a crise do paradigma dominante

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UM DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS
Boaventura de Sousa Santos
(Discurso proferido na abertura solene das aulas na
Universidade de Coimbra no ano letivo de 1985/86)
O PARADIGMA DOMINANTE
• Início no século XVI – ciências naturais
• Século 18 e 19 – se estende às ciências sociais
• só é conhecimento válido aquele que segue seus princípios e
regras metodológicas
• desconfia da experiência imediata – movimento do Sol
• método – observação / experimentação
• tem ideia de ordem, de estabilidade, daí a existência de leis
– mecanicista
• Século 18 – século das Luzes – cria as condições para as
ciências sociais, século 19
DUAS VARIANTES DA CIÊNCIA SOCIAL MODERNA
• aplicar ao estudo da sociedade os princípios
epistemológicos e metodológicos das ciências naturais
• as ciências sociais tem estatuto epistemológico próprio
(antipositivista e fenomenológica)
A CRISE DO PARADIGMA DOMINANTE
Resultado interativo de uma pluralidade de condições
• a identificação dos limites do paradigma científico
moderno é o resultado do grande avanço no conhecimento
que ele propiciou.
• o aprofundamento do conhecimento permitiu ver a
fragilidade dos pilares em que se funda.
A CRISE DO PARADIGMA DOMINANTE
• a crise é profunda e irreversível
• revolução científica que não se sabe quando
acabará
• colapso das diferenças entre os paradigmas
A CRISE DO PARADIGMA DOMINANTE
4 condições teóricas provocaram essa crise:
1. A teoria da relatividade de Einstein
2. A mecânica quântica de Heisenberg e Bohr
3. A incompletude da matemática demonstrada por Gödel
4. A ordem a partir da desordem de Prigogine. Avanços na
microfísica, na química e na biologia
(ler p. 30)
A CRISE DO PARADIGMA DOMINANTE
Reflexão epistemológica:
• interesse filosófico na prática científica
• ampliação da sociologia
Temas principais:
• questionar o conceito de lei e de causalidade (ver p. 31)
• refletir mais sobre o conteúdo do que sobre a forma do
conhecimento
CRISE DO PARADIGMA DOMINANTE
CAUSA – condições sociais
• industrialização da ciência (tanto na aplicação quanto na
organização da pesquisa)
• DOIS EFEITOS:
• relações de poder entre os cientistas
• aumento do fosso entre os países
O PARADIGMA EMERGENTE
• Imaginação sociológica/ via especulativa
• conhecimento prudente para uma vida decente
• estruturalmente diferente da revolução científica
do século XVI – científico e social
TESES
1. TODO CONHECIMENTO CIENTÍFICO NATURAL É CIENTÍFICO
SOCIAL
2. TODO CONHECIMENTO É LOCAL E TOTAL
3. TODO CONHECIMENTO É AUTO-CONHECIMENTO
4. TODO CONHECIMENTO CIENTÍFICO VISA CONSTITUIR-SE EM
SENSO COMUM
1. TODO CONHECIMENTO CIENTÍFICO NATURAL É
CIENTÍFICO SOCIAL
• distinção deixou de ter sentido e utilidade
• ler p. 38
• é não dualista
• antropologia, geografia, psicologia
• uso de conceitos de sociologia (revolução, violência,
dominação, ...)
• a natureza com atributos humanos
• ler p. 42
• o que era causa de atraso, hoje é avanço
• superação da dicotomia, revaloriza estudos humanísticos
• mundo da comunicação, interações, intertextualidades
2. TODO CONHECIMENTO É LOCAL E TOTAL
• parcelização, disciplinarização
• no paradigma emergente o conhecimento é total
• a fragmentação pós-moderna não é disciplinar e
sim temática
• pluralidade epistemológica/ transgressão
metodológica
• tolerância discursiva
3. TODO CONHECIMENTO É AUTOCONHECIMENTO
• distinção sujeito/objeto
• não se separa o ato de conhecer do produto do
conhecimento
• Deus pode estar em vias de regressar
• S ___ O Objeto é continuação do sujeito por outros
meios
• a ciência não é a única explicação da realidade
• ler p. 53
• Ciência é mais contemplativa do que ativa
4. TODO CONHECIMENTO CIENTÍFICO VISA
CONSTITUIR-SE EM SENSO COMUM
• A dupla ruptura epistemológica
• a configuração de todas as ciências é racional, não a
ciência em particular
• deixa-se penetrar por outras formas de conhecimento, em
especial o senso comum
• senso comum interpenetrado pelo conhecimento científico
pode gerar uma nova racionalidade
• ler p. 57
FIM DA AULA – 12.03.2013
Mirza
Kênia
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