Literatura Joanina Curso de Teologia. 2009 - Indaiatuba - SP Senhor, ensina-nos a rezar! VEJAM, EU ANDEI PELAS VILAS D Bm Em A 1. Vejam, eu andei pelas vilas, apontei as saídas, como o Pai me pediu. F# Bm Em D Portas, eu cheguei a abri-las, eu curei as feridas como nunca se viu. G F#m Bm Por onde formos também nós que brilhe a tua luz. Em A7 G D Fala, Senhor, na nossa voz, em nossa vida. G F#m Bm Nosso caminho, então, conduz, queremos ser assim. Em A7 D A7 Que o pão da vida nos revigore no nosso “sim”. 2. Vejam, fiz de novo a leitura das raízes da vida que meu Pai vê melhor. Luzes acendi com brandura, para a ovelha perdida, não medi meu suor. 3. Vejam, procurei bem aqueles que ninguém procurava e falei de meu Pai. Pobres, a esperança que é deles. Eu não quis ser escravo de um poder que retrai. 4. Vejam, semeei consciência nos caminhos do povo, pois o Pai quer assim. Tramas, enfrentei prepotência dos que temem o novo, qual perigo sem fim. Vinde, Santo Espírito! Evangelho Segundo João 7 – Esquema • Prólogo ou introdução: 1,1-18. • O livro dos 7 sinais: 1,19-12,50: 2 em Caná, 4 em festas judaicas, 1 em Betânia, que é o que o conduz à morte. • O livro da comunidade: 13,1- 17,26: é o grande testamento e a grande despedida no cenáculo. • O livro da realização: 18,1-20,31: a paixão, morte e ressurreição. • Epílogo: 21,1-25, que é um acréscimo posterior. Este Evangelho tem características muito próprias, que o distinguem dos Sinópticos. Mesmo quando refere idênticos acontecimentos, João apresenta perspectivas e pormenores diferentes dos Sinópticos. Não obstante, enquadra-se, como estes, no mesmo género literário de Evangelho e conserva a mesma estrutura fundamental e o mesmo carácter de proclamação da mensagem de Jesus. Alguns temas importantes dos Sinópticos não aparecem aqui: a infância de Jesus e as tentações, o sermão da montanha, o ensino em parábolas, as expulsões de demônios, a transfiguração, a instituição da Eucaristia… Por outro lado, só João apresenta as alegorias do bom pastor, da porta, do grão de trigo e da videira, o discurso do pão da vida, o da ceia e a oração sacerdotal, os episódios das bodas de Caná, da ressurreição de Lázaro e do lava-pés, os diálogos com Nicodemos e com a samaritana… Ao contrário dos Sinópticos, em que toda a vida pública de Jesus se enquadra fundamentalmente na Galileia, numa única viagem a Jerusalém e na breve presença nesta cidade pela Páscoa da Paixão e Morte, no IV Evangelho Jesus actua sobretudo na Judeia e em Jerusalém, onde se encontra pelo menos em três Páscoas diferentes (2,13; 6,4; 11,55; ver 5,1). Outra característica é o simbolismo, que pertence à própria estrutura deste Evangelho, organizado para revelar tudo o que nele se relata: milagres, diálogos e discursos. Assim, os milagres são chamados “sinais”, porque revelam a identidade de Jesus, a sua glória, o seu ser divino e o seu poder salvador, como pão (6), luz (9), vida e ressurreição (11), em ordem a crer nele; outras vezes são “obras do Pai”, mas que o Filho também faz (5,1920.36). O Rosto de Jesus no Evangelho segundo João — O Jesus do evangelho de João é: E C#m F#m B7 E Jesus, Jesus de Nazaré, o teu semblante eu quero ter E7 A Am E B7 E Tal qual és Tu eu quero ser, Jesus, Jesus de Nazaré :/ - Filho de Deus: feito carne — 1,14; testemunhado por João Batista — 1,34; dado ao mundo pelo Pai — 3,16.18; 17,8.18.21; um como Pai— 14,9. - O lugar da presença de Deus: 1,14. - Cordeiro de Deus, apontado por João Batista: 1,29.36. - Aquele sobre quem desce e permanece o Espírito: 1,32-34. - Rabi (Mestre): assim chamado pelos primeiros discípulos — 1,38.49; por Nicodemos — 3,2; por Marta — 11,28; por Maria no sepulcro — 20,16. - Messias, Cristo: por André — 1,41; pela samaritana e seu povo — 4,25.26.29; por Marta — 11,27. - Rei: por Natanael — 1,49; por Pilatos — 18,37; 19,3-4. - Noivo, esposo da humanidade, assim apontado pelo Batista: 3,29. - Aquele que nos envia ao mundo, como o Pai o enviou: 17,18. - Aquele que é um com o Pai: 10,30. - Que veio para servir: lava os pés dos discípulos— 13,1-16 e ordena a seus discípulos que façam o mesmo: 13,14-16. Jesus, no Evangelho segundo João, tem sobretudo algumas características especiais: Está pleno de amor: o Pai ama o Filho: 5,20; perdoa uma mulher pega em adultério: 8,11; declara-se o bom pastor: 10,14, que vem para que todos tenham vida e a tenham em plenitude: 10,10 e que dá sua vida livremente: 10,17-18; ama Lázaro: 11,3; chora sua morte 11,35 e o faz retornar a vida 11,33-34; deixa Maria ungir seus pés e enxugá-los com seus cabelos 12,3; “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou os ate o fim” 13,1; chama os discípulos de filhinhos 13,33; dá um mandamento novo amar-nos uns aos outros como Ele nos amou 15,12 e isto fará reconhecer que somos seus discípulos 13,34-35; 15,17. “Ninguém tem maior amor do que aquele que da a vida por seus amigos” 15,12 13; promete não deixar seus discípulos órfãos 14,18; Amará quem o ama e observa seus mandamentos 14,21; Ele e o Pai estabelecerão sua morada naquele que o ama: 14,23; quer que permaneçamos nele como o ramo na videira: 15,4-10; chama os discípulos de amigos, porque lhes deu a conhecer tudo o que ouviu do Pai: 15,15; após a Ressurreição pergunta três vezes a Pedro se este o ama: 21,15-17. - É o enviado do Pai: sempre unido a Ele, um com Ele. Isto perpassa todo o Evangelho. Vejamos. Assim Ele é chamado por João Batista: 3,34; proclamado pelo próprio Jesus: 5,36-37; 6,29.44; 7,16.28.33; 8,16-18.26.29.42; 9,4; 12,45.49; 14,9.10.11.20; 17,6-8.11.21; 20,21. - É aquele que diz sobre si mesmo: “eu sou”. - “Eu sou”: Numa releitura da palavra de Javé em Ex 3,14, reafirmando que Ele, como o Pai, é aquele que está com seu povo e age na sua história: 8,24.28.58. - Jesus dá em detalhes este “Eu sou”: Eu sou o Pão da Vida: 6,34.48.51; Eu sou a luz do mundo: 8, 12; 9,5; Eu sou a porta: 10,7-9; Eu sou o bom pastor: 10, 11-14; Eu sou a ressurreição: 11,25; Eu sou a videira: 15,1; Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida: 14,6; Sou eu [ o Messias], que falo contigo: cf.4,26; Eu sou Jesus de Nazaré: cf. 18,5; Eu sou o Mestre e Senhor: 13,14. Senhor, ensina-nos a rezar! O prólogo de São João Jo 1, 1-18 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem. O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim. Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.” Jo 1, 1-18. Eo Verbo se fez carne e habitou entre nós... TU ÉS MINHA VIDA 1. Tu és minha vida, outro Deus não há. Tu és minha estrada, a minha verdade. Em tua Palavra eu caminharei Enquanto eu viver e até quando tu quiseres. Já não sentirei temor, pois estás aqui. Tu estás no meio de nós. 2. Creio em ti, Senhor, vindo de Maria. Filho eterno e santo, homem como nós. Tu morreste por amor, vivo estás em nós. Unidade Trina com o Espírito e o Pai. E um dia, eu bem sei, tu retornarás e abrirás o Reino dos céus. 3. Tu és minha força, outro Deus não há. Tu és minha paz, minha liberdade. Nada nesta vida nos separará. Em tuas mãos seguras minha vida guardarás.Eu não temerei o mal, tu me livrarás. E no teu perdão viverei. 4. Ó Senhor da vida creio sempre em Ti. Filho Salvador, eu espero em Ti. Santo Espírito de Amor, desce sobre nós. Tu de mil caminhos nos conduzes a uma fé. E por mil estradas onde andarmos nós qual semente nos levarás. Os grandes contrastes de imagens no Ev. de João Do lado de Deus Deus “De cima”, “do alto” Celeste Espírito Eterno Luz Vida Verdade, fidelidade Liberdade Do lado oposto Mundo (como auto-suficiente) “De baixo”, “daqui” Terreno Carne Perecível Trevas Morte Mentira, incredulidade Escravidão PALAVRAS-CHAVES EM JOÃO. Nazaré e nazareno: soavam mal no tempo de Jesus, como da periferia. “Filho do Homem”: figura celeste de Dn 7,13-14. “De onde”: em última instancia de Deus. “Carne”: auto-suficiência humana. “Espírito”: força de Deus que atua naquele que se deixa guiar por Ele. “Vida eterna”: Não é prolongamento desta vida; é o “tempo de Deus”, começa aqui, na fé. Vida conduzida por Deus. Irmãos de Jesus: Na Bíblia, “irmãos” muitas vezes significa parentes. “Mundo”: 1. Criação (1,10; 17,24); 2. Humanidade amada por Deus; 3.Sociedade fechada, autosuficiente. “Ver para crer”: ver sinais para dar crédito a Jesus (1,50; 2,11.23-25; 4,43.48; 6,2.14; 20,29). “Ver e crer ”: ver um sinal material e crer naquilo que não se pode ver com os olhos (9,1-41; 20,8). “Não ver”: não conseguir ler os sinais: os judeus em 6,26. “Ver e não crer”: os judeus em 6,36. “Não ver e contudo crer”: os cristãos que cremos sem ter visto. “Paráclito”: advogado, defensor (referente ao Espírito Santo). Festas Judaicas Festas de romaria (Lv 23): Páscoa (início da primavera – março): sacrifício do cordeiro pascal e alimentação com pães ázimos durante 8 dias; lembrava a libertação da escravidão do Egito, o Êxodo. Pentecostes ou “festa das semanas”, 7 semanas depois da Páscoa; lembrava a promulgação da Lei, no monte Sinai. Tabernáculos ou “festa das tendas”, festa do fim da colheita, no início do outono (setembro); lembrava o acampamento nas tendas, no deserto, durante o Êxodo. Outras festas importantes: Purim, “dia das sortes”, fim do inverno (março). Ano Novo (início de setembro, 15 dias antes de Tabernáculos). Dia da Expiação, (Yom Kipur), 10 dias depois do Ano Novo. Dedicação do Templo (1Mc 4,59; Jo 10,22) (dezembro). Os milagres de Jesus • João não utiliza a palavra milagres para falar das grandes realizações de Jesus mas utiliza-se da expressão grega “semeion” que significa sinais. • Sinais significam o indício revelador de alguma coisa, pode ser um milagre ou não. João apresenta seis sinais como forma de provar que Jesus é o enviado do Pai e que o que interessa realmente não é o sinal em si mas o autor deste: • • • • • • 1º Bodas de Cana: 2,1-11; 2º Cura do filho do funcionário real: 4,46-54; 3º Cura do enfermo na piscina de Betesda: 5,2ss 4º Multiplicação dos pães: 6,5-14; 5º Cura do cego de nascença: 9,1-16; 6º Ressurreição de Lázaro: 11,1-44; Sendo que o grande sinal, o de número sete, é sua própria ressurreição, como forma de apresentar a perfeição dos tempos no Cristo ressuscitado. Para o povo da Bíblia os números são muito significativos, o número 7 significa intensidade, perfeição. Por isso que quando Pedro pergunta à Jesus: quantas vezes devemos perdoar 7? Jesus responde não 7 mas, deveis perdoar 70 x 7. Fonte: Introdução ao Segundo Testamento – ITEBRA – Paulus Montagem: Renato,SJ 2009