Pragmática

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COMUNICAÇÃO HUMANAVISÃO SISTÉMICA
Ana Albuquerque Queiroz, Prof. C.
ESE, Coimbra
Comunicação = processo social permanente
integrando múltiplos modos de comportamento: palavras, gestos, olhar, espaço interindiv, etc.
O sentido dos sinais comunicativos é perceptível a
partir do contexto da interacção comunicativa
A PRAGMÁTICA ...
A principal implicação é a do contexto, aspecto que é esquecido
com excessiva facilidade na análise da comunicação humana;
entretanto, se alguém se pusesse a escovar os dentes numa rua
movimentada, em vez de fazê-lo na sua casa de banho, poderia ser
rapidamente levado para um manicómio ...para darmos apenas um
exemplo dos efeitos pragmáticos da comunicação não-verbal.
A comunicação afecta o comportamento, este é o seu aspecto
pragmático.
Os dados da pragmática são, não só, as palavras, as suas
configurações e significados, que constituem os dados da sintaxe
e da semântica, mas também os seus concomitantes não-verbais
e a linguagem do corpo.
Cinco "Axiomas" da comunicação
-proposições básicas a partir das quais
deverá ser fundada uma pragmática da
comunicação humana –
efeitos comportamentais dos processos de
comunicação.
A opção pela abordagem sistémica para compreensão
do papel da comunicação implica a sua apreensão e a
do ser humano como sistemas. Considerar os fenómenos
sociais e humanos como sistemas é optar pela
perspectiva de que estes podem ser traduzidos em
fenómenos comunicacionais e analisados como tais.
Axioma 1:
Não se pode não comunicar
Numa interacção todo o comportamento tem valor de
mensagem - é uma comunicação, um compromisso;
Desde que estas estejam mutuamente conscientes da
presença umas das outras, qualquer comportamento de uma
pessoa afecta sempre de qualquer modo o comportamento
das pessoas à sua volta;
Há comunicação mesmo quando esta não é intencional,
consciente ou bem sucedida (compreensão mútua)
Há diferentes tipos de mensagens/comportamentos - verbal,
postural, contextual, etc..
Numa situação de interacção, todo o comportamento
humano tem valor de mensagem.
• A unidade da comunicação é, assim, o comportamento, o qual
constitui uma mensagem.
• Uma série de comportamentos (mensagens) interpessoais é uma
interacção. Os padrões de interacção constituem unidades de
comunicação de nível superior.
• Estes comportamentos, no seu conjunto, condicionam
reciprocamente os seus significados.
• Uma propriedade básica do comportamento humano é que ele
não tem oposto -- não existe um não comportamento, pois um
indivíduo não pode não se comportar.
• Logo, é impossível ao indivíduo não comunicar.
Axioma 2:
Toda a comunicação processa-se
a dois níveis: nível de conteúdo e
nível de contexto
Conteúdo - o que é dito;
Contexto - como é dito, refere-se ao que é
dito, isto é, à forma como deve ser entendido
o que foi dito - Metacomunicação.
Define a relação entre os seres comunicantes
• Um acto comunicativo não se limita a transmitir informação
(“dados”) – conteúdo – mas, simultaneamente, também impõe
um comportamento ao destinatário – relação.
• O conteúdo de uma mensagem pode consistir em qualquer coisa
que é comunicável, independentemente de a informação ser…
… verdadeira ou falsa…
... válida, inválida ou indeterminável.
• A relação refere-se à espécie de mensagem e como deve ela ser
considerada, portanto, em última instância, refere-se às relações
entre os agentes comunicantes.
• Assim, o conteúdo transmite os "dados" da comunicação…
… ao passo que a relação indica a forma como a mensagem deve ser
entendida.
Axioma 3
A natureza de uma relação depende da
forma como ambos os parceiros pontuam as
sequências de comunicação
De um ponto de vista exterior, a comunicação
pode ser definida como uma sequência
ininterrupta de trocas;
• A "pontuação" organiza os eventos comportamentais (logo,
comunicacionais) e, portanto, é vital para as interacções em curso
(definindo as contribuições de cada participante ou como
Estímulo ou como Resposta, unidades comportamentais
definidas no âmbito da Psicologia behaviourista).
• Em consequência, a discordância sobre como pontuar a
sequência de eventos provoca conflitos quanto às relações.
• Por norma, o erro dos parceiros advém da própria crença de que
todas as interacções têm de facto um começo e de que a pontuação
da sequência é sempre possível.
Axioma 4:
Os seres humanos comunicam de forma digital
e de forma analógica
A codificação digital refere-se à representação por
um nome - há uma arbitrariedade na relação
significado / significante - "Eu estou zangado" e "I
am angry" representam a mesma coisa - é utilizado
um sistema simbólico convencional e com uma
sintaxe complexa);
A codificação analógica é representada pela semelhança
- a zanga pode ser expressa por uma dureza no tom ou
elevação do nível da voz, face vermelha, etc..
• No âmbito da comunicação humana, praticamente toda a
comunicação não verbal é analógica, englobando:
• movimentos corporais;
 mímica;
• inflexões da voz;
 sucessão, ritmo e entoação das palavras;
• quaisquer outros indícios dos contextos em que ocorrem as interacções.
• Embora a comunicação digital tenha sido fundamental para o
desenvolvimento das civilizações humanas, no importante aspecto
relacional, o Homem depende sobretudo da comunicação analógica:
– a comunicação digital é importante no que toca à troca de informação sobre
os objectos com vista à transmissão do conhecimento…
• … mas…
– a comunicação analógica é mais eficaz para assinalar intenções e indicações de
humor e para, assim, definirmos a natureza das nossas relações.
• Assim, dos dois níveis a que funciona a comunicação humana:
– o conteúdo propriamente dito tenderá a ser transmitido no modo digital;
– a relação entre os agentes comunicantes, que consiste em elementos que
indicam a forma como deve ser entendida uma mensagem, será
preferencialmente transmitida de forma analógica.
Características distintivas da comunicação
analógica e digital
• Comunicação digital:
– é considerada como um
fenómeno discreto e
descontínuo, pois um sinal
tem necessariamente de
acabar para que possa surgir
outro que lhe suceda;
– os sinais que utiliza não têm
uma relação natural com a
realidade representada (são
signos arbitrários).
– baseia-se numa sintaxe lógica
bastante complexa e bastante
eficaz, mas não tem uma
semântica apropriada à
relação.
Comunicação analógica:
caracteriza-se por ser menos
abstracta, pois os sinais são
contínuos;
os sinais mantêm uma conexão
com o referente (são símbolos
analógicos).
tem uma semântica muito rica,
mas não a sintaxe apropriada a
uma definição inequívoca da
natureza das relações, pois não
permite discernir inequivocamente
quais os sentidos que devem ser
atribuídos a determinados signos
plurissignificativos.
Axioma 5
Qualquer troca de comunicação pode
ser definida como sendo simétrica ou
complementar
A comunicação simétrica define uma relação baseada na
igualdade - os parceiros têm a mesma posição e fazem a
mesma coisa (comportamento em espelho) - relação prof.
/ prof. ; aluno / aluno;
A comunicação complementar é baseada na diferença os parceiros têm posições complementares (one up ou
one down) - relação prof./aluno; médico/doente;
Formas e tipos de
comunicação
Comunicação Verbal
Construção do significado
Linguagem e pensamento
Comunicação e influência
Comunicação Não Verbal
-Tipos de CNV
- Funções da CNV
Na Comunicação:
100 % É O QUE SE QUER DIZER; 80% É O QUE SE DIZ;
60% É O QUE SE OUVE; 40% É O QUE SE COMPREENDE;
30% É O QUE SE RETÉM; 20 % É O QUE SE REPERCUTE
O Ser Humano como Sistema
Comunicacional Aberto e
Complexo
O ser humano é também ele um sistema, sistema
comunicacional complexo e aberto ao meio que o
rodeia. E, graças à estrutura genética, bem como
ao património hereditário que dele fazem parte, o
ser humano é portador de um conjunto de
potencialidades que, se actualizadas, lhe
possibilitam o relacionamento com os outros.
O Ser Humano como Sistema
Comunicacional Aberto e
Complexo
O desenvolvimento das características individuais
e das suas potencialidades, quando facilitado pelo
meio social, especialmente pelo sistema familiar,
permite ao indivíduo fazer trocas adaptativas, as
quais lhe facultam o ajustamento às mutações que
se geram nesse mesmo meio ambiente social e
cultural.
JANELA DE JOHARI
Conhecida
pela pessoa
Conhecida
pelos outros
Desconhecida
pelos outros
Desconhecida
pela pessoa
Área
Aberta
Área
Cega
Área
Oculta
Área
Desconhecida
Cada pessoa desenvolve seu próprio conjunto de
conceitos para interpretar seu ambiente externo e
interno e para organizar suas múltiplas experiências da
vida cotidiana.
A Janela de Johari é um modelo criado por Luft e
Ingham, para analisar como o indivíduo ou o grupo
processam as informações.
É um modelo cuja configuração gráfica é um retângulo
dividido em quatro partes que procura retratar a
interação de duas fontes de informação: a da própria
pessoa e a dos outros, bem como os processos
comportamentais requeridos para a utilização das
informações, que podem referir-se ao estabelecimento
Na Janela de Johari, as duas fontes de informação (a
da própria pessoa e a dos outros) estão divididas em
duas categorias de conhecimento:
Um conteúdo de informação que pertence ao
indivíduo, e que é por ele conhecido, e outro conteúdo
de informação que embora desconhecido pelo
indivíduo, também lhe pertence e influencia
ativamente seu relacionamento com os outros;
Um conteúdo de informação que pertence aos outros e
é conhecido por eles, e um conteúdo de informação
relevante, porém desconhecido pelos outros.
Quadrante 1: O “eu” aberto, que representa as
facetas da personalidade conhecidas pela própria
pessoa que está disposta a participá-las aos outros.
É a área aberta da personalidade, ou seja, os
outros a vêem exatamente como ela se vê.
Quandrante 2: O “eu” oculto, que representa os
aspectos da personalidade que a pessoa conhece,
mas que está consciente e deliberadamente
tentando esconder dos outros.
É a área secreta que a pessoa tenta ocultar para
proteger-se. Por exemplo, a pessoa sente-se
insegura, mas tenta mostrar uma aparência de
muita segurança pessoal.
Quandrante 3: O “eu” cego, que representa a área cega
da personalidade da pessoa, que inconscientemente
esconde de si mesma, mas que faz parte do
comportamento que comunica aos outros.
São os aspectos que a pessoa não consegue perceber
em si mesma, embora sejam percebidos pelos outros.
Por exemplo, apesar de a pessoa não admitir o fato, os
outros a vêem como ansiosa e notam que este aspecto
reduz sua eficiência.
Quadrante 4: O “eu” desconhecido, que representa as
facetas da personalidade da pessoa, que nem ela nem os
outros conhecem ou percebem, por exemplo certos
sentimentos ou impulsos reprimidos e inconscientes,
talentos ou habilidades inexplorados, potencialidades
Conclusões
A comunicação é essencial para o ser humano, pela
interacção que se estabelece com os outros.
A comunicação, ao contrário da unilateralidade da
informação, produz mudança nos seus intervenientes
o que nos leva a afirmar que relações familiares
assentes em processos de comunicação autêntica
permitem a todos a oportunidade de nele participar
de forma eficaz e equilibrada.
Como se vê?
Como os outros
o vêem?
Imagem que gostaria
de transmitir?
• Watzlawick, P., Beavin, J. H. & Jackson, D. D.
(1981 [1967]). Pragmática da comunicação
humana: um estudo dos padrões, patologias e
paradoxos da interacção. São Paulo: Cultrix.
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