A DITADURA DO RELÓGIO O tempo, antes da revolução industrial era dominado pela natureza, pelos ciclos da natureza. Amanhecer, anoitecer. Chuva, sol, etc. Civilizações desenvolvidas dispunham de meios primitivos para medir o tempo, exemplo, relógio de sol, ampulheta. • o relógio surgiu no século XI como um mecanismo utilizado para fazer com que os sinos dos monastérios tocassem a intervalos regulares. • O primeiro relógio só iria aparecer no século XIII e seria apenas a partir do século XIV que os relógios passariam a fazer parte da decoração dos prédios públicos de algumas cidades da Alemanha. • O relógio de Hampton Court, fabricado em 1510, foi o primeiro instrumento que conseguiu marcar as horas com relativa precisão, já que dispunha apenas do ponteiro das horas. • Só depois da invenção do pêndulo, em 1657, foi possível obter um grau de precisão que permitisse a inclusão do ponteiro dos minutos, enquanto que o ponteiro dos segundos surgiria apenas no século XVIII. • O relógio forneceu os meios através do quais o tempo — algo tão indefinível que nenhuma filosofia conseguira ainda determinar sua natureza — passou a ser medido concretamente em termos mais palpáveis de espaço, dado pela circunstância do mostrador do relógio. • A fabricação de relógios passou a ser uma atividade na qual os homens aprendiam os elementos da fabricação de outras máquinas, adquirindo conhecimentos técnicos que ajudariam mais tarde a produzir a complicada maquinaria da Revolução Industrial. • É nesse espaço de tempo de 200 anos que acontece a revolução industrial. Em 1763 James Watt foi convidado para consertar a maquina a vapor de Newcomen, em 1776 ele lança uma maquina a vapor mais completa com pistão. • Saindo do campo e indo para as cidades, o artesão na oficina, espaços dentro da própria residência, dominam todo o processo produtivo, desde a preparação da matéria prima até a fabricação e entrega do seu produto. • Com a Revolução Industrial, os artesãos vão paulatinamente perdendo controle do processo produtivo que vai passando as mãos dos capitalistas nas fabricas, longe de suas casas. Ó momento da passagem da educação familiar para as escolas. • Frederick W Taylor escreveu os Princípios da Administração Cientifica onde esta explicito a racionalização do processo produtivo: diminuição do tempo gasto em cada etapa do processo produtivo(maquinas, e matéria prima próximo do trabalhador), fragmentação e especialização do trabalhador, meritocracia, treinamento sistemático, condições de trabalho mais “adequada”, definição da jornada de trabalho, pausa para descanso, dias de descanso remunerado, aperfeiçoamento das maquinas. AUMENTO DA PRODUÇÃO 400%, SALÁRIO 50%. • O artesão dominava o processo produtivo, era criativo e seu produto tinha mais qualidade. • O operário da fabrica passa a ser alienado do processo produtivo, não se reconhece naquilo que realiza (produz), vive a alienação do trabalho (Marx). Produz em maior quantidade mas de qualidade inferior. • Isso chama-se PRODUÇÃO SEM SÉRIE. LINHA DE MONTAGEM. Lógica semelhante a da educação. Produção em serie de alunos, disposição das carteiras alinhadas uma atrás das outras, não reconhecimento das diferenças, professor é o detentor do conhecimento, quantificação dos resultados. “Tempo é dinheiro” • É um dos mais importantes slogans da ideologia capitalista e o “marcador de tempo” era um dos mais importantes entre os novos funcionários criados pelo sistema. • O tempo passou a ser quantificado e vendido como mercadoria, venda da força de trabalho = a tempo. CONTROLE DO TEMPO • Michel Foucault, em Microfísica do Poder afirma que o controle nasce na igreja (ex, altar mais elevado, disposição dos bancos), passa para as prisões (ex, bastilha francesa), aprofunda-se nas fabricas (ex, patamar mais alto para melhor visibilidade dos chefes e encarregados) e concretiza-se nas escolas (ex, púlpito e disposição das carteiras). É o que ele chama de Panóptico. Germinal de Emile Zola (filme) OS COMPANHEIROS (filme) A classe operaria vai ao paraíso (filme) O CONHECIMENTO • Com a organização da escola publica estatal, o CONHECIMENTO passa por um processo semelhante ao que ocorreu com a organização fabril, fragmentação e compartimentalização do saber em disciplinas isoladas e estanques. • O educador vai paulatinamente perdendo o controle do processo, sendo o executor de decisões das quais esta distante dos centros do poder. • Por outro lado, muitos educadores negligenciaram o aspecto politico de sua ação pedagógica, assim sua ação pedagógica carece de finalidade politica, politica e pedagogia são duas faces da mesma moeda Reflexões: • O ser PCAGP é algo que para além das resoluções, ainda exige um aprender a ser, construir saberes e praticas. • Reconheço as necessidades objetivas da escola e talvez por ter a equivocada certeza que outros não farão, me coloco diante do dilema “fazer ou não?” E se não fizer o que de mais grave pode acontecer? Não existe outra forma de fazer? Outros não poderiam / deveriam compartilhar dessas responsabilidades? • Volto a insistir na pergunta: não estaremos NÓS, ainda que subjetivamente, aceitando o desvio de função porque ainda não dominamos de forma clara e objetiva o ser PCAGP? • Volto a questão inicial: O poder do artesão não estava no controle que tinha do processo, na capacidade de produzir com qualidade decidindo quando, quantos, com quem, vender a que preço e com que margem de lucro?