PROTOCOLOS DA A.M.A. PARA RETORNO AO TRABALHO Willes de Oliveira e Souza 02/04/2008 CONSIDERAÇÕES Esta é uma apresentação baseada no livro “The Physician’s Guide to Return to Work” da AMA – American Medical Association e não representa a opinião do apresentador. Dadas as diferenças dos sistemas de saúde do Brasil e dos EUA, os protocolos não devem ser tomados como automaticamente aplicáveis no nosso país. 2 CONSIDERAÇÕES No Brasil há uma tendência das empresas e médicos de afastar os empregados com limitações e restrições. Muitos empregados também preferem ser afastados. Com o advento do FAP, essa realidade 3 pode mudar. “Without work all life goes rotten”. (Albert Camus) 4 Conceitos dos protocolos RISCO: chance de causar danos para si ou terceiros. CAPACIDADE: refere-se a conceitos de força, flexibilidade e resistência. É mais objetiva. São baseados em conhecimentos científicos 5 Conceitos dos protocolos TOLERÂNCIA: conceito psicossocial, é a capacidade de tolerar o trabalho ou atividade em determinado nível. Depende unicamente do paciente e não é cientificamente verificável. 6 Conceitos dos protocolos RESTRIÇÕES: ligadas ao conceito de risco, são atos que o paciente pode fazer, mas não deveria. LIMITAÇÕES: ligadas ao conceito de capacidade, são atos que o paciente não tem como fazer, dados seus problemas 7 físicos. Conceitos dos protocolos Fatores preditivos para o retorno ao trabalho: Quanto ao indivíduo: Quanto ao trabalho: • Idade • Satisfação • Sexo • Autonomia • Fatores psicossociais • Ambiência 8 Categorias das atividades Trabalho sedentário Exercer força de até 4,5 kg ocasionalmente E/OU pouca força frequentemente para levantar, carregar ou mover objetos. Inclui a posição sentada na maior parte do tempo, mas pode envolver caminhar ou ficar de pé por curtos períodos de tempo. 9 Categorias das atividades Trabalho leve Exercer força de até 9,0 kg ocasionalmente E/OU até 4,5 kg frequentemente E/OU pequena força constantemente para mover objetos; Se sentado, envolve puxar ou empurrar controles com os braços ou pernas; Exige caminhadas ou ficar de pé, sigificativamente; Em linhas de produção, exige empurrar ou puxar materiais, mesmo que o peso seja pequeno. 10 Categorias das atividades Trabalho moderado Exercer força de 9,0 a 23,0 kg ocasionalmente E/OU 4,5 a 11,0 kg frequentemente E/OU de até 4,5 kg de modo constante para mover objetos 11 Categorias das atividades Trabalho pesado Exercer força de 23,0 a 45,0 kg ocasionalmente E/OU 11,0 a 23,0 kg frequentemente E/OU de 4,5 a 9,0 kg de modo constante para mover objetos 12 Categorias das atividades Trabalho muito pesado Exercer força de mais de 45,0 kg ocasionalmente E/OU mais de 23,0 kg frequentemente E/OU mais de 9,0 kg de modo constante para mover objetos. 13 Elementos a considerar A lesão ou doença O paciente O trabalho Duração diária da jornada Freqüência - Ocasional: 0% a 33% da jornada - Freqüente: 34% a 66% da jornada - Constante: 67% a 100% da jornada 14 Hérnia discal com radiculopatia RISCO – cabem restrições? Historicamente, levantamentos de 9 a 23 kg – nova herniação ocorre em 5% a 12% dos casos Estudos recentes mostram que, após uma primeira cirurgia, os pacientes podem retornar às atividade normais. Estudos biomecânicos e epidemiológicos atuais confirmam que mais importante que a carga são as posturas estáticas, flexões repetidas, torção e vibração de corpo inteiro. 15 Hérnia discal com radiculopatia CAPACIDADE Pode ser aumentada com exercícios que devem ser aumentados lenta e progressivamente no tratamento fisioterápico. O retorno às atividades laborais também deve ser progressivo, até o pleno desempenho das funções. 16 Hérnia discal com radiculopatia TOLERÂNCIA Na falta de sinais objetivos, prepondera a tolerância do paciente aos exercícios e ao trabalho. Pode-se buscar o consenso de dias de afastamento, de acordo com a classificação do trabalho. 17 Hérnia discal com radiculopatia Classifica Duração em dias ção Mínimo Ideal Máximo Sedentário 1 7 14 Leve 1 14 21 Moderado 1 21 42 Pesado 1 56 91 Muito pesado 1 91 168 18 Lombalgia não específica RISCO – cabem restrições? Poucos estudos científicos; O maior risco é para aqueles que já tiveram lombalgia no passado; Fatores psicossociais interferem lombalgia e, por isso, o modelo biomédico não é suficiente para explicar o problema; O médico deve prescrever exercícios fisioterápicos que simulem a atividade laboral, estimulando o retorno ao trabalho. 19 Lombalgia não específica CAPACIDADE Exames de imagem não ajudam muito; As limitações podem ser feitas, mas o tratamento fisioterápico deve ter como objetivo o condicionamento para o trabalho. 20 Lombalgia não específica TOLERÂNCIA As queixas, por si só, não devem ser tomadas como base para restrições ou limitações ao trabalho. Conclusão: a lombalgia é compatível com o retorno ao trabalho e, eventualmente, à maioria das funções normais. 21 Lombalgia não específica Classifica Duração em dias ção Mínimo Ideal Máximo Sedentário 1 3 7 Leve 1 7 14 Moderado 3 14 28 Pesado 7 21 42 Muito pesado 7 28 56 22 Síndrome do Manguito Rotator RISCO Fator Epidem. +++ Repetição Ombro ++ Vibração - X Força Postura +/0 X X X 23 Síndrome do Manguito Rotator CAPACIDADE Objetiva limitação para trabalho com mãos acima da cabeça. 24 Síndrome do Manguito Rotator TOLERÂNCIA O período com limitação deve ser usado para reforço muscular do ombro. A tolerância é influenciada pela idade, ocupação, dominância do ombro afetado, aderência ao tratamento. O retorno ao trabalho é, antes de tudo, influenciado pela tolerância 25 Epicondilite Fator RISCO: Não há risco significa tivo Cotovelo Epidem. +++ ++ Repetição - X Força X Postura Combinação +/0 X X 26 Epicondilite CAPACIDADE: O paciente pode usar o membro superior, mas evita fazê-lo porque dói. Objetivamente, não há incapacidade. 27 Epicondilite TOLERÂNCIA: Como a queixa é de dor, deve ser feita modificação temporária no trabalho, enquanto o paciente é tratado. A questão de retornar ao trabalho é, basicamente, dependente da tolerância. 28 Síndrome do Túnel do Carpo A literatura sobre as causas da STC é pouco consistente; Cinqüenta e nove doenças ou lesões são associadas à STC; É impossível, baseado na literatura, garantir que uma atividade teve participação no aparecimento da STC. 29 Síndrome do Túnel do Carpo RISCO Estudos mostram que o “teclado” não causa STC Fator STC Epidem. +++ ++ Repetição X Força X Postura - X Vibração Combinação +/0 X X 30 Síndrome do Túnel do Carpo RISCO Se há evidente piora do quadro com a atividade e melhora com o repouso ou restrições, pode-se concluir que a atividade é um risco para o nervo mediano. As principais restrições são a postura de flexão ou extensão maior que 30º, os movimentos repetitivos e a compressão mecânica do punho. 31 Síndrome do Túnel do Carpo CAPACIDADE Os “deficits” são suficientes provocar limitações no trabalho. A força de preensão não diminui, mas a dor pode limitá-la. 32 Síndrome do Túnel do Carpo TOLERÂNCIA Os principais fatores de intolerância são a dor e dormência. Nos estágios iniciais, as atividades são limitadas pela intolerância à dor e à dormência, mas, mais tarde a capacidade é limitada pela perda da função neural. 33 Doença Coronariana RISCO Como há poucos estudos sobre o retorno ao trabalho nos casos de doença cardíaca, deve-se fazer um paralelo com os riscos de complicações cardiovasculares em atletas. Recomendam-se os preceitos da 26th Bethesda Conference (J Am Coll Cardiol. 1994; 24:888-947) 34 Doença Coronariana CAPACIDADE Deve ser baseada em testes cardiológicos. Se a capacidade de fazer o exercício é menor do que a demanda da atividade, então há limitação para o trabalho. 35 Doença Coronariana TOLERÂNCIA Mesmo havendo capacidade física para o trabalho, fatores como nível socioeconômico baixo, baixo suporte social, grandes estressores psicossocial, trabalho em turno, insatisfação no trabalho, rancor, hostilidade e fadiga excessiva contribuem para recusa de retorno ao trabalho. 36 Doença Hipertensiva RISCO O comprometimento de órgãos-alvo são fatores de risco independentes dos níveis pressóricos, que podem estar normais. O tratamento da HAS permite o trabalho e atividades físicas. 37 Doença Hipertensiva CAPACIDADE Se o indivíduo tem um teste ergométrico aceitável quanto à capacidade física, então o trabalho deve ser recomendável. 38 Doença Hipertensiva TOLERÂNCIA Raramente a HAS causa sintomas, o que a torna bem tolerada no trabalho. 39 Epilepsia RISCO Restrições clássicas: Não dirigir Não trabalhar em altura elevada Não trabalhar com máquinas em movimento A sonolência causada pelos medicamentos pode ser um risco a mais. 40 Epilepsia CAPACIDADE A capacidade não está afetada. TOLERÂNCIA O medo de convulsão nos locais de trabalho pode ser um fator de pouca tolerabilidade ao trabalho. 41 MUITO OBRIGADO [email protected] 42