Baseado na Obra: Samuelson, P. e Nordhaus, W. (2005). Microeconomia. Lisboa: McGraw-Hill António Azevedo- 2007/08 1 1 – Conceitos básicos 2 – Microeconomia, Oferta, Procura e Mercados de Produtos 3 – Mercado dos factores: trabalho, terra e capital 4 – Microeconomia aplicada: comércio Internacional, governo e ambiente António Azevedo- 2007/08 2 Método de Avaliação Tendo em conta o Regulamento de Avaliação em vigor, a avaliação poderá ser efectuada através das seguintes modalidades: a)Avaliação Curricular Teste de Avaliação Global (TAG) Prova presencial de avaliação individual escrita e/ou prática e/ou oral no final do(s) semestre(s). Avaliação Distribuída (AD) Peso Nota míni ma Resolução de exercício de aplicação * 20% ----- Miniteste 30% ----- 50% ----- Elementos de Avaliação Teste(s) Nota final da AD (*) Trabalho individual ou grupo de 2/3 elementos. António Azevedo- 2007/08 Data/Prazo À data do(s) TAG 100% Sistema de avaliação da disciplina de Microeconomia Formação grupos Exercicio de aplicação 20% Miniteste 30% Avaliação continua (10 valores) Questões discussão 9 Out Parte I Parte II TAG Parte III Parte IV Parte III Parte IV Parte I Parte II Legenda: Avaliação curricular Legenda: Avaliação contínua António Azevedo- 2007/08 - Fundamentos da economia Introdução Escassez vs eficiência Definição de economia Microeconomia vs macroeconomia A lógica da economia Três Problemas da organização económica o quê? como? Para quem? Possibilidades tecnológicas factores de produção e produções A fronteira das possibilidades de produção (FPP) António Azevedo- 2007/08 5 2. Evolução Histórica Surgiu como disciplina académica há mais de 2 séculos 1776: Adam Smith publica “A Riqueza das Nações” Onde demonstra que um sistema de preços e de mercados é capaz de coordenar os indivíduos e as empresas sem necessidade de qualquer direcção central CAPITALISMO 1867: Karl Marx publica “O Capital” Uma poderosa crítica ao Capitalismo onde proclamava que em breve lhe sucederiam depressões económicas, revoluções, etc. 2. Evolução Histórica Finais do sec. XIX até aos anos 30 do sec. XX: As profundas depressões económicas vieram questionar a viabilidade do capitalismo da empresa privada. 1917: Os socialistas começaram a aplicar o seu modelo na União Soviética e em 1980 cerca de 1/3 do mundo era regido por doutrinas marxistas. 1936: John Keynes publica, na sequência da Grande Depressão “A Teoria Geral do Emprego o Juro e o Dinheiro”. Onde se descrevia uma nova abordagem económica, as políticas governamentais, fiscais e monetárias a suavizar os estragos dos ciclos económicos. 2. Evolução Histórica Anos 80: Deu-se uma reviravolta. Os países capitalistas do Ocidente e os países socialistas do Leste redescobriram a capacidade do mercado para gerar rápidas mudanças tecnológicas e elevados padrões de vida. No Ocidente os governos desregularam algumas industrias e liberalizaram os preços. Na Europa de Leste a revolução pacífica de 1989 forçou os países socialistas a abandonar o aparelho de planeamento central e a permitir que as forças do mercado se desenvolvessem novamente. Economia Temas estudados Comportamento dos mercados financeiros (taxas de juro, cotações de acções, etc.) Razões da pobreza e riqueza de indivíduos e nações, sugerindo formas para o aumento do rendimento dos mais desfavorecidos Ciclos económicos - altos e baixos do desemprego e da inflação - assim como políticas para os moderar Comércio e finanças internacionais, bem como o impacto da globalização Medidas para melhorar o uso eficiente de recursos (humanos, naturais, tecnológicos) Políticas governamentais para atingir objectivos nacionais importantes: crescimento económico, pleno emprego, estabilidade dos preços, repartição justa do rendimento António Azevedo- 2007/08 Economia Definição A economia é o estudo da forma como as sociedades utilizam recursos escassos para produzir bens com valor e como distribuem entre pessoas diferentes António Azevedo- 2007/08 os Escassez e eficiência Utilização eficiente de recursos escassos Escassez Numa situação de escassez os bens são limitados relativamente aos desejos. Deste modo é importante que uma economia faça o melhor uso dos seus recursos limitados, ou seja que os utilize de forma eficiente. Eficiência Eficiência corresponde à utilização mais efectiva de recursos de uma sociedade na satisfação das necessidades da população. Uma economia está a produzir de forma eficiente quando não pode aumentar o bem-estar económico de um indivíduo sem prejudicar o de outro indivíduo qualquer. António Azevedo- 2007/08 Microeconomia e Macroeconomia Adam Smith (1776) e John Keynes (1936) Microeconomia A microeconomia é o ramo da economia que estuda o comportamento de entidades individuais como os mercados, as empresas e as famílias. Adam Smith é considerado o fundador da microeconomia tendo escrito a obra de referência A Riqueza das Nações (1776). Macroeconomia A macroeconomia estuda o desempenho global da economia como o crescimento económico, a inflação, o desemprego, o investimento e o consumo global. John Maynard Keynes é considerado o fundador da macroeconomia tendo escrito a obra de referência Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro (1936). António Azevedo- 2007/08 1. Falácia do post-hoc: • B depois de A, logo A =>B (??) 2. Falácia do ceteris paribus (manter o resto constante) 3.Falácia da agregação: O que é verdade para uma parte também é verdade para o todo (??) António Azevedo- 2007/08 Os três problemas da organização económica O quê, como, para quem 1. Quais os bens a produzir ? Uma economia tem de determinar quanto deve produzir de cada um dos inúmeros bens e serviços possíveis e quando deverão ser produzidos. Devemos produzir manteiga ou espingardas ? 2. Como são os bens produzidos ? Uma economia tem de determinar como deve produzir cada um dos bens e serviços, ou seja quem produz, com que recursos e com que tecnologia. Quem cultiva a terra e quem ensina ? 3. Para quem são os bens produzidos ? Uma economia tem de determinar quem irá usufruir dos bens e serviços produzidos. Qual é a distribuição justa do rendimento e da riqueza ? António Azevedo- 2007/08 Formas de resolver os três problemas económicos Economias de mercado, dirigidas e mistas 1. Economia de mercado Numa economia de mercado os indivíduos e as empresas privadas tomam as decisões sobre a produção e o consumo. Um sistema de preços, de lucros e prejuízos, de incentivos e prémios determina o quê, como e para quem. 2. Economia dirigida Numa economia dirigida o governo toma todas as decisões importantes acerca da produção e distribuição dos bens e serviços. O Estado possui a maior parte dos meios de produção, é o maior empregador e dirige a actividade das empresas. 3. Economia mista Uma economia mista combina elementos de mercado e de direcção central. Nunca existiu uma economia de mercado pura embora a Inglaterra do século XIX se aproxime dessa situação. António Azevedo- 2007/08 Possibilidades tecnológicas da sociedade Recursos limitados implicam escolhas Cada espingarda que é fabricada, cada barco de guerra que é lançado ao mar, cada míssil que é disparado significa, em última instância, um roubo a quem tem fome e não tem o que comer. Every gun that is made, every warship launched, every rocket fired signifies in the final sense, a theft from those who hunger and are not fed, those who are cold and are not clothed. Presidente Dwight D. Eisenhower 16 Abril 1953 António Azevedo- 2007/08 Factores de produção (inputs) Terra, trabalho e capital A terra – ou mais genericamente os recursos naturais – representa a dádiva da natureza para os processos produtivos: terra para agricultura, habitação, fábricas e estradas; recursos energéticos utilizados nos transportes e aquecimento; recursos não energéticos como o cobre, o ferro e a areia. Actualmente o conceito de recursos naturais inclui os recursos ambientais tais como o ar puro e a água potável. O trabalho consiste no tempo dispendido pelos indivíduos nos processos de produção. É o factor de produção mais comum e mais crucial numa economia avançada. O capital é formado pelos bens duráveis de uma economia que se destinam à produção de outros bens. Os bens de capital incluem máquinas, estradas, computadores, martelos, camiões, máquinas de lavar e edifícios. António Azevedo- 2007/08 A Fronteira das Possibilidades de Produção - FPP Espingardas vs manteiga António Azevedo- 2007/08 3.5. Fronteira das possibilidades de Produção Os países não podem ter quantidades ilimitadas de todos os bens. Estão limitados pelos recursos e pela tecnologia. A necessidade de escolha entre oportunidades limitadas torna-se ainda mais importante em tempo de guerra. Consideremos uma economia que produz apenas dois bens: espingardas e manteiga. Possibilidades de produção alternativa Possibilidades Manteiga Espingardas X 103 unid. FPP 15 A 0 15 B 1 14 C 2 12 D 3 9 E 4 5 3 F 5 0 0 12 9 6 1 2 3 4 5 (X 106 kg) 3.5. Fronteira das possibilidades de Produção A fronteira das possibilidades de produção FPP representa as quantidades máximas de produção que podem ser obtidas por uma economia, dados o seu conhecimento tecnológico e a quantidade de factores de produção disponíveis. FPP País pobre A Bens de 1ª necessidade Bens de luxo Bens de luxo País rico B A Bens de 1ª necessidade 3.5. Fronteira das possibilidades de Produção Um país pode produzir tanto bens de consumo como de investimento. Escolhas do presente A3 Consequências futuras Investimento Investimento Suponha que 3 países têm a mesma FPP. O país 1 não investe para o futuro, o país 2 investe moderadamente e o país 3 investe fortemente. B3 A2 B2 B1 A1 Consumo Consumo 3.5. Fronteira das possibilidades de Produção Eficiência produtiva A eficiência produtiva verifica-se quando uma economia não pode produzir mais de um bem sem que produza menos de um outro; isto significa que a economia está sobre a respectiva fronteira de possibilidades de produção. Bens de luxo FPP Ineficiência ou recursos desaproveitados Eficiência Bens de 1ª necessidade Tópicos para discussão 1. Admitindo que o progresso tecnológico permite a duplicação da produtividade dos recursos da sociedade na produção de manteiga sem alterar a produtividade do fabrico de espingardas, como se modificaria a fronteira de possibilidades de produção (FPP) da Figura 1-2? 2. Considere que existem apenas dois factores de produção – trabalho e recursos naturais – que produzem dois bens – concertos e gasolina – e que não existe progresso tecnológico ao longo do tempo. O que aconteceria à FPP com o esgotamento dos recursos naturais? Como poderiam novas invenções e o desenvolvimento tecnológico alterar a resposta dada? Com base neste exemplo explique porque se diz que “o crescimento económico é uma corrida entre o esgotamento e a invenção”. António Azevedo- 2007/08 3.6. Questões 3. “Nenhuma sociedade completamente igualitária conseguiu jamais construir um sistema económico progressivo e eficiente. Da experiência universal sabe-se que é necessário um sistema de prémios diferenciados para estimular os trabalhadores” George Stigler em “The Theory of Price”, 1966 Estas afirmações são de economia positiva ou normativa? No dia 21 de Junho de 2000 o jornal parisiense Le Monde publicou um manifesto de estudantes franceses contra aquilo que eles designavam como a falta de realismo e de pluralismo no ensino da Economia, resultam principalmente dos excessos de modelação abstracta e de formalização matemática, que, no entender dos subscritores do manifesto, tomando a sofisticação formalista num fim em si mesmo, provocava uma «esquizofrenia» com o referente empírico da ciência e com os desígnios da sua praticabilidade e relevância sociopolitica, substituindo-os pela fantasmagoria descarnada e esquemática de «mundos imaginários», remetendo em suma a disciplina para uma posição de irrealismo e de isolamento, para aquilo que eles, com bastante contundência, designavam por «autismo». (Araujo, 2006) António Azevedo- 2007/08 • 1. Os recursos produtivos são escassos. • 2. As decisões concretas reclamam a ponderação de custos e benefícios adicionais resultantes da cada uma das alternativas. • 3. Há diversos métodos de afectação de bens e serviços. • 4. As pessoas respondem de um modo previsível a incentivos, tanto positivos como negativos. • 5. Só existem trocas voluntárias quando as partes têm esperança de ganhos. • 6. A produção e o consumo crescem com a especialização dos agentes económicos (individuais ou colectivos). • 7. A interacção de compradores e vendedores constitui os mercados. • 8. Os preços sinalizam e incentivam os agentes num mercado. • 9. A concorrência entre vendedores baixa custos e preços e beneficia em última instância os compradores. • 10. Os mercados geram um enquadramento institucional que visa apoiar os agentes económicos na realização dos seus fins. António Azevedo- 2007/08 • 11. A moeda facilita as trocas, os empréstimos, a poupança, o investimento, as comparações de valores. • 12. As taxas de juro, ajustadas à inflação, variam para adequarem os níveis de poupança aos níveis de empréstimo, determinando assim a afectação de recursos escassos entre os seus usos presente e futuro. • 13. O rendimento das pessoas é maioritariamente fixado em função do valor dos recursos produtivos que fornecem ao mercado. • 14. Os empresários são aqueles que, incentivados pela contrapartida do lucro, assumem as incertezas da organização produtiva dos recursos. • 15. O investimento em capital físico e em «capital humano» tem a virtualidade de incrementar o nível de vida futuro. • 16. Há lugar, numa economia de mercado, à intervenção do Estado, desde que ela se justifique em termos de eficiência. António Azevedo- 2007/08 • 17. A intervenção do Estado pode implicar custos que excedem os benefícios, dados os incentivos não estritamente económicos por que se pauta a acção política. • 18. O nível nacional de rendimento, emprego e preços é resultado da interacção das decisões de produzir e consumir do conjunto de todos os agentes económicos nacionais. • 19. O desemprego e a inflação têm efeitos nocivos muito extensos no bem-estar colectivo, ao menos na injustiça da redistribuição e na perturbação das expectativas. • 20. O nível de emprego, de produção e de preços podem ser influenciados pelos governos e pelos bancos centrais através de políticas orçamentais e monetárias. António Azevedo- 2007/08 • • • • • • • • • • 1. A economia assenta num quadro de referência de decisões individuais. e apela a uma racionalidade «procedimental» (neutra perante os valores essas decisões servem). 2. Numa economia livre, a eficiência baseia-se num equilíbrio entre interdependência individual e responsabilidade colectiva. 3. Podem ocorrer situações em que a decisão económica deve optar entre objectivos de eficiência e de justiça. 4. Existe, no curto prazo, um limite ao rendimento marginal que se obtém da intensificação do uso dos factores de produção. 5. Um movimento especulativo pode ser estabilizado se as previsões forem optimistas. 6. Tende a existir, no curto prazo, uma correlação inversa entre os valores da inflação e do desemprego. 7 As interferências rectificadoras das «falhas de mercado» podem resultar em «falhas de intervenção». 8. A mais grave das “falhas de mercado” é aquela que torna o progresso económico numa causa de degradação ambiental, por abuso de recursos comuns e de bens públicos. 9. A eficiência da regulação jurídica e política deve poder justificar-se pela existência de externalidades e pela verificação de «custos de transacção» superiores aos custos da regulação. 10. A racionalidade assenta numa informação dispendiosa, pelo que muitas das decisões individuais são eficientemente tomadas com informação incompleta e muita da interdependência se funda em informação assimétrica. António Azevedo- 2007/08 - Mercados e governo numa economia moderna O que é um Mercado? Comércio, dinheiro e capital Papel económico do governo António Azevedo- 2007/08 30 Conteúdo programático Mercados e Governo numa Economia Moderna 1. Introdução 2. O Mercado 3. Comércio Dinheiro e Capital 4. O papel Económico do Governo 4.1. Eficiência 4.2. Equidade 4.3. Crescimento e Estabilidade Macroeconómicos 5. Questões 1. Introdução “Cada indivíduo esforça-se por aplicar o seu capital de modo que a sua produção tenha o valor máximo. Geralmente não tem intenção de promover o interesse público nem sabe sequer em que medida o está a fomentar. Pretende apenas a sua segurança, apenas o seu próprio ganho. E assim é levado por uma mão invisível a promover um fim que não fazia parte das suas intenções. Na prossecução do seu próprio interesse, promove frequentemente o interesse da sociedade de uma forma mais efectiva do que quando realmente o pretende fazer” Adam Smith, A Riqueza das Nações, 1776 2. O Mercado Como funciona um Mercado? Os mercados são um mecanismo através do qual os compradores e vendedores se encontram para determinar os preços e trocar bens ou serviços. Os preços coordenam as decisões dos produtores e dos consumidores num mercado. Preços mais elevados tendem a reduzir as compras dos consumidores e a estimular a produção. Preços mais baixos estimulam o consumo e retraem a produção. Os preços são o fiel da balança do mecanismo de mercado. 2. O Mercado Procura Os consumidores compram bens e vendem factores de produção Habitação, Calçado Pizzas, Etc. Dinheiro dos consumidores Preços nos mercados de produtos Mercado de produtos Produtividade dos factores Proprietários dos factores produtivos Terra, Capital, Trabalho Oferta Custos de produção As empresas vendem bens e adquirem factores de produção EMPRESAS CONSUMIDORES Os consumidores usam o seu rendimento da venda de trabalho e outros factores para adquirir bens às empresas. Oferta Habitação, Calçado Pizzas, Etc. Preços nos mercados de factores (salários, rendas, juros) Mercado de factores Terra, Capital, Trabalho Procura As empresas baseiam os preços dos seus bens nos custos do trabalho e do património. 2. O Mercado Os mercados não proporcionam necessariamente uma repartição justa do rendimento; podem dar origem a níveis inaceitáveis de desigualdade do rendimento. Os Governos actuam com medidas no sentido de corrigir estas injustiças usando: O poder dos impostos; Política Fiscal E para promover o crescimento económico a longo prazo e a produtividade O poder das taxas de juro; Política monetária António Azevedo- 2007/08 2. O Mercado O que é um equilíbrio de Mercado? Os mercados são um mecanismo pelo qual compradores e vendedores de uma mercadoria se confrontam para determinar o seu preço e quantidade. É o mercado que estabelece o Preço de Equilíbrio Concorrência perfeita é um mercado onde nenhuma empresa ou consumidor é suficientemente forte para afectar o preço de mercado Os mercados falham quando: Não existe concorrência perfeita: Ex. monopólios Existem externalidades: Ex. poluíção António Azevedo- 2007/08 3. Comercio, Dinheiro e Capital Uma economia moderna depende de condições especiais para se tornar muito produtiva. A divisão do trabalho e os bens de capital especializados permitem aos indivíduos terem capacidades elevadas em determinadas áreas. A especialização dá origem a níveis elevados de eficiência; a produção em grande escala torna possível o comércio; o dinheiro permite que o comercio se faça rápida e eficientemente; e um sofisticado sistema financeiro é crucial para transformar as poupanças de alguns nos bens de capital de outros. 4. O Papel Económico do Governo No mundo real, nenhuma economia está efectivamente de acordo com o mundo ideal de funcionamento contínuo da mão invisível. Em vez disso, todas as economias de mercado sofrem as imperfeições que levam a doenças tais como a poluição excessiva, o desemprego e a extremos de riqueza e de pobreza. Por isso nenhum governo se mantém totalmente afastado da economia. Os governos numa economia de mercado têm três funções económicas principais: 1 - O Aumento da Eficiência 2 - A Promoção da Equidade 3 - O Estímulo do Crescimento e da Estabilidade Macroeconómicos 4. O papel Económico do Governo 4.1. Eficiência O governo aumenta a eficiência ao promover a concorrência, ao combater externalidades como a poluição e ao fornecer bens públicos. Os mercados falham na alocação eficiente de recursos quando existe concorrência imperfeita ou externalidades. A concorrência imperfeita como o monopólio origina preços elevados e níveis de produção baixos. Externalidades ocorrem quando empresas ou individuos impõem custos ou benefícios a outros que estão fora do mercado. Os governos podem regular as actividades ou fixar restrições anti-trust ao comportamento das empresas para combater a concorrência imperfeita. Podem intervir com a regulação das externalidades ou fornecer bens públicos (com as receitas dos impostos). 4. O papel Económico do Governo 4.2. Equidade O governo promove a equidade ao usar os impostos progressivos e programas de despesa para redistribuir o rendimento a grupos específicos. 4.3. Crescimento e Estabilidade Macroeconómicos Os governos podem estimular o crescimento económico e a estabilidade de preços através da política orçamental (impostos) e da regulação monetária (taxas de juro). Através destas duas ferramentas essenciais de política macroeconómica, os governos podem influenciar o nível da despesa total, a taxa de crescimento, os níveis de emprego, o nível de preços e a taxa de inflação. 4. O papel Económico do Governo Falha da economia de mercado Ineficiência •Monopólio •Externalidades •Bens públicos Desigualdade •Desigualdades inaceitáveis de rendimento e riqueza. Problemas macroeconómicos •Ciclos económicos (inflação e desemprego elevados) •Crescimento económico lento. Intervenção do governo Exemplos •Incentivo à concorrência •Intervenção nos mercados •Apoio a actividades de beneficiência •Leis anti-trust, desregulação. •Leis anti-poluição •Sistemas de orientação promoção da educação pública. •Redestribuição de rendimento. •Impostos progressivos sobre o rendimento e a riqueza programas de apoio ao rendimento •Estabilizar através de políticas macroeconómicas. •Estimular o crescimento. •Políticas monetárias (alterações nas taxas de juro). Políticas orçamentais (impostos e despesa). •Melhorar a eficiência da administração fiscal, aumentar a poupança nacional ao reduzir o deficit. 5. Questões 1. Foram analisadas muitas falhas de mercado, áreas em que a mão invisível dirige ineficientemente a economia, e descreve o papel do Governo. É possível que haja, da mesma forma, falhas de governo, tentativas do governo para remediar as falhas do mercado que tenham efeitos piores. Dê alguns exemplos em que as falhas de governo sejam tão graves que seja preferível viver com as falhas de mercado do que tentar corrigi-las. 2. Considere os seguintes casos de intervenção governamental na economia: regulamentos para limitar a poluição do ar; apoio ao rendimento dos pobres; tabelamento de preços de uma companhia monopolista de telefone. Para cada caso a) Explique a falha de mercado. b) Descreva a intervenção do governo para tratar do problema c) Explique de que modo a falha do governo pode ocorrer devido à intervenção. Elementos básicos da procura e oferta 1. Introdução 2. Função da procura 3. Função da oferta 4. Equilíbrio da oferta e da procura 5. Tópicos para discussão António Azevedo- 2007/08 Introdução A oferta e a procura na determinação do preço da gasolina António Azevedo- 2007/08 António Azevedo- 2007/08 Introdução A teoria da oferta e da procura A teoria da oferta e da procura demonstra como as preferências dos consumidores determinam a procura dos bens, enquanto que os custos das empresas são a base da oferta. Do equilíbrio entre a oferta e a procura resulta o preço e a quantidade transaccionada de cada bem. António Azevedo- 2007/08 1. A Função da Procura Existe uma relação definida entre o preço de mercado de um bem e a quantidade procurada desse bem, mantendo-se o restante constante. Esta relação entre o preço e a quantidade comprada é designada a função da procura. P(€) Procura Preço unitário 1 maçã 0,80 € 2 maçãs 0,60 € 4 maçãs 0,40 € 0,40 8 maçãs 0,20 € 0,20 0,80 0,60 0 2 4 6 8 Q (Unidades) Função da procura Curva da procura. Exemplo Função da procura A relação existente entre o preço de um bem e a quantidade comprada desse bem é designada função da procura ou curva da procura António Azevedo- 2007/08 1. A Função da Procura É uma função decrescente. Quando o preço de uma mercadoria aumenta (mantendo-se o restante constante) os compradores tendem a consumir menos dessa mercadoria. De forma similar, quando o preço baixa, mantendo-se P(€) D o restante constante, aumenta a quantidade procurada P P Q Q Q (Unidades) Função da procura Lei da inclinação negativa da procura Lei da inclinação negativa da procura Quando o preço de um bem aumenta, mantendo-se tudo o resto constante, os compradores tendem a consumir menos desse bem. De forma similar, quando o preço de um bem diminui, mantendo-se tudo o resto constante, a quantidade procurada desse bem aumenta. António Azevedo- 2007/08 1. A Função da Procura Por que é que a quantidade procurada tende a diminuir com o aumento dos preços? - Pelo efeito de substituição - Pelo efeito do rendimento O que determina a procura de mercado de determinado bem? - Pela Lei da Procura é o Preço Existem outras influências para além do preço - Níveis médios de rendimento - Dimensão da população - Preços dos bens relacionados - Gostos e preferências dos consumidores - Influências especiais 2. Variação da Procura Com a variação do preço a quantidade procurada varia o que faz deslocarmo-nos ao longo da curva da procura. P(€) Com a variação da vida económica a curva da procura pode sofrer deslocamentos. D´ D P Quando se alteram outros factores que não o preço Q Q´ Q (Unidades) Porque aumentou a procura de automóveis nos anos 80/90? Porque aumentou o rendimento das famílias O que aconteceu à curva da procura? 2. Variação da Procura Em ano de seca no Inverno o que acontece à curva da procura de chapéus de chuva? P(€) D D´ P Q´ Q Q (Unidades) Que aconteceu à curva da procura de cursos superiores com a diminuição da “produção de filhos”? E com o aumento das propinas? Função da procura Deslocações da curva da procura Deslocações da procura Quando existem alterações de factores, que não o preço do próprio bem, que afectam a quantidade procurada, designam-se por deslocações da curva da procura. A procura aumenta (ou diminui) quando a quantidade procurada para cada preço de mercado aumenta (ou diminui). NOTA: Compreender a diferença entre movimento ao longo da curva (por variação do preço) e deslocações da curva (por variação de outros factores) António Azevedo- 2007/08 Função da procura Efeito de substituição e efeito rendimento Efeito de substituição Quando o preço de um bem aumenta, este é substituído por outros produtos similares. Por exemplo, quando aumenta o preço da carne de vaca os consumidores tendem a comprar mais carne de frango. Este efeito é denominado de efeito de substituição. Efeito rendimento Quando o preço de um bem sobe, os consumidores ficam com menos rendimento disponível pelo que consomem menos quantidade desse bem e dos outros bens. Por exemplo, se o preço da gasolina duplica os consumidores ficam com menos rendimento e diminuem o consumo de gasolina e de outros bens. Este efeito é denominado de efeito rendimento. António Azevedo- 2007/08 Função da procura Factores que influenciam a curva da procura 1. Rendimento médio Com o aumento do rendimento médio os indivíduos tendem a comprar mais de quase tudo, mesmo que os preços não se alterem 2. Dimensão do mercado Medida pela população influencia de forma nítida a curva da procura. Mais indivíduos conduzem a um maior consumo 3. Preços de bens relacionados A procura de um dado bem tende a diminuir (aumentar) quando diminui (aumenta) o preço de bens substitutos 4. Preferências As preferências (gostos) dos consumidores representam uma variedade de influências culturais e históricas e afectam a curva da procura 5. Influências específicas A procura de determinados bens é influenciada por factores específicos como seja a venda de chapéus de chuva em dias chuvosos António Azevedo- 2007/08 Função da oferta Curva da oferta. Exemplo Função da oferta A relação existente entre o preço de um bem e a quantidade que os produtores estão dispostos a produzir a vender é designada função da oferta ou curva da oferta António Azevedo- 2007/08 3. A Função da Oferta Entende-se por oferta ,a quantidade de um bem que as empresas estão dispostas a produzir e a vender P(€) S A função oferta é crescente. Porquê? Devido à lei dos rendimentos decrescentes Um aumento de um factor de produção aumentará a produção Q (Unidades) total. Mas a partir de certo ponto a produção adicional, resultante do acréscimo dos factores de produção tende a ser cada vez menor. Função da oferta Factores que influenciam a curva da oferta 1. Tecnologia O progresso tecnológico consiste nas alterações que diminuem a quantidade dos factores necessários para a mesma quantidade de produto 2. Preço dos factores de produção Quando o preço dos factores de produção diminui a o custo de produção é menor e a oferta aumenta 3. Preços de bens relacionados A oferta de um dado bem tende a aumentar (diminuir) quando diminui (aumenta) o preço de bens substitutos 4. Política do governo Os impostos e as políticas salariais podem fazer aumentar o custo dos factores de produção levando à contracção da oferta 5. Influências específicas A oferta de determinados bens é influenciada por factores específicos como seja o clima na agricultura António Azevedo- 2007/08 4. Variação da Oferta Com a variação do preço a quantidade oferecida varia o que provoca um deslocamento ao longo da curva da oferta. P(€) S A curva da oferta também pode sofrer deslocamentos, quando se alteram outras influências que não o preço. Q (Unidades) •As tecnologias •O preço dos factores de produção •Organização do mercado •Influências especiais Função da oferta Deslocações da curva da oferta Deslocações da oferta Quando existem alterações de factores, que não o preço do próprio bem, que afectam a quantidade oferecida, designam-se por deslocações da curva da oferta. A oferta aumenta (ou diminui) quando a quantidade oferecida para cada preço de mercado aumenta (ou diminui). NOTA: Compreender a diferença entre movimento ao longo da curva (por variação do preço) e deslocações da curva (por variação de outros factores) António Azevedo- 2007/08 Variação da Oferta O que acontece à oferta da industria automóvel com a introdução da robótica nas fábricas? O que acontece à oferta de gasolina ou gasóleo se o preço do petróleo (factor de produção) aumentar? O que acontece à oferta de energia hídrica num ano de seca? P(€) S S` Q (Unidades) P(€) S` S Q (Unidades) 6. Deslocações da Oferta ou da Procura Ex. Condições meteorológicas desfavoráveis fazem reduzir o montante de trigo que os agricultores oferecem para cada nível de preço. P(€) A curva da oferta desloca-se. A da procura mantêm-se. D S´ S Assim vai haver escassez P2 Logo o preço tende aumentar até novo ponto de equilíbrio. P1 Q2 Q1 Q (Unidades) 6. Deslocações da Oferta ou da Procura Ex. Suponha que existe um aumento acentuado dos rendimentos das pessoas e que se reflecte num aumento de consumo de trigo. P(€) A curva da procura desloca-se. A da oferta mantêm-se. D D´ S Assim vai haver escassez P2 Logo o preço tende aumentar até novo ponto de equilíbrio. P1 Q1 Q2 Q (Unidades) 5. Equilíbrio da Oferta e da Procura O que acontece quando produtores e consumidores se encontram? As forças da oferta e da procura operam através do mercado para produzir um equilíbrio de preço e quantidade, Equilíbrio de Mercado. P(€) D O que acontece quando o preço de mercado é P1? S P2 Há escassez P* P1 Q* Q (Unidades) O que acontece quando o preço de mercado é P2? Há excedente Equilíbrio da oferta e da procura Definição O equilíbrio de mercado ocorre no preço a que a quantidade procurada é igual à quantidade oferecida. Num mercado concorrencial, este equilíbrio resulta da intersecção das curvas da oferta e da procura e nele não há tendência para o preço descer ou subir. O preço de equilíbrio é também designado por preço de fecho do mercado. Isto significa que todas as ordens de compra foram satisfeitas e a produção toda vendida, ou seja fecharam-se as posições de compra e de venda. António Azevedo- 2007/08 Equilíbrio da oferta e da procura Intersecção das curvas da oferta e da procura António Azevedo- 2007/08 Equilíbrio da oferta e da procura Efeito de deslocações nas curvas da oferta e da procura António Azevedo- 2007/08 Equilíbrio da oferta e da procura Em mercado o racionamento é determinado pelos preços 1. Quais os bens a produzir ? Os preços elevados do petróleo estimulam a sua extracção, enquanto que preços reduzidos dos alimentos levam a uma saída de recursos da agricultura. 2. Como são os bens produzidos ? Quando os preços do milho são baixos, não é lucrativo para os agricultores utilizarem tractores e fertilizantes caros. Quando os preços do petróleo são elevados, as companhias petrolíferas extraem-no em plataformas marítimas de águas profundas. 3. Para quem são os bens produzidos ? Os indivíduos com rendimentos mais elevados acabam por ter casas maiores, mais vestuário e férias mais prolongadas. Quando há dinheiro disponível, as necessidades mais prementes são satisfeitas através da curva da procura. António Azevedo- 2007/08 Tópicos para discussão 1. O que poderia aumentar a procura de hambúrgueres? O que faria aumentar a oferta? Qual seria a consequência do aparecimento de pizzas congeladas a baixo preço no equilíbrio do mercado dos hambúrgueres? E nos salários dos jovens que trabalham no McDonald’s? 2. Complete cada espaço e ilustre com um gráfico cada uma das quatro leis da oferta e da procura: a. Um aumento na procura aumenta o preço e aumenta a quantidade procurada. b. Uma redução na procura __________ o preço e __________ a quantidade procurada. c. Um aumento na oferta __________ o preço e __________ a quantidade procurada. d. Uma redução na oferta __________ o preço e __________ a quantidade procurada. António Azevedo- 2007/08