Discurso proferido pelo Deputado Federal André Zacharow em ____/____/____ Excelentíssimo Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Gostaria de destacar hoje nesta tribuna, um importante evento que acontece nesta Casa neste mês de março, e que lembra um dos momentos mais dramáticos da história da humanidade. Refiro-me à exposição de desenhos e poemas feitos por milhares de crianças de Terezin, que viveram sob a crueldade do regime nazista, e cuja mostra ocupará a galeria do décimo-andar do anexo IV da Câmara de Deputados, entre os dias 3 e 30 de março. Os desenhos e os poemas, feitos por essas crianças que foram aprisionadas no campo de concentração de Terezín converteram-se em testemunho da experiência que elas viveram sob o rigor do cruel domínio nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Demonstrando uma capacidade de superação inesgotável, essas crianças fizeram uso da arte para representar a beleza situada além das portas da cidade que lhes era total e impiedosamente roubada. Embora não tivessem material suficiente, pintavam sobre quase qualquer superfície que havia por perto, dispondo de muito pouco giz, de escassas aquarelas e de materiais insuficientes, mas que souberam combinar para formar admiráveis texturas. Elas pintaram e escreveram para expressar sua saudade do lar, seu abandono, sua tristeza e para compartilhar suas ansiedades, seus temores e suas esperanças, tal como fez Anne Frank em seu diário. 1 Geralmente desenhavam sob a orientação do artista Fried DickerBrandejs, procurando fazer da expressão um ato de consolo e conciliação espiritual. Esses desenhos, na sua maioria, são da autoria de meninas de 10 a 15 anos de idade, mas crianças de outras idades também desenhavam. Formaram-se círculos temáticos, através das lembranças de paisagens, de ruas e cidades, de seus familiares, de flores e animais, de brincadeiras infantis, de imaginação e fantasias e de suas experiências, na infeliz vida dentro do campo de concentração. Tanto esses desenhos como a maior parte de literatura escrita pelas crianças de Terezín, evidenciam a recordação dos lares perdidos e da já distante infância feliz e a amargura de terem sido arrancados de sua vida normal para um mundo desumano de opressão e ódio mortal. Esses poemas foram encontrados nas revistas que as crianças publicaram dentro do gueto, acompanhados muitas vezes de desenhos comoventes. Das quinze mil crianças desse campo de concentração, somente cem sobreviveram aos assassinatos em massa promovidos pelo fanatismo nazista. A cidade de Terezín foi fundada há 200 anos pelo Imperador Austríaco José II como um posto militar para proteger Praga. O tratado de Munique, de 30 de setembro de 1938, acabou com a antiga Tchecoslováquia. Em 15 de março de 1939, deu-se o início da ocupação total do país pelos nazistas, que estabeleceram seu chamado “Protetorado da Boêmia e da Morávia”. No início da Segunda Guerra Mundial, o regime de ocupação nazista do Terceiro Reich fez da cidade de Terezín um campo de concentração provisório para populações de origem judaica da 2 Boêmia e da Morávia e, depois, também de outras partes da Europa. Esse campo ficou tristemente conhecido em todo o mundo como “porta em direção à morte”, pela qual passaram mais de cem mil judeus tchecos e europeus. A esmagadora maioria faleceu nas câmaras de gás de Auschwitz, Maidanek, Chelmno ou Treblinka. Durante os quatro anos de sua existência, nesse estranho e brutal ambiente, Terezín logrou manter sua própria vida espiritual e artística como instrumento de defesa coletiva contra as adversidades do destino. Existiam vários círculos de artes plásticas, criavam-se obras de teatro e escreviam-se poesias. Até óperas foram compostas. A exposição de desenhos das crianças de Terezín não nos deixa uma suposta “outra face” dos campos de concentração, pois sua face será a mesma para sempre. É uma mensagem para saber um pouco mais sobre a verdadeira história do holocausto. Uma mensagem que jamais deve ser esquecida, para que nunca mais a humanidade permita que esses horrores se repitam. E para que todos nós tenhamos a consciência da importância de combater o preconceito racial, étnico e religioso, e de defender a tolerância, a convivência e a paz entre todos os povos como valor inestimável da vida em civilização. 3 SENHOR PRESIDENTE, PEÇO A VOSSA EXCELÊNCIA QUE AUTORIZE A DIVULGAÇÃO DO MEU PRONUNCIAMENTO NO PROGRAMA A VOZ DO BRASIL, NO JORNAL DA CÂMARA EM TODOS OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DESTA CASA. ANDRÉ ZACHAROW Deputado Federal – PMDB/PR 4