produtivas do país Integrar as atividades de C&T do mar no país Manutenção, modernização, renovação e ampliação dos meios flutuantes Incremento na cooperação nacional Incremento na cooperação internacional Manutenção e ampliação de editais para grandes projetos (PRONEX, Milênio) Consolidação de rede observacional nacional, incluindo sensoriamento remoto Ingresso na era de previsões Estudos integrados e multidisciplinares de ecossistemas costeiros Pesquisas oceanográficas de larga escala, particularmente na bacia do Atlântico