Imunização - Luzimar Teixeira

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Imunização
1 - Considerações
Há obviamente muitos tipos diferentes de doenças causadas for vários agentes infecciosos.
Ao longo da história, desenvolveu-se uma metodologia para combater muitas doenças
indiretamente, ou seja, "preparar" o sistema imune de um indivíduo para melhor lutar
contra um ser vivo ou produto específico antes que o indivíduo se exponha a mesmo de
forma perigosa e ameaçadora. Este capítulo relata os vários tipos de metodologia
desenvolvida há anos para efetuar a ativação da resposta imune a organismos e/ou seus
produtos especificamente e proteger das conseqüências potencialmente danosas da infecção
por microorganismos patogênicos.
2 - Imunização passiva
É possível tratar uma pessoa ou animal com preparações de anticorpos purificados , os
quais são específicos para um organismo particular ou toxina produzida por ele. Nestas
condições, o indivíduo receberá esses anticorpos intravenosamente como uma defesa
primária contra o patógeno/toxina, e irá dessa forma receber uma proteção passiva.
Obviamente o feto (e todas as linhagens mamíferas) irá receber também um similar, mas
naturalmente, ocorrendo desta forma uma imunização passiva através da tranferência
materno-fetal de anticorpos IgG pela placenta os quais a mãe está produzindo, e anticorpos
IgA pelo leite materno.
Imunização passiva intencional por injeção ( usualmente anticorpos de classe IgG) será
dado somente se houver uma clara evidência de exposição a uma organismo
significativamente perigoso, e se houver uma evidência adicional em circunstâncias
apropriadas em que o indivíduo claramente não recebeu vacina no tempo padrão correto (
pertussis, tétano, difteria por exemplo). Estão disponíveis as seguintes preparações de
imunoglobulina purificada:
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IgG anti-botulium de cavalo ( equinos) - Isolada a partir de cavalos imunizados
contra exotoxina do Clostridium botulium. Dado às pessoas com suspeita de
exposição a toxina botulínica - toxina causa paralisia flácida devido a interferência
com a liberação da acetilcolina, conduzindo a uma parada respiratória, falha
muscular ao impulso nervoso, podendo ser fatal (botulismo).
IgG anti-difteria de cavalo - Isolada a partir de cavalos imunizados contra exotoxina
do Corynebacterium diphteriae.Dado a pessoas com suspeita de exposição a toxina
diftérica - toxina é uma enzima que é uma inibidora da síntese protéica, causa um
disfuncional prolongamento do fator 2, podendo ser fatal..
IgG anti-tetânica de cavalo - Isolada a partir de cavalos imunizados contra
exotoxina do Clostriduim tetanii. Dado a pessoas com suspeita de exposição ao
tétano , cuja vacinação contra essa toxina está ou desatualizada ( passou do tempo)
ou ausente. A toxina causa uma paralisia espástica pela inibição do impulso que
inibia a contração muscular ( céls de Renshaw na medula espinal), levando a uma
parada cardíaca ou respiratória, podendo ser fatal.
IgG anti-veneno de cobra, de cavalo - Isolada a partir de cavalos imunizados contra
várias cobras venenosas. Dado a pessoas que foram mordidas por cobras venenosas.
Todas essas imunizações acima se realizadas mais de uma vez podem eventualmente
conduzir a uma resposta imune contra a própria IgG do cavalo, o qual pode
subseqüentemente levar a uma ausência de resposta efetiva protetora ao indivíduo, assim
como também causar uma perigosa reação de hipersensibilidade tipo III ( vinculado a
imunocomplexos e ativando complemento).
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IgG anti-rábica humana - Isolada a partir de indivíduos imunizados contra o vírus da
raiva. A imunização é realizada em animais e homens. Uma vez que o vírus cresce
em células humanas, e uma vez que a fonte de anticorpos é humana, indivíduos com
risco de infecção com o vírus da raiva não necessita de se preocupar em receber
uma "IgG estranha".
Anti-hepatite A/B humana - IgG isolada de indivíduos que adquiriram um infecção
com vírus da hepatite.Infelizmente, há um número pequeno de indivíduos cujo os
anticorpos antivirais podem ser purificados.
Enquanto o uso de IgG humanas elimina a possibilidade de reações contra os anticorpos no
receptor, o receptor está inserido em um nível de risco por exposição a substâncias do
sangue humano - como certos vírus como o HIV, ou prions como na doença de CreutzfeldtJakob ou da "Vaca Louca", que podem ser transmitidos. Essas preparações assim como os
doadores, são muito cuidadosamente investigadas para previnir tal eventualidade.
3 - Imunização Ativa (Vacinas)
Vacinas podem ser preparadas de vírus ou bactérias inativadas como organismos inteiros ou
seus produtos, ou organismos inteiros vivos, mas atenuados. Após receber a vacina, o
indivíduo irá esperançosamente desenvolver uma resposta secundária humoral ou celular,o
qual obviamente envolve desenvolvimento de céls B ou T de memória, produção de IgG ou
IgA, e uma rápida e ligeira resposta contra o patógeno poderá ocorrer mais tarde. Em
alguns casos, uma resposta imune humoral versus celular pode ser preferida, ou mesmo
dentro de uma resposta humoral, a produção de IgA pode ser preferida a uma anticorpo IgG
( se o patógeno especificamente infecta o epitélio da mucosa associada com a devida região
do corpo, como intestino, aparelho respiratório, urogenital por exemplo).
Imunização ativa é mais duradoura que a humoral. Pode ser adquirida naturalmente, em
conseqüência de uma infecção com ou sem manifestação clínica, ou artificialmente,
mediante a inoculação de frações ou produtos do agente infeccioso, do próprio agente ,
morto ou atenuado. A imunidade ativa depende da imunidade celular, que é conferida pela
sensibilidade de linfócitos T, e da imuniade humoral, que se baseia na resposta aos
linfócitos B.
O mecanismo de imunidade adquirida através da vacinação é semelhante àquele utilizado
pelo organismo para lutar contra as infecções virais ou bacterianas. O antígeno, ao entrar no
organismo, estimula uma resposta imune, a qual pode ser de natureza humoral, celular ou
de ambas.
O processo de imunização ocorre após a administração de uma vacina. Podem ocorrer dois
tipos de resposta: primárias e secundárias.
Resposta primária. Observam-se depois da primovacinação três períodos distintos, que
são: de latência, de crescimento e de diminuição.
- período de latência: é o período entre a injeção da vacina e o aparecimento dos anticorpos
séricos. Varia de acordo com o desenvolvimento de sistema imunitário da pessoa ,da
natureza e da forma da vacina (antígeno) utilizada.
- período de crescimento: é o período em que ocorre o aumento da taxa de anticorpos, que
cresce de modo exponencial, atingindo o seu máximo no tempo mais variado. Varia de
quatro dias a quatro semanas. Exemplificando: este período é de aproximadamente três
semanas para os toxóides tetânico e diftérico. A produção dos anticorpos IgM precede à dos
anticorpos IgG.
- período de diminuição: é o período em que, depois de atingir a concentração máxima, a
taxa de anticorpos tende a cair rápida e depois lentamente. Este período é longo e depende
da taxa de síntese dos anticorpos e de sua degradação, bem como da qualidade e quantidade
do antígeno. Os IgA e os IgM diminuem mais rapidamente do que os IgG.
Resposta secundária. Observa-se ao introduzir uma segunda ou mais doses posteriores.
Para produzir anticorpos são necessários alguns dias. O gráfico abaixo mostra que a
primeira dose provoca uma resposta mínima de anticorpos e que a segunda e a terceira
doses produzem resposta secundárias , com o surgimento rápido de grandes quantidade de
anticorpos.
Fonte: HALSEY, Neal A. & QUADROS, Ciro A., 1983
Acima da linha reta mais escura, o indivíduo está protegido, abaixo ele está susceptível.
Conclui-se que para conferir proteção é preciso ministrar duas ou mais doses, dependendo
do antígeno.
O mecanismo de memória imunológica está baseado nos dois tipos de linfócitos, T e B. A
memória imunológica é persistente no homem e depende da quantidade e da qualidade do
antígeno inoculado e do ritmo das estimulações.
Para saber mais a respeito de memória imunológica, leia o capítulo de resposta imune
celular
Esquema básico resumido
Vacina
Proteção
contra...
Antipólio Oral Poliomielite
Idade para início da
vacinação
Número
de doses
2 meses
3
Ao nascer
3
AntiMeningite ou
Haemophilus pneumonia
2 meses
3
Tríplice DPT
Difteria,
Coqueluche,
tétano
2 meses
3
Anti-Sarampo
Sarampo
9 meses
1
Tuberculose
Ao nascer
1
Tétano
neonatal
Gestante
2 ou 3
Anti Vírus da
Hepatite B
hepatite B
BCG
Toxóide
tetânico
neonatal
Toxóide
tetânico
acidental
Tétano
acidental
Escolares e outros grupos
não imunizados com DTP,
TT, dT ou DT; ou não
3
completamente
imunizados com DTP, dT
ou DT.
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