1 AÇÕES DECONTROLE DA CO-INFECÇÃO HIV/TB NO BRASIL Ronaldo Hallal Programa Nacional de DST-Aids SVS – Ministério da Saúde CO-INFECÇÃO HIV/TB NO BRASIL • O Brasil é o país com o maior número de casos de TB na América Latina, com 96.000 casos novos estimados a cada ano (OMS, 2007). • Estima-se no Brasil que a cobertura de testagem para HIV em pessoas que desenvolvem TB é de aproximadamente 53% (2006) • Cerca de 185 mil pessoas estão em TARV • A cada ano, 10 mil pessoas iniciam TARV (no final de 2008, quase 200 mil pessoas) • Prevalência de positividade de 15% entre os testados • Taxa de óbito na co-infecção: 20% (2004) Opportunistic Illnesses DESAFIOS EMERGENTES PELA CONSOLIDAÇÃO DA RESPOSTA NACIONAL SEGUNDA DÉCADA DE ACESSO UNIVERSAL • TOXICIDADE DO TRATAMENTO: EFEITOS METABÓLICOS E ANATÔMICOS • CONVÍVIO AO LONGO DO TEMPO COM CO-MORBIDADES: NEOPLASIAS, DIABETES, HEPATOPATIA CRÔNICA, COINFECÇÕES HIV/HBV, HIV/HCV e HIV/TB • PERFIL CRÔNICO-DEGENERATIVO DA DOENÇA 4 INTERAÇÕES FISIOPATOGÊNICAS ENTRE HIV E TB • Imunodeficiência celular favorece reativação do Mycobacterium tuberculosis • Mycobacterium tuberculosis acarreta linfocitopenia T-CD4 • Tuberculose ativa e tansativação heteróloga (Zhang et al. 1995, Goletti et al. 1996) • Taxas de reativação de Tuberculose em pessoas co-infectadas com HIV = 8% ao ano • Formas disseminadas são mais comuns em pessoas infectadas pelo HIV • Dificuldades potencializadas no tratamento • Imunodeficiência avançada (CD4 < 150/mm3): Tb 6,5 vezes o risco de óbito nos 3 anos seguintes ELEMENTOS CHAVE PARA RESPOSTA A TB/HIV • ACESSO AO DIAGNÓSTICO DO HIV • PREVENÇÃO DA TB EM PESSOAS INFECTADAS PELO HIV: TRATAMENTO DA INFECÇÃO LATENTE • TRATAMENTO DA CO-INFECÇÃO DIFERENÇAS DE CULTURA, CONCEITOS E VALORES CARACTERÍSTICAS AIDS CARACTERÍSTICAS TB Transmissão contato íntimo Transmissão contato social Resposta baseada em características individuais Resposta baseada na proteção coletiva Busca consentida Busca ativa Aconselhamento Execução de protocolos Individualização do tratamento Serviços especializados Abordagem por linhas de esquema Descentralização Grupos de adesão Tratamento supervisionado ACESSO AO DIAGNÓSTICO DO HIV Figura 1- Percentual de testes de HIV realizados em casos novos de tuberculose. Brasil, 2001 a 2006. 70, 0 60, 0 50, 0 % realizados % 40, 0 % não realizados 30, 0 % Ign/branco 20, 0 10, 0 0, 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Figura 3- Resultado do teste HIV em novos casos de TB. Brasil, 2004 a 2006. 60,0 % 50,0 40,0 2004 30,0 20,0 2005 2006 10,0 0,0 %positiv o %negativ o %em andamento Resultado Teste HIV IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE DO HIV: IMPLANTAÇÃO DO TESTE RÁPIDO COMO DIAGNÓSTICO Programa Nacional de DST/Aids Programa Nacional de Controle da Tuberculose Fluxograma do diagnóstico da infecção pelo HIV utilizando testes rápidos T1 + T2 Neg / Neg Neg / Pos Pos / Neg Pos / Pos T3 Neg Amostra Negativa Pos Amostra Positiva EXECUTORES REGIÃO NORTE NORDESTE HIV/AIDS FUNASA TUBERCULOSE MULTIPLICADORES ESTADUAIS TOTAL POR ESTADO Acre 8 25 0 6 39 Amazonas 94 90 28 10 222 Amapá 0 20 0 19 39 Pará 69 27 33 25 154 Roraima 71 0 0 8 79 Rondônia 54 21 0 4 79 Tocantins 0 39 0 5 44 Alagoas 36 20 0 17 73 Bahia 38 25 46 10 73 Ceará 71 0 40 7 118 Maranhão 24 0 6 4 34 Paraíba 92 20 0 9 121 Pernambuco 757 44 46 22 869 Piauí 0 0 0 7 7 Rio Grande do Norte 33 0 0 6 39 Sergipe 7 0 0 4 11 Distrito Federal 7 0 0 8 15 Goiás 23 24 0 6 53 Mato Grosso do Sul 18 0 0 8 26 Mato Grosso 0 40 0 8 48 Espírito Santo 24 0 0 26 50 Minas Gerais 10 17 0 19 46 Rio de Janeiro 120 0 14 72 aconselhamento 7 141 São Paulo 308 0 37 6 334 Paraná 8 0 0 14 22 Rio Grande do Sul 0 0 0 10 10 Santa Catarina 0 0 0 15 15 1872 412 187 290 2761 ESTADO CENTRO-OESTE SUDESTE SUL TOTAL TRATAMENTO DA INFECÇÃO LATENTE QUIMIOPROFILAXIA EM PESSOAS HIV+ E IMPACTO NA SOBREVIDA Pinho, AIDS 2001 IMPACTO DA TARV E QP NO DESENVOLVIMENTO DE TUBERCULOSE Naïve Redução de 59% Só HAART no risco de TB Só QP HAART e QP Redução de 76% TB´Prévia no risco de TB CD4 < 200 200 – 349 350 – 499 ≥ 500 Idade < 30 30-39 40-49 ≥ 50 Golub et al. AIDS 2007 Ajustado RH (95%CI) 1 0.41 (0.31-0.54) 0.57 (0.18-1.82) 0.24 (0.11-0.53) 1.19 (0.88-1.60) 1 0.34 (0.25-0.45) 0.19 (0.13-0.27) 0.10 (0.07-0.15) 1 0.98 (0.73-1.31) 0.69 (0.49-0.97) 0.53 (0.33-0.83) P-value < 0.001 0.34 < 0.001 0.25 < 0.001 < 0.001 < 0.001 0.88 0.03 < 0.01 Exame Inicial Periodicidade Comentário Hemograma Sim Repetir cada 3 – 6 meses Repetir com maior freqüência em sintomáticos ou quando em uso de drogas mielotóxicas Contagem LinfócitosT CD4+ Sim Repetir cada 3-6 meses Repetir quando valores discrepantes e com maior freqüência quando há tendência à queda Carga Viral (CV) Sim Repetir quando Linfócitos T A CV auxilia a decisão de iniciar TARV em pacientes CD4 próximo a 350 assintomáticos com contagens de Linfócitos T CD4 entre céls/mm3 350 e 200 céls/mm3 Avaliação hepática e renal Sim Repetir 1 x ao ano Exame básico de urina Exame parasitologico de fezes Citopatológico de colo de útero Sim Sim Sim Repetir cada 6 meses Citopatologico anal Considerar Repetir anualmente caso o inicial seja não reator Repetição com maior freqüência em pacientes em tratamento Pesquisa de proteinúria associada ao HIV Se normal repetição anual Pessoas que tenham prática receptiva anal. Está relacionado com presença de HPV Nos casos com história de contato com Tuberculose ou de resultado anterior de PPD > , já está indicada a quimioprofilaxia não sendo portanto necessário realizar o PPD PPD Sim Anti-HVA HbsAg Anti-HBc ou anti-HBs Opcional Sim Triagem somente para candidatos* a vacina Testar se provas de função hepática alteradas Para identificar candidatos a vacina Anti-HCV Sim Repetir anualmente em pessoas com exposição VDRL Sim Raio-X de tórax Sim IgG para Toxoplasma Sim Sorologia para HTLV I e II Considerar Sorologia para Chagas Sim Dosagem de lipídios Sim Glicemia de Jejum Sim Repetir anualmente em pessoas sexualmente ativas Cicatriz de TB sem tratamento ou quimioprofilaxia prévia indica profilaxia com INH Repetir anualmente, caso negativo Apenas, em pacientes com manifestações neurológicas sugestivas e/ou quando CD4 elevado e discrepante Pacientes oriundos de área endêmica Repetir pré-tratamento para monitorar dislipidemia Repetir cada 3 – 4 meses para pacientes em TARV RECOMENDAÇÕES PARA TERAPIA ANTIRETROVIRAL EM ADULTOS E ADOLESCENTES INFECTADOS PELO HIV 2008 Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Programa Nacional de DST e Aids AMPLIAR PPD E PROFILAXIA COM ISONIAZIDA Implantação do PPD nos Serviços de aids Adesão aos protocolos nacionais Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Programa Nacional de DST e Aids MANEJO DA CO-INFECÇÃO HIV/TB CONTEÚDOS DO NOVO CONSENSO DE TRATAMENTO ANTI-RETROVIRAL INTEGRAÇÃO DOS PROTOCOLOS 1- Metodologia de análise crítica de ensaios clínicos em terapia antiretroviral 2- Síndrome Retroviral Aguda e História Natural da Doença 3- Diagnóstico laboratorial da infecção do HIV 4- Abordagem clínica e laboratorial inicial do adulto infectado pelo HIV 5- Adesão ao Tratamento 6- Critérios de início de terapia e seguimento a curto prazo 7- Escolha do esquema inicial 8- Falha ao tratamento, manejo da resistência e terapia de resgate 9- Manejo da toxicidade do tratamento 10- Interações entre anti-retrovirais, com outros medicamentos, fitoterápicos, álcool e drogas recreacionais 11- Manejo de co-morbidades e co-infecções mais comuns 12- Profilaxia de infecções oportunistas MANEJO ANTI-RETROVIRAL NA COINFECÇÃO HIV/TB • De modo geral, deve-se solicitar a contagem de linfócitos T CD4+ antes do início de TARV independente da apresentação clínica da TB • Nas formas extra-pulmonares e pulmonares atípicas, pode-se iniciar o TARV independente do resultado da contagem de linfócitos T CD4+. • Recomenda-se na Tuberculose Pulmonar Cavitária a realização da contagem de linfócitos T CD4 + após os primeiros 30 dias do início do tratamento para avaliar a indicação de TARV DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE TB, POR RESULTADO DE TRATAMENTO E RESULTADO DE HIV, ESTADO DE SÃO PAULO, 2006 100 80 60 % 40 HIV+ (n=2481) HIV- (n=10798) TB ge ral (n=18718) 20 0 cura abandon o obito s/ e nce rr HIV+ (n=2481) 46,2 16,4 25,1 7,9 HIV- (n=10798) 81,8 8,3 3,8 2,74 TB ge ral (n=18718) 70,2 10,9 9,6 5,36 Obs: HIV em andamento: 1261; Não realizado: 3002; sem informação: 1176 (total ignorado= 5439 – 29%) Fonte: Divisão de Tuberculose – CVE/ SES-São Paulo Conclusões • Benefícios evidentes com diagnóstico precoce do HIV em portadores de TB – ampliar acesso ao TR • QP + TARV reduz significativamente a incidência de TB e a mortalidade em PVHA – implantar PPD e ampliar QP • Alta taxa de óbito e abandono, menor cura - expandir DOTS na co-infecção HIV/TB, incluir as redes e ONG no apoio comunitário • Fortalecer a rede de atenção as co-infecções: atenção básica e integração entre os programas • Controlar as co-infecções é uma forma de reduzir as iniqüidades na saúde DETERMINANTES DA INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE: ENFRENTAMENTO DA PRODUÇÃO DE DESIGUALDADES SOCIAIS • • • • • Prevalência do HIV (América Latina e Caribe) Acesso a água potável Acesso ao saneamento básico Imigração (EUA e oeste europeu) Indicadores econômicos incluindo gastos per capita em saúde (leste europeu) [email protected]