Título da Palestra (Org. por Sérgio Biagi Gregório) 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 1 Cartesianismo e Espiritismo Introdução Quem foi Descartes? O que é o Cartesianismo? Cartesianismo é sinônimo de racionalismo? Qual o grau de influência da filosofia cartesiana sobre a codificação espírita? 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 2 Cartesianismo e Espiritismo Conceito • Cartesianismo De Cartesius, nome latino de Descartes. Filosofia própria de Descartes e, por extensão, doutrina filosófica de seus discípulos ou de seus seguidores: Malebranche, Spinoza... Cartesiano significa: “relativo a Descartes ou ao cartesianismo”; “partidário ou seguidor de Descartes”. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 3 Cartesianismo e Espiritismo Contexto Histórico Na Grécia antiga, o pensamento dos grandes filósofos estava assentado no método dedutivo, em que o conhecimento era construído partindo-se do geral para o particular. Na Idade Média, o método é ainda dedutivo. O conhecimento era construído através dos vários silogismos aristotélicos, partindo-se do geral para o particular. Na Idade Moderna, o método passa a ser indutivo, sem contudo desprezar de todo o método dedutivo. Francis Bacon (1561-1626) ao apresentar o seu Novum Organum, em que enfatiza o empirismo nas ciências, isto é, o conhecimento passa a ser construído partindo-se do particular para o geral. René Descartes insere-se nesse novo contexto da ciência. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 4 Cartesianismo e Espiritismo Cartesianismo • René Descartes René Descartes (1596-1650) nasceu em La Haye, França, pertencendo a uma família de prósperos burgueses. Estudou no colégio jesuíta de La Fléche, na época um dos mais conceituados estabelecimentos de ensino europeu. Foi soldado, esteve sob as ordens de Maurício de Nassau. Participou de várias campanhas militares. As obras de Descartes são de considerável extensão. As mais importantes são: Regras para a Direção do Espírito (1628), O Discurso do Método (1637) e Meditações Filosóficas (1641). (Jerphagnon, 1982) 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 5 Cartesianismo e Espiritismo Cartesianismo • Sonho Premonitório A dez de novembro de 1616, o jovem Descartes teve um sonho premonitório. Sonhou que o Espírito da Verdade o visitara e, reverente, tal como é natural à Entidade de sua estirpe, comunicou-lhe que lhe competia a missão de edificar uma "Ciência Admirável" , cujas coordenadas lhe trouxe em outra visita onírica. Houve, ainda, uma terceira, concluindo o esclarecimento devido. Ao acordar, preocupado com a responsabilidade de tão grande missão, pediu a Deus que o amparasse a fim de que pudesse fielmente cumprir a grande tarefa, tão acima de suas parcas forças. (São Marcos, 1993, p. 76) 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 6 Cartesianismo e Espiritismo Cartesianismo: Discurso do Método • Título Original O Discurso do Método para bem conduzir a razão e procurar a verdade nas ciências, mais a Dióptrica, os Meteoros e a Geometria que são os ensaios deste método. (volume de 527 páginas) 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 7 Cartesianismo e Espiritismo Cartesianismo: Discurso do Método • Dúvida Metódica Descartes analisa o conhecimento vigente e conclui que nada se lhe oferece, de modo indubitável, sobre o que possa fundamentar o seu trabalho. Tem que buscar alguma coisa fora da tradição, uma idéia, uma única que seja, mas que resista a todas as dúvidas. Toma como paradigma a geometria que partindo de algumas proposições certas em si mesmas, descobre outras verdades e esgota todas as possibilidades; também a filosofia deve, de igual modo, descobrir e demonstrar as suas verdades, dedutivamente, partindo de algumas proposições certas, indubitáveis. O edifício filosófico que lhe compete estruturar a de assentar, sobre uma verdade contra a qual nenhuma dúvida, a mínima que seja, possa pairar. (São Marcos, 1993, p. 77) 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 8 Cartesianismo e Espiritismo Cartesianismo: Discurso do Método • As Quatro Célebres Regras 1.ª) Só admitir como verdadeiro o que parece evidente, evitar a precipitação assim como a prevenção; 2.ª) Dividir o problema em tantas partes quantas as possíveis (é o que se chama regra de análise); 3.ª) Recompor a totalidade subindo como que por degraus (regra da síntese); 4.ª) Rever o todo para se Ter a certeza de que não se esqueceu de nada e que, portanto, não há erro. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 9 Cartesianismo e Espiritismo Cartesianismo: Discurso do Método • Intuição e Dedução A intuição é o conceito, fácil e distinto, de um espírito puro e atento, de que nenhuma dúvida poderá pesar sobre o que nós compreendemos. A dedução é apenas uma série de intuições e, como se pode sempre esquecer um momento da série, será necessário pela imaginação e pela memória habituarmo-nos a repassar cada vez mais rapidamente no nosso espírito os termos da dedução, até que leve a uma "quase intuição”. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 10 Cartesianismo e Espiritismo Problemas Tratados Por Descartes • Prova da Existência de Deus Descubro em mim próprio, ser finito, a idéia do infinito. Ora, como não posso ser autor dessa idéia, é necessário que o autor seja Deus e que, portanto, ele exista. Daí, o famoso cogito ergo sum, ou seja, "penso, logo existo". 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 11 Cartesianismo e Espiritismo Problemas Tratados Por Descartes • Res Cogitans e Res Extensa Enquanto a razão se tornava alma, coisa pensante (res cogitans), o espaço, por seu turno, tornava-se realidade material, coisa extensa (res extensa). Esta é a dualidade cartesiana. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 12 Cartesianismo e Espiritismo Problemas Tratados Por Descartes • União da Alma e do Corpo Prova que a alma é distinta do corpo. Para Descartes, a alma existe e isso deveria ser o suficiente. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 13 Cartesianismo e Espiritismo Problemas Tratados Por Descartes à Luz do Espiritismo • Prova da Existência de Deus Os Espíritos informam a Allan Kardec que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Para o Espiritismo, não há efeito sem causa. Tudo se enquadra na lei natural. Ao "Penso, logo existo" de Descartes, J. H. Pires escreve: "sinto Deus em mim, logo existo". Deus não é percebido pelo pensamento, mas pelo sentimento. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 14 Cartesianismo e Espiritismo Problemas Tratados Por Descartes à Luz do Espiritismo • Res Cogitans e Res Extensa Para Descartes, o Universo é constituído de dois elementos fundamentais: res cogitans e res extensa. Essas duas substâncias cartesianas, em termos espíritas, são a inteligência e a matéria que, juntamente com Deus, formam a trindade universal. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 15 Cartesianismo e Espiritismo Problemas Tratados Por Descartes à Luz do Espiritismo • União da Alma e do Corpo Allan Kardec mostra-nos que alma e corpo são distintos. Informa-nos, também, que o perispírito é o elemento de ligação entre a alma e o corpo físico. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 16 Cartesianismo e Espiritismo Influência de Descartes em Kardec O método cartesiano pode ser vislumbrado nas entrelinhas da Doutrina Espírita. Allan Kardec, em várias passagens da Codificação, fala-nos que devemos colocar tudo sobre o crivo da razão; que é preferível rejeitar nove verdades a aceitar uma única verdade como falsidade; que a fé inabalável somente é aquela que consegue enfrentar a razão face a face em todas as épocas da humanidade. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 17 Cartesianismo e Espiritismo Conclusão O Cartesianismo teve uma grande influência no pensamento filosófico contemporâneo. Relacionando-o com o Espiritismo, percebemos o verdadeiro encadeamento das ideias e uma explicação racional da síntese filosófica elaborada por Allan Kardec. 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 18 Cartesianismo e Espiritismo Bibliografia Consultada GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. 4. ed., São Paulo, Mestre Jou, 1970. JERPHAGNON, L. Dicionário das Grandes Filosofias. Lisboa, Edições 70, 1982. PIRES, J. H. O Espírito e o Tempo: Introdução Antropológica ao Espiritismo. 3. ed., São Paulo, EDICEL, 1979. SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965. SÃO MARCOS, M. P. Noções de História da Filosofia. São Paulo, FEESP, 1993. Texto em HTML http://www.sergiobiagigregorio.com.br/palestra/cartesianismo-e-espiritismo.htm 20/03/2012 Cartesianismo e Espiritismo 19