O Que é Comportamento Social - Análise do Comportamento e

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XVI Encontro da ABPMC
Análise de Fenômenos Sociais:
O Que é Comportamento Social
O Que é Prática Cultural
Angelo A. S. Sampaio
(Psicologia Experimental - PUC-SP)
Profa. Dra. Maria Amalia P. A. Andery
(Psicologia Experimental - PUC-SP)
Brasília, Setembro de 2007
Fenômenos Sociais
Fenômenos sociais ≈ envolvem
comportamentos de mais de uma pessoa
Coisas diferentes são agrupadas sob o
rótulo (Andery & cols., 2005)
Propostas de distinção arbitrárias, mas
visam agrupar fenômenos com
propriedades semelhantes
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Comportamento Social
Mesmo dentro da Análise do
Comportamento, definição não é
consensual (Guerin, 1994)
Definições mais ou menos amplas
(Skinner, 1953, 1957)
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Definindo Comportamento Social
Ênfase sobre relação R  Cons: relação
fundamental na contingência tríplice
Antec : R  Cons
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Definição Ampla
 Conseqüências produzidas com a participação
de outro organismo
Org. A
Antec : R  Cons
Org. B
 Org. B como um objeto (físico) qualquer
Produção da conseqüência pode ser explicada pela
Física e Química
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Definição Restrita
 Conseqüências geradas pelo comportamento operante
de outro organismo
Org. A
Antec : R  Cons
Org. B
Antec : R  Cons
 Org. B como um organismo vivo
 Produção da conseqüência só pode ser explicada pela
Análise do Comportamento
 Org. B não responde “mecanicamente”
 Produção da conseqüência envolve propriedades especiais
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Propriedades Especiais
Não há relação entre energia da R e
magnitude da Conseq (Skinner, 1957)
Contingências podem ser muito rápidas
Podem envolver um atraso
Reduz a força do comportamento
Efeitos podem ser multiplicados ao afetar
muitas pessoas (num mesmo momento ou
ao longo do tempo)
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Propriedades Especiais
 Critério de conseqüenciação muda com o tempo
“Varia de momento a momento, dependendo da
condição do agente reforçador” (Skinner, 1953, p. 299)
 Conseqüências tendem a ser intermitentes
 Contingência pode mudar lentamente
 Raramente independem da R reforçada
Esquemas de reforço complexos, combinados,
envolvendo esquemas intermitentes e concorrentes
Comportamento mais extenso e flexível; rápida
alternação de uma R para outra
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Questões Quanto à Definição
 Um organismo sozinho se comporta
socialmente?
 Interação com objetos construídos por
outros organismos é comport. social?
 “Objetos não interativos” (ferramentas, construções)
Vs. “Objetos interativos” (computadores, máquinas
complexas, DVDs)
 Organismos de outras espécies
apresentam comportamento social?
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Unidade de Análise do
Comportamento Social
Org. A
Antec : R  Cons
Org. B
Antec : R  Cons
Org. C
Antec : R  Cons
 Limites da situação são arbitrários
 Limites da análise são determinados pela necessidade
ou viabilidade prática
 Unidade de análise é sempre a contingência tríplice,
independente do número de contingências
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necessárias a uma análise específica
Resumindo
 Comportamento (ou Contingência) Social =
Conseqüências geradas pelo comportamento
operante de outro organismo
 Propriedades especiais
Magnitude da Conseq não depende da energia da R
Contingências podem ser rápidas ou com atraso
Contingências podem afetar muitas pessoas
Critério de conseqüenciação muda com o tempo
Esquemas complexos, combinados
 Análise envolve os mesmos conceitos,
princípios e a unidade de análise típicas da AC
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Prática Cultural
Novamente, mesmo na AC não há
consenso sobre a definição e a análise do
conceito
Poucas investigações empíricas voltadas
explicitamente para o conceito na AC
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Definição
Um ou mais comportamentos operantes
similares (sociais ou não) propagados
através de sucessivos indivíduos
(Glenn, 1991, 2003)
Propagação entre indivíduos
Não
necessariamente
diferentes
Tempo indefinido
de
“gerações”
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Definição
Org. 1
Operante X
Org. 3
Operante X
Org. 2
Operante X
Org. 4
Operante X
Tempo
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Diversos Níveis de Complexidade
 Complexidade de uma prática cultural:
 Fenômenos comportamentais que a compõem
 Processo de propagação
 Ex. “simples”: macacos lavam batatas (Harris, 1980)
 Comportamento propagado podia ser realizado
individualmente - só entrava em contato com o ambiente
físico
 Propagação da prática provavelmente envolveu um modo
elementar de imitação
 Práticas culturais mais complexas podem envolver:
 Um conjunto entrelaçado de comportamentos de mais de
um indivíduo
 Processos mais complexos de propagação: por ex.,
instrução verbal
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Análise de Práticas Culturais
A questão da(s) unidade(s) de análise
A questão da complexidade
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A Questão das Unidades de Análise
Unidade(s) de análise/ Mecanismos
básicos:
Contingência tríplice
Metacontingência e Macrocontingência
(Glenn, 1986, 1988, 1991, 2003, 2004)?
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A Questão da Complexidade
 Complexidade é uma característica definidora
das culturas humanas
 Evolução de conjuntos complexos de práticas
culturais inter-relacionadas
Princípio do determinismo infra-estrutural (Harris,
1979)
Infra-estrutura: produção e reprodução
Estrutura: organização interna e relações com
outras sociedades
Superestrutura: esportes, religiões, artes
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Resumindo
 Prática Cultural = um ou mais comportamentos
operantes similares (sociais ou não) propagados
através de sucessivos indivíduos (Glenn, 1991,
2003)
Diferentes níveis de complexidade
 Unidade(s) de análise
Contingência tríplice
Metacontingência e Macrocontingência?
 Questão da complexidade: como lidar com a
evolução de conjuntos complexos de práticas
culturais?
 Determinismo infraestrutural (Harris, 1979)
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O Futuro da Análise de Culturas
 Mais estudos empíricos voltados explicitamente
para o tema
 Possibilidade
de
utilização
de
quaseexperimentos (Kunkel, 1985, 1986; Kunkel &
Lamal, 1991; Lamal, 1991; Pierce, 1991; Andery
e cols., 2005)
24
Grupo de Estudos Análise do
Comportamento e Cultura (PUC-SP)
http://accultura.wordpress.com
[email protected]
Obrigado!
25
Referências
 Andery, M. A. P. A., Micheletto, N., & Sério, T. M. de A. P. (2005). A
análise de fenômenos sociais: Esboçando uma proposta para a
identificação de contingências entrelaçadas e metacontingências.
Revista Brasileira de Análise do Comportamento, 1 (2), 149-165.
 Baum, W. M., Richerson, P. J., Efferson, C. M., & Paciotti, B. M. (2004).
Cultural evolution in laboratory microsocieties including traditions of rule
giving and rule following. Evolution and Human Behavior, 25, 305-326.
 Glenn, S. S. (1986). Metacontingencies in Walden Two. Behavior
Analysis and Social Action, 5, 2-8.
 Glenn, S. S. (1988). Contingencies and metacontingencies: Toward a
synthesis of behavior analysis and cultural materialism. The Behavior
Analyst, 11 (2), 161-179.
 Glenn, S. S. (1991). Contingencies and metacontingencies: Relations
among behavioral, cultural, and biological evolution. Em P. A. Lamal
(Ed.), Behavior analysis of societies and cultural practices (pp. 39-73).
New York: Hemisphere.
 Glenn, S. S. (2003). Operant contingencies and the origins of cultures.
Em K. A. Lattal & P. N. Chase (Eds.), Behavior theory and philosophy
(pp. 223-242). New York: Klewer Academic/Plenum.
26
Referências
 Glenn, S. S. (2004). Individual behavior, culture, and social change. The
Behavior Analyst, 27 (2), 133-151.
 Guerin, B. (1994). Analyzing social behavior: Behavior Analysis and the
Social Sciences. Reno, NV: Context Press.
 Harris, M. (1979). Cultural materialism: The struggle for a science of
culture. New York: Vintage Books.
 Kunkel, J. H. (1985). Vivaldi in Venice: An historical test of psychological
propositions. The Psychological Record, 35, 445-457.
 Kunkel, J. H. (1986). The Vicos Project: A cross-cultural test of
psychological propositions. The Psychological Record, 36, 451-466.
 Kunkel, J. H. & Lamal, P. A. (1991). The road ahead. Em P. A. Lamal
(Ed.), Behavioral analysis of societies and cultural practices (pp. 243247). New York: Hemisphere.
 Lamal, P. A. (1991). Behavioral analysis of societies and cultural
practices. Em P. A. Lamal (Ed.), Behavioral analysis of societies and
cultural practices (pp. 3-12). New York: Hemisphere.
 Malott, M. E. & Glenn, S. S. (2006). Targets of intervention in cultural
and behavioral change. Behavior and Social Issues, 15, 31-56.
27
Referências
 Pierce, W. D. (1991). Culture and society: The role of behavioral
analysis. Em P. A. Lamal (Ed.), Behavioral analysis of societies and
cultural practices (pp. 13-37). New York: Hemisphere.
 Skinner, B. F. (1953). Science and human behavior. New York: Free
Press.
 Skinner, B. F. (1957). Verbal behavior. New York: Prentice-Hall.
 Vichi, C. (2004). Igualdade ou desigualdade em pequeno grupo: Um
análogo experimental de manipulação de uma prática cultural.
Dissertação de mestrado, Programa de Estudos Pós-Graduados em
Psicologia Experimental: Análise do Comportamento, PUC-SP, São
Paulo.
 Vichi, C. (2005). Igualdade ou desigualdade: Manipulando um análogo
experimental de prática cultural em laboratório. Em J. C. Todorov, R. C.
Martone, & M. B. Moreira (Orgs.), Metacontingências: Comportamento,
cultura e sociedade (pp. 86-100). Santo André, SP: ESETec.
 Ward, T. A. (2006). An experimental analysis of Harris’s Cultural
Materialism: The effects of various modes of production on
metacontingencies. Dissertação de Mestrado, Experimental Psychology
Master’s Program, Stephen F. Austin State University, Nacogdoches, TX.
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