FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA Núcleo de Ciências e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente VIGOR VEGETATIVO DE CLONES DE CAFÉ CONILON EM CONDIÇÕES DE CAMPO E SEU POTENCIAL PARA PROPAGAÇÃO IN VITRO CARLA LIEGI LONARDONI GOMES DE OLIVEIRA Porto Velho - Rondônia 2011 FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA Núcleo de Ciências e Tecnologia VIGOR VEGETATIVO DE CLONES DE CAFÉ CONILON EM CONDIÇÕES DE CAMPO E SEU POTENCIAL PARA PROPAGAÇÃO IN VITRO CARLA LIEGI LONARDONI GOMES DE OLIVEIRA Orientador: D. Sc. Maurício Reginaldo Alves dos Santos Dissertação de Mestrado apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Linha de Pesquisa: Ambiente, Saúde e Sustentabilidade Área de Concentração: Biotecnologia Vegetal Porto Velho - Rondônia 2011 O48v Oliveira, Carla Liegi Lonardoni Gomes de. Vigor vegetativo de clones de café Conilon em condições de campo e seu potencial para propagação in vitro. / Carla Liegi Lonardoni Gomes de Oliveira. – 2011. 48f. : il ; color. Orientador: Dr. Maurício Reginaldo Alves dos Santos. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente) – Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho. Banca: Dr. Marcelo Curitiba Espindula; Dr. José Maria Thomaz Menezes. 1. Café conilon. 2. Coffea canephora. 3. Crescimento vegetativo. 4. Cultura de tecidos vegetais. 5. Rondônia. I. Título. CDU 633.73 Ficha catalográfica elaborada por: Daniela Maciel CRB 638/11 CARLA LIEGI LONARDONI GOMES DE OLIVEIRA VIGOR VEGETATIVO DE CLONES DE CAFÉ CONILON EM CONDIÇÕES DE CAMPO E SEU POTENCIAL PARA PROPAGAÇÃO IN VITRO Comissão Examinadora ___________________________________ D. Sc Maurício Reginaldo Alves dos Santos ___________________________________ D. Sc. José Maria Thomaz Menezes ___________________________________ D. Sc. Marcelo Curitiba Espindula Porto Velho, Junho de 2011. Resultado: Aprovada A Deus. A minha filha Huly Catarine. Dedico Carla Liegi Lonardoni Gomes de Oliveira AGRADECIMENTOS A Deus pela vida, saúde e sabedoria para realização desse trabalho. A Fundação Universidade Federal de Rondônia (Unir) pela oportunidade oferecida para realização do curso. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela concessão de bolsa de estudos. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) pelos materiais cedidos, cursos oferecidos, estágio e crescimento profissional. Ao meu orientador Maurício Reginaldo Alves dos Santos, pela significativa orientação e ensinamentos na realização dessa pesquisa. A Pricila Duque pelo apoio na execução dos experimentos. Ao meu esposo Judivaldo Tavares pelo companheirismo, carinho e incentivo dado para execução deste curso. Ao Dr. José Maria Thomaz e Dr. Marcelo Curitiba Espindula pelas participações em banca examinadora e pelas correções realizadas na dissertação. Aos meus amigos e colegas de curso, em especial ao Renato Abreu Lima pela convivência enriquecedora. A todas as demais pessoas que de alguma forma, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desta etapa. Carla Liegi Lonardoni Gomes de Oliveira EPÍGRAFE “Observei o conjunto da obra de Deus e percebi que o homem não consegue descobrir tudo o que acontece debaixo do sol. Por mais que o homem se afadigue em pesquisar, não chega a compreendê-la. E mesmo que o sábio diga que a conhece, nem por isso é capaz de entendê-la. (Eclesiastes 8, 17)” SUMÁRIO LISTA DE TABELAS................................................................................................ LISTA DE FIGURAS................................................................................................. LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................... RESUMO.................................................................................................................... ABSTRACT................................................................................................................ 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 2. OBJETIVOS.......................................................................................................... 2.1. OBJETIVO GERAL............................................................................................ 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................. 3. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................... 3.1. HISTÓRICO, CENTROS DE ORIGEM E DISPERSÃO GEOGRÁFICA DE Coffea sp................................................................................................................... 3.2. TAXONOMIA E ASPECTOS BOTÂNICOS DE Coffea canephora Pierre.... 3.3. AUTO-INCOMPATIBILIDADE EM Coffea canephora Pierre......................... 3.4. A CULTURA DO CAFEEIRO NO BRASIL E NO ESTADO DE RONDÔNIA .............................................................................................................. 3.5. A CULTURA DO CAFÉ CONILON A NÍVEL NACIONAL E ESTADUAL. 3.6. PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DO CAFEEIRO CONILON......................... 3.6.1. Estaquia............................................................................................................. 3.7. MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO IN VITRO...................................................... 3.7.1. Calogênese........................................................................................................ 4. DESENVOLVIMENTO REGIONAL X PROPAGAÇÃO VEGETATIVA E IN VITRO............................................................................................................... 5. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................ 5.1. ETAPA I – VIGOR VEGETATIVO.................................................................. 5.2. ETAPA II – DESENVOLVIMENTO IN VITRO............................................... 5.2.1. Desinfestação dos explantes............................................................................. 5.2.2. Calogênese........................................................................................................ 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 6.1. VIGOR VEGETATIVO..................................................................................... 6.2. DESENVOLVIMENTO IN VITRO.................................................................... 6.2.1. Desinfestação dos explantes............................................................................. 6.2.2. Calogênese........................................................................................................ 6.3. CORRELAÇÃO................................................................................................. 7. CONCLUSÕES.................................................................................................... 8. REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO................................................................ X Xi Xii Xiii Xiv 1 4 4 4 5 5 10 14 15 17 19 20 21 25 26 28 28 29 29 29 31 31 33 33 34 37 39 40 x LISTA DE TABELAS Tabela 1 Página Agrupamento da espécie Coffea canephora com base em diferentes estudos................................................................................................ 10 2 Classificação proposta por Auguste Chevalier (1942)....................... 12 3 Produção final de café beneficiado na safra 2010 no Brasil............. 16 4 Resumo da análise de variância das características número de brotos ortotrópicos, comprimento dos brotos e altura das plantas de 15 clones de café Conilon. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011................................................................................................... 5 31 Altura das plantas, número de brotos e comprimento dos brotos ortotrópicos de 15 clones de café Conilon, com 10 meses de idade. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011............................................ 6 32 Efeito do tempo de imersão à 20 minutos e à concentração de hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio na contaminação dos explantes foliares do cafeeiro Conilon. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011................................................................................ 7 34 Porcentagem de indução de calos e área foliar coberta com calos em folhas (explantes) de 15 clones de café Conilon, propagados vegetativamente in vitro. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011.... 8 35 Avaliação do coeficiente de correlação de Pearson para os caracteres estudados. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011................................................................................................... 37 xi LISTA DE FIGURAS Figura 1 Página Frutos de diferentes espécies de Coffea presentes em coleções de germoplasmas no Brasil. C. canephora (A), C. arabica (B), C. dewevrei (C), C. kapakata (D), C. racemosa (E), C. salvatrix (F), C. congensis (G), C. stenophylla (H), C. liberica (I) e C. eugenioides (J)............................................................................... 8 2 Princípio geral da cultura de tecidos................................................ 24 3 Coffea canephora Pierre. (A) Clone 5 da variedade Conilon. (B) Clone 9 da variedade Conilon. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011.................................................................................................. 4 33 Coffea canephora Pierre. (A) Explante foliar sem presença de intumescimento e calos. (B) Explante foliar intumescido. (C e D) Explante foliar no início de indução de calo. (E e F) Calo de explante foliar. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011.................. 36 xii LISTA DE ABREVIATURAS 2iP – N-isopentenilaminopurina 2,4-D – Ácido 2,4-diclorofenóxiacético AIB – Ácido indolbutírico BAP – 6-benzilaminopurina C. – Coffea Cm – Centímetros Cv. – Cultivar CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MS – Meio básico de Murashige e Skoog (1962) RFLP – Restriction Fragment Length Polymorphism Var. – Variedade xiii RESUMO OLIVEIRA, C.L.L.G. Vigor vegetativo de clones de café Conilon em condições de campo e seu potencial para propagação in vitro. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente). 2011. 48p. Considerando a relevância da cultura de Coffea canephora Pierre para a Amazônia e a necessidade de melhoramento vegetal desta espécie para o estado de Rondônia, realizou-se este trabalho com o objetivo de avaliar a correlação existente entre o vigor vegetativo de café Conilon em condições de campo e seu potencial para propagação in vitro. Para isso utilizaram-se 15 clones pertencentes ao Programa de Melhoramento do Cafeeiro da Embrapa Rondônia, localizados no campo experimental de Porto Velho. A parcela experimental foi composta por dez plantas monoclonais, sendo a parcela útil constituída pelas seis plantas centrais. Foram avaliadas as características altura da planta, número de brotos ortotrópicos e comprimento dos brotos em cafeeiros com 10 meses de idade. Posteriormente, no Laboratório de Biotecnologia Vegetal, folhas da cultivar estudada foram segmentadas em fragmentos de 1 cm² os quais foram inoculados em meio MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962) contendo metade da concentração dos sais e acrescido de AIB (10 µM), 2,4-D (20 µM) e 2iP (10 µM). O delineamento foi o de blocos casualizados com três repetições. As culturas foram mantidas em sala de crescimento, com luminosidade de 2000 lux, fotoperíodo de 16 horas e temperatura de 24 ± 2ºC. O clone 9 demonstrou melhor desenvolvimento vegetativo em campo. Na etapa in vitro, para desinfestação dos explantes foliares, o melhor resultado é obtido pelo tratamento que combinou hipoclorito de cálcio a 2%. Apenas o clone 12 não apresentou calos embriogênicos induzidos, todos os outros clones foram altamente responsivos à indução de calogênese. Os resultados obtidos demonstraram não haver relação entre vigor vegetativo em campo e potencial calogênico in vitro para cafeeiros Conilon. Palavras-chave: Coffea canephora; crescimento vegetativo; cultura de tecidos vegetais. xiv ABSTRACT OLIVEIRA, C.L.L.G. Vigor of vegetative coffee clones Conilon in field conditions and their potential for in vitro propagation. Dissertation (Master of Regional Development and Environment). 2011. 48p. Considering the importance of the culture of Coffea canephora Pierre to the Amazon and the need for breeding this species in the state of Rondonia, took place this work in order to assess the correlation between the vigor of coffee Conilon under field conditions and its potential for in vitro propagation. For this we used 15 clones belonging to the Coffee Improvement Program of Embrapa Rondonia, located in the experimental field of Porto Velho. The experimental plot was composed of ten monoclonal plants, and up the useful portion of the six central plants. Characteristics were evaluated: plant height, number of orthotropic shoots and length of shoots in coffee plants with 10 months of age. Later, at the Laboratory of Plant Biotechnology, leaves of cultivars have been segmented into fragments of 1 cm ² which were inoculated in MS medium (MURASHIGE; SKOOG, 1962) containing half the concentration of salts and addition of AIB (10 mM), 2, 4-D (20 mM) and 2iP (10 mM). The design was a randomized block with three replications. The cultures were kept in growth room, with brightness of 2000 lux, photoperiod of 16 hours and temperature of 24 ± 2 º C. Clone 9 showed better vegetative growth in the filed. In step vitro disinfection of leaf explants, the best result is obtained by combined treatment of calcium hypochlorite 2%. Only clone 12 showed no callus induced, all other clones were highly responsive to induction of callus formation. The results showed no relationship between vigor in the field and in vitro for potential calogênico Conilon coffee. Key words: Coffea canephora; vegetative vigor; plant tissue culture. 1 1. INTRODUÇÃO Entre as diferentes atividades ligadas ao negócio agrícola em nível mundial, o agronegócio do café está entre as de maior importância econômica e social (FERRÃO, 2004). No Brasil a cultura de Coffea canephora Pierre ex Froehner gera renda em torno de um bilhão de reais, quando contabilizados todos os negócios envolvendo o produto, e estima-se que C. canephora participe com 35% das operações envolvendo café beneficiado no contexto mundial (MATIELLO, 1998; FAZUOLI et al., 2007). Na região Amazônica, o café é uma das culturas perenes mais cultivadas, sobretudo em Rondônia onde os cultivos ocorrem, predominantemente, em pequenas propriedades rurais, em regime de agricultura familiar, representando uma das principais fontes de renda das famílias. O estado de Rondônia destaca-se por apresentar uma extensa área com capacidade para o cultivo da espécie C. canephora, que tem se desenvolvido mais expressivamente na região centro-sul do estado onde, além de condições climáticas favoráveis, há também predominância de solos com boa fertilidade natural. A espécie C. canephora, conhecida como café robusta, inclui diversas variedades, como Conilon, que é a mais importante em nosso país pelo seu volume de produção e valor industrial. Em função de sua menor acidez e maior quantidade de sólidos solúveis, o café Conilon é largamente utilizado pela indústria na fabricação dos cafés solúveis e em misturas com o café arábica, chegando a participar com até 50% nos blends, sendo empregado para contrabalançar a acidez do arábica e conferir corpo ao produto industrializado (FERRÃO, 2004; BELING, 2005 citado por FERRÃO et al., 2007). A utilização de cultivares do cafeeiro Conilon de bom potencial produtivo, maturação uniforme dos frutos, grãos graúdos, tolerantes à ferrugem (Hemileia vastatrix Berk. et Br) e às principais pragas do cafeeiro é, a curto prazo, a alternativa tecnológica mais adequada para elevar a produtividade média estadual de café beneficiado e estimular a melhoria da qualidade da bebida do café produzido em Rondônia (RAMALHO, 2008). Dentre as técnicas convencionalmente utilizadas para propagação vegetativa do cafeeiro, a produção de mudas via estaca a partir de segmentos de ramos ortotrópicos (ou verticais) é a que se melhor adapta para clones de C. canephora (FAZUOLI et al., 2007). Esse método é normalmente empregado em plantas de café Conilon que possuem dois anos de idade, no qual as matrizes têm seus ramos ortotrópicos cortados ou curvados visando à produção máxima de brotações (FONSECA et al., 2007). Essas estacas de ramos ortotrópicos 2 podem conter uma ou várias gemas, as quais são tratadas com compostos auxínicos e enraizadas em diferentes substratos para serem plantadas em campo. Atualmente, técnicas de multiplicação in vitro tem se mostrado como uma alternativa economicamente viável, devido principalmente pela redução de tempo para se obter um novo indivíduo (OLIVEIRA, 2001). Staritsky (1970) foi o pioneiro a realizar trabalhos e estabelecer as técnicas de cultura de células e tecidos vegetais para plantas de café. O autor obteve êxito na indução de calos a partir de folhas em Coffea arabica L. e ainda descreveu a indução de embriões somáticos e plântulas oriundas de ramos ortotrópicos de Coffea canephora Pierre. Em seguida se deu início a várias pesquisas para aplicação desses métodos no melhoramento do cafeeiro, exclusivamente para acelerar a multiplicação vegetativa desta cultura. Dentre as técnicas de clonagem in vitro para o cafeeiro, as mais utilizadas são a microestaquia, a cultura de embriões, a organogênese, a calogênese e a embriogênese somática (SANTANNA-BUZZY et al., 2007). A calogênese constitui-se numa etapa básica para o desenvolvimento de sistemas de propagação massiva de plantas, no qual fragmentos denominados explantes são desinfestados e tratados com reguladores de crescimento objetivando-se a formação de calos embriogênicos. A cafeicultura mundial tem sido grandemente beneficiada pelo sucesso dos programas de melhoramento genético, pois coloca a disposição do agricultor, cultivares de alta capacidade produtiva (PEREIRA, 2000). Em Rondônia, pesquisas vêm sendo realizadas e desenvolvidas no sentido de selecionar e posteriormente desenvolver genótipos de C. canephora resistentes as principais doenças e pragas que atingem o parque cafeeiro do estado, pois embora as plantas se encontrem bastante adaptadas, e possuem maior facilidade de manejo, devido ao seu menor porte, a variedade Conilon apresenta suscetibilidade aos principais estresses bióticos da cultura na região, tais como ferrugem e nematóides (SOUZA et al., 2005), assim neste sentido a propagação e multiplicação in vitro se apresenta como alternativa viável para acelerar as etapas do melhoramento desta espécie. Dessa forma, a micropropagação pode auxiliar os programas de melhoramento de Coffea canephora devido à redução do tempo necessário para a obtenção de novos indivíduos. Por meio de trabalhos relacionando, os dados coletados e conhecimentos das diferentes áreas, como o melhoramento clássico associado à biotecnologia, obter-se-á resultados mais rápidos, aplicáveis e com menos custos, contribuindo assim para o aumento da renda, principalmente do pequeno produtor, que geralmente não tem acesso a tecnologias de produção relativamente sofisticadas. 3 A modernização da agricultura deve implicar na inclusão de inovações tecnológicas entre os fatores primários de produção, é nesse sentido que técnicas de biotecnologia como a cultura de tecidos vegetais entra como subsídio para acelerar etapas de melhoramento do cafeeiro, cultura perene que está inserida no ecossistema regional. Como decorrência do trabalho espera-se auxiliar na ampliação da área plantada no estado, buscando incrementar a produtividade por área, baseando-se através dos resultados vegetativos e in vitro obtidos pelos clones da variedade Conilon, contribuindo assim para o aumento da oferta do produto na região amazônica. 4 2. OBJETIVOS 2.1. GERAL • Avaliar a correlação existente entre o vigor vegetativo em campo de C. canephora, var. Conilon e seu potencial para propagação in vitro. 2.2. ESPECÍFICOS • Comparar o desenvolvimento vegetativo de clones de C. canephora em condições de campo; • Promover o estabelecimento de uma metodologia eficiente para desinfestação dos explantes foliares do cafeeiro Conilon; • Comparar o potencial calogênico dos clones estudados, entre si e em relação ao seu potencial de desenvolvimento vegetativo em condições de campo. 5 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. HISTÓRICO, CENTROS DE ORIGEM E DISPERSÃO GEOGRÁFICA DE Coffea sp. As espécies de cafeeiros distribuem-se, de modo geral, ao longo da região tropical central da África, nas regiões altas da Etiópia, onde ocorre espontaneamente como planta de sub-bosque, sendo Coffea arabica L. da Etiópia e Coffea canephora Pierre ex Froehner do Congo. Existem indícios de cultivos comerciais no Iêmen antes do século XV (CARVALHO, 1946). Algumas espécies de Coffea spp também ocorrem na Índia (FAZUOLI, 1986). Coffea canephora, incluindo suas diversas variedades, possuem ampla distribuição geográfica, e crescem em estado espontâneo na África tropical em uma área muito extensa em região de densa floresta tropical úmida, de baixas altitudes, ao sul e ao norte do equador desde o nível do mar, que se estendem desde a costa oeste até a região central do continente africano, em maiores altitudes, com até 1.300 m, especialmente República da Guiné, Uganda e Angola (CHARRIER; BERTHAUD, 1985 citado por FERRÃO et al., 2007a; CARVALHO, 1946). Segundo Carvalho (1946), C. canephora foi observada em 1885 por Mgr. Leroy no alto “Ngounié”, sendo primeiramente encontrada na localidade de Agouma, onde existiam nas florestas as margens dos rios. Os habitantes dessa região ainda não faziam uso do cafeeiro, enquanto há cerca de um século esse café já era cultivado pelos portugueses em Angola e pelos árabes da região do lago Vitória. Em 1895 foi levado ao botânico Louis Pierre material de herbário dessa espécie, onde ele a descreveu como Coffea canephora e publicou essa descrição em 1897, em seguida no ano 1900 foram enviadas sementes do canéfora do Congo à Casa de Horticultura de L. Linden em Bruxelas, onde foi lançada no mercado como Coffea robusta (CHEVALIER, 1929 e 1944, citado por CARVALHO, 1946). Detalhado estudo da distribuição geográfica do café foi realizado pelo botânico Augusto Chevalier, o qual descreveu maior concentração das espécies ao longo do rio Congo, na África; um grande grupo foi observado ser nativo de Madagascar; e somente seis espécies foram encontradas na Ásia e Oceania. São descritas na literatura, mais de 70 espécies originárias de diversas regiões tropicais e subtropicais da África, de Madagascar e de ilhas vizinhas (CARVALHO, 1946). A denominação “robusta” da espécie C. canephora advém da expressão rusticidade e resistência às doenças das plantas (FERRÃO et al., 2007a ), nome com o qual o canéfora foi enviado a Java, onde alcançou grande sucesso, dai a generalização desse nome (CARVALHO, 1946). A espécie C. canephora foi descrita várias vezes e por diferentes autores, tendo como sinônimos antigamente os nomes C. Laurentii De Wild, C. arabica var. 6 Stuhlmannii Warbg., C. bukobensis Zimmern, C. Maclaudii Chev., C. ugandae Crarner (CARVALHO, 1946), posteriormente alguns desses nomes foram designados como variações de Coffea canephora. Plantações comerciais de café iniciaram-se no Iêmen com o cafeeiro arábica. Teve um rápido desenvolvimento, especialmente após sua introdução na América do Sul, por volta de 1727. Nos anos de 1870 a 1900 foi constatada grande incidência de doença ocasionada por um fungo biotrófico Hemileia vastatrix, a ferrugem, nas regiões sul e leste da Ásia, constituindo-se, provavelmente, no principal motivo de estímulo para a utilização da espécie C. canephora, já que esta apresentava resistência à doença (CHARRIER; BERTHAUD, 1988; VOSSEN, 1985 citado por FONSECA et al., 2002). Conforme Carvalho (2007) relata, os primeiros europeus que tiveram contato e cultivaram o café na Indonésia (Java, Bornéu e Sumatra) foram os holandeses em 1690. No ano de 1706, um exemplar desse café foi enviado ao Jardim Botânico de Amsterdã; quando frutificou, o governo holandês deu ao rei de França, como presente, uma das mudas obtidas, a qual foi plantada no “Jardim das Plantas” de Paris, 1714. Da Holanda, sementes e mudas foram enviadas, em 1718, para a colônia do Suriname, de onde as sementes foram levadas, em 1722, para a Guiana Francesa; para o Brasil veio pelas mãos do sargento-mor Francisco Mello Palheta, que trouxe cinco mudas e uma pequena quantidade de sementes, estabelecendo uma modesta lavoura no Pará, seguindo para as regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Em 1825, o suprimento mundial de café era feito pela Américas Central e do Sul, no qual o Brasil passou a ser o maior exportador desse produto (FERRÃO et al., 2007a). De acordo com Fonseca et al. (2002), os primeiros cultivos e estudos com finalidade de pesquisa científica com C. canephora foram realizados por volta de 1900, em Java, ilha localizada na Indonésia, buscando estabelecer as bases biológicas fundamentais ao melhoramento da espécie. Posteriormente plantações dessa espécie se estenderam para outras regiões da África, América e Ásia, notadamente a partir do surgimento do café solúvel, na década de 50, e de seu emprego nos blends de cafés torrados e moídos (CHARRIER; BERTHAUD, 1988; MALTA, 1986 citado por Ferrão et al., 2007a). Atualmente o cafeeiro arábica é cultivado em muitas partes do mundo: nas Américas Central e do Sul, na África do Sul e no leste da Ásia enquanto o C. canephora, é cultivado na África Ocidental e Central, no sudeste da Ásia e em algumas regiões das Américas, com destaque para o Brasil. A produção comercial da cultura do cafeeiro no mundo quase que exclusivamente é relacionada a três espécies, C. arabica, C. canephora e C. dewevrei. As demais espécies como 7 C. liberica, C. racemosa, C. eugenoides, C. congensis, C. stenophylla, C. kapakata e C. salvatrix entre outras (Figura 1), são de grande importância nos programas de hibridação no melhoramento genético pela transferência de alelos responsáveis por características agronômicas desejáveis, relacionadas principalmente a tolerância à seca e a resistência a pragas e doenças, para as três espécies produzidas comercialmente (CARVALHO, 1946; KRUG et al., 1951). Embora exista grande número de espécies de café, cerca de 105, somente C. arabica L. e C. canephora Pierre têm importância econômica mundial (AGUIAR, 2001). Aproximadamente 70% do café comercializado no mundo provêm de cultivares de C. arabica L., reconhecida pela qualidade potencial de sua bebida, enquanto que 30 % provêm de C. canephora. Segundo Carvalho e Monaco (1969), devido à forma natural de reprodução de C. canephora e conseqüente heterogeneidade das populações, é bastante difícil realizar a caracterização de variedades dentro dessa espécie. Têm-se agrupado os diferentes acessos do germoplasma do canéfora de acordo com certas características agronômicas e morfológicas estudadas, assim, no primeiro grupo denominado “Robusta”, enquadram-se genótipos que se caracterizam por apresentar hábito de crescimento ereto, caules de maior diâmetro e pouco ramificados, folhas e frutos de maior tamanho, maturação tardia, maior vigor da planta, maior produtividade e maior tolerância a doenças (FONSECA et al., 2002). Em um segundo grupo, o “Conilon ou Kouillou”, enquadram-se genótipos que apresentam hábito de crescimento arbustivo, caules ramificados, folhas alongadas, florescimento precoce, resistência à seca e maior suscetibilidade às doenças (BERTHAUD, 1986). Cultivares dos dois grupos especificados acima, assim como os cafés por elas produzidos, são genericamente designadas como “café robusta” (PAULINO et al., 1984). O café Conilon possui seu nome derivado do rio Kouillou, no Congo, ou do rio Kwilu, no Zaire (BERTHAUD, 1986), no Brasil a variedade Conilon foi introduzida pelo estado do Espírito Santo, cujo „Conilon‟ se derivou da palavra Kouillou, com as letras K e U substituídas por C e N, respectivamente (FAZUOLI, 1986). 8 Figura 1. Frutos de diferentes espécies de Coffea presentes em coleções de germoplasma no Brasil. C. canephora (A), C. arabica (B), C. dewevrei (C), C. kapakata (D), C. racemosa (E), C. salvatrix (F), C. congensis (G), C. stenophylla (H), C. liberica (I) e C. eugenioides (J). Fonte: Extraído de Guerreiro Filho et al. (2008). 9 Com relação a estudos sobre os tipos de material genético encontrados em C. canephora, resultados obtidos por Berthaud (1986), revelaram que há dois grupos de materiais genéticos distintos, classificados como Congolense e Guineano. Este agrupamento foi postulado com base em marcadores enzimáticos e nas diferenças das regiões geográficas. Esses dois grupos se diferem pela sua origem geográfica e morfologia das plantas. Berthaud (1986) e Dusset et al. (1999), revelaram que o grupo Guineano é constituído por populações selvagens da Costa do Marfim e o grupo Congolês, por populações selvagens das repúblicas Centro-Africana, Camarões e Congo. Trabalhos apresentados por Montagnon et al. (1992), envolvendo isoenzimas, subdividiram o grupo Congolense em dois subgrupos (SG1 e SG2), o subgrupo SG1 reúne as populações originárias do Gabão e do sul do Congo e o subgrupo SG2 compreende genótipos cultivados na África Central. Posteriormente, Dusset et al. (1999) citado por Ferrão et al. (2007c) encontraram o mesmo resultado ao trabalhar com isoenzimas, com marcadores RFLP, identificaram outros dois grupos suplementares dentro do Congolense, denominados de B e C, os quais reúnem populações do sul e sudeste da África (subgrupo B) e da região sudeste da África Central, nordeste da República Democrática do Congo e sudeste do Camarões (subgrupo C). Na Tabela 1 é apresentada o agrupamento da espécie C. canephora com base nas diferentes metodologias de análise realizadas por Montagnon et al. (1992) e posteriormente Dusset et al. (1999). No Brasil, os cafés chamados Conilon, da espécie C. canephora, são representantes do grupo Guineano e apresentam sementes e folhas menores e estreitas, sendo que os cafeeiros da cultivar Robusta, representantes do grupo Congolês, apresentam frutos e sementes maiores, folhas largas, plantas vigorosas e produtivas, nas condições de Campinas, SP (GUERREIRO FILHO et al., 2008). 10 Tabela 1. Agrupamento da espécie Coffea canephora com base em diferentes estudos. Marcadores Genéticos Isoenzimas RFLP Berthaud, 1986 Montagnon Dussert et al. 1992 et al. 1999a Dussert et al. 1999b Classificação Origem Adotada Geográfica Guineano Guineano 1 D Guineano Guiné e Costa do Marfim Congolênse SG1 SG2 3 2 A E B SG1 SG2 B C C Costa Atlântica da África Central Bacia do Rio Congo da RDC¹ Sul da África Central e Norte RDC Sudeste África Central, Nordeste RDC e Sudoeste de Camarões ¹ RDC: República Democrática do Congo. Fonte: Montagnon (2000) citado por Ferrão et al. (2007c). 3.2. TAXONOMIA E ASPECTOS BOTÂNICOS DE Coffea canephora Pierre A família Rubiaceae, abrange mais de 10.700 espécies agrupadas em 637 gêneros (ROBBRECHT, 1988). As espécies de cafeeiro apresentam enorme variabilidade em relação às características morfológicas de folhas, flores e frutos, caracteres agronômicos e bioquímicos, ploidia e reprodução, constituindo em importantes fontes de alelos para resistência a pragas, doenças e nematoses, apresentando tolerância às condições adversas do ambiente, sendo aproveitadas em programas de melhoramento, em vista da diversidade genética existente entre as espécies e dentro delas (AGUIAR, 2001). Com a expansão da cafeicultura no mundo, começaram a surgir as descrições botânicas de diversas espécies dentro do gênero Coffea, cujo agrupamento foi se tornando complexo. Lineu em 1737, descreveu a primeira espécie de cafeeiro, com o nome de Coffea arabica L. (CARVALHO, 1946). Posteriormente, novas espécies foram descritas. Em 1897, o botânico alemão Albrecht Froehner, fazendo uma revisão do gênero Coffea, descreveu diversas outras, dentre as quais a espécie C. canephora, de ampla distribuição geográfica na África (FERRÃO et al., 2007b). Estudos detalhados sobre a taxonomia de Coffea e sua distribuição geográfica também foram feitos pelo botânico francês Auguste Chevaleir. Em 1940 e 1942, esse pesquisador publicou revisões gerais das espécies de Coffea. Sugerindo a divisão do gênero Coffea em cinco seções: EuCoffea, MozambiCoffea, MascaraCoffea, ParaCoffea e ArgoCoffea (CARVALHO, 1946). Há controvérsias em relação à taxonomia das espécies de Coffea, muitas espécies oriundas de regiões asiáticas e descritas inicialmente como pertencentes a este gênero não são mais consideradas como espécies verdadeiras de Coffea (FERRÃO et al., 2007b). Em 1947, 11 Auguste Chevalier estudando detalhadamente o material depositado em herbários, reuniu 60 espécies do gênero em quatro seções: EuCoffea, MascaraCoffea, ArgoCoffea e ParaCoffea (CABRAL, 2001). A seção EuCoffea compreende cinco subseções, entre as quais na ErithroCoffea encontram-se as espécies Coffea arabica e Coffea canephora. Posteriormente Leroy (1980), citado por Carvalho et al. (1991), propôs excluir do gênero Coffea as seções ParaCoffea e ArgoCoffea, permanecendo apenas EuCoffea, que é atualmente denominado Coffea e MascaraCoffea e em seguida, subdividiu o gênero Coffea nos subgêneros Coffea, Psilanthopsis e BaraCoffea. O subgênero Coffea está distribuído em três seções (CHEVALIER, 1942), caracterizadas pela abrangência geográfica, MascaroCoffea com espécies em Madagascar e Ilhas Mascarenhas, MozambiCoffea com espécies do leste africano e EuCoffea apresentando espécies de café nas regiões central e oeste do continente africano (CROS, 1996; CHEVALIER, 1942) (Tabela 2). De acordo com a classificação proposta por Chevalier (1942), apresentada na Tabela 2, (Ferrão et al. 2007b), apresenta a seguinte classificação taxonômica atual da espécie Coffea canephora: Classificação: Coffea canephora Classe: Dicotyledonea Ordem: Rubiales Família: Rubiaceae Gênero: Coffea Seção: EuCoffea Subseção: ErithroCoffea Espécie: Coffea canephora Pierre ex Froehner Monaco e Carvalho (1972), realizando estudos sobre a biologia da reprodução de C. canephora, mostraram que as plantas desta espécie são auto-incompatíveis e que tanto o vento como os insetos participam da polinização. Essa incompatibilidade foi determinada como sendo do tipo gametofítico, segundo alguns estudos realizados por Conagin e Mendes (1961), há indicações de que essa incompatibilidade seja condicionada por uma série alélica S, em um único loco. Quanto a citologia, o canéfora é alógama e diplóide (CARVALHO et al., 1991), possui 22 cromossomos somáticos diferentemente do arábica que é poliplóide (2n = 2x = 44 cromossomos (CONAGIN; MENDES, 1961). 12 Tabela 2. Classificação proposta por Auguste Chevalier (1942). Gênero Seção Subseções AraCoffea Miquel Eu-ArgoCoffea Chev. ArgoCoffea Pierre Argocoffeopsis (Lebrun) Chev Verae Chev Mauritianae Chev. Multiflorae Chev. Sclerophyllae Chev. MascaroCoffea Chev Terminalis Chev. Coffea Brachyaiphon Dubard Ex Chev. Macrocarpa Chev. Garcinioides Chev. ErythroCoffea Chev. EuCoffea K. Schum. (emend.) Non Benth. Et Hook PachyCoffea Chev. MelanoCoffea Chev NanoCoffea Chev. MozambiCoffea Chev. Fonte: Ferrão et al. (2007). Espécies C. bengalensis (Roxb) Roem. Et Sch. C. horsfieldiana Miq. C. fragrans Wall. C. whightiana Wall. C. travancorensis Wall. C. floresiana Boerlage C. florcifoliosa Chev. C. grevei Drake ex Chev. C. cochinchinensis Pierre ex Pitard Espécies de C. dongnaiensis Pierre ex Pitard posição C. uniflora K. Schum. incerta. C. jasminoides Welw. C. rupestris Hiern. C. afzelii Hiern (= C. ligustrifolia Stapf) C. nudiflora Stapf. C. melanocarpa Welw. C. scandens K. Schum. C. subcordata Hiern. C. claessensii Lebrun. C. pulchella K. Schum. C. lancifolia Chev. C. humblotiana Baill. C. mauritiana Lamk. C. nossikumbaensis Chev. C. gallienii Dubard C. resinosa (Hock. F.) Radlk C. bertrandi Chev. C. boiviniana (Baill.) Drake C. buxifolla Chev. C. pervilleana (Baill.) Drake C. augagneuri Dubard C. bonnieri Dubard C. alleizetti Dubard C. commersoniana (Baill.) Chev C. macrocarpa A. Rich. C. mogeneti Dubard C. tetragona Dubard C. dubardi Jumelle C. arabica L. C. moka Hort. C. congensis Froehner C. canephora Pierre ex Froehner C. liberica Hiern C. klainii Pierre C. oyemensis Chev. C. dewevrei De Wild. Et Dur. C. atenophylla G. Don. C. affinis De Wild. C. carrisoi Chev. C. brevipes Chev. C. bumilis Chev. C. montana Schum. C. togoensis Chev. C. mayombensis Chev. Espécies mal conhecidas C. kivuensis Lebrun C. racemosa Lour. (= C. Ibo Froehner) C. zanguebarise Lour. C. eugenioides Moore (= C. intermedia Chev.) C. ligustroides Moore C. salvatrix Swynnerton et Philipson 13 As principais características botânicas de C. canephora são: planta perene; porte arbustivo tipo multicaule e caule lenhoso. As folhas das plantas características, grandes, elípticas lanceoladas, bordos bem ondulados, nervuras muito salientes e coloração verde claro, bem menos intensa que as de C. arabica. As flores são auto-incompatíveis e multiplicase na natureza exclusivamente por fecundação cruzada, possuem coloração branca, em grande número por inflorescência e por axila foliar, com 5 a 8 lobos na corola, com igual número de estames também aderidos a sua base. O estilo é longo e o estigma é bífido, sendo o pedicelo floral incluído no caulículo, cujos lobos se prolongam em apêndices foliares (GUERREIRO FILHO et al., 2008). Segundo Carvalho (1946), os frutos quando maduros são pouco esféricos, menores, com coloração vermelha, amarela ou alaranjada e exocarpo mais fino que C. arabica. Guerreiro Filho et al. (2008) apontam que os frutos de C. canephora apresentam-se de forma variada entre as diferentes cultivares; nas cultivares comerciais, são em número de 30 a 60 por verticilo foliar, de coloração avermelhada quando maduros, superfície lisa, exocarpo fino, mesocarpo pouco aquoso, com pouca mucilagem e endocarpo delgado. Suas sementes são de tamanho variável, apresentando película prateada bem aderente, endosperma de cor verde claro e maior teor de cafeína como relata Carvalho (1946), são usualmente menores que as de C. arabica, menos aromáticas, com grande quantidade de sólidos solúveis, frequentemente apresentando bebida considerada neutra, sendo comum seu emprego como lastro, em ligas com cafés de sabor e aroma mais ativo, provenientes de cultivares de C. arabica. É formada por populações com indivíduos altamente heterozigotos que expressam grande variabilidade genética (CONAGIN; MENDES, 1961). Apresenta rusticidade e tolerância as doenças e adaptação à ampla faixa de condições edafoclimáticas tropicais, de baixas altitudes e temperaturas elevadas. A variedade Conilon de C. canephora, possui como características: folhas jovens de coloração marrom e, quando adultas de cor verde claro, dimensões das folhas maiores que de C. arabica, são multicaules, número de inflorescência por axila foliar e o número de flores por inflorescência é elevado, flores autoincompatíveis, coloração dos frutos varia do vermelho claro ao escuro, com ou sem estrias longitudinais, mesocarpo dos frutos menos aquoso e menos doce com relação ao arábica e endocarpo menos espesso (FAZUOLI, 1986). 14 3.3. AUTO-INCOMPATIBILIDADE EM Coffea canephora Pierre A auto-incompatibilidade corresponde à incapacidade de a planta hermafrodita produzir zigotos por autopolinização, ou seja, é a incapacidade de ocorrer auto-fecundação, em consequência amplia-se o fluxo gênico e a frequência de heterozigose no total do loci dentro das populações de plantas. Ocorrem dois sistemas de incompatibilidade em angiospermas hermafroditas, a incompatibilidade gametofítica e esporofítica. Ferrão et al. (2007c), citam que Lewis (1984), realizou uma revisão de literatura sobre autoincompatibilidade em plantas, e concluiu que esse fenômeno está relacionado à inibição, ao pouco desenvolvimento, ou à ausência do crescimento do tubo polínico no comprimento total do estilete, quando possuir o mesmo alelo do pólen. Alguns estudos de Devreux et al. (1959), sugeriram que nos clones de C. canephora, a auto-incompatibilidade seria do tipo gametofítica e descrevem que, após a autopolinização, o crescimento do tubo polínico no estigma dessa planta torna-se distorcido, e a sua penetração no estilete para fecundação do óvulo é bloqueada. Efetuando-se alguns cruzamentos foi constatado que a incapacidade de crescimento do tubo polínico é explicada, geneticamente, pela presença de um loco gênico, simbolizado pela letra S do inglês “self-incompatibility” (auto-incompatibilidade), e três alelos interagindo nesse sistema gametofítico. Para identificar esses três alelos são utilizados os expoentes S1, S2 e S3. Ramalho et al. (1994), relatam que embora ainda não se conheça completamente a base molecular da incompatibilidade gametofítica, constataram a formação de uma glicoproteína no estigma da flor, sendo que cada alelo da série produz uma glicoproteína específica, que só é produzida nos tecidos da flor feminina onde o pólen e o tubo polínico entram em contato, ocorrendo, portanto uma interação alélica do tipo codominância, sendo que uma pequena quantidade da glicoproteína também foi constatada no ovário, o qual se acredita que seja para assegurar essa incompatibilidade. Quando se encontram antígenos e anticorpos de mesmo número, eles são bioquimicamente afins, e esta é a causa do impedimento de crescimento do tubo polínico, ocorrendo o aborto do pólen. Sendo assim, quando o progenitor masculino possuir grãos de pólen S1 o antígeno presente será do tipo 1, grãos de pólen S2 produz antígeno do tipo 2 e S3 produz antígeno do tipo 3, em consequência as flores femininas S1 produzirão anticorpos anti1, flores femininas S2 produzirão anticorpos anti2, e S3 produz anticorpos anti3. Sendo que quando o alelo S do pólen é diferente dos dois alelos S do estilo, o tubo polínico cresce normalmente, penetrando no ovário e realizando a fertilização. Quando os dois alelos do 15 genótipo de um progenitor são os mesmos do outro progenitor, correspondendo, portanto a uma autofecundação, ou a um cruzamento onde os genótipos dos progenitores são idênticos, ocorrerá 100% de aborto de pólen e não formará nenhum descendente, por outro lado quando os genótipos dos progenitores não possuem nenhum alelo em comum, não ocorrerá aborto de pólen e serão produzidos todos os descendentes esperados, em função desse mecanismo de incompatibilidade, nunca chega a ser formado genótipos homozigóticos para os alelos S em condições naturais (RAMALHO et al., 1994). As principais consequências da auto-incompatibilidade em C. canephora são a ausência de autofecundações, e a deficiência nos cruzamentos quando se utilizam clones aparentados e a formação de populações altamente heterozigotas ou heterogêneas. Assim, no caso de criação de cultivares clonais, há necessidade de definir que clones devem ser agrupados, são de fundamental importância estudos prévios de compatibilidade genética das plantas componentes dessa espécie. 3.4. A CULTURA DO CAFEEIRO NO BRASIL E NO ESTADO DE RONDÔNIA Como relata Carvalho (2007), a cultura do café no Brasil foi introduzida ao norte no país, mais precisamente em Belém, no estado do Pará, em 1727, trazido da Guiana Francesa pelo Sargento-Mor Francisco de Melo Palheta. Pequena quantidade de sementes e mudas foram trazidas a pedido do governador do Maranhão e Grão Pará, que enviara às Guianas com essa missão. Já naquela época o café possuía grande valor comercial, iniciando-se assim o cultivo do café no Brasil (GUERREIRO FILHO et al., 2008). Nos estados do Norte, não houve no período colonial grande interesse pelo café, somente pequenas plantações eram implantadas no Nordeste brasileiro, principalmente no Ceará e Bahia (CARVALHO, 2007). Este mesmo autor cita que o café deu-se bem no Pará e, em 1731, já era plantado em vários locais próximos a Belém, sendo que em 1748 foram contabilizados em torno de 17.000 pés de café existentes. De acordo com Carvalho (2007), no Ceará em 1747, dois cafeeiros foram obtidos diretamente do “Jardim das Plantas” de Paris, dos quais apenas um se desenvolveu. No Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco o cultivo não se desenvolveu adequadamente ou não se tentou essa cultura, em 1774 as primeiras sementes de café foram plantadas em solo goiano e, em 1778, algum café era exportado para o Norte (CARVALHO, 2007). 16 Em 1760 foram plantadas as primeiras mudas no Rio de Janeiro, provenientes do Maranhão, e no estado de São Paulo por volta de 1780 ou 1790, com relação ao Paraná é difícil estabelecer o ano de introdução do cultivo do café, e em Santa Catarina, o café foi plantado, pela primeira vez, em 1786, com sementes provindas de São Paulo (CARVALHO, 2007). No Espírito Santo, há evidências que o café tenha chegado em 1811 (TAUNAY, 1939). Como relata a história do Brasil, a cultura do café teve grande influência na colonização e desenvolvimento do país, assumindo, até hoje, importante papel econômico e social (FERRÃO, 2004). Nesse ritmo sementes e mudas de café foram difundidas em grande parte do território brasileiro, sendo a cafeicultura responsável por um novo ciclo econômico no país em pleno século XIX. Atualmente o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e se posiciona em segundo lugar como consumidor. Produto de exportação, a cultura do café movimenta mundialmente, por ano, cerca de 35 bilhões de dólares (CAIXETA, 1999). Conforme relata Siqueira (2005), em termos de importação, a Europa é o principal continente importador mundial de café desde 1967. Já os Estados Unidos é o país que mais consome esse produto, chegando a responder por 27,2% das importações mundiais (FASSIO; SILVA, 2007). Tabela 3. Produção final de café beneficiado na safra 2010 no Brasil. Fonte: Extraído de CONAB (2011). 17 Com relação à produção brasileira, a safra da café beneficiado efetuada pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2010), apontou que o Brasil produziu 48,09 milhões de sacas de 60 quilos, como pode ser observado pela Tabela 3, com acréscimo de 21,9%, ou de 8,62 milhões de sacas, quando comparado com a produção de 39,47 milhões de sacas obtidas na safra 2009, sendo esse crescimento justificado pelo ano de bienalidade positiva, aliado ás condições climáticas favoráveis durante o ciclo da cultura. A área cultivada com a cultura de café no país totaliza 2.289,2 mil hectares. Segundo a Conab, o café é cultivado em 14 estados brasileiros e no Distrito Federal, mas 96,98% da produção concentram-se em apenas seis estados: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Bahia e Rondônia. Quando se considera o café robusta, o Espírito Santo responde por 72,45% da produção nacional, seguido por Rondônia com 13,3% (FASSIO; SILVA, 2007). Segundo dados do IBGE (2005), o café Conilon é cultivado em 65 municípios, sendo explorado em cerca de 35 mil propriedade rurais distribuídas pelo território brasileiro (FERRÃO, 2004). A cultura do cafeeiro, como importante atividade do setor agropecuário, desempenha função de vital relevância para o desenvolvimento social e econômico do Brasil. Fassio e Silva (2007), ressaltam que é notório o destaque de todo o sistema agroindustrial do café em termos de uso de mão-de-obra e fixação do homem ao campo, geração de emprego nos setores à montante e à jusante da produção primária, bem como em termos de obtenção de divisas externas e arrecadação de impostos. A cultura do café emprega direta ou indiretamente cerca de sete milhões de trabalhadores no país (EMBRAPA, 2005). A cafeicultura no estado de Rondônia sofreu grande expansão a partir de 1970, com a implantação dos núcleos de colonização oficial, que assentou milhares de pequenos produtores na região Amazônica (VENEZIANO, 1984; MEDEIROS, 1998). Rondônia se posiciona em sexto lugar na produção de café beneficiado no país segundo estimativa realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento em 2010. O parque cafeeiro do estado é da ordem de 278,68 milhões de covas, incluindo cafezais em produção, totalizando 156.696 covas e com 8.669 covas em formação (CONAB, 2009). A estimativa final para o estado de Rondônia na safra 2010, indica uma produção de 2.369 mil sacas de café (CONAB, 2010). 3.5. A CULTURA DO CAFÉ CONILON A NÍVEL NACIONAL E ESTADUAL A produção de café no Brasil e no mundo tradicionalmente se concentrava apenas em C. arabica, entretanto a partir do fim do século XIX, devido a um grande surto de ferrugem 18 que afetou os cafezais do sul e leste da Ásia, a espécie C. canephora, que se mostrava resistente a doença, passou a ser alvo de estudos científicos visando a sua exploração econômica (FASSIO; SILVA, 2007). Atualmente, cerca de 71% da produção brasileira de café é derivada de cultivares arábica e o restante, de café robusta (RONCHI; DAMATTA, 2007). A produção de café robusta é originária exclusivamente da variedade Kouillou, popularmente conhecida como Conilon. Recentemente, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), cerca de 36% da produção mundial de café provêm da espécie C. canephora. Ferrão et al. (2007a), também cita essa informação relatando que o canéfora é a segunda espécie do gênero Coffea mais cultivada no mundo, representando cerca de 35-38% da produção. Os maiores produtores são Vietnã e Brasil, que representam 34,67% e 23,07% da produção mundial respectivamente, sendo seguidos pela Indonésia, com 13,58% (FASSIO; SILVA, 2007). Segundo Fazuoli (1986), o plantio da espécie C. canephora em nosso país vem sendo ampliado, pois o seu produto, embora se apresentando como inferior em relação à qualidade de bebida e aspecto ao de C. arabica, vem fazendo concorrência ao próprio café brasileiro, por ser cotado no mercado internacional a um preço mais reduzido que o café arábica, possibilitando aumento de emprego na indústria de café solúvel, em virtude de permitir maior extração de sólidos solúveis e poder ser utilizado em misturas com o arábica, barateando assim o custo do produto final. Nos últimos anos, a produção do café robusta vem aumentando, comparativamente, mais que a do arábica: em 1985, cerca de 25% da produção mundial de café era derivada do café robusta e, em 2005, esse percentual elevou-se para cerca de 38% (DAMATTA et al., 2007). Mourão (2002) cita que a importância econômica do café para o Brasil mostra a necessidade de maiores esforços e investimentos em pesquisa nesse setor, para se reduzir o uso de pesticidas nessa cultura, o que pode diminuir os custos de produção e também de resíduos que ficam expostos no meio ambiente. Os principais estados brasileiros produtores de C. canephora são Espírito Santo, Rondônia e Bahia. Rondônia se apresenta como maior produtor da região amazônica (NUNES et al., 2005), e é o segundo maior produtor de café conilon (robusta) do país (CONAB, 2010). C. canephora possui grande capacidade de adaptação a diversas regiões (CHEVALIER 1947, citado por FAZUOLI, 1986). Devido à boa adaptação a regiões baixas, quentes e úmidas, com temperaturas médias anuais entre 24 a 26°C, esta espécie é de grande interesse para o estado de Rondônia, viabilizando o plantio de café nas áreas de menos altitude (VENEZIANO, 1993). Sendo assim, Rondônia tem no café do grupo Robusta sua maior expressão, 19 posicionando-se em segundo lugar em produção no país, destacando-se a variedade Conilon dentre as mais plantadas (MEDEIROS, 1998). O café sendo a cultura perene mais difundida nesse estado, compõe uma das principais fontes de renda de inúmeras famílias da zona rural, de modo geral, o cultivo do café robusta em Rondônia é feito em pequenas glebas, com baixo nível tecnológico e grande aproveitamento de mão de obra familiar. Atualmente a cafeicultura em Rondônia é a principal cultura perene (167.000 hectares) em cerca de 28.000 pequenas e médias propriedades rurais, com emprego predominantemente de mão-de-obra familiar. A partir da década de 70, a cultura do cafeeiro apresentou grande expansão no estado de Rondônia, devido ao assentamento de inúmeros produtores rurais nesse período, de modo geral, as lavouras de café em Rondônia, foram implantadas com sementes trazidas pelos agricultores, de regiões produtoras nacionais e sem nenhum controle oficial (VENEZIANO, 1996). No estado, o cultivo do cafeeiro é realizado em diferentes ambientes (fertilidade natural dos solos; altitude de 100 a 450 m acima do nível do mar; precipitação de 1.800 a 2.200 mm/ano com acentuada deficiência hídrica temporal de junho a setembro), além de níveis agrotecnológicos diferenciados (baixo e médio uso de insumos agrícolas) nos diferentes pólos cafeeiros rondonienses. Devido a estes e outros fatores econômicos, sociais e tradição de cultivo, a variedade botânica „Conilon‟ (Coffea canephora Pierre ex Froehner; Rubiaceae) predomina em 95% das regiões cafeeiras do estado de clima quente, úmido e de baixa altitude (NUNES et al., 2005). Nas demais áreas, principalmente naquelas de maior altitude (acima de 350 m anm) com temperatura média anual relativamente amenas (<23°C), explora-se também, cultivares comerciais do cafeeiro arabica (Coffea arabica L.), principalmente o „Catuaí vermelho‟, „Mundo Novo‟ e „Catimor‟. O surgimento e crescimento da indústria do café solúvel, bem como o emprego dessa espécie em misturas com o café arábica, foi um dos principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento da cultura do canéfora em Rondônia. 3.6. PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DO CAFEEIRO CONILON De acordo com Caixeta et al. (2008), o desenvolvimento de uma cultivar de café arábica é um processo muito extenso, que pode chegar a durar até 30 anos de trabalho em cima de determinada cultivar, esse autor cita que isso acontece pois o processo de melhoramento em geral requer um ou mais cruzamentos e vários ciclos de seleção, a fim de que as características de interesse sejam reunidas e fixadas na nova cultivar, deste modo permitindo a produção de plantas uniformes por meio de sementes. Plantas de café Conilon 20 apresentam alto grau de variabilidade fenotípica para diversos caracteres botânicos e agronômicos, o que faz com que as plantas dessa espécie propagadas por sementes apresentem grandes variações quanto à sua forma, produção, tamanho e forma das folhas, sementes e frutos, entre outras características (PAULINO et al., 1984; MATIELLO, 1998). Fazuoli et al. (2007), citam que algumas cultivares de C. canephora podem ser propagadas por sementes, no entanto essas plantações não apresentarão uniformidade, devido a sua forma de reprodução. A propagação por sementes é naturalmente o método prevalente para multiplicação e obtenção de plantas de café arábica (VIEIRA; KOBAYASHI, 2002). Na técnica de propagação vegetativa o tempo necessário para o desenvolivmento de uma nova cultivar poderia ser reduzido em cerca de 8 a 10 anos, pois a produção de clones deriva da planta matriz, possibilitando assim a multiplicação de híbridos e de plantas superiores que segregam uma ou mais características (CAIXETA et al., 2008). Deste modo, a propagação vegetativa mantém as características genéticas da planta matriz, bem como apresenta a vantagem da precocidade inicial da sua produção, assim, torna-se vantajosa a propagação vegetativa do cafeeiro Conilon, razão pela qual os plantios atuais têm sido realizados em grande parte com a utilização de mudas produzidas por estaquia (PARTELLI et al., 2002). Na propagação vegetativa tradicional estão sendo desenvolvidas e aprimoradas as técnicas de alporquia e estaquia, técnicas simples que poderão ser utilizadas para clonar cafeeiros especiais e híbridos (DECHEN et al., 2007). Em âmbito mundial, a propagação vegetativa é um método que está sendo cada vez mais utilizado, sobretudo por sua maior efetividade em capturar os ganhos gerados obtidos dos programas de melhoramento genético (HAINES, 1992). 3.6.1. Estaquia Browse (1979), afirma que embora a estaquia seja um método de propagação utilizado há muito tempo, só nos últimos cento e cinquenta anos, com o desenvolvimento e a colocação no mercado de equipamentos atualizados e baratos, começou então a desempenhar um papel significativo na propagação dos vegetais em geral. Igualmente, Foster (1993), cita que as técnicas de propagação vegetativa tradicionais irão se tornar comum para muitas espécies comercialmente importantes e a tecnologia de enraizamento de estacas continuará a ser o procedimento mais parcimonioso para propagação de plantas em larga escala. Na estaquia a multiplicação é realizada por estacas de ramos ortotrópicos ou verticais, que contendo uma ou várias gemas, são tratadas com compostos auxínicos e enraizadas em 21 diferentes substratos (VIEIRA; KOBAYASHI, 2002). Nesse método, normalmente empregado em plantas de café Conilon, que possuem dois anos de idade ou mais as matrizes, têm seus ramos ortotrópicos jovens cortados ou curvados visando à produção máxima de brotações, sendo realizados dois cortes por ano, totalizando em média de 300 a 400 estacas por planta nesse período (FONSECA et al., 2007; BRAGANÇA et al., 1995). Ainda que a estaquia seja a técnica que melhor se adapta para a produção de mudas de clones de C. canephora (FAZUOLI et al., 2007), Vieira e Kobayashi (2002) relatam que é considerada ineficiente para se obter rapidamente grande quantidade de material propagativo. Um dos problemas é a resposta diferencial de cada espécie e de clones aos tratamentos utilizados para o enraizamento das estacas (PAULINO; PAULINI, 1985; BERGO, 1997 citado por VIEIRA; KOBAYASHI, 2002). Enquanto Fazuoli et al., (2007) cita que a possibilidade de multiplicação vegetativa realizada por estaquia de segmentos de ramos ortotrópicos se mostra como método que possui grande vantagem para a cultura do café, deste modo, plantas geneticamente superiores podem ser rapidamente multiplicadas. Atualmente técnicas como a enxertia e alporquia tem bastante usadas na propagação vegetativa do cafeeiro. Devido o café robusta possuir variabilidade genética quanto á tolerância aos nematóides (VEGRO et al., 1996), pesquisas têm mostrado o aproveitamento do sistema radicular de café robusta para combater os danos causados pelos nematóides em cultivares de C. arabica, podendo resultar também em plantas vigorosas com alto poder de produtividade (CARVALHO; COSTA, 1977; TOMAZ, 2005). Alporquia é, entre todos, o mais simples processo de propagação vegetativa, no qual as plantas formam raízes adventícias a partir dos ramos (BORDIGNON; MEDINA FILHO 2003; DECARLOS NETO et al., 2007). Sendo comparado a outros processos de propagação vegetativa, como a estaquia, a alporquia é um processo menos drástico e que requer menos cuidados com o ambiente no momento da propagação (SYLVAIN, 1979; HARTMANN et. al., 1990; BORDIGNON; MEDINA FILHO, 2003). 3.7. MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO IN VITRO Atualmente, técnicas de multiplicação in vitro tem se mostrado como uma alternativa economicamente viável, devido dentre outras características a redução de tempo para se obter um novo indivíduo (OLIVEIRA, 2001). Staritsky (1970) foi o pioneiro a realizar trabalhos e estabelecer as técnicas de cultura de células e tecidos vegetais para plantas de café, utilizando 22 meio contendo sais inorgânicos, sacarose, tiamina, cisteína e auxina. O autor obteve êxito na indução de calos a partir de folhas em Coffea arabica L. e ainda descreveu a indução de embriões somáticos e plântulas oriundas de ramos ortotrópicos de Coffea canephora Pierre. Em seguida se deu início a vários trabalhos para aplicação desses métodos em programas de melhoramento do cafeeiro (CARVALHO et al., 1974; BANDEL et al., 1975; MONACO et al., 1977; CUSTER et al., 1980; DE PENA, 1983; SONDAHL et al., 1984 e 1991; THORPE; PATEL, 1984; OWUOR, 1987 citados por ANDRADE, 1998), exclusivamente para acelerar a multiplicação vegetativa desta cultura (VIEIRA; KOBAYASHI, 2002). Dentre as técnicas de clonagem in vitro para o cafeeiro, as mais utilizadas são a microestaquia, a cultura de embriões, a organogênese, a calogênese e a embriogênese somática (SANTANNA-BUZZY et al., 2007). Diversos trabalhos foram realizados utilizando cultura de tecidos para propagação de variedades comerciais de café, regenerando plantas através de neoformação de gemas, de secção de entre nós verdes, de ramos ortotrópicos e por indução de embriogênese somática a partir de explantes foliares (HERMAN; HAM 1975; SONDAHL; SHARP, 1977; DUBLIN, 1980 e 1981; PIERSON et al., 1983; citados por ANDRADE, 1998). Segundo Chaddad Júnior (1995), o termo utilizado como cultura de tecidos vegetais é convenientemente usado para descrever todos os procedimentos usados na cultura estéril de materiais como protoplastos, células, órgãos, embriões e plântulas. A cultura se baseia na teoria da totipotência onde os seres vivos têm a capacidade de regenerar organismos inteiros, idênticos à matriz doadora, a partir de células únicas (ALVES et al., 2008). Costuma-se empregar, associada com a cultura de tecidos, a expressão "in vitro", que significa "crescimento fora do corpo vivo, em ambiente artificial". O objetivo é obter uma nova planta idêntica a original, realizando assim uma clonagem vegetal (ANDRADE, 2002). Dentre as etapas iniciais de micropropagação de determinado material, a desinfestação é uma fase em que pode ocorrer vários problemas, pois o agente desinfestante utilizado deve eliminar os microrganismos do tecido vegetal sem danificar o mesmo. Assim, muitas vezes a obtenção de tecidos vegetais livres de microorganismos é difícil. Entretanto, se apenas os meristemas forem retirados, esses geralmente estão livres dos agentes infecciosos (CALDAS, 1998; ROCA; MROGINSKI, 1991). Geralmente, explantes coletados no campo apresentam maiores taxas de infecção por microrganismos, quando comparadas com as de explantes jovens ou retirados de mudas mantidas em casa-de-vegetação, sendo assim mais difícil a desinfestação de explantes provenientes do campo. 23 Hartmann et al. (2002), indicam que a contaminação pode ser reduzida por pulverizações com inseticidas e fungicidas, envolvendo os brotos das plantas em sacos plásticos ou mantendo-os em casa-de-vegetação. Dentre os vários agentes usados para a desinfestação dos explantes inclui-se o cloreto de mercúrio, o ácido clorídrico, o cloreto de benzalcônio, o peróxido de hidrogênio e, os mais comumente utilizados, o hipoclorito de cálcio e o hipoclorito de sódio (GRATTAPAGLIA; MACHADO, 1998). Torres et al. (1998), expõem que geralmente um surfactante como Tween, ou outro detergente, é adicionado à solução de hipoclorito para facilitar a sua ação, aumentando o contato da solução com os tecidos. Na maioria das vezes, no início da desinfestação, é utilizado etanol a 70% durante alguns segundos, depois, o explante é mergulhado em hipoclorito de sódio em uma concentração que varia de 1 a 2% durante 10 a 30 minutos, com gotas de Tween®-20 ou 80, e em seguida são realizados enxágües em água bi destilada estéril (MATEO-SAGASTA, 1990). Uma das etapas a ser superada para o início do cultivo in vitro de qualquer espécie é a utilização de um meio de cultura apropriado. O meio MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962) tem sido um dos mais utilizados em trabalhos de cultura de tecidos, dada a sua ampla aplicação, inclusive em café. É formado por combinações de sais minerais, carboidratos, vitaminas e reguladores de crescimento. Podem ser sólidos ou líquidos, de acordo com o protocolo para o sistema de cultivo (GUERRA; NODARI, 2007). Andrade (1998), cita que a adição de hormônios no meio de cultura é de suma importância, pois reproduz o que ocorre naturalmente na planta, assim combinações de dosagens dessas substâncias propiciam um melhor crescimento e desenvolvimento do explante. As auxinas e citocininas são os principais reguladores de crescimento utilizados na micropropagação. As auxinas atuam no crescimento e diferenciação celular, crescimento caulinar, foliar e de raízes, enquanto as citocininas atuam diretamente na diferenciação, alongamento celular, crescimento e senescência foliar, dominância apical, germinação, entre outros (ANDRADE, 1998). As auxinas mais utilizadas nas técnicas de cultura de tecidos são: ácido indol acético (AIA), ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D), ácido indol butírico (AIB) e ácido naftaleno acético (ANA) e as principais citocininas utilizadas: N-isopentenilaminopurina (2iP), 6benzilaminopurina (BAP) e zeatina (Zea). (GEORGE, 1993). Na cultura de tecidos vegetais são utilizados pequenos fragmentos de tecidos vivos, chamados explantes (Figura 2), que podem ser um fragmento de folha, de raiz, de caule ou de qualquer tecido vegetal que responda as condições para haver sua posterior regeneração 24 (ANDRADE, 2002; TORRES et al., 2000). Os explantes serão então isolados, desinfestados e cultivados assepticamente em um meio de cultura apropriado por períodos indefinidos até que se conclua todo o processo esperado. Pode-se observar na Figura 2 o princípio geral da cultura de tecidos vegetais visando à reprodução de determinada matriz. Figura 2. Princípio geral da cultura de tecidos. Fonte: (Kerbauy, 1997 adaptado por Andrade, 2002) Athayde e Balbino (2000) citam que a atividade de melhoramento genético de plantas tem se destacado através da geração de novos genótipos adequados às exigências de mercado, entretanto, a disponibilidade de material propagativo em curto espaço de tempo é limitante para testes experimentais como para o atendimento da demanda dos agricultores. Os programas de melhoramento genético do cafeeiro visam, sobretudo, ao aumento da produtividade, ao aumento da rentabilidade e à estabilidade econômica do cafeicultor, por meio da eficiência produtiva na propriedade (SERA et al., 2002). Vieira e Kobayashi (2002), afirmam que a introdução de métodos biotecnológicos para auxiliar os programas de melhoramento genético tem se mostrado bastante útil, principalmente em culturas perenes, como é o caso do cafeeiro. Do mesmo modo, Alves et al. (2008) mencionam que a cultura de tecidos é uma excelente ferramenta para clonar plantas em escala comercial, além de colaborar na realização de estudos de transformação genética e conservação de espécies vegetais. Dentre os problemas relacionados à cultura de células e tecidos in vitro, estão a necrose e a oxidação que pode ocorrer nos explantes. A necrose pode ser descrita como sendo 25 a morte de uma parte de um organismo vivo (ALVES et al., 2008). Isto ocorre com explantes colocados in vitro, podendo ter uma perda parcial ou a de toda a cultura (SANTOS et al., 2001). Já a oxidação é a reação do oxigênio com íons metálicos (+) dos outros compostos do meio de cultivo, os explantes ao serem inoculados no meio de cultura podem liberar exudatos que tornam o meio de cultivo escuro (ALVES et al., 2008). Este tipo de escurecimento é conseqüência da liberação de fenóis dos ferimentos ocasionados no processo de extração dos explantes (SANTOS et al., 2001). No melhoramento genético do cafeeiro, é de fundamental importância o uso de técnicas que acelerem a avaliação e a seleção de genótipos superiores, visto a sua importância social e econômica e o tempo demandado de pesquisa, por se tratar de uma cultura perene, que requer, muitas vezes, anos para que a característica de interesse possa ser expressa (FERRÃO et al., 2007b). Nesse contexto, atualmente, técnicas de cultura de tecidos vem sendo amplamente utilizados como ferramenta biotecnológica para o estudo do metabolismo, fisiologia, desenvolvimento e reprodução de plantas com propriedades desejáveis, tais como resistência a pragas e acúmulo de substâncias ativas de interesse econômico e comercial, contribuindo assim com um novo impulso nas pesquisas de café. 3.7.1. Calogênese A calogênese (formação de calos em um explante) constitui-se numa etapa básica para o desenvolvimento de sistemas de propagação massiva de plantas por organogênese ou embriogênese somática (FERREIRA et al., 2009b). O calo corresponde a uma massa de células desorganizadas e parcialmente indiferenciadas que variam quanto ao tipo, tamanho, conteúdo celular e espessura da parede. Traqueídeos, células parenquimáticas, câmbio e periderme podem se formar durante a calogênese (NARAYANASWAMY, 1977). A cultura de calos proporciona a propagação em larga escala de diversas espécies vegetais, sendo que os trabalhos em cafeeiro foram publicados por Staritsky (1970), que obteve êxito na indução de calos a partir de folhas. Do mesmo modo, Sharp et al. (1973), obtiveram crescimento de calos de C. arabica a partir do cultivo de tecidos somáticos (pecíolos, folhas e frutos verdes). Torres et al. (2000), definem o calo como um grupo ou massa de células, com crescimento desordenado que pode apresentar certo grau de diferenciação. Do mesmo modo, Asasu e Paranjothy (1975), citam que quando um segmento de tecido vegetal devidamente desinfestado ou assepticamente cultivado é transferido para um meio de cultura apropriado e mantido sob condições adequadas, algumas células se dividem e 26 após intensa proliferação dão origem a uma massa não diferenciada de células, denominada calo. Apesar da micropropagação usualmente obter clones, plantas com alterações genéticas podem ser produzidas, principalmente através do cultivo de calos e protoplastos (KARP, 1984). A calogênese sofre influência de diversos fatores, como: tipo de explante, composição do meio nutritivo e condições físicas de incubação como luz e temperatura (PINTO; LAMEIRA, 2001). De acordo com Serra et al. (2000), o índice de divisão celular dos calos pode elucidar as mudanças fisiológicas das células e auxiliar a otimização dos protocolos de regeneração e transformação genética. Pasqual e Pinto (1988), citam que plantas derivadas de calos podem apresentar variações genéticas. Técnicas como a embriogênese somática e cultura de embriões tem sido bastante utilizadas na micropropagação vegetal, permitindo também a obtenção de grande quantidade de mudas em curto espaço de tempo (ATHAYDE; BALBINO, 2000). 4. DESENVOLVIMENTO REGIONAL X PROPAGAÇÃO VEGETATIVA E IN VITRO O desenvolvimento regional, liga numa perspectiva os conhecimentos de desenvolvimento humano e desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento humano é uma medida global da qualidade de vida, o qual possui diversas dimensões, enquanto o desenvolvimento sustentável é aquele capaz de atender as nossas necessidades presentes, sem prejuízo paras as gerações futuras. Há uma proximidade entre os dois conceitos, sendo que ambos vão além da simples perspectiva econômica. É nesse sentido que surge o conceito de desenvolvimento rural sustentável, o que nada mais é que a materialização da sustentabilidade para os territórios rurais, a partir de novas concepções sobre modelos de produção e relações sociais no campo (COSTABEBER; CAPORAL, 2003). A atenção internacional para a Amazônia, estimulando encontrar formas de garantir o desenvolvimento regional com a preservação do ambiente natural é um grande desafio para todos os setores, tanto para as universidades como para as empresas de pesquisa de ciência e tecnologia da região. Atualmente, a mobilização da sociedade, organizada em defesa do meio ambiente vem alterando as prioridades sócio-políticas e de ciência, tecnologia e inovação para os setores agropecuário e florestal, exigindo desse modo capacitação de pessoal para a amenização dos impactos ambientais consequentes da atividade de produção agropecuária e florestal. 27 Uma das principais características da agricultura familiar na Amazônia é o processo produtivo, basicamente direcionado ao atendimento das necessidades da manutenção e reprodução biológica e social do produtor rural. As formas de produção praticada pela agricultura familiar na Amazônia são baseadas em estruturas capazes de propiciar elevados níveis de sustentabilidade e elevados patamares de auto suficiência alimentar, assim a agricultura orgânica proveniente da micropropagação in vitro representa um modelo de produção sustentável e, embora suas normas e práticas estejam bem estabelecidas para algumas regiões, existe a necessidade de pesquisas visando à validação de práticas agroecológicas para agrossistemas amazônicos (NODA, 2009). Nesse sentido políticas de ecodesenvolvimento, que atuem em âmbito estadual, regional e nacional, devem ser cada vez mais discutidas e executadas para o pleno funcionamento do desenvolvimento rural sustentável no país, gerando assim uma nova mentalidade de pesquisa para o desenvolvimento. Projetos de desenvolvimento sustentável da região Amazônica, que desenvolvam sistemas inovadores de manejo dos recursos naturais, incluindo a agricultura orgânica, que sejam sustentáveis dos pontos de vista social, econômico e ambiental, e que sejam multiplicáveis, visam adquirir experiências para subsidiar políticas públicas que proporcionem melhorias na organização social das famílias e comunidades agrícolas que necessitem. Para promover o incremento da produtividade agropecuária, florestal e a melhoria qualitativa de seus produtos, a tecnologia é elemento necessário, mas não suficiente, de modo a satisfazer as exigências do consumo interno, nacional e regional. Desse modo, a modernização da agricultura implica na inclusão de inovações tecnológicas entre os fatores primários de produção, é nesse sentido que técnicas de biotecnologia como a cultura de tecidos vegetais entra como subsídio para acelerar etapas de melhoramento de diversas espécies florestais e agrícolas cultivadas na região, no qual destaca-se o café como cultura perene que está inserido no ecossistema regional. 28 5. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi implantado em dezembro de 2008 na estação experimental da Embrapa Rondônia, situada no município de Porto Velho (RO), localizada na rodovia Marechal Rondon (BR 364), quilômetro 5,5, com altitude aproximada de 88 metros, apresentando as seguintes coordenadas geográficas: latitude Norte 08˚ 48‟ 01‟‟; longitude Oeste 63˚ 51‟ 05‟‟. A estação experimental está situada na planície sedimentar amazônica com vegetação regional predominante do tipo floresta equatorial subperenifólia. A topografia da região varia de ondulada a suavemente ondulada. A classificação climática na região de Porto Velho segundo Köppen é do tipo Aw, tropical chuvoso, com temperaturas médias anuais de 25,5 ºC, sendo que a umidade relativa média do ar é de 81,5% no ano, apresentando seca pronunciada nos meses de junho a agosto (SILVA et al., 2004; RONDÔNIA, 2009). O solo da área experimental foi classificado como pertencente à classe Latossolo amarelo, distrófico, textura mediana. No experimento de campo foram utilizados 15 clones promissores Conilon (Coffea canephora, Pierre) pertencentes ao Programa de Melhoramento do Cafeeiro da Embrapa Rondônia, totalizando 15 tratamentos. Os clones foram oriundos pelo método de propagação vegetativa por estacas. O delineamento foi o de blocos casualizados com três repetições. A parcela experimental foi composta por dez plantas monoclonais, sendo a parcela útil constituída pelas seis plantas centrais. A configuração de plantio foi em fileira simples, uma planta por cova (40x40x40 cm), com espaçamento de 2,0 m (entre plantas) por 3,0 m entre linha. As plantas foram conduzidas com até cinco ramos ortotrópicos, sendo eliminada as brotações excedentes. 5.1. ETAPA I – VIGOR VEGETATIVO Nos meses de setembro e outubro de 2009, quando as plantas possuíam dez meses de idade foram utilizadas seis plantas de cada clone e avaliadas segundo a altura total das plantas, número de brotações de ramos ortotrópicos e comprimento dos respectivos ramos. A altura da planta foi determinada com uso de régua graduada em centímetros, colocada no centro da planta e paralela ao ramo ortotrópico dominante do cafeeiro, tomando-se a distância da superfície do solo até a extremidade apical do ramo ortotrópico (haste principal) da planta. 29 O número de brotações de ramos ortotrópicos foi realizado por meio de contagem visual, excluindo-se a haste principal e sua medida foi efetuada com auxílio de uma régua colocada a partir do ponto de surgimento da brotação até sua extremidade apical, considerando-se apenas os brotos maiores de dez centímetros. 5.2. ETAPA II – DESENVOLVIMENTO IN VITRO Na etapa de propagação in vitro ou micropropagação vegetal os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Biotecnologia Vegetal da Embrapa Rondônia e foram avaliados quanto à formação de calo. Foram utilizadas folhas provenientes de plantas selecionadas dos dezesseis clones avaliados em campo de C. canephora var. Conilon pertencentes ao Programa de Melhoramento do Cafeeiro localizada no campo experimental da Embrapa Rondônia. 5.2.1. Desinfestação dos explantes As folhas foram coletadas do segundo par dos ramos plagiotrópicos e passaram por uma pré-limpeza, sendo cuidadosamente lavadas em água bidestilada estéril com auxílio de uma esponja e detergente comercial. Inicialmente, para teste de descontaminação das folhas provenientes do campo experimental, foram testados quatro tipos de soluções diferentes, hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,5 e 1,0% (v/v) e hipoclorito de cálcio nas concentrações de 1,0 e 2,0% (v/v). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com dez repetições. Os explantes foram colocados nas soluções preparadas a diferentes concentrações por vinte minutos, seguindo o protocolo, sofreram três lavagens em água bidestilada estéril e segmentadas para posterior inoculação. Foi realizada uma avaliação quinze dias após a inoculação. Os aspectos avaliados foram às percentagens de contaminação nos explantes. 5.2.2. Calogênese De acordo com os melhores resultados obtidos, para descontaminação as folhas foram imersas em etanol a 70% (v/v) por 1 minuto e logo após foram colocadas em solução de hipoclorito de cálcio na concentração 2% (v/v), no período de 20 minutos, seguidas por três lavagens em água bidestilada estéril e segmentadas em quadrados de aproximadamente 1 cm2. 30 Posteriormente foram inoculadas individualmente em tubos de ensaio com a face adaxial em contato com meio. O meio de cultura utilizado foi o MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962) contendo metade da concentração dos sais, 10 mg L-1 de tiamina, 1 mg L-1 de piridoxina, 1 mg L-1 de ácido nicotínico, 1 mg L-1 de glicina, 100 mg L-1 de inositol, 100 mg L-1 de caseína hidrolisada e 400 mg L-1 de extrato de malte, 20 g L-1 de sacarose e acrescido de AIB (10 µM), 2,4-D (20 µM) e 2iP (10 µM). As manipulações foram efetuadas em câmara de fluxo laminar. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com vinte repetições. As culturas foram mantidas em sala de crescimento, com luminosidade de 2000 lux, fotoperíodo de 16 horas e temperatura de 24 ± 2ºC. As avaliações foram realizadas com intervalos de 10 dias a contar da data da inoculação e ao final de 90 dias após a inoculação, foi avaliado o percentual de explantes com calos e a área foliar coberta com calos, baseando-se no percentual de calos embriogênicos dispostos no explante foliar. Os dados de campo foram submetidos à análise de variância e a comparação entre médias pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Para os dados de laboratório foi realizado estatística descritiva. Foi realizada correlação de Pearson entre os dados de campo e in vitro. Todas as análises foram realizadas utilizando o programa estatístico Genes. 31 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1. VIGOR VEGETATIVO As características número de brotos ortotrópicos, comprimento dos brotos e altura das plantas foram influenciados pelos clones estudados (Tabela 4). Os clones foram agrupados pelo critério de Scott-Knott no nível de 5% de probabilidade. Tabela 4. Resumo da análise de variância das características número de brotos ortotrópicos, comprimento dos brotos e altura das plantas de 15 clones de café Conilon. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011 FV GL N° brotos ortotrópicos QM Comprimento dos brotos BL Clone Resíduo 8 14 112 3.284778 2.712819* 0.340663 391.107071 439.344374* 100.041893 110.392019 233.459661* 18.746363 1.855556 31.454892 39.095407 25.583809 59.076296 7.329009 Média CV (%) Altura da planta * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F. O número de brotações de ramos verticais (ortotrópicos) nas plantas Conilon com dez meses de idade não ultrapassou a contagem de no máximo 2,79 e no mínimo 1,12 brotos ortotrópicos por planta. Os clones 5 e 9, foram os que apresentaram melhor desempenho no campo com relação ao número de brotos ortotrópicos produzidos, apresentando valores correspondentes a 2,72 e 2,79, enquanto os clones 3 (1,16), 4 (1,29), 13 (1,23) e 15 (1,12) possuíram os menores valores encontrados (Tabela 5). Plantas que apresentam elevado número de ramos verticais (ortotrópicos) podem provocar o “fechamento” do cafezal, devido o peso dos frutos os ramos vergam para o meio da rua, fazendo com que os cafeeiros possam perder a saia (derrama) e apresentar baixa produtividade. O fechamento devido o número intenso de ramos ortotrópicos pode dificultar os tratos culturais, a colheita e o controle de broca e da ferrugem do cafeeiro (MARCOLAN et al., 2009). Os clones 9 e 14 apresentaram maiores comprimento de brotos que os demais clones, apresentando valores em centímetros correspondentes a 49,73 e 49,06 com relação às médias obtidas para essa característica avaliada (Tabela 5). Os clones 3 e 15 foram os que apresentaram os valores mais baixos para comprimento de brotos ortotrópicos, sendo respectivamente 25,51 e 29,05 centímetros. As médias obtidas para as características número 32 de brotos ortotrópicos, comprimento dos brotos e altura da planta em cafeeiros com 10 meses de idade foram de 1,83 brotos; 38,7 e 58,9 centímetros, respectivamente. Tabela 5. Altura das plantas, número de brotos e comprimento dos brotos ortotrópicos de 15 clones de café Conilon, com 10 meses de idade. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011 Vigor vegetativo Clone 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Médias Número de brotos Comprimento dos brotos (cm) Altura da planta (cm) 1,5 c 1,8 c 1,2 d 1,3 d 2,7 a 2,3 b 1,8 c 2,2 b 2,8 a 1,7 c 1,7 c 2,4 b 1,2d 2,2 b 1,1d 1,83 32,5 j 43,2 e 25,5 l 37,0 i 45,7 c 40,9 g 40,9 g 38,7 h 49,7 a 36,7 i 42,6 f 44,3 d 32,9 j 49,1 b 29,1 k 38,7 59,8 b 64,1 a 62,1 a 58,4 b 54,8 b 52,3 b 54,9 b 52,0 b 65,6 a 53,9 b 62,7 a 57,8 b 69,6 a 59,5 b 58,4 b 58,9 * Médias seguidas pelas mesmas letras na vertical pertencem a um mesmo grupo de similaridade, pelo critério de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Para a altura das plantas, o resultado médio encontrado para os 15 clones avaliados foi de 58,9 centímetros. As maiores alturas foram encontrados nos clones 2, 3, 9, 11 e 13, com respectivamente 64,1, 62,1, 65,6, 62,7 e 69,6 centímetros (Tabela 5). Plantas mais altas podem apresentar alta produtividade, contudo, pode dificultar no processo de colheita. Os demais clones não diferiram com relação a altura. Clones de Conilon que apresentam altura reduzida facilitam a colheita e os tratos culturais, auxiliando na criação de ambiente desfavorável a incidência da broca e da ferrugem do cafeeiro, por causa do maior arejamento e penetração de luz no interior da planta (MARCOLAN et al., 2009). Dentre características quantitativas analisadas nos mesmos clones com três anos de plantio em Ouro Preto do Oeste, RO, em um estudo que ainda está sendo executado, a altura média das plantas encontrada foi 2,93 metros (André Rostand Ramalho, em comunicação pessoal). Desse modo observa-se crescimento contínuo e similar das plantas de café Conilon 33 localizadas no campo experimental da Embrapa Rondônia em Porto Velho com dez meses de idade (Figura 3), apresentando provavelmente crescimento semelhante aos clones localizados em Ouro Preto d‟Oeste. De modo geral o clone 9 foi o que apresentou os melhores resultados quanto ao vigor vegetativo, pois apresentou os maiores valores de altura das plantas, número de brotos ortotrópicos e comprimento dos mesmos. Figura 3. Coffea canephora Pierre. (A) Clone 5 da variedade Conilon. (B) Clone 9 da variedade Conilon. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2010. Foto: André Rostand Ramalho. 6.2. DESENVOLVIMENTO IN VITRO 6.2.1. Desinfestação dos explantes Aos 10 dias a partir da inoculação, o tratamento que mostrou mais eficiência, devido à maior desinfestação e menor agressão dos explantes foliares do cafeeiro Conilon foi o hipoclorito de cálcio a 2% (v/v), resultando em explantes totalmente isentos de microrganismos (Tabela 6). Nos outros tratamentos foram observados uma porcentagem muito maior de contaminação, chegando a apresentar 60% nas concentrações de 0,5% e 1,0% de hipoclorito de sódio. 34 Tabela 6. Efeito do tempo de imersão à 20 minutos e à concentração de hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio na contaminação dos explantes foliares do cafeeiro Conilon. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011 Tratamentos hipoclorito de sódio hipoclorito de sódio hipoclorito de cálcio hipoclorito de cálcio Concentração (%) 0,5 1,0 1,0 2,0 Contaminação (%) 60 60 40 0 Mateo-Sagasta (1990), afirma que no início da desinfestação dos explantes, deve ser utilizado etanol a 70% durante alguns segundos ou minutos, para eliminar bolhas de ar e parte dos lipídios, aumentando assim o contato do desinfestante com o material vegetal a ser desinfetado. Ferreira et al. (2009c), buscando estabelecer um protocolo para desinfestação de explantes florais de cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum.), obtiveram bons resultados ao reduzir a oxidação dos tecidos com hipoclorito de sódio, recomendando assim a lavagem dos explantes em água destilada e imersão em álcool 70% (v/v) por um minuto, sendo posteriormente imersas em hipoclorito de sódio na concentração de 0,25% por vinte minutos e lavados três vezes com água estéril. Teixeira (2009), constata que a desinfestação de segmentos de brotos, folhas e botões florais pode ser feita com sucesso utilizando hipoclorito de sódio ou cálcio a 0,5 a 2% (p/v) por 5 a 20 minutos. Ferreira et al. (2009a), ao avaliarem diferentes tratamentos de desinfestação de explantes radiculares de bacurizeiro (Platonia insignis Mart.) para seu estabelecimento in vitro, alcançaram eficiente resultado quando os segmentos radiculares foram imersos em solução de hipoclorito de sódio a 1,75% (p/v) por trinta minutos, associados a utilização de solução antifúngica, obtendo descontaminação total dos explantes. 6.2.2. Calogênese Nos segmentos de explantes foliares de C. canephora inoculados em meio MS, apenas o clone 12 não apresentou calos induzidos nos explantes 90 dias após a inoculação, sendo que todos os outros clones formaram calos embriogênicos, variando de 8,33 a 100% de indução de calos (Tabela 7). 35 Tabela 7. Porcentagem de indução de calos e área foliar coberta com calos em folhas (explantes) de 15 clones de café Conilon, propagados vegetativamente in vitro. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011 Clone Indução de calos (%) 0-25% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 100 100 60 8,33 100 100 91,66 100 88,88 42,85 100 0 100 100 100 0 0 20 8,33 16,67 33,33 83,32 45,45 88,88 42,85 0 0 100 94,12 0 Área foliar coberta com calos 25-50% 50-75% 75-100% 100 100 40 0 16,67 66,67 8,34 54,55 0 0 100 0 0 5,88 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 66,66 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Os clones 1, 2, 5, 6, 8, 11, 13, 14 e 15 de C. canephora foram altamente responsivos ao meio de cultivo estabelecido e apresentaram os melhores resultados com relação à porcentagem de indução de calos nos explantes foliares, chegando a 100% de indução de calos (Tabela 7). Os clones 4 e 10 apresentaram as menores porcentagens de indução com 8,33 e 42,85, respectivamente. Pinto e Lameira (2001) citam que fatores como o tipo de explante, a composição do meio nutritivo e as condições físicas de incubação como luz e temperatura, influenciam na formação de calo. Como os clones foram inoculados em apenas um tipo de tratamento na composição do meio e ficaram em sala de crescimento com as mesmas condições físicas, o fator explante deve ser o responsável pelas diferenças encontradas nos resultados de calogênese, pois mesmo as plantas sendo clones também apresentaram diferentes resultados com relação ao vigor vegetativo avaliado. Com relação à área foliar coberta com calos 60 dias após a inoculação, na taxa de zero à 25%, apenas os clones 7 (83,32%), 9 (88,88%), 13 (100%) e 14 (94,12%) mostraram maior incidência de explantes foliares com menor porcentagem de calos embriogênicos (Figura 4). 36 A B C D A A E F A A Figura 4. Coffea canephora Pierre. (A) Explante foliar sem presença de intumescimento e calos. (B) Explante foliar intumescido. (C e D) Explante foliar no início de indução de calo. (E e F) Calo de explante foliar. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2009. Foto: Carla Liegi L. G. de Oliveira. 37 Os explantes dos clones 1, 2, 11 e 15 tiveram 100% de incidência na taxa de 25 à 50% de área coberta com células de calos, ou seja, esses clones apresentaram todas as suas repetições incluídas nessa taxa, sendo menos da metade de cada explante foliar coberto com calos. Nenhum clone apresentou calos embriogênicos formados com a porcentagem de 50 à 75% de explante com área foliar coberta com calos. Enquanto somente o clone 5 (66,66%) teve calos na porcentagem de 75 à 100 com relação a área foliar coberta com calos, apresentando assim explantes foliares cobertos completamente por calos embriogênicos (Figura 4). 6.3. CORRELAÇÃO Tabela 8. Avaliação do coeficiente de correlação de Pearson para os caracteres estudados. Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2011 Indução de Calos (%) Comprimento dos brotos N° brotos ortotrópicos Altura da planta (cm) 0,0176 0,0762 0,1309 Altura da planta (cm) - 0,0656 - 0,0270 N° brotos ortotrópicos 0,8664* * Significativo a 1% de probabilidade. Na análise de correlações procurou-se determinar o grau de relacionamento entre as variáveis estudadas. Para as correlações entre os caracteres em estudo, o caráter número de brotos ortotrópicos foi a única variável que apresentou correlação positiva, a 1% de probabilidade, com comprimento dos brotos ortotrópicos (r = 0,8664), devido o investimento da planta ao se desenvolver intensamente no sentido vertical (Tabela 8). Esperava-se obter correlações positivas significativas para porcentagem de indução de calos com número de brotos ortotrópicos, comprimento dos brotos ortotrópicos e altura da planta. Mesmo o processo de clonagem permitindo maior homogeneidade entre as plantas produzidas e assegurando alta qualidade e produtividade (WEIGEL; JURGENS, 2002), os resultados sugerem que não há correlação, ou seja, bons resultados com relação a vigor vegetativo em campo dos cafeeiros Conilon não se repetem em laboratório quando a propagação é realizada in vitro. Desse modo, Falconer (1981) cita que a quantificação da variabilidade genética e a estimação dos parâmetros genéticos são de fundamental importância em programas de melhoramento de plantas, devendo-se atentar para o fato de que diferenças encontradas na mesma espécie são devidas principalmente aos diferentes métodos e materiais genéticos 38 utilizados na sua determinação, às diferentes condições ambientais, à época e à idade de avaliação, dentre outros fatores (VENCOVSHY, 1987). Oliveira Júnior (1995), cita que informações de estimativas de correlações, obtidas em diferentes ambientes e, ou, materiais genéticos, considerando os efeitos de genótipos como fixos, têm se mostrado úteis para o estabelecimento de programas de seleção. Fonseca (1999), buscando obter um conjunto de informações genéticas, capazes de oferecer subsídios importantes para o planejamento e execução de programas eficazes de melhoramento genético do café Conilon, avaliou caracteres como número de hastes por planta e altura média das plantas, e os relacionou com a estimação de parâmetros genéticos e as correlações fenotípicas, genotípicas e ambientais entre caracteres. Obteve como resultado, comparando o número de hastes por planta e altura média das plantas, baixas estimativas de correlação com a maioria das outras características analisadas, indicando que devem ser mantidos no processo de avaliação e seleção e em estudos de divergência genética. Deste modo, as elevadas estimativas dos coeficientes de determinação genotípicos para os caracteres número de hastes por planta e altura média por planta, entre outros estudados pelo autor, indicam predominância dos componentes genéticos em relação aos ambientais, caracterizando condições favoráveis ao melhoramento para os referidos caracteres. Os resultados encontrados sugerem que não há ligação entre o desenvolvimento de plantas de café em campo e in vitro, ou seja, não se pode afirmar que plantas que apresentam boas condições vegetativas em áreas de campo experimental ou casa de vegetação, apresentarão melhores condições quanto ao potencial para propagação in vitro. 39 7. CONCLUSÕES O clone 9 apresenta maior vigor vegetativo em campo. Na desinfestação dos explantes foliares, o melhor resultado é obtido pelo tratamento hipoclorito de cálcio a 2%. Apenas o clone 12 não apresenta calos embriogênicos induzidos no meio MS proposto. Todos os outros clones são responsivos à indução de calogênese. Não há correlação significativa entre desenvolvimento vegetativo de cafeeiros Conilon em condições de campo e seu potencial para propagação in vitro. 40 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, A.T.E. Descritores para caracterização de cultivares de linhagens de café tipo Arábica. 2001. 98 p. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) – Pósgraduação do Instituto Agronômico de Campinas, Campinas, SP: IAC, 2001. ALVES, C.; OLIVEIRA, J.R; REIS, E.S.; CORRÊA, R.M.; SOUZA, J.; SILVA, J.C.O.; PAULA. J.C.R.; RODRIGUES, L.H.F; SOUZA, M.A.; MENDONÇA, M.R. A Cultura de tecidos na agricultura. In: JORNADA CIENTÍFICA, 1.; FIPA DO CEFET Bambuí, 6. 2008. Disponível em: <http:// www.cefetbambui.edu.br/str/artigos_aprovados/Ci%C3%AAncias%20Agrarias/14-PT12.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2010. ANDRADE, L.M.C.O. Otimização de Técnicas de Cultura de Tecidos para o cafeeiro (Coffea arabica L.). 1998. 86p. 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