Por que as estrelas brilham? As estrelas: fontes de energia e fábricas dos elementos químicos Prof. Roberto D.D. Costa Departamento de Astronomia Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas / USP O Começo: onde se formam as estrelas ? Uma proto-estrela Como se forma uma estrela ? A protoestrela e seu disco A ignição da estrela Imagens reais Vento estelar varre o disco Concepção artística Estrelas no berçário: as Plêiades O bebê A placenta Como funcionam as estrelas? Fusão termonuclear de hidrogênio Num estado estacionário de “queima” de material nuclear, o equilíbrio Pressão de Radiação X Gravidade em toda a estrutura interna garante a estabilidade da estrutura A fusão do H: o ciclo próton - próton Dois prótons colidem formando um dêuteron e emitem um pósitron, um raio gama e um neutrino Um dêuteron colide com um próton formando um He-3 e emitindo um raio gama Dois He-3 colidem formando um He-4 mais dois prótons Esquematicamente: Qual o balanço energético desta reação? H1: 1.007852 4 H1 = 4.031408 He4: 4.002603 diferença: 0.028805 (0.7 % da massa) usando E=mc2 26.73 MeV O caso do Sol: Luminosidade: 4×1033 erg/s Massa total: 2×1033 g 1.8×1054 ergs Assumindo conversão de 0.7 % da massa: 1.52×1052 ergs 1.52 1052 18 11 Tempo de vida: anos 3 10 s 10 33 4 10 Outra possibilidade: o ciclo CNO Ocorre em estrelas mais massivas, cujo núcleo é mais quente. É mais eficiente que o ciclo p-p para estrelas com mais de 1.3 Msol Como examinar em detalhe uma estrela? a luz do Sol decomposta por um espectrógrafo: O diagrama de Hertzprung-Russell: uma maneira de traçar a evolução estelar O diagrama H-R: o que ele diz? Evolução estelar: uma estrela deixando a seqüência principal O interior da estrela ao deixar a seqüência principal A evolução da abundância de He Uma estrela gigante Quais as dimensões das estrelas? •Anã branca: diâmetro comparável ao da Terra: ~ 10.000 km •Anã vermelha: diâmetro comparável ao de Júpiter: ~10% do Sol •Sol: 1.400.000 km de diâmetro •Sírius: 2.700.000 km ~ 2 D •Pollux: 5 D •Arcturus: 23 D •Antares: 300 D ~ 2 U.A. •Betelgeuse 650 D ~ 5 U.A. •W Cephei: 2600 D ~ 24 U.A. A evolução de uma estrela como o Sol O final da vida de uma estrela de baixa massa como o Sol Nebulosa planetária Nebulosas planetárias Através da ejeção das nebulosas planetárias, o material processado no interior das estrelas de massas intermediárias (0.8 a 8 Msol) é dispersado no meio interestelar, vindo a enriquecer futuras gerações de estrelas Uma supergigante: a evolução das estrelas massivas O núcleo de uma supergigante Esquematizando os processos de nucleossíntese: Queima de H He Queima de He C, O Queima de C, O, Ne 16 < A < 28 Queima de Si 28 < A < 60 (Carbono Silício) (Silício Cobalto) O final da vida de uma estrela massiva: as Supernovas e a síntese dos elementos mais pesados que o Fe Nebulosa do Caranguejo, um remanescente de supernova SN 1987A A mais brilhante supernova vista da Terra desde 1604 ! Depois Antes Remanescente de SN de Vela Imagem interativa: http://www.skyfactory.org/vela/vela_int.htm#more Como são fabricados os elementos mais pesados que o Fe ? A energia de ligação por núcleon, que é a fonte da energia nuclear, passa a diminuir e a fusão deixa de ser exotérmica Fabricando os elementos além do Fe : a captura de nêutrons O processo-s (nos núcleos das estrelas supermassivas): 56Fe + n 57Fe 57Fe + n 58Fe 58Fe + n 59Fe 59Co 59Co + n 60Co 60Ni ... e assim sucessivamente, até o 209Bi. Elementos mais pesados não podem ser fabricados assim porque decaem no 209Bi antes que outro nêutron seja capturado As abundâncias relativas dependem das propriedades nucleares dos elementos formados: o “números mágicos”, que correspondem a camadas completas (análogos aos gases nobres), representam elementos muito abundantes Abundâncias relativas ao Si, indicando a sobreabundância dos elementos correspondentes aos “números mágicos” Nuclídeos produzidos por diferentes processos, com destaque para o processo s A=85 A=140 Ce A=208 Bi Como são fabricados os elementos mais massivos ? O processo-r (durante a explosão das supernovas): Durante os 15 primeiros minutos da explosão de uma supernova (colapso do núcleo de uma estrela com massa inicial maior que 10 Msol) a quantidade de nêutrons livres é tão grande que permite a formação de configurações nucleares estáveis mais pesadas. Os nuclídeos produzidos por processos r A=80 Se A=130 Xe A=195 Pt Nucleossíntese é um ciclo contínuo e gradual H, He, Li Formação estelar Big Bang Nucleossíntese ! Ejeção do envoltório enriquecimento para o meio contínuo, abund. crescentes interestelar Remanescentes (WD,NS,BH) Vida de uma estrela Morte de uma estrela (Supernova, Nebulosa Planetária) Nucleossíntese ! BH: Black Hole NS: Neutron Star WD: White Dwarf A evolução química do disco galáctico através das abundâncias das nebulosas planetárias: Ar x O 7.2 6.8 (Ar) 6.4 6.0 5.6 Tipo I Tipo IIa Tipo IIb Tipo III 5.2 4.8 7.8 8.0 8.2 8.4 8.6 8.8 9.0 9.2 (O) Progenitoras menos massivas (tipos IIb e III), originadas de um meio interestelar mais pobre, refletem a abundância do disco em épocas passadas O mapeamento do gradiente de abundâncias do disco galáctico e sua evolução temporal t < 3 Gyrs 3 < t < 6 Gyrs 9,5 t > 6 Gyrs 9,3 9,1 log (O/H) + 12 8,9 -0.060 dex/kpc 8,7 8,5 8,3 -0.072 dex/kpc 8,1 7,9 -0.109 dex/kpc 7,7 7,5 3 5 7 9 11 13 15 Galactocentric radius (kpc) Conclusão: o centro da do disco é mais rico que as bordas, e o gradiente de abundâncias diminui com o tempo. Abundâncias: a composição do Universo Antes de responder à questão da origem dos elementos é preciso perguntar: De que o Universo é feito ?? Na verdade, não temos idéia … 70% Energia escura (não sabemos o que é) 25% Matéria escura fria (não sabemos o que é) 5% Núcleos atômicos e elétrons (visíveis como estrelas ~0.5%) Tópico de hoje Por que então se preocupar com 5% ??? Algumas coisas razoavelmente importantes compõem estes 5%: O que queremos responder completamente? Qual a abundância de cada elemento? De cada isótopo ? Como estas abundâncias evoluem no tempo ? Prêmio Nobel de Física a Hans Bethe (1967): Introdução do discurso de concessão: How has it been possible for the sun to emit light and heat without exhausting its source not only during the thousands of centuries the human race has existed but also during the enormously long time when living beings needing the sun for their nourishment have developed and flourished on our earth thanks to this source? A resposta: • 1920: Arthur S. Eddington sugere que a fusão nuclear poderia ser a fonte de energia das estrelas • 1929-39: Subrahmanyan Chandrasekhar formula as equações básicas que descrevem a estrutura estelar e a evolução das anãs brancas • 1939: Hans Bethe descreve as duas maneiras do H fundir-se em He: o ciclo proton-proton e o ciclo CNO • 1957: artigo B2FH (Burbidge, Burbidge, Fowler, Hoyle), explicando as principais cadeias de nucleossíntese estelar Onde estão os problemas ? Como se deu a evolução química da Via Láctea? Como varia (ao longo do raio e no tempo) o gradiente radial de abundância da Via Láctea ? Como se dá a evolução química nas outras galáxias ? Juntando-se a evolução química com a evolução dinâmica é possível reproduzir a Galáxia tal como ela é hoje?