uso da coloração de gram para a classificação das bactérias

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USO DA COLORAÇÃO DE GRAM PARA A CLASSIFICAÇÃO DAS
BACTÉRIAS CAUSADORAS DE OTITE EXTERNA EM CÃES
ATENDIDOS JUNTO A CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA - CEVET, DO
DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA, DA UNICENTRO.
Camila Debastiani (IC voluntária), Jyan Lucas Benevenute (PAIC- Fundação
Araucária/UNICENTRO), Marceli Yumi Mendes Momma (IC voluntária),
Jessyca Natel de Paula (Discente), Meire Christina Seki (Docente), Adriano
de Oliveira Torres Carrasco (orientador) e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Centro-Oeste, Setor de Ciências Agrárias,
Departamento de Medicina Veterinária, Guarapuava - Paraná.
Palavras-chave: bacilos, cocos, infecção, inflamação.
Resumo:
O presente trabalho teve por objetivo classificar em gram-positiva e negativa
as bactérias causadoras de otite bacteriana em cães atendidos no CEVET.
Observou-se maior ocorrência de cocos gram-positivos seguido de bacilos
gram-negativos e bacilos gram-positivos. Estes dados sugerem uma maior
ocorrência de Staphylococcus sp, Streptococcus sp, e/ou Micrococcus spp
(cocos gram-positivo) como causadoras de otite externa.
Introdução
A otite externa é uma doença de etiologia multifatorial, com numerosos
fatores predisponentes que se relacionam com a infecção em cães (PAUL, et
al, 2007). Otites representam de 8 a 15% dos casos atendidos na prática
clínica veterinária no Brasil (LEITE, 2000), e a otite externa crônica até
76,7% dos casos de otopatias em cães (LINZMEIER et. al., 2009).
A otite pode ser causada por fatores primários ou secundários. Os
fatores primários são aqueles que iniciam de fato a inflamação das orelhas,
como parasitas, alergias, corpos estranhos, etc. (LOGAS, 1994; HARVEY et
al, 2004). Enquanto que, os secundários são as infecções bacterianas e
fúngicas (AUGUST, 1993).
Bactérias e fungos são detectados em pequenas quantidades nos
ouvidos normais dos cães. A microbiota normal da orelha externa de cães é
composta por cocos gram-positivos (Staphylococcus sp, Streptococcus sp,
Micrococcus spp), bacilos gram-positivos (Bacillus sp), ocasionalmente
enterobactérias e leveduras da espécie Malassezia pachydermatis
(BONATES, 2003; AUGUST, 1993; BAXTER, 1976; DICKSON e LOVE,
1983). A otite surge quando a microbiota normal altera-se, sendo o
Staphylococcus intermedius é uma das principais bactérias isoladas (COLE
et al., 1998; LILENBAUM et al., 2000), associados ou não a bacilos gramnegativos (KISS et al., 1997).
Quando há suspeita de otite externa, indica-se um exame sistemático
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e completo de todo animal, o qual deve sempre incluir anamnese, exame
físico, otoscopia e citologia da secreção auricular para determinar a causa
da doença (ROSSER, 1988; JACOBSON, 2002; MATOUSEK, 2004).
A realização da coloração de gram do esfregaço da secreção auditiva
para a classificação das bactérias em gram-positivas ou negativas é
importante para uma conduta terapêutica efetiva e segura (CONCEIÇÃO e
FABRIS, 1999; citado por TULESKI, 2007).
O objetivo desse trabalho é classificar em gram-positiva e gramnegativa as bactérias causadoras de otite bacteriana em cães atendidos no
CEVET-DEVET-UNICENTRO.
Metodologia
Foram avaliados 50 cães, sendo 27 machos e 23 fêmeas, de todas as
idades, provenientes da rotina de atendimentos do serviço de Clínica Escola
Veterinária - CEVET /UNICENTRO. Antes do exame otológico foi realizado o
exame clínico de todos os pacientes. Para a colheita do material foi utilizado
um swab estéril, o qual foi introduzido o mais profundamente possível no
canal auditivo vertical de cada ouvido. Concomitante a isso, foi preenchida
uma ficha de coleta para maior controle e identificação de cada animal. Após
este procedimento, com a colheita de exsudato e/ou cerúmen, foram
confeccionados esfregaços e submetidos a coloração pela técnica de gram e
visualizados em microscópio óptico no aumento de 100X. Além da
característica da estrutura bacteriana, também foi determinado o formato da
bactéria presente no exame citológico.
Resultados e Discussão
Dos 50 cães avaliados, foi observado a presença de bactérias em 3,5 %
(7/50) das amostras. Os resultados de gram e formato bacteriano estão
apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Resultado de gram e formato bacteriano presente na citologia do
exsudato e/ou cerúmen otológico.
Total
Total
Ouvido direito
Ouvido esquerdo
Cocos Bacilos Cocos Bacilos Cocos Bacilos
Gram
Gram 42,86%
0%
28,57% 28,57% 71,43% 28,57%
100%
(3/7)
(0/7)
(2/7)
(2/7)
(5/7)
(2/7)
(7/7)
+
Gram
0%
0%
0%
28,57%
0%
28,57%
28,57%
(0/7)
(0/7)
(0/7)
(2/7)
(0/7)
(2/7)
(2/7)
42,86%
0%
28,57% 57,14% 71,43% 57,14%
Total
(3/7)
(0/7)
(2/7)
(5/7)
(5/7)
(4/7)
Quanto aos resultados de gram, todos os cães que tinham bactérias
nas amostras possuíam bactérias gram-positivas e em apenas 28,57% (2/7)
foram encontradas bactérias gram-negativas. Alguns cães apresentavam
bactérias gram-positivas e negativas ao mesmo tempo. Dados semelhantes
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ao observado por Tuleski (2007), que através do isolamento bacteriano em
cães, observou 75% de bactérias gram-positivas (244/324) e 25% de gramnegativas (80/324). A predominância de bactérias gram-positivas (73,12%),
também foi observado por Junior et. al. (2008). Dentre as bactérias grampositivas, o Staphylococcus intermedius é o mais frequente em casos de
otites em cães (CONCEIÇÃO e FABRIS, 1999; citado por TULESKI, 2007).
Quanto ao formato bacteriano, 71,43% (5/7) das amostras
apresentaram formato de cocos e 57,14% (4/7) de bacilos. Sendo que, nos
ouvidos direitos foram encontrados apenas cocos gram-positivos em 42,86%
(3/7) dos animais. Enquanto que, nos ouvidos esquerdos além de cocos
gram-positivos em 28,57% (2/7) dos animais, também foram encontrados
bacilos gram-positivos e bacilos gram negativos na mesma proporção, ou
seja, 28,57% (2/7) cada. Não foram encontrados cocos gram-negativos.
Assim pode-se observar no presente estudo que nas amostras
otológicas, houve predominância de cocos gram-positivos (71,43%), seguido
de bacilos gram-positivos e de bacilos gram-negativos com 28,57% cada.
Resultados esses semelhantes ao obtido por Junior et. al. (2008) que no
isolamento bacteriano de 57 amostras no ouvido externo de cães, obteve
50% de cocos gram-positivos, 23,12% de bacilos gram-positivos e apenas
26,83% de bacilos gram-negativos. Já Oliveira et. al. (2006), apresentaram
uma prevalência de bacilos gram-positivos em 26,9% dos animais, cocos
gram positivos em 34,2% e bacilos gram negativos em 10,1%. Já Martins et
al.(2011) observaram a ocorrência de cocos gram positivos em 47,27% e
bacilos gram negativos em 27,62% dos cães com otite externa, dados
semelhantes ao do presente estudo.
A ocorrência de cocos gram-positivos sugere que as otites
pesquisadas nesse trabalho foram causadas principalmente por
Staphylococcus sp, Streptococcus sp, Micrococcus spp (BONATES, 2003;
AUGUST, 1993; BAXTER, 1976; DICKSON e LOVE, 1983). Enquanto que,
para os bacilos gram-negativos a suspeita deve ser direcionada para
Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis, Escherichia coli, e Enterobacter
(KISS, 1997). Já em relação aos bacilos gram-positivos, os de maior
importância na otite externa são os Bacillus sp. (OLIVEIRA et. al., 2006).
Conclusões
Assim, o presente trabalho observou-se uma maior ocorrência de cocos
gram-positivos seguido de bacilos gram-negativos e bacilos gram-positivos.
Estes dados sugerem uma maior ocorrência de Staphylococcus sp,
Streptococcus sp, e/ou Micrococcus spp (cocos gram-positivo) como causa
de otite externa.
Agradecimentos
Agradeço a Professora Meire, o Professor Adriano e meu amigo Jyan Lucas
por toda atenção, dedicação e paciência durante o desenvolvimento de todo
o trabalho. E aos médicos veterinários e professores do CEVET pelo auxílio
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na colheita de material.
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11 a 13 de setembro de 2012 - ISSN – XXXX-XXXX
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